Confira mais um texto escrito por um de nossos WikiBrothers:
Conheça os bastidores do ShipRocked, festival de rock a bordo de um navio no Mar do Caribe”
Conheça os bastidores do ShipRocked, festival de rock a bordo de um navio no Mar do Caribe”
Por Fernanda Portugal
Ao pensar num cruzeiro marítimo pelo Caribe, o que vem à sua mente? Camisas floridas à beira de uma piscina? Algo dançante no som ambiente, como uma salsa? Nada disso! Como bons WikiBrothers, balancem forte a cabeça e façam estas imagens pularem do convés! A bordo do ShipRocked, festival de Heavy Metal e Hard Rock em alto-mar, que confinou num navio 20 bandas e 2,4 mil fãs enlouquecidos durante cinco dias, o figurino é camiseta preta e jeans surrados. Piscina no deque, só se for vazia, transformada numa imensa dupla palco/plateia. Para completar, garrafas e mais garrafas de cerveja.
Além da agenda alucinada de 10 shows por dia (pelo menos dois de cada banda), o grande barato do ShipRocked é a chance de estar numa verdadeira festa de ‘backstage’, em que a qualquer momento pode-se esbarrar com os músicos em algum corredor do navio Norwegian Pearl. Com 965 pés de comprimento e 15 andares, ele zarpou de Miami dia 18 passado, deu uma parada para mergulho na Costa Maya (México), dia 20, chegando de volta ao porto de partida dia 22. No line-up, entre outros, estavam Five Finger Death Punch, Halestorm, Seether e Hellyeah.
Para nossa surpresa, foi o sujeito de quase 2 metros e barba bizarra quem tomou a iniciativa de chamar o fã-mirim para uma foto”
Para nossa surpresa, foi o sujeito de quase 2 metros e barba bizarra quem tomou a iniciativa de chamar o fã-mirim para uma foto”
Subi a bordo com marido e filho de 8 anos achando que os artistas ficariam o tempo todo escondidos em áreas VIP. Mas logo na primeira noite, no deque principal, lá estava o baixista da Five Finger, banda americana de Metal. Ninguém mais apropriado para encontrar num navio do que Chris Kael, 41 anos, que meu WikiSon Arthur adora por ser ‘irmão gêmeo’ do vilão de ‘Piratas do Caribe’, Davy Jones – aquele com barba de tentáculos de polvo. Para nossa surpresa, foi o sujeito de quase 2 metros e barba bizarra quem tomou a iniciativa de chamar o fã-mirim para uma foto.
Ainda o encontraríamos mais vezes, sempre misturado à plateia, atento a bandas novas, como a promissora Red Sun Rising, que lembra o Alice in Chains. Só mesmo num ‘backstage’ é possível descobrir que um cara de aparência assustadora como Kael é, na verdade, um ‘fofo’. E, ainda, que o cantor da mesma banda, Ivan Moody, 36, o careca de voz gutural e trejeitos de doido, embarcou no cruzeiro com pai e mãe. Presenciamos até uma bronca da mamãe Moody que, dedo em riste, por algum motivo repreendeu Ivan, que baixou a cabeça e obedeceu: “Yes, Mom”.
As apresentações varam tardes, noites e madrugadas em cinco espaços: além do palco principal, ao ar livre, há o Teatro Stardust, com capacidade para 700 pessoas, e três lounges para, no máximo, 200. Com isso, é possível acompanhar todas as performances muito de perto, sem empurra-empurra nem binóculos.
Os fãs são um capítulo à parte, com suas cabeleiras longas ou espetadas e coloridas. A média de tatuagens por corpo é de dez. Há, inclusive, um estúdio de tattoo a bordo para casos de ‘emergência’, como o de um fã ardoroso de Vinnie Paul, lendário baterista americano, fundador do Pantera. Ele encontrou o ídolo a bordo, pediu um autógrafo no braço e correu até o tatuador para eternizar o rabisco. Vinnie, 51 anos, apresentou-se no ShipRocked com seu atual grupo, o pesadíssimo Hellyeah.
