Os fãs de rock estão inegavelmente bem servidos no Lollapalooza Brasil 2025. Nomes como Tool, Alanis Morissette, e Fontaines D.C. prometem agradar uma variedade razoável de público ao longo dos três dias de festival. Entre os brasileiros, destacam-se nomes como Sepultura e Dead Fish, mas existe uma outra atração na qual vale a pena ficar de olho: Giovanna Moraes.
Trabalhando na cena musical desde 2017, foi mais recentemente que Giovanna firmou sua identidade e seu nome dentro do rock nacional. Com o álbum Para Tomar Coragem (2022), ela se afastou da diversidade de gêneros que explorava antes em suas músicas (MPB, pop, jazz, r&b) e começou uma nova marca em sua discografia. Os trabalhos anteriores foram removidos das plataformas de streaming para abrir espaço para essa nova identidade musical, mas quem for curioso ainda pode encontrá-los no YouTube, onde foram deixados propositalmente como uma lembrança de todo o trajeto até aqui.
Foi com o álbum Fama de Chata (2023) que Giovanna Moraes alcançou novos públicos e começou a chamar mais atenção para o seu nome. Antes mesmo do lançamento do disco, a artista criou uma trend viral em suas redes sociais usando um trecho da música “Fala na Cara”, que só seria lançada muitas semanas depois. Antes da faixa sequer chegar ao streaming na íntegra, ela já era um sucesso. Nos vídeos, Giovanna aparece por vários lugares de São Paulo performando um trecho de sua música em público com a postura corporal que remete a uma criança fazendo birra. Os vídeos chamam atenção imediata pela espontaneidade e força de expressão, mas também pelos olhares curiosos dos passantes que observam a cena com estranheza.
Além dessa, a cantora também criou várias outras trends para si mesma e viu seus números nas redes sociais explodirem, sempre usando trechos de músicas do novo álbum que acabam por grudar na cabeça de quem assiste. Em outro exemplo, ela ironiza comentários machistas e de ódio com um trecho debochando a existência dos chamados fãs “true” de metal, que costumam ser inflexíveis com a chegada de coisas novas no rock. Já participaram da trend nomes como Supla, Henrique Fogaça e João Gordo, que recebeu Giovanna em um dos episódios de seu programa de culinária, Panelaço. Outro nome que não escondeu sua admiração pelo trabalho da artista foi Tico Santa Cruz, do Detonautas.
Em entrevista ao Wikimetal, Giovanna Moraes fala sobre como se encontrou no rock, como lida com o hate nas redes sociais e os desafios e cuidados ao lidar com um público mais jovem. Ela se apresenta no domingo de Lollapalooza, dia 30 de março.
Wikimetal: Quando eu te conheci, você era outra pessoa. O seu som era outro, a maneira como você ser apresentava era outra, sua aparência era outra. Era tudo muito diferente. Quando foi que virou a chavinha daquela Giovanna Moraes para a Giovanna Moraes que você é agora?
Giovanna Moraes: Eu acho que todo mundo é um ser de transformação e nós vamos descascando as camadas que não fazem mais sentido pra gente e chegando mais próximos ao nosso interior. Eu ainda estou, de alguma forma, nesse percurso tentando achar meu lugar e tentando tirar as partes que talvez não fazem mais sentido pra mim. Eu acho que em algum momento a gente fica com muito medo de poder ser do nosso jeito, e medo de que as pessoas não vão gostar da gente e, às vezes, a gente acaba vestindo máscaras. Então, eu acho que a minha história é muito isso. Uma história de coragem de ir tirando e descobrindo o que tem por trás de cada máscara.
WM: Como você se encontrou dentro do rock?
GM: Eu acho que, na raíz, eu sempre fui rock. Mais pelo fato de que eu não gostava muito de me encaixar em nenhuma caixa, de ser obrigada a seguir um gênero musical ou um rótulo. Então, eu acho que, de alguma forma, isso sempre foi muito rock ‘n’ roll, sabe? Falar: “Me deixa ser como eu sou”. E eu acho que o meu trabalho, mesmo antes de ser fincado no rock, tinha essa atitude meio rock ‘n’ roll, só que estava escondido atrás de uma timidez, de uma obrigação de ter que ser de um jeito pros outros. E a gente eventualmente chega num ponto onde a gente não tem muito mais nada a perder, sabe? Então a gente fala: Bom, é isso. Eu tenho que tomar coragem e fazer algo diferente.
