Texto por: Stephanie Souza
Um dos grupos mais populares do rock alternativo dos anos 90/2000, Incubus retornou ao Brasil apenas oito meses após sua última apresentação no país, no Rock in Rio, em setembro de 2024. Fãs de diversas idades, cidades e estilos diferentes se reuniram na gigante casa de shows Espaço Unimed, no bairro da Barra Funda, em São Paulo.
Não houve ato de abertura, o que fez com o que o clima de ansiedade fosse ainda maior durante o período de espera pré show. A proposta era simples e direta: tocar o Morning View (2001) na íntegra e revisitar os hits da carreira da banda.
Enquanto alguns compravam merch, outros brigavam pelo espaço privilegiado da grade. Grupos como The Cure, L7, Distillers, Blur e B-52s tocavam nas pickups, numa vã tentativa de acalmar o público para o espetáculo. Após 20 minutos de atraso, Incubus subiu ao palco.
Num jogo de luzes incrível, Nicole Row guiou o começo do show em seu baixo, dando o pontapé inicial para a abertura do álbum (e do show) com a famosa “Nice To Know You” — Nicole foi a última personagem introduzida para completar a formação atual do Incubus, substituindo Ben Kenney, em 2024. Seguindo a tracklist do álbum, “Circles” deu as caras, deixando a guitarra de Mike Einziger e a mixagem de Chris Kilmore em destaque. A banda, aliás, possui entrosamento invejável entre os membros, que esbanjam carisma: Brandon Boyd repetia um “obrigado” carregado de sotaque ao fim de cada canção.
“Wish You Were Here” foi o primeiro hit da noite, explodindo a casa numa chuva de mãos que acompanhavam o ritmo da música e vozes que soavam como uma só. Os lasers também foram uma apresentação à parte, dando as caras em diversas músicas diferentes, como foi o caso de “Just a Phase” — que contou com backing vocals incríveis de Nicole. No telão, a banda abusa de imagens psicodélicas e desenhos a la Windows Media Player.
Num breve momento acústico, “Blood on The Ground” e “Mexico” foram tocadas no centro do palco, com uma única luz iluminando Brandon, Nicole e Mike. Fato é que o vocalista galã envelheceu bem não apenas em seus vocais, já que arrancou gritos de fãs que se acumulavam na grade para tentar chegar mais perto do cantor. Ao fim do set acústico, “Warning” e “Echo” voltaram quebrando tudo, seguida de “Are You In?”, que teve seu refrão acompanhado por um alto coro do público. “Under My Umbrella” contou com um pequeno trecho do hit “Umbrella” da cantora e empresária Rihanna.
“Aqueous Transmission” usa muitos elementos da música tradicional oriental e em apresentação não seria diferente: Mike substituiu a guitarra por um instrumento chinês chamado pipa, uma espécie de alaúde com um som calmo e agradável. Brandon encerrou a canção de forma mágica ao soar um tam-tam – outro instrumento chinês – dando fim à apresentação do Morning View. Em poucas palavras, o vocalista agradeceu: “Thank you for being here and thank you for letting the album and the band be a part of your spirit.”. Em sensação de dever cumprido, era chegada a hora dos maiores hits do grupo.
“Anna Molly”, “The Warmth”, “Vitamin” e “Dig” fizeram a casa vibrar a cada nota, encaminhando a apresentação para o final de forma certeira. Um pequeno trecho cover de “Glory Box” do Portishead também fez parte do encore da apresentação, abrindo espaço para os dois maiores hits da banda: “Pardon Me” e, obviamente, “Drive”. O espetáculo de duas horas se encerrava em tons de agradecimento, nostalgia e entrega. Incubus é confortável, paliativo, tem cheiro, presença. A sensação que pairava era a de ter feito uma longa viagem de carro ao litoral, sentindo o vento batendo no seu rosto e o cheiro de maresia no ar.
Confira as fotos de Marcela Lorenzetti:
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