Queensrÿche finalmente retorna ao Brasil após 13 anos. A banda norte-americana de metal progressivo é uma das atrações do Monsters of Rock 30 Anos, que acontece em 19 de abril no Allianz Parque.
Além do festival, o grupo se apresenta no Vibra São Paulo dia 20 de abril, junto ao Judas Priest, que também integra a line up do evento. Ingressos ainda estão à venda.
O Wikimetal conversou com o guitarrista e co-fundador do Queensrÿche, Michael Wilton, sobre a volta ao Brasil, a inclusão de “Silent Lucidity” na trilha sonora de Cobra Kai, e mais. Confira a entrevista na íntegra.
Wikimetal: Após 13 anos sem se apresentar no Brasil, como vocês estão se sentindo ao retornar ao país, especialmente depois de terem sido forçados a cancelar a turnê de 2020 devido à pandemia?
Michael Wilton: É ótimo retornar. Eu acho que [os shows] vão nos dar uma chance de nos conectarmos novamente com fãs, promotores e agentes da América do Sul, desta forma esperamos voltar ao continente com uma frequência maior. E no futuro espero que abra as portas para uma turnê solo do Queensrÿche.
WM: Neste ano, o Monsters of Rock vai comemorar 30 anos de história no Brasil. Então, qual banda você gostaria de assistir? Sabemos que o Savatage vai tocar pela primeira vez em 10 anos, mas também temos o Scorpions, que vai celebrar seus 60 anos de carreira, e mais alguns nomes como Opeth, Stratovarius, Europe e o Judas Priest.
MW: Savatage, pois acho que nunca os vi anteriormente.
WM: Na noite seguinte ao festival, o Queensryche é convidado especial do Judas Priest na apresentação solo da banda em São Paulo. Como é novamente dividir o palco com eles?
MW: Sempre é muito bom estar com o Priest, no passado fizemos algumas turnês conjuntas, nos damos muito bem e nossas músicas se complementam. Era o que eu mais ouvia na adolescência. Rob Halford é o Metal God, e para mim é sempre ótimo [tocar com eles].
WM: Com mais de 40 anos de carreira, como você vê a evolução da banda ao longo das décadas?
MW: Bem, nós evoluímos e a tecnologia também, certo? Quando o Queensrÿche estava vendendo milhões de álbuns, a internet não existia. As pessoas compravam LPs, CDs e fitas cassete.
Conforme a evolução tecnológica acontece, você precisa aprender a se adaptar, sabe? Com o streaming, as coisas estão espalhadas pela rede. Então creio que a banda meio que se adaptou a tudo que é jogado a nós e sinto que estamos conseguindo lidar bem com isso. Ainda lançamos álbuns e fazemos tours pelo mundo, constantemente, os fãs adoram e a gente também.
WM: A inclusão de “Silent Lucidity” em Cobra Kai trouxe mais reconhecimento e uma nova base de fãs para o Queensrÿche?
MW: Com certeza! Cobra Kai é uma série que, tipo, tem 15 milhões de espectadores, sei lá. Então acho ótimo, principalmente para fins de marketing e divulgação. E desde que o programa teve sua última parte lançada, a faixa ressurgiu nas paradas novamente, ganhando uma segunda vida só por conta disso.
WM: Como é a sensação de redescobrir as faixas do primeiros álbuns da banda na The Origins Tour?
MW: Foi um grande sucesso. Fizemos três etapas e acabamos de voltar da Europa depois de cinco semanas lá. Nunca pensávamos que seria uma turnê tão bem-sucedida. Mas os fãs queriam ouvir faixas do The Warning [disco de estreia da banda, lançado em 1984] e do primeiro EP [autointitulado, lançado em 1983].
E para tocarmos esses materiais na íntegra, e em ordem cronológica, foi muito atraente. Mas também trouxe muitos novos fãs. E é algo que foi gravado no começo dos nossos 20 anos, que ainda é relevante e significa muito para eles [os fãs].
WM: Recentemente, o The Offspring lançou uma música chamada “Come To Brazil”, que fala sobre os comentários que nós fazemos quando desejamos que algum artista venha para cá. Vocês também recebem comentários desse tipo nas redes sociais?
MW: Sim, recentemente estávamos em alto mar a bordo do Monsters of Rock Cruise [que tem duração de 5 dias]. E conhecemos muitos brasileiros que também estavam no navio. Todos estavam muito animados para que fossemos aí.
Lá eles tiveram a oportunidade de ver dois shows nossos muito bons. E assim, foi ótimo falar com eles. Comentamos que estaríamos indo em abril e que seria ótimo. E disseram: “vocês vão se divertir muito e o público é ótimo”.
WM: Como a banda vem se adaptando à era do streaming?
MW: Como havia falado anteriormente, é parte da tecnologia. Mas financeiramente é péssimo para os músicos. Acho que há diferentes plataformas que pagam de forma justa. Mas é aquilo, o serviço é ótimo para os fãs, mas para os artistas, não.
WM: Qual álbum você recomendaria para quem deseja conhecer melhor o Queensryche? Empire ou Operation: Mindcrime?
MW: Ambos. Mas se eu tivesse que escolher um, eu diria Mindcrime, porque eu acho que, é diferente, sabe, há mais profundidade, obviamente é um álbum conceitual, então há uma história sendo contada ali. A composição é pesada. É muito energética. E eu acho que isso provavelmente define o álbum.
E é o favorito de muitos fãs. E como está em muitas revistas como o melhor álbum conceitual de metal já feito, acho que ele realmente ressoa com os nossos fãs.
WM: Além da turnê, o que mais vocês têm em mente para os próximos anos? Há algum projeto específico? Um novo álbum?
MW: Bem, antes de irmos para a Europa, pedimos para nosso produtor de longa data Zeuss [nome artístico de Christopher Harris] voar para a Flórida e começamos o processo de composição de nosso próximo álbum. Então, estamos basicamente juntando músicas e nos estágios iniciais disso, mas pelo menos já começamos.
WM: O álbum Digital Noise Alliance foi lançado há três anos. Podemos considerar que o ciclo desse álbum se encerrou ou ainda há algo planejado para ele?
MW: Sabe, ele meio que ressuscitou o Queensrÿche. E eu acho que é graças ao fato de que o processo de composição foi mais orgânico. Eram ideias novas e muita espontaneidade envolvida, e principalmente, todos os integrantes estavam juntos na mesma sala, o que fez as músicas serem o que elas são.
E sinto que isso funcionou bem para o DNA [nome do álbum abreviado]. Então acredito que faremos a mesma coisa para seu sucessor.
WM: O que os fãs brasileiros podem esperar das duas apresentações da banda? O setlist será uma