O dia 07 de dezembro de 2024 certamente entra para a história do Iron Maiden. A data que marcou o encerramento da aguardada The Future Past Tour teve um significado ainda mais especial quando, na manhã daquele sábado, a banda anunciou que Nicko McBrain iria se aposentar das turnês e que aquele seria seu último show. 

Com isso, uma coisa era certa: novamente o Brasil faria parte da história da banda. 1985 foi o divisor de águas com o Rock in Rio e o começo de uma linda história no país. 

Em 2001, aconteceu o maior show da carreira no mesmo festival e que certamente figura no top 5 (inclusive deste que vos fala), de melhores apresentações dos britânicos, mas a 14ª vinda sempre será a mais especial delas. Nada acontece por acaso na banda e não faria sentido que esse momento não acontecesse aqui.

Novamente os dinamarqueses do Volbeat ficaram responsáveis pela abertura, que ao contrário da primeira noite, tiveram sua apresentação exibida nos telões desta vez. O setlist foi praticamente o mesmo, com a exceção de “Shotgun Blues” ser substituída por “Dead But Rising” e durante todo o set ficou bem clara a influência do Metallica em suas composições, mas também um peso e versatilidade nas músicas, mostrando o respeito que possuem na Europa e que deveriam voltar em breve para uma turnê solo por aqui.

Mas o momento mais aguardado da noite estava por vir, quando “Doctor Doctor” é tocada nos PAs, um Allianz Parque lotado a canta em plenos pulmões, era hora da Donzela de Ferro brilhar, especialmente Nicko. A sequência “Blade Runner/Caught Somewhere In Time” é catártica e diretamente nos faz voltar diretamente para 1986.

Em “Stranger in a Strange Land” e “The Writing On The Wall”, Adrian Smith brilha com dois dos seus melhores solos já gravados na discografia do Maiden e mostra sua elegância no instrumento de 6 cordas. 

Eis que chegamos no primeiro momento emocionante da noite. Aos gritos de “Nicko, Nicko, Nicko”, Bruce Dickinson faz seu tradicional discurso e diz: “Esta noite é muito especial, como alguns de vocês, acho que provavelmente todos vocês já sabem, porque esta manhã anunciamos, e Nicko anunciou, que está se afastando de tocar bateria ao vivo com o Iron Maiden”.

Na mesma fala, o vocalista enfatiza que McBrain “era o baterista antes dele ser o cantor e que ele era piloto antes dele ser piloto”. Bruce também faz questão de dizer que McBrain não está deixando a banda, mas apenas não fará mais shows e pede que o restante do show seja uma “celebração a Nick e a alegria que ele trouxe para todos”. 

A reação de Nicko emociona, ele leva as duas mãos ao peito em sinal de agradecimento e não diz nada, mas em seu olhar dava pra perceber o quão emocionado estava. Foi difícil segurar as lágrimas nesse momento. 

Um dos destaques da noite fica para “Days Of Future Past”, executada com tanta precisão, quase chegando perto da gravação de estúdio. Em “The Time Machine”, o público agitou na parte mais animada da música. “The Prisoner” é arrasa quarteirão, música rápida e que fez os fãs cantarem o refrão com toda vontade. 

Chegamos no primeiro épico da noite, “Death Of The Celts”, em um momento que o público desvia o interesse, principalmente por se tratar de uma música que beira os onze minutos de duração e pelas semelhanças com “The Clansman”.

Em “Can I Play With Madness”, o público anima novamente. “Heaven Can Wait” tem um dos melhores momentos da turnê, quando Bruce duela com o Cyborg Eddie e leva os fãs à loucura. “Alexander The Great” é atemporal e a espera para ouvi-la valeu muito a pena.

“Fear of Dark” fez o estádio ir abaixo e mostra o motivo de ser o maior hit da banda. Ao final da clássica “Iron Maiden”, Dickinson diz que diferentemente de James Bond, eles “irão voltar, talvez em alguns anos, ou até antes”. Como sempre, Nicko é o último a deixar o palco, após jogar baquetas, peles de bateria e munhequeiras para o público.

A banda volta para o bis com mais um épico, “Hell On Earth”, que é um dos melhores encerramentos de álbum da banda, e com toda a pirotecnia presente no palco, para assim criar uma ambientação que contrasta com a letra. 

“The Trooper” leva o público à loucura mais uma vez e eis que chegamos ao momento derradeiro do show, “Wasted Years”. Na introdução, Bruce diz que “toda noite nós tocamos essa música, como se fosse a melhor noite de nossas vidas”.

Querendo ou não, o momento chegou, seria a última vez que veríamos aquela formação junta. Parafraseando Tony Stark em Vingadores: Ultimato (2019), “parte da jornada é o fim”, e todos os 50 mil presentes foram privilegiados em estar nesse momento e que infelizmente nem todos os fãs puderam estar lá.

Ao final do show, Bruce reitera que irão voltar com a turnê comemorativa de 50 anos, mas que “aquela noite pertencia a um homem”, Nicko. Nisso, vemos mais um momento emocionante, ele é abraçado por um a um dos membros e na sequência todos tiram uma foto da banda junta.  

Novamente, o baterista distribui os souvenirs aos fãs e fica mais do que o normal no palco, recebendo todo o carinho que merece. O Iron Maiden fez história mais uma vez. 

Durante 2 horas, todo o sexteto se mostrou impecável, vocais impecáveis de Bruce que não parou um segundo sequer, o mesmo vale para Steve Harris, que também demonstra jovialidade e faz questão de cantar letra por letra do set. Dave Murray como sempre muito simpático e mostra alegria ao estar lá, assim como Janick Gers com seu estilo característico. Smith completa o trio e a conexão entre eles é fenomenal.

Mas agora peço licença para falar especialmente sobre Michael Henry McBrain, que todos nós conhecemos por outro nome. Ao ouvir “Where Eagles Dare” pela primeira vez,  a reação de todos os fãs é a mesma, “Uau”. 

Foi assim que Nicko demonstrou seu cartão de visitas no álbum Piece Of Mind (1983).  Foram 42 anos cheios de grandes momentos e confesso que vai demorar um tempo para a ficha cair, mas desde já fica o meu muito obrigado e por ter a chance de te ver tocar por 3 vezes, com todo o seu carisma e amor pela banda e principalmente pelo instrumento. Não será um adeus definitivo, mas sim um até logo.

Em 2025, o Iron Maiden segue em frente e comemora seu merecido jubileu de ouro com Simon Dawson (British Lion, ex-The Outfield) liderando as baquetas.

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Fã de Rock, Indie e Heavy Metal, especialmente de Iron Maiden, banda que já viu 3 vezes, acompanha desde os 12 anos e sonha assistir um show em Londres. Possui formação em Mecatrônica, ama programar, mas sempre gostou de consumir conteúdos sobre música. É apaixonado por cachorros, especialmente buldogues, no qual sonha em ter um. Seus principais ídolos são Lewis Hamilton e Steve Harris.