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Septicflesh. Créditos: Reprodução/Facebook

Septicflesh. Créditos: Reprodução/Facebook

Entrevista: Septicflesh fala sobre vinda ao Brasil e “saturação” do metal atual

A banda de death metal sinfônico faz show único em São Paulo nesta quinta-feira

Pela primeira vez em seis anos, o Septicflesh retorna ao Brasil com show único em São Paulo no dia de 26 de outubro. A banda de death metal sinfônico é uma grande referência dentro do metal extremo devido às suas performances grandiosas e à mistura da agressividade do death metal com a musicalidade orquestral. 

Em 2017, o grupo realizou sua primeira passagem pelo Brasil em turnê conjunta com o Fleshgod Apocalypse. Em entrevista ao Wikimetal, o co-fundador, guitarrista e responsável pelos arranjos orquestrais, Christos, conta o que lembra daquela viagem: “Lembro muito de São Paulo e do Rio, o público era ótimo. Foi a primeira vez que fomos [ao Brasil] e a recepção foi incrível, a energia [era incrível]. Visitamos alguns lugares no Rio, em Copacabana. Nos divertimos muito, mal podemos esperar pra voltar.”

Assim como muitos músicos renomados do metal internacional, Christos também menciona sua paixão por Sepultura. “Eu amo a formação antiga do Sepultura, com os irmãos Cavalera”, conta. “Acho que eles eram uma banda única. A influência que eles tinham…. eles causaram um grande impacto no metal em geral. A banda deles era muito única. Eu os vi ao vivo em 1993, em Atenas, e foi incrível.”

O Septicflesh retorna ao Brasil para promover seu álbum mais recente, Modern Primitive (2022). Feito durante a pandemia, o disco traz muitas das reflexões dos integrantes sobre a passagem do tempo e eleva o nível musical da banda para algo ainda mais brutal, focado nas guitarras. Com 32 anos de estrada e 11 álbuns na discografia, Christos reflete sobre como o Septicflesh trabalha em estúdio após todos esses anos, destacando que a banda tem “boa química”, mesmo que às vezes aconteçam pequenas brigas relativas a “diferenças criativas”.

“Para nós, um álbum é sempre um desafio porque somos muito exigentes com as nossas composições”, relata. “Sempre tentamos encontrar alguma coisa que acrescente algo novo à nossa música.” Sobre o Modern Primitive, ele acrescenta: “Com o passar dos anos isso fica mais difícil e nós queríamos fazer algo que representasse um novo capítulo para o SepticFfesh. Claro, não podemos renegar nosso som, não podemos tocar jazz, mas queremos criar algo com identidade.”

Para compor a parte sinfônica, o Septicflesh consome não só música orquestral, mas também trilhas sonoras. Segundo Christos, uma das grandes influências da banda, tanto musicalmente quanto nas roupas usadas no palco é a trilogia Batman, do diretor Christopher Nolan.

“A trilogia Batman do Christopher Nolan teve uma grande influência em nós também na música”, conta. “Nós ouvimos muito as trilhas sonoras durante o The Great Mass (2011) e o Titan (2014), e dá pra ver isso na nossa música. A nossa orquestração era mais sombria, mais baseada em frequências graves. Nossas roupas, a roupa do meu irmão, era basicamente a roupa do Batman. Foi uma época muito divertida.”

Apesar de consumir os mais diversos tipos de música – com exceção de música pop, ele ressalta – Christos revela que não é grande fã do metal atual e se diz “desapontado” com as bandas modernas. “Pra ser sincero, eu não acompanho o metal hoje em dia”, admite. “Não gosto muito porque estou meio desapontado com as bandas que são só sobre imagem, sobre redes sociais. Não é muito minha praia. Nossa época era totalmente diferente, nós não tínhamos internet. Não era tão poderoso quanto é agora. Falando pelo Septicflesh, nós somos artistas. E, para nós, a arte é prioridade.”

“É claro que você precisa da imagem e precisa seguir as ideias modernas. Mas eu acredito que o metal está saturado, não tem nada para oferecer. Tudo já foi dito. Eu ainda ouço álbuns como Morbid Angel, Death, os antigos do Metallica. Até hoje eu consigo ver o quão especiais essas bandas eram naquela época. Hoje em dia eu não sinto que esse coração e essa alma existem”, conclui.

Ele ainda afirma que mesmo depois de mais de 30 anos de estrada, o Septicflesh ainda tem a chama criativa e a vontade de continuar explorando coisas novas no metal, mas garante que a banda não tem medo de “desbandar” no momento em que essa chama se apagar, assim como aconteceu quando o grupo encerrou as atividades temporariamente em 2003.

“Não temos um problema em desmontar a banda. Já fizemos isso. Mas, é claro, somos profissionais e somos uma banda muito ativa. Também temos projetos paralelos ao Septicflesh, mas enquanto tivermos esse desejo de procurar novos caminhos, seguiremos ativos”, garante.

Ingressos para o show do Septicflesh em São Paulo ainda se encontram à venda no site do Clube do Ingresso, com entradas a R$200 (meia solidária) ou R$400 (inteira).

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