WM: Você trabalha com música desde 2017. Como você se sente tendo encontrado seu público e seu espaço mais recentemente, todos esses anos depois?
GM: É muito legal, é muito doido. Acho que, às vezes, a gente acha que as coisas demoram e não estão indo pra frente, mas na real elas estão indo bem pra frente, sabe? Cada vírgula, cada passo que eu dei, foi importante pra eu conseguir chegar onde eu estou hoje e entender com quem eu estou falando, o que o meu trampo tem nessa coisa de conexão e com quem ele conecta e por que ele se conecta.
Então, estar conhecendo meninas que passam por coisas parecidas que eu passei ou que estão passando agora ou que já passaram, e entender que, de alguma forma, o meu trabalho traz uma alternativa ao mundo em que a gente vê o papel da mulher, sabe? Tá sendo muito massa conhecer esse tipo de público.
É um negócio que eu sonhei por muito tempo da minha vida e ao mesmo tempo é meio triste porque a gente vê o quão triste e sozinhas muitas dessas pessoas se sentem. E tentar trazer alguma coisa que ao mesmo tempo represente essas pessoas em futuras obras, mas também que dê um gás, uma motivação, sabe? Então tá sendo muito especial conhecer essa galera e espero poder animá-las também.
WM: O seu público tem muitas meninas jovens, adolescentes e pré-adolescentes. Qual a mensagem que você espera passar pra elas e existe algum desafio em particular ao lidar com essa faixa etária?
GM: Eu acho que o desafio é que às vezes eu não sei o que falar, sabe? Eu não tenho tudo resolvido, eu gostaria de ter tudo resolvido, e às vezes eu sinto que estão procurando que eu seja meio que uma mãe, sabe? Às vezes eu fico meio… Não sei se sou a pessoa certa, estou tentando ainda só cuidar de mim. Mas, ao mesmo tempo, é bem legal porque eu sinto que demorei tantos anos pra ficar à vontade sendo quem eu sou, podendo ser do meu jeito, podendo não cair nas armadilhas de ter que ser bonita, de ter que agradar as pessoas, e que eu acho que toda mulher, de alguma forma, sofre no nosso mundo de hoje. Então, é legal poder trazer uma alternativa pra essas pessoas, de mostrar que é possível. E eu espero que, de alguma forma, eu esteja fazendo isso, sabe? Porque realmente, às vezes, eu ainda tô resolvendo e é uma responsabilidade também.
WM: Você sempre foi uma pessoa muito autêntica na sua carreira, mesmo antes do Fama de Chata. Por causa disso você recebe bastante hate nas redes sociais, mas sempre responde de maneira bem-humorada. Apesar disso, esses comentários ainda te afetam hoje em dia?
GM: Honestamente, o hate até me ajuda, sabe? Porque engajamento, a plataforma não sabe distinguir o que é ruim e o que é bom. Ela só entende que aqui tem muita gente engajando. Então eu sinto até falta quando eu não tô recebendo tanto hate [risos]. Falo, “pô, cadê a galera que tava movimentando minhas redes pra mim?”
Eu acho que tudo tem fases. Tem momentos e tem posts que quando saem um pouquinho da água, daí tem gente amassando de novo. E tem dias onde eu acho engraçado e eu falo, “Nossa, quão pequena é a vida dessa pessoa, sabe? Pra ela tá aqui me amassando e tentando me colocar pra baixo, pra ela se sentir melhor”. Mas também tem dias que eu falo, “Poxa, que triste que qualquer coisinha que a gente faz…” Sabe? [Tem dias] que eu tô mais sensível. Então eu falo, “Putz, que saco. Hoje eu não tava afim de ler mil mensagens de como eu sou uma pessoa horrível”.
Então eu acho que tem altos e baixos em lidar com o hate. Eu tento enxergar o outro e entender que a pessoa que tá comentando é mais sobre ela do que sobre mim. E eu acho que as mídias sociais, se você for pensar… Eu venho do ramo acadêmico, né? Então a gente tem uma noção das pessoas que existem no mundo. A gente tem uma reação. E eu acho isso interessante pra gente observar enquanto sociedade, sabe? O que são alguns comportamentos, algumas crenças, mesmo quando eu acho feio. Eu falo: Putz, a galera implica com mulher que é uma barbaridade. Especialmente quando você não tá performando o papel que é esperado de você como bonita, como sei lá o quê.