Deu para perceber que os gringos adoram o Brasil. Camiseta com logomarca do Rock in Rio e as camisas de time de futebol do Flávio, meu marido, e do Arthur eram motivo de acenos e comentários simpáticos. Numa das noites, quem nos abordou foi um dos músicos da banda sueca Avatar, que faz um som pesadão, com vocal gutural e maquiagem ao estilo Alice Cooper. “Vocês são brasileiros? Adoro o Brasil e torço pelo Ponte Preta, de Campinas. Tenho amigos lá”, disse-nos o baixista Henrik Sandelin, 28, observando as camisas dos rapazes, do carioca Fluminense, que já haviam chamado a atenção de Moody na hora da foto com o Five Finger no Meet & Greet.
A única que já se apresentou no Rock in Rio foi a de hard rock americana Halestorm, da guitarrista e vocalista Lzzy Hale.”
A única que já se apresentou no Rock in Rio foi a de hard rock americana Halestorm, da guitarrista e vocalista Lzzy Hale.”
Como prova de sua paixão, Sandelin arregaçou sua manga esquerda e exibiu a tatuagem com o contorno do mapa brasileiro. Segundo ele, um dos maiores desejos do Avatar é tocar no Rock in Rio. O festival também é sonho de consumo do Five Finger, como nos disse o solista de guitarra do grupo, Jason Hook, que encontramos no restaurante do navio junto com o baterista, Jeremy Spencer. Das bandas a bordo, a única que já se apresentou no Rock in Rio foi a de hard rock americana Halestorm, da guitarrista e vocalista Lzzy Hale, que tocou no palco Sunset, ano passado.
O ShipRocked acontece todo ano, em janeiro. Os ingressos (US$ 1 mil por adulto, crianças até 12 anos grátis) incluem hospedagem, alimentação e acesso a todos os shows, além do Meet & Greet com os artistas, que rende fotos incríveis. Para esta sétima edição do festival, o navio já estava lotado em junho de 2015, com fila de espera por desistências de cerca de mil pessoas. A partida e a chegada são sempre em Miami, mas o destino no Caribe varia a cada ano.
Dale Stewart, baixista do Seether, ou estava no palco chacoalhando a cabeça ou no cassino perdendo dinheiro no Blackjack”
Dale Stewart, baixista do Seether, ou estava no palco chacoalhando a cabeça ou no cassino perdendo dinheiro no Blackjack”
Também são organizadas algumas ‘brincadeiras’ a bordo, como o Beer Pong – espécie de pingue-pongue em que o jogador tem de esvaziar copos de cerveja a cada bolinha que acerta. Sem falar nas festas à fantasia, como uma em que o tema era ‘Pecados Capitais’.
Por falar nisso, o carimbo de típico ‘rock star’ – bem sexo, drogas e rock’n’roll – ficou para Dale Stewart, 36, baixista do Seether, banda grunge sul-africana. Quase sempre embriagado, ou estava no palco chacoalhando a cabeça metade careca metade cabeluda, ou no cassino do navio, perdendo dinheiro no Blackjack ao lado de uma lânguida morena. Dale, aliás, foi o primeiro famoso que encontramos, antes mesmo de o navio zarpar. Ele ficou de pé logo atrás de nós durante o show de abertura do festival, do Halestorm, no deque. Horas depois, bem na mesa ao lado no restaurante estava o Seether inteiro – além de Dale, o cantor e guitarrista Shaun Morgan, o baterista John Humphrey e seus roadies.
Além das bandas já citadas, também estiveram na edição deste ano: 10 Years, ’68, Biters, Children, Doll Skin, Helmet, Islanders (do ex-baterista do Avenged Sevenfold, Arin Ilejay), Like a Storm, Nonpoint, The Dead Deads, The Glorious Sons, The Standstills, The Stowaways (reunião de integrantes de várias bandas, entre eles David Ellefson, baixista do Megadeth), Stiched Up Heart e We are Harlot.
A WikiSister Fernanda Portugal é jornalista há uns 20 anos e roqueira de nascença
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