James Hetfield teve uma experiência quase fatal durante um show do Metallica na década de 1990. Naquela fatídica noite, o frontman de uma das maiores bandas de metal da história praticamente pegou fogo ao ser atingido por um dos efeitos pirotécnicos usados na turnê. 

Esse acidente assustador com James Hetfield aconteceu justamente no ápice da fama do Metallica: a banda tinha conquistado um novo patamar de sucesso comercial com o quinto álbum de estúdio da carreira, o divisor de águas (e opiniões) conhecido como The Black Album. Lançado em 12 de agosto de 1991, o disco tem sucessos como “Enter Sandman”, “Nothing Else Matters” e “Sad But True” na tracklist.

Com tanto sucesso, o Metallica era uma das maiores bandas do mundo, assim como o Guns N’ Roses, que colhia os frutos do disco duplo Use Your Illusion, indicado ao Grammy e um sucesso absoluto de vendas, com hits como “Don’t Cry” e “November Rain” entre alguns dos êxitos do tracklist. 

Nesse contexto, nasceu uma turnê de gigantes: Metallica e Guns N’ Roses se uniram para uma série de 26 shows em estádios, com datas entre Estados Unidos e Canadá entre 17 de julho e 06 de outubro de 1992. Aproximadamente na metade da turnê, ambas as bandas passaram por um show histórico pela quantidade de incidentes desafortunados – e foi em 08 de agosto que James Hetfield sofreu o acidente pirotécnico quase fatal. 

Metallica e Guns N' Roses fizeram turnê juntos em 1992
Metallica e Guns N’ Roses fizeram turnê juntos em 1992. Crédito: Divulgação

Os shows contavam com plateias grandiosas e naquele dia não seria diferente. Os ingressos estavam esgotados e um público de 55 mil pessoas estava reunido no Estádio Olímpico de Montreal, no Canadá. Por isso, o Metallica contava com efeitos pirotécnicos mais grandiosos na montagem do palco. Como lembra a LouderSound, a equipe de montagem de palco decidiu aumentar o número de cargas de pó de alumínio de meio quilo usadas durante a apresentação, e colocaram os explosivos não apenas na frente do palco, mas também nas laterais. 

Tudo corria bem até a décima canção do setlist, “Fade To Black”, que seria a última apresentada pela banda naquele show. “Eu estava tocando minha parte e essas labaredas coloridas estão explodindo. Eu estava um pouco confuso sobre onde eu deveria estar [no palco], andei para frente e para trás. O cara da pirotecnia não me viu, não viu que andei para aquela parte e uma enorme chama explode bem abaixo de mim”, contou James Hetfield sobre o acidente em entrevista ao VH-1’s Behind The Music.

Qual foi a gravidade do acidente de James com fogo?

Na mesma entrevista ao canal VH1, o baixista Jason Newsted descreveu as labaredas usadas no show como “quentes o suficiente para derreter metal”, enquanto Lars Ulrich relembrou que James Hetfield “parecia a tocha olímpica” no palco. A chama usada na apresentação chega aos três metros de altura.

Segundo o próprio James Hetfield, sua mão esquerda estava “queimada até o osso”. Na mão e no braço, as queimaduras foram graves, de segundo e terceiro grau. As queimaduras se estendiam ainda pelas costas e parte do rosto do frontman do Metallica. “Foi uma dor que eu nunca tinha sentido na minha vida inteira”, resumiu Hetfield.

Depois de ser socorrido, o cantor ainda lidou com a barreira linguística até conseguir socorro para chegar ao hospital. Em Montreal, estima-se que 70% da população fala francês como língua primária, segundo dados do site Moving2Canada. Nesse cenário completamente caótico, James ainda teve uma confusão com um segurança que esbarrou no seu braço ferido. “Eu gritei e o soquei na virilha”, contou. 

Devido ao acidente, a banda adiou as seis datas seguintes. Com isso, o próximo compromisso da turnê do Metallica e Guns N’ Roses aconteceria apenas em 25 de agosto. Apesar do intervalo consideravelmente longo entre o acidente pirotécnico e o próximo show, James Hetfield retornou ao palco com bandagens do cotovelo ao dedo, sendo impossibilitado de tocar guitarra até a recuperação completa. 

Por isso, John Marshall, guitarrista do Metal Church, foi convidado para substituir o frontman pelo resto da turnê na guitarra base. Uma performance de “The Unforgiven” com essa dinâmica foi disponibilizada oficialmente pelo Metallica como parte do relançamento do The Black Album, em 2021. No registro do show realizado em Las Cruces, no Novo México, EUA, no dia 27 de agosto de 1992, é possível ver as ataduras no braço esquerdo de James Hetfield.

Guitarra de James Hetfield o protegeu do fogo

Uma curiosidade é que o modelo de guitarra usado por James Hetfield no momento do acidente o protegeu de queimaduras piores, conforme explicou a LouderSound. Como o frontman estava com uma guitarra de dois braços, o instrumento Hetfield desviou parte das chamas apenas para o lado esquerdo do corpo do músico, que certamente teria ferimentos graves em ambos os membros em outro cenário. 

O acidente de James Hetfield salvou o Metallica

Em entrevista ao blog So What (transcrita pela Loudwire), o ex-baixista Jason Newsted falou sobre os efeitos daquele acidente na banda – e como algo tão trágico foi capaz de salvar o Metallica, de certa forma. 

Para apoiar o vocalista, os integrantes da banda entraram “na própria bolha” e aquilo mudou a relação entre eles. “Aquele acidente nos uniu de um jeito que acredito que nunca teria acontecido a menos que um incidente assim ocorresse… James foi heróico, cara. Completamente, ele foi heróico. Sabe como uma pequena queimadura do bule dói? Aquilo foi o braço inteiro dele. Vamos lá”, contou Newsted. “Realmente, foi um momento que, de alguma forma, salvou e revitalizou nossa banda”. 

Infelizmente, esse não foi o único acidente a marcar a história do Metallica. Alguns anos antes, em 27 de setembro de 1986, o ônibus de turnê da banda se acidentou e o jovem baixista Cliff Burton morreu. Saiba mais sobre a história do baixista aqui.

LEIA TAMBÉM: O dia em que Joey Jordison, ex-Slipknot, substituiu Lars Ulrich em show do Metallica

Categorias: Notícias