Mas, também, eu prefiro ver como é o mundo do que viver na minha bolha achando que é tudo perfeito, que todo mundo é desconstruído. Então, eu não sei, existem vários aspectos de trabalhar com a internet e com o hater.
WM: Você pode falar mais um pouquinho sobre o seu passado acadêmico?
GM: Eu estudei neurociência cognitiva, que é uma neurociência das partes que a gente ainda não entende; o que é pensar, o que é prestar atenção… Tentar entender a base neuroquímica para coisas que ainda são meio caixa preta. Eu fui estudar isso porque minha vida inteira me falaram que eu tinha problema e cada um achava alguma coisa. “Ah, ela tem problema com o humor. Meio deprimida, meio ansiosa, um transtorno misto.” Ou, “Ah, é déficit de atenção”, ou “Não, ela é autista”. Cada um diz uma coisa. E eu fui querer entender aonde é o meu problema, entende?
Eu posso tomar um remédio, eu posso aceitar que eu vim com defeito, talvez isso tudo soe muito como verdade pra mim, mas eu queria entender antes, tá ligado? Se eu tenho problema, onde é o problema? E… Sei lá, estudei pra caramba e fui a fundo no assunto e percebi que a gente entende muito pouco desse assunto. Muito pouco mesmo. A neurociência é uma ciência muito jovem e a gente não entende nem o que é a atenção normal pra poder falar que alguém tem problema ou não com atenção, sabe?
E eu sei que muitas pessoas se sentem acolhidas por diagnósticos e por remédios, e por muito tempo eu também me senti acolhida por diagnósticos e remédios, mas eu também acho que essa busca pra gente estar feliz e bem o tempo inteiro não é um negócio que pra mim é saúde mental, não é um negócio que pra mim é saudável. Então, houveram outros momentos na minha vida onde eu não gostei dessa sensação de sentir que eu vim com defeito. Porque, na verdade, eu acho que todo mundo sofre uma experiência parecida, sabe? Todo mundo tá lutando pra ter mais dias bons do que dias ruins. E quando a gente tá tendo um dia ruim, é difícil ouvir por cima das vozes que tem na nossa cabeça. Então, eu fui estudar isso muito com uma motivação própria de querer me entender. E, por tabela, acabei entendendo muito sobre o ser humano. [Acabei] muito entendendo que eu sou, de alguma forma, uma variação de qualquer outro ser humano, sabe? Não sou tão diferente, autêntica, original. A gente é todo mundo muito parecido com o outro.
Então, eu queria fazer alguma coisa que fosse conversar com mais pessoas, entende? Que fosse talvez trazer um pouco mais de esperança para pessoas que estavam se sentindo presas e perdidas dentro de si e nessa busca por mais, por ser feliz, por ser o suficiente. Eu ainda faço algumas coisas de tradução e de pesquisa acadêmica pra suplementar a minha renda e eu gosto. Eu acho muito interessante. Por isso que eu te falei, eu acho que a internet, de alguma forma, é uma pesquisa também, sabe? Eu posso jogar lá um assunto e ter uma resposta do que as pessoas sentem sobre esse assunto. E é isso. Pra mim foi música porque eu senti que eu não vou descobrir alguma coisa que vai trazer a solução pra alguém que tá se sentindo insuficiente. Mas talvez eu possa escrever uma música que vai abraçar alguém que tá se sentindo muito incompreendida. E talvez isso seja o suficiente.
WM: Você tem uma comunidade no Discord para conversar com seus fãs. Como é a sua estratégia de aproximação com o seu público? Como que você faz pra manter essa galera que chegou recentemente, que tá te conhecendo agora?
GM: Eu gosto do Discord, eu costumo fazer chamada com eles uma vez por semana, e é muito interessante pra mim conhecer essa galera. É interessante tanto quando tem gente nova, quanto quando é a mesma galera. A gente vai se conhecendo e se soltando cada vez um pouquinho mais. Então é legal essa parte. Tem muita gente que não tem Discord, não sabe usar, não quer, ou às vezes até tá no canal, mas não participa das chamadas. Eu acho que com quem quer interagir, eu sou bem aberta. Eu também respondo comentários, essas coisas, e tento ficar de olho em quem tá usando as músicas, no TikTok, no Instagram, nos Reels. E é isso, mas é meio complicado, né? Eu sou, na verdade, o soundtrack, entendeu? Então, não acho que é tanto sobre a conexão comigo, é mais sobre a música te trazer alguma coisa, alguma força na tua vida. E às vezes é suficiente também. É difícil isso, é complicado.
