Anualmente, no mês de julho, é comemorado o dia do rock, mais especificamente, no dia 13. Homenagens, celebrações e comemorações são feitas ao longo dos dias, e a equipe do Wikimetal trouxe uma entrevista exclusiva para honrar esta data.

Felipe Machado é jornalista, músico, escritor e é conhecido por ser guitarrista e cofundador do VIPER. Além disso, ele lançou em março de 2022 o segundo álbum solo da carreira, Primata.

Em entrevista exclusiva ao site, o músico falou sobre o rock no Brasil, a importância do dia do rock e mais. Confira a entrevista na íntegra:

Wikimetal: Se você tivesse que escolher um único álbum para representar o rock, qual seria?

Felipe Machado: Nossa! Que coisa impossível! Mas eu escolheria o álbum branco dos Beatles. Por quê? Porque ele tem todos os estilos, ele tem várias crises da banda, ele tem amadurecimento, ele tem uma enorme criatividade, ele tem guitarras, ele tem sons pesados, enfim, eu acho que é um disco que simboliza o caos criativo e genial que é o rock.

WM: Como você vê o rock no Brasil?

FM: No Brasil o rock é um estilo que já tem uma cara própria. Existe um rock brasileiro que tem o sotaque do país, o DNA do Brasil. Mas não é o estilo principal do país. Talvez nos anos 80, com aquele rock Brasil, [Os] Paralamas [do Sucesso], Titãs, Lulu Santos, época do Legião Urbana, Capital Inicial, Barão Vermelho, teve uma cara mais de ser a música popular do país.

Mas os estilos mais populares no Brasil são mais ligados à percussão ou a ritmos mais dançantes. Então o rock no Brasil sempre tenta encontrar seu lugar em meio aos outros estilos. Mas tem muito roqueiro no Brasil, tem público muito grande, que ama muito o rock. Ingressos esgotam rapidamente em eventos como o Rock in Rio, ou em anúncio de shows grandes como Iron Maiden e Metallica.

Então é um paradoxo: ao mesmo tempo que não é o estilo principal do Brasil, o brasileiro ama rock e quando aparece um show, algum festival, o brasileiro é o primeiro a esgotar os ingressos.

WM: O que significa o dia 13 de julho pra você?

FM: Eu acho uma data muito curiosa, porque a gente sempre chama essa data de dia mundial do rock, quando na verdade ela só existe no Brasil. Nasceu a partir do show do Live Aid, quando teve aqueles concertos beneficentes em Londres e na Filadélfia. Aconteceram no dia 13 de julho e a partir daí virou dia do rock, mas isso é uma coisa muito brasileira. É engraçado.

Eu acho legal ter o dia do rock. O VIPER até vai tocar em Campinas. E tem muitos shows de rock nesse dia. Mas eu não me identifico muito com a data, [ela] não diz muita coisa. Mas de qualquer maneira é muito importante que exista uma data oficial para divulgação do estilo.

WM: Quando você percebeu que queria ter uma carreira no rock?

FM: A carreira foi acontecendo aos poucos. Eu sempre ouvi muito rock em casa, porque meus pais gostavam de Beatles, tinhamos os discos dos Rolling Stones e outros, mas eles eram mais daquela turma da MPB tipo Elis Regina. Então os Beatles entravam ali mas junto com outros artistas.

Mas vi que eu realmente amava o rock, quando fui num show do Peter Frampton em 1982 no Ginásio do Parque São Jorge. Eu tinha 12 anos. Quando eu vi o Peter Frampton, foi revelador. Ele tinha o cabelo comprido, tocava guitarra, falava com a guitarra, todos olhavam pra ele com admiração e ele tocava músicas super legais. Ali eu conclui “quero ser isso da vida”.

Foi quando eu achei que essa seria uma carreira muito interessante. E como comecei a gostar de rock muito cedo e tive a sorte de, além do meu irmão [Nando Machado], ter dois amigos de infância que também gostavam de rock, o Pit Passarell (VIPER) e o Yves Passarell (VIPER, Capital Inicial). Logo depois a gente já criou uma banda de rock que teve vários nomes, depois virou Rock Migration e finalmente ali por 1984, mudamos o nome pra VIPER.

Na época eu tinha 14 anos, era muito novo. E logo depois, em janeiro de 1985, um cara chamado Andre Matos entrou na banda como vocalista. Aí o VIPER realmente teve uma formação muito legal que depois acabou lançando discos e tendo uma carreira profissional.

Felipe também deu um recado para os leitores do Wikimetal no nosso Instagram sobre o que o rock significa para ele e o que ele gostaria de ver mais no rock nacional hoje. Confira a resposta:

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