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Capa de 'Back From The Dead', do Halestorm

Capa de 'Back From The Dead', do Halestorm. Créditos: Reprodução/Capa

Halestorm está mais pesado que nunca em ‘Back From The Dead’; ouça o álbum agora e confira nossa entrevista

Entrevistamos o baixista Josh Smith sobre o processo de criação do álbum mais potente que a banda já lançou até o momento

Halestorm está de volta com seu novo álbum Back From The Dead – e mais pesado do que nunca. O quinto álbum de estúdio da banda de hard rock chegou nesta sexta-feira, 06, e mostra um Halestorm mais maduro, organizado e bem mais explosivo, fazendo um verdadeiro manifesto sobre estar, literalmente, “de volta dos mortos” após dois anos de pandemia.

Lzzy Hale entrega a performance de sua carreira com vocais e letras ainda mais ferozes do que já vistos antes, mostrando excepcional controle e uma avassaladora descarga de emoções. Em várias faixas a cantora mostra uma perspectiva provocadora de si mesma assim como fez no aclamado Vicious (2018), mas Lzzy agora grita com a força de quem precisou conviver apenas consigo mesma durante dois longos anos e saiu da experiência com uma inteligência emocional aguçada e ainda mais certa e confiante de seu lugar no mundo. 

Faixas como “Bombshell” e “Wicked Ways” celebram os lados mais disruptivos e falhos de sua personalidade, mas com um olhar de autocompreensão, enquanto “Strange Girl” poderia facilmente ter sido parte do álbum anterior com Lzzy estendendo a mão para outras mulheres semelhantes a ela. “O mundo precisa de garotas estranhas como eu”, canta após falar sobre os olhares tortos e opiniões afiadas que já recebeu de outras pessoas.

Já a sequência “The Steeple”, “Terrible Things” e “My Redemption” navega pelos conturbados temas da busca por salvação em um Poder Maior ou em uma comunidade sagrada até a percepção de que a salvação se encontra em cada um de nós e que a rede de apoio que adquirimos ao longo da vida são a nossa verdadeira comunidade – para o Halestorm, são os fãs.

Ouça o novo álbum Back From The Dead e confira nossa entrevista exclusiva:

Em entrevista ao Wikimetal, o baixista Josh Smith conta como foi o processo de criação do Back From The Dead que se iniciou antes da pandemia e percorreu uma longa jornada desde então. Confira na íntegra:

Halestorm. Créditos: Divulgação

Wikimetal: Como foi o processo de fazer esse novo álbum?

Josh Smith: Foi longo e não sem atrasos, é claro. Todos no mundo meio que pararam e nós tivemos que parar também, justo quando estávamos nos aquecendo e nos preparando para começar novamente. Acho que isso definitivamente mudou a trajetória do álbum que queríamos fazer. Por mais difícil que tenha sido passar por tudo isso, acho que, nos fim das contas, o resultado foi melhor do que poderíamos ter esperado.

WM: Vocês estavam trabalhando em algumas músicas antes da pandemia. Vocês mantiveram alguma coisa desse material?

JS: Sim, tem uma música chamada “Bombshell” que foi feita pré-Covid. Acho legal que essa música tenha fechado o ciclo. Acho que, para nós, sempre tem uma música que ajuda a definir o álbum na direção em que você está indo e nós procuramos por isso até encontrarmos. Acho que essa foi a música que nos ajudou com isso.

“Strange Girl” talvez não tivesse acontecido se não fosse por essa música, então ela completou o ciclo. Nós tivemos que regravá-la várias vezes até acertar, e quando acertamos tudo fez sentido. Ela ajudou o álbum inteiro, é a peça-chave do álbum. 

WM: Me fale mais sobre a direção que esse álbum tomou. Como você diria que ele difere dos seus álbuns anteriores?

JS: Acho que é uma versão bastante concentrada de tudo que já criamos antes. Acho que mostra a Lzzy – de um ponto de vista lírico e mental – em uma fase de hiperfoco. E ao ouvir as letras, ouvir sobre o que ela estava cantando, o álbum começou ali e depois fez o caminho reverso. 

Normalmente, quando construímos uma faixa, nós começamos com a música e a bateria e construímos esse espaço para ela. Na verdade, não “normalmente”, mas foi como fizemos muito do último álbum [Vicious (2018)]. Muitas músicas surgiram de sessões de jamming e depois progrediram para o que se tornaram.

Esse [álbum] foi o completo oposto do começo ao fim, o que faz perfeito sentido, pensando agora, mas de um jeito que facilitou muito nosso trabalho musicalmente porque não podíamos fazer nada além de servir à canção e servir à voz [da Lzzy] e às letras que ela estava cantando porque era muito focado. A música é tão hiperfocada quanto as letras e é a coletânea de ideias mais afiada que já lançamos.