WM: Muito do seu público recente chegou com as trends que você criou nas redes sociais. Como foi que você teve a ideia para o primeiro vídeo dessas trends?
GM: É mais um jeito de divulgação mesmo. Às vezes as pessoas precisam se apaixonar por uma parte da música antes de ouvir o negócio inteiro. Quando eu fui gravar “Fala Na Cara”, eu gravei algumas outras músicas e essa foi a única que eu me empolguei. [O trecho usado na trend] é uma coisa que me faz rir, sabe? Eu fico desconfortável, eu falo, “Nossa, sério que você vai falar isso?”. E justamente porque eu sinto isso, eu sabia que essa era a parte certa pra divulgar. Porque eu falei, “Se eu fico desconfortável e dou risada, as outras pessoas também vão dar risada dessa parte e ter alguma coisa a falar”.
Aí a gente começou a testar com essa parte antes da música nem lançar. Começamos a testar jeitos de falar essa parte. A primeira ideia era tentar ir pra uns lugares meio ostentação e fazer parecer que eu era literalmente uma mimada. Só que isso começou a ficar complicado, não tinha tantos lugares que estavam como possibilidade. E eu comecei a reparar nas minhas caretas, eu falei, “Nossa, que feia que eu sou, que estranha essas caretas”. E daí eu falei, “Não, eu acho que é exatamente isso. Tem que ser estranho e meio feio”. E alguma coisa me disse desse ângulo de cima, porque aí eu pareço menor ainda, parece uma criança fazendo birra, sabe?
E foi isso, eu fui fazendo os primeiros [e pensando] “Não, precisa de mais energia. E era, em parte, porque eu também me incomodava. [Eu] falava, “Nossa, mas essas caretas são horríveis”. Mas porque era feio, eu sabia que também ia causar alguma reação, algum hate de algumas pessoas. E daí, antes de eu lançar a música, a música já tinha viralizado. Foi um negócio assim, meio por acaso.
Eu quase não lancei essa música, pra ser bem sincera. Uma semana antes de gravar, eu ainda não tinha a letra. Eu tava reescrevendo a letra de músicas antigas. E eu ia jogar essa fora e falar, “Não sei o que falar aqui, não tenho o que falar”. E daí, num estalo de sorte, virou a música que acabou me dando mais luz até então. E eu tava muito perdida antes disso. É muito difícil a gente viver da arte. Boto fé que a vida é difícil em qualquer caminho, pra todo mundo é osso, e a gente tá aqui tentando fazer o que a gente pode pra sobreviver. Mas é complicado e a gente às vezes se sente perdido.
No meu álbum anterior, que é o Para Tomar Coragem, tem uma música que se chama “Clichê”. E ela literalmente fala que eu preciso de um sinal. “Me ajuda a entender”. “Porque eu tentei de tudo e eu rodo e giro em falso, continuo sem entender”. E daí, de tanto pedir esse sinal, vem o meu sinal. O meu sinal se chama: Giovanna Moraes, Fala Na Cara. Então, pra mim, eu aceitei muito esse desafio, sabe? Eu falei, putz, eu sendo uma pessoa tímida… Eu sei que as pessoas me acham muito da pá virada, mas, na verdade, eu sou uma pessoa muito na minha, muito introspectiva. É difícil eu sair do meu casulo. E eu peguei e falei, “Pô, tá bom, eu tava querendo um sinal, o sinal veio, chama Fala Na Cara, então deixa eu abrir aqui e ver o que mais eu tenho pra falar que talvez me deixe desconfortável, que talvez cause essa risada.”
Talvez um pouco seja o que eu acho que as pessoas pensam quando elas olham pra mim ou olham o meu trabalho, entende? Ou o que a sociedade espera de mim enquanto mulher. E assim nasceu o Fama de Chata, que é o meu álbum. Essas são as coisas que eu acho que eu não posso falar, sabe? E pra mim foi um tremendo sucesso, tá sendo um tremendo sucesso. É lógico que a gente sempre quer mais e é isso. Tentando descobrir o caminho ainda. É difícil.
WM: Em março você vai tocar no Lollapalooza. Como foi receber essa notícia e quais são suas expectativas?
