Não é raro encontrar o debate sobre a relevancia de temas de cunho político em letras de músicas, especialmente no rock e metal: há quem defenda a manifestação por parte dos artistas e quem considera pouco profissional misturar as coisas. Para o Drowned, essa é uma temática integral do heavy metal.
Em entrevista ao Wikimetal sobre o single “Hail, Captain Genocide!”, lançado na última segunda, 15, o vocalista Fernando Lima explicou o motivo para as duras críticas da banda ao governo de Jair Bolsonaro e líderes que consideram totalitários e genocidas no novo lançamento da banda de death e thrash metal mineira.
“A música em si, não achamos que tenha o dever de falar de política. Mas acreditamos que o metal é um estilo que está conectado, desde o nascimento, ao levante contra padrões, contra o estado das coisas e sobretudo é inconformado com o que há de errado. A linguagem do metal autêntica é essa. O rock é um estilo contestador, não é estilo adorador de nada”, defendeu.
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Para o músico, o momento atual do cenário sociopolítico no Brasil exige ainda mais eloquência. “Vivemos um momento de desconstrução dos poucos avanços civilizatórios [do país]. O ser humano é essencialmente político, ainda que nem saiba. Política só faz sentido se há busca pelo bem-estar da coletividade, senão é só um negócio como qualquer outro, com objetivo de ganho de poucos em detrimento da maioria”, continuou. “Assim, achamos que o músico pode falar do que quiser em seus trabalhos, se o fizer sem prejudicar as pessoas. A discussão de hoje para não se falar de política em música é muito simples: um grupo de rock, se for autêntico, se for falar de algum tema político, tem por dever moral xingar o que rola no Brasil e no mundo. E a política bolsonarista, por ter um viés totalitário, não é admitida”.
Questionado sobre a resistência de parte do público headbanger sobre debates políticos, o vocalista do Drowned se mostrou otimista. “Com o envelhecimento do público de metal, muitos adotaram posturas conservadoras que conflitam com praticamente tudo o que baseou o metal. Talvez para estes seja difícil absorver o que sempre esteve na grande maioria dos discos de rock. Porém, felizmente, parecem ser a minoria”, disse.
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