Texto por Marcelo Gomes

Um dos maiores ícones da música mundial, Eric Clapton, retornou ao Brasil para quatro shows, sendo dois em São Paulo, nos dias 28 e 29 de setembro de 2024. Conhecido como o “Deus da Guitarra” e reverenciado como um dos mais influentes guitarristas de todos os tempos, Clapton se apresentou no Vibra São Paulo no último dia 28. A abertura ficou por conta do guitarrista norte-americano Gary Clark Jr.

O show de abertura deGary Clark Jr. foi uma verdadeira demonstração do poder do blues moderno, com uma pegada de rock e soul, evidenciando porque ele é considerado um dos grandes nomes da nova geração do gênero.

Com a pista praticamente vazia, Clark iniciou sua apresentação com “Maktub”, um groove intenso que imediatamente se conectou ao público. A fusão de blues e soul, combinada com sua guitarra distorcida, definiu o tom do que estava por vir. A faixa seguinte, “Don’t Owe You a Thang”, trouxe uma energia contagiante com seu ritmo acelerado, destacando o virtuosismo de Gary na guitarra e seus vocais roucos, que capturaram a atenção da plateia.

Em “When My Train Pulls In”, Clark ofereceu uma verdadeira aula sobre como construir um solo de guitarra. A música começou de forma lenta e cadenciada, mas se transformou em um épico instrumental, com momentos intensos e emocionantes, envolvendo o público com cada nuance. Esse foi um dos momentos mais marcantes da noite, mostrando toda a profundidade do estilo de Clark e a competência de sua banda.

“Feed The Babies” trouxe uma levada muito inspirada na soul music, cheia de backing vocals com uma mensagem mais introspectiva e emocional, equilibrando a noite com uma pegada mais suave. A sequência final foi explosiva. “Bright Lights”, uma das músicas mais conhecidas de Gary Clark Jr., incendiou a plateia com seu refrão impactante e vários solos de guitarra eletrizantes.

O show encerrou-se com “Habits”, uma faixa intensa que se destaca pela belíssima melodia vocal, cheia de energia, consolidando a performance como um aquecimento perfeito para a apresentação de Clapton.

Gary Clark Jr. não apenas preparou o palco para Clapton, mas também deixou uma marca profunda no público paulistano com sua performance emocionante, consolidando seu espaço como um dos grandes nomes do blues contemporâneo.

Com uma pontualidade britânica, às 20h, o show de Eric Clapton foi um espetáculo que celebrou seus 60 anos de carreira. Se, durante o show de Gary Clark Jr., a pista estava vazia, na hora de Clapton, estava abarrotada. A lenda trouxe um setlist variado, misturando clássicos de sua carreira solo, músicas de suas bandas anteriores, como Cream, e homenagens a grandes nomes do blues. Acompanhado por uma banda de músicos excepcionais, incluindo Doyle Bramhall II (guitarra) e Nathan East (baixo), o guitarrista entregou uma performance cheia de emoção e técnica apurada.

O setlist começou de forma intensa com “Sunshine of Your Love”, um clássico do Cream. A recepção foi calorosa, como era de se esperar, mas a sequência com “Key to the Highway”, “I’m Your Hoochie Coochie Man” e “Badge” pareceu não ter o mesmo impacto. O público parecia morno, apático, ou até mesmo desconhecedor das canções que estavam sendo tocadas. Além disso, o som estava bastante baixo.

O set acústico que veio a seguir, no qual Clapton foi acompanhado pelo talentoso guitarrista brasileiro Daniel Santiago em algumas músicas, trouxe uma atmosfera mais intimista, com destaque para “Change The World” e “Tears in Heaven”. Os fãs reagiram com entusiasmo, especialmente durante “Tears in Heaven”, que emocionou a todos.

Na volta ao set elétrico, Clapton reacendeu a energia do show com músicas como “Got to Get Better in a Little While” e “Old Love”. O momento ápice foi a execução de “Cocaine”, que ganhou um arranjo de introdução em bossa nova, destacando a versatilidade do baixista Nathan East na execução e criando uma conexão imediata com o público brasileiro, para então dar lugar ao riff poderoso de Clapton. Para encerrar, o bis contou com a participação de Gary Clark Jr. e Daniel Santiago, trazendo o talento de cada um para uma versão sensacional de  “Before You Accuse Me”.

Acompanhado de uma excelente banda, a performance de Clapton foi impecável; sua voz continua excelente e seu estilo inconfundível de tocar ainda impressiona. No entanto, a maioria do público presente no Vibra São Paulo parecia desconhecer boa parte do repertório, reagindo de maneira fria ao longo do show. Por outro lado, Clapton entregou o seu melhor, mostrando que uma verdadeira divindade não se abala com nada.

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