GM: É muito doido quando você trabalha tanto tempo e você ganha alguma coisa pra mostrar desse trabalho, sabe? Eu tô muito feliz, muito feliz mesmo. É um negócio que veio muito batalhado. Foram muitos concursos de “Vota em mim pra tocar sei lá onde” e muito tempo divulgando minha música e tendo paciência com os haters e convertendo a galera para conseguir chegar nesse momento de estar num palco internacional, renomado, em um dos maiores festivais do Brasil e do mundo, sabe?
É muito doido e muito empolgante, estou muito empolgada mesmo. Estou querendo fazer o máximo com essa oportunidade, aproveitar o máximo, movimentar o máximo. Eu acho também que quando a gente tá trabalhando muito pra conseguir alguma coisa, às vezes dá um vazio, né? Porque a gente fala, “Putz, eu consegui. E agora?” Então eu sinto que eu tô um pouco nessa fase, pra ser bem sincera. Tô um pouco, poxa, pra onde eu vou? Há pouco tempo atrás eu queria as coisas que eu tenho hoje e eu tô muito feliz com elas, não tô querendo reclamar de boca cheia. Mas também, putz, e agora? Onde é o próximo horizonte? Eu tô um pouco com essa sensação também, não vou mentir aqui.
WM: O que você tá planejando pro show? O que a gente pode esperar da sua apresentação?
GM: Eu tô planejando tocar grande parte do meu álbum Fama de Chata porque é um álbum que reverberou em tantas pessoas. Os shows que eu já fiz desse álbum foram muito especiais e eu boto fé que vai ser muito especial fazer no Lolla. Acho que vai ser foda. Mas eu pretendo também trazer algumas coisas novas que eu ainda tô trabalhando, na verdade. Alguma coisa que represente talvez o próximo capítulo de GGG, alguma coisa que eu consiga aproveitar todo esse movimento e visibilidade do festival pra também trazer um pouquinho de hype pro meu próximo capítulo.”
WM: Recentemente você usou o Instagram para conversar um pouco com o pessoal que pede turnê em outros estados e explicar um pouco das dificuldades sendo artista independente. Como funciona essa empreitada de fazer turnê sendo uma artista independente?
GM: Eu acho que a maior dificuldade é a falta de verba. A gente não tem o bolso com investidores, que eu consigo fazer tudo que eu gostaria de fazer. Se desse, eu estaria rodando o Brasil. Tem gente em todos os lugares do Brasil e muita gente foi impactada na internet, mas não tenho como, sabe? Minha banda é contratada, sou eu, o Tannus, que é meu parceiro marido, e o resto da banda é contratada. Eu tenho um custo pra ir. E muitas vezes eu dependo do algoritmo das mídias sociais pra me entregar e nem sempre eles me entregam. Às vezes eu tenho gente em Curitiba que nem ficou sabendo do show até eu ir embora. Então, é complicado conseguir fazer o negócio acontecer. E, pra piorar a situação, são poucos os lugares no Brasil que tem infraestrutura pra receber um show onde o meu público, que é mais jovem, que talvez nunca foi num show de rock, estaria disposto pra ir. Então são muitas dificuldades mesmo. Dificuldades de infraestrutura no Brasil, dificuldade de entrega do algoritmo, dificuldade de custo, de logística.
Eu fico falando pra galera: Me espalha pra todo mundo, que isso me ajuda demais a conseguir. Quando eu tenho gente suficiente, eu consigo colar. E eu planejo, talvez mais pro final do ano, um pouco antes do Lolla ou um pouco depois do Lolla, aproveitar um pouco esse movimento do festival pra levar o meu show pra alguns outros lugares. Eu acho que fazendo com bastante tempo de antecedência, organização, tem alguns lugares que dá pra eu, teoricamente, vender alguns ingressos e fazer um rolê, um comércio, alguma coisa, pra, pelo menos, poder estar próximo, olho a olho, com essa galera que me ajuda a fazer tanto barulho na internet.
WM: Minha última pergunta hoje, pra gente encerrar a conversa, é… Como que você apresentaria a Giovanna Moraes, você, pra uma pessoa que ainda não te conhece e que não conhece o seu som?
GM: Talvez eu falaria que eu sou um pouco louca, mas quem não é, entedeu? Eu sou uma parte, talvez, de você. Eu sou uma menina que cansou de ser boazinha e que tá decidindo falar as coisas que pensa, mesmo se ninguém for escutar, mas que tá preparada pra falar o que pensa. E… Sei lá, meio folgada. Talvez meio folgada. Acho que é positivo isso, a gente ocupar mais espaço. E o meu som, eu diria que ele é grande, gordão e gozado. GGG.