Recentemente, o guitarrista do Exodus, Gary Holt, participou do podcast Rock And Roll Geek Show, apresentado pelo ex-baixista da banda, Michael Butler. Durante a entrevista, Holt foi questionado sobre a recente saída do vocalista Steve “Zetro” Souza da formação do grupo.
Com transcrição via Blabbermouth, Holt diz : “As pessoas perguntam [por que mandamos o Zetro embora], todo mundo quer saber, porque escolhemos não contar a ninguém. Tudo o que eu digo é: casamentos muitas vezes não dão certo. E só porque você viu um casal em público que parecia feliz, isso não significa que você sabe o que está acontecendo em casa. Eu não sei se a esposa está jogando frigideiras na cabeça dele, ou se ele está completamente bêbado, gritando feito louco e batendo nas crianças. Você não sabe. Só porque eles saem em público com um sorriso no rosto. Continuamos respeitando muito o Zetro, temos um grande carinho por ele, e me sinto honrado por ter feito ótimas músicas ao lado dele. Mas eu também tenho 60 anos, e nós cinco precisamos estar na mesma sintonia. E agora estamos.”
Butler sugeriu que músicos podem ter personalidades diferentes às vezes, e que “as pessoas podem acabar te irritando de vez em quando”, porém Holt esclarece: “Nem se trata disso, porque todos nós nos irritamos uns com os outros. É que, conforme você envelhece, esse trabalho, ou você ainda ama o que faz, ou ele se torna incrivelmente difícil… Pra mim, não é nada difícil. Então, seja qual for o motivo, quatro caras tinham uma razão para fazer o que fizemos.
Gary foi perguntado se ele ligou para Zetro para avisá-lo sobre sua demissão. “Prefiro não entrar nesses detalhes. [Risos] Não tem ódio envolvido. É só que o maldito casamento não funcionou. Às vezes você se dá bem com seu ex. Ou você não odeia seu ex; só não dá mais pra estar casado com ele… Às vezes a esposa ainda gosta dele e ele é um bom pai, mas, meu Deus, que marido péssimo. Ou que vida ruim. Mas ela era boa com as crianças e fazia parte da associação de pais da escola. Quem diabos sabe?”
Holt rebate teorias da conspiração sobre a saída de Zetro do Exodus
O guitarrista também aproveitou para comentar algumas das teorias que fãs têm levantado nas redes sociais.
“O mais engraçado é que, na internet, as pessoas estão criando teorias da conspiração sobre o motivo da saída do Zetro”, comentou Holt. “[…] Tem gente dizendo que isso tem a ver com o fato de ele ter se casado recentemente. Tipo: ‘Rob Dukes se casou na época em que foi demitido, e o Zetro também se casou. Hmm, um padrão?’ Cara, eu tenho netos. Você acha mesmo que eu teria algum problema com meu vocalista estar casado? Que estupidez.”
Holt também relatou um episódio em que um seguidor foi ao seu Instagram para apresentar uma linha do tempo detalhada da relação da banda com seus vocalistas ao longo dos anos. “A primeira coisa que ele disse foi: ‘Gary Holt só pensa em dinheiro.’ E se você realmente acha que demitir seu vocalista é um caminho para segurança financeira, você tá completamente chapado. Que **** de lógica é essa?”, disparou o guitarrista.
O seguidor teria afirmado que o Exodus demitiu Paul Baloff após contratá-lo, o que Holt confirmou, explicando que a vida de Baloff estava desestruturada na época. “‘A banda contratou o Paul [Baloff]. Depois demitiu o Paul.’ Verdade. O Paul foi demitido. A vida dele estava uma bagunça. Mas, olhando para trás, a gente acabou ficando tão bagunçado quanto ele era”, admitiu.
Segundo Holt, a cronologia feita pelo fã também incluía informações equivocadas, como a alegação de que a banda teria demitido Baloff novamente após recontratá-lo, ignorando o fato de que o vocalista faleceu em 2002. “Aí ele disse: ‘A banda contratou o Steve Souza. Depois demitiu o Steve Souza.’ Não, a gente terminou a banda depois do Force Of Habit. Aí ele continuou: ‘A banda recontrata o Paul Baloff. Depois demite o Paul Baloff.’ E eu fiquei tipo: ‘Ele morreu, cara. A gente não demitiu ele. Ele morreu.”