WM: Como foi que esse período de isolamento afetou vocês enquanto banda? Imagino que algumas coisas tenham sido difíceis.

JS: Sim, elas foram. Nós estivemos separados por mais tempo do que já tínhamos estado antes, então cada um de nós fez uma busca profunda bem pessoal para descobrir como passaríamos por isso. Foi difícil e agradável e meio que todas as emoções de uma vez só.

Pra mim, eu tenho dois bebês, então consegui ser só papai por dois anos e isso foi muito legal. Mas para a Lzzy… Para todos nós, mas especificamente para ela, a banda é o bebê dela. Não ter essa saída constante fez ela ter que arranjar novos caminhos. Ela começou um canal de entrevistas no YouTube e tem um blog, ela teve que achar novas saídas para continuar a explorar e a nutrir aquilo pelo qual trabalhamos tão duro nos últimos anos. Muito disso caiu sobre os ombros dela.

Para todos nós, não ter esse elemento de nos juntarmos para tocar ou tocarmos em shows, o sentimento era de um buraco, um vazio. Agora que finalmente temos isso de volta estamos gratos e não com certeza não o subestimamos.

WM: O tempo que você passou com seus filhos te inspirou de alguma força em seu trabalho como músico?

Sim! Eu não sou o compositor principal do Halestorm, eu contribuo como posso, mas quando estou em casa nós gostamos de inventar músicas. Eu invento algumas rimas para ajudar a lembrar meu filho mais velho do que ele tem que fazer depois de brincar [risos]. Então nós temos rap e rimas que cantamos ao longo do dia para nos ajudar a lembrar das nossas tarefas e isso torna tudo mais divertido.

Tem sido divertido pendurar o chapéu de rockstar e ser só um pai, mas também é legal colocar esse chapéu de novo de vez em quando. 

WM: Vocês têm uma história de quadrinhos prestes a ser lançada. Como é ter sua própria HQ?

JS: É muito legal! A arte é muito bonita e é tão divertido me ver como um personagem. É algo muito maior que nós agora e é surreal estar em uma HQ.

WM: Você acha que seus filhos vão gostar? Eles vão te ver como um super-herói?

JS: Sim, tipo ‘Olha, o papai está em uma HQ’ [risos]. Eu não penso muito nisso, mas às vezes eu mostro algo para o meu filho mais velho e ele fica com aquele olhar de quem está pensando ‘Uau, esse é meu pai’. 

É engraçado porque para ele eu só sou o pai dele, então dá pra ver a fumaça saindo da cabeça dele enquanto ele tenta processar. ‘Por que meu pai está em uma HQ?’ ou ‘Por que meu pai está na televisão?’ ou tocando em algum show. Eu lembro de ter esse mesmo sentimento vendo meu pai ser qualquer coisa fora do papel de pai, sabe? Em qualquer outra situação do mundo real [risos]. É engraçado viver isso agora.

WM: Para minha última pergunta, eu gostaria de saber como tem sido estar de volta em turnê e se vocês têm planos para a América do Sul ou para o Brasil especificamente.

JS: Vou responder sua última pergunta primeiro. Mal posso esperar para voltar aí. Nós teremos planos em breve e mal posso esperar. Vocês são os melhores fãs do mundo e mesmo no pouco tempo que passamos aí nós fizemos tantas boas memórias e estamos ansiosos para voltar.

Sobre a turnê, tem sido um alívio até o momento. Poder tocar em shows todas as noites de novo é a melhor sensação do mundo. Agora tudo é diferente, mas esperamos poder recuperar um pouco do senso de normalidade. Estamos sendo cuidadosos e sempre nos testamos [para COVID] e existe uma nova logística com a qual precisamos lidar, mas estamos ok com isso. Faremos tudo que for necessário, nem que seja enfiar um cotonete no nosso nariz todos os dias, desde que a gente possa continuar tocando. 

Tirando essa parte, as plateias têm sido incríveis. Nós fomos até o Reino Unido, tivemos a chance de viajar para o exterior internacionalmente, o que é gigante. Não achei que conseguiríamos fazer isso tão cedo e por um tempo tivemos que cancelar nossos planos para a Europa, mas fomos até o Reino Unido. Estávamos muito ansiosos, achando que não conseguiríamos, então quando aconteceu foi um grande alívio e eles são ótimos fãs também.

Estamos nos aquecendo para começar uma nova turnê em maio nos Estados Unidos e é ótimo estar tocando ao vivo de novo.

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