Texto por: Marcelo Gomes

Com diversos shows marcados no Brasil, Glenn Hughes, ex-baixista do Deep Purple, encerrou a turnê Performs Classic Deep Purple Live celebrando 50 anos do álbum Burn de maneira épica em São Paulo. A casa escolhida dessa vez foi a Vip Station, que ficou lotada no último dia 11, para receber a lenda. A expectativa que pairava no ar era como Glenn iria se sair, afinal, há poucos dias atrás cancelou a apresentação em Curitiba devido a uma forte gripe.

Não sei qual foi a mágica, mas quando Glenn Hughes surgiu no palco acompanhado por Soren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) e Bob Fridzema (teclados), parecia milagrosamente curado. A abertura foi com o petardo “Stormbringer” e Glenn mostrou porque ganhou a alcunha de “The Voice Of Rock”. Seu alcance vocal beira ao absurdo e sua banda soa perfeitamente bem.  O público parecia não crer no que estava vendo. A equalização perfeita mostrava com nitidez seus agudos que o consagraram como ícone do rock mundial. 

Com apenas um “São Paulo, tudo bem?”, seguem com “Might Just Take Your Life” e não era só o Glenn que demonstrava excelente forma, a banda estava excepcional mostrando um profundo conhecimento sobre os arranjos clássicos do Deep Purple. “Tive excelentes momentos durante minha carreira com vocês, mas acho que hoje será o melhor deles”, disse o vocalista antes de iniciarem o riff poderoso de “Sail Away”. E pelo jeito, ele não estava enganado.

A seguinte foi uma verdadeira viagem ao festival California Jam. Tocaram “You Fool No One” recriando toda aquela atmosfera da apresentação antológica do Deep Purple em 1974. A longa versão teve tudo que tinha direito, um medley com “High Ball Shooter”, “The Mule”, um solo de bateria cheio de malabarismos e até um sambinha, solos de teclado e guitarra que não poderiam faltar. O público acompanhou atônito os 25 minutos de exibição que foram de tirar o fôlego, um verdadeiro presente para os fãs.

A ficha da noite histórica que estávamos vivendo caiu quando Hughes falou que talvez ele seja a única pessoa daquela fase do Deep Purple que ainda tocava essas músicas. Então, um breve solo de Soren deu início a “Mistreated”.  A nostalgia tomou conta do lugar, a multidão cantava cada palavra num dos momentos mais emocionantes das noite. Foi tão ovacionado que chegou a dizer que iria chorar.

Do álbum Come Taste The Band  vieram “Getting Tighter”, cheia de improvisos bem funk e até melodias mais sombrias no baixo que foram cantadas pelos presentes, e com o público nas mãos, fecharam com a bela “You Keep On Moving” em mais uma comunhão entre banda e fãs de dar arrepios. Glenn largou o microfone na parte inicial e deixou que a multidão fizesse a lição de casa. Com um resultado magnífico, saíram do palco por alguns minutos.

A volta para o bis contou com uma surpresa: a participação especial do baterista do Red Hot Chili Peppers, Chad Smith. O amigo de longa data do Glenn estava em São Paulo devido à apresentação de sua banda no dia anterior, no estádio do Morumbi. Além de amigo, Chad também gravou alguns álbuns ao lado de Hughes.  A parceria rendeu um encontro histórico para os fãs paulistas. Para celebrar a ocasião, escolheram o clássico “Highway Star”. O público acompanhava extasiado, pareciam hipnotizados diante do que estava acontecendo. Foi simplesmente indescritível a sensação de poder vivenciar isso. E não parou por aí. Se despediram com “Burn” numa performance magistral e a euforia tomou conta do lugar. Chad Smith encerrou sua participação chutando a bateria e arremessando  suas peças. Um final apoteótico para um verdadeiro show de rock que ficará na memória por muito tempo.

Em quase 2 horas de show, o lendário Glenn Hughes transformou a apresentação numa verdadeira imersão aos tempos áureos do rock. Seus vocais poderosos juntamente com uma banda impecável resgataram a magia das icônicas apresentações de sua ex-banda, deixando todos os fãs com um sorriso estampado em seus rostos. Definitivamente, uma noite que celebrou o legado do Deep Purple e ao mesmo tempo consagrou o título de The Voice Of Rock no mundo da música pesada.

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