Apesar do tom ácido, Gary afirma que respondeu com respeito. “Fui educado e disse: ‘Ei, cara, deixa eu corrigir sua linha do tempo.’ Não falei ‘Vai tomar no **, cara.’ Só disse: ‘Deixa eu te ajudar a acertar a cronologia aí.’”
Retorno de Rob Dukes foi questão de afinidade e experiência
Em meio à reformulação do lineup do Exodus, Gary Holt comentou a decisão de trazer o vocalista Rob Dukes de volta à banda. O guitarrista explicou que, aos 60 anos, não estava disposto a apostar em um nome desconhecido para ocupar o posto deixado por Steve “Zetro” Souza.
“Tenho 60 anos. A ideia de colocar alguém desconhecido na banda simplesmente não era uma opção”, afirmou Holt. “Acho que todos nós entramos em contato quando isso se tornou evidente”. Segundo o guitarrista, a escolha por Dukes também passou por uma questão de afinidade geracional e maturidade. “Claro, eu poderia ter achado algum cara de 30 anos que ainda consegue pular do palco, que tem barriga de tanquinho e não tá todo gordo como o resto de nós. Mas eu preciso de alguém que esteja mais próximo da minha idade.”
Exodus acelera processo criativo com dois álbuns em produção
Gary Holt revelou detalhes sobre o próximo lançamento do Exodus — e surpreendeu ao anunciar que a banda está trabalhando não em um, mas em dois álbuns simultaneamente.
“Pessoalmente, ainda tenho duas músicas de guitarras base pra gravar. O Lee [Altus] ainda tem algumas também. A gente literalmente tá correndo contra o tempo, tentando gravar dois álbuns ao mesmo tempo”, disse Holt. “Mesmo que não terminemos tudo agora, o segundo álbum vai ficar quase pronto. Talvez falte só gravar alguns solos ou vocais depois”
O guitarrista também explicou que a ideia de acelerar o processo vem de um desejo antigo: tirar férias. “Agora estou pensando assim: vamos terminar esse álbum, gravar as guitarras e baterias do segundo… Aí, quando for hora de lançar, não precisamos repetir todo esse processo. Talvez eu finalmente consiga tirar férias. Nunca tive uma.”
Questionado se todas as músicas já estão escritas, Holt confirmou: “Sim. Ainda temos mais algumas pra finalizar, mas a gente compõe e grava durante todo o processo. A gente não para. Eu, Tom Hunting e Lee estamos escrevendo juntos, e o Lee tem contribuído muito.”
Segundo Holt, o Exodus tem adotado uma abordagem mais flexível nas gravações: “Muitas bandas entram no estúdio com o disco pronto, gravam as baterias, depois partem pras guitarras. A gente não faz mais isso. Mantemos as baterias montadas o tempo todo porque às vezes o melhor vem no final.”
Recentemente, Holt finalizou uma nova faixa que, segundo ele, é uma das mais intensas que já compôs. “É simplesmente a coisa mais furiosa do mundo, insana de tão pesada”, afirmou. “Quando o Lee ouviu minha demo, perguntou se eu já estava colocando gelo no pulso.” Apesar do peso, Holt garante que o material traz mais do que agressividade: “Tem músicas realmente boas ali, não é só porrada do começo ao fim.” Atualmente, a banda já soma 18 faixas, com mais duas em processo de finalização — o suficiente para dois álbuns completos.
Aos 60 anos, Gary Holt também compartilhou uma visão mais pessoal e melancólica sobre o ritmo intenso de trabalho: “Eu encaro assim: tô ficando mais velho. E você começa a pensar nessas coisas, tipo mortalidade, e se eu morresse. Entre esse álbum e o próximo, está aí o último lançamento do Gary Holt. Que ele gere algum dinheiro, uns royalties pros meus netos, pros meus filhos, pra minha esposa. Porque, claro, seus álbuns sempre vendem mais quando você morre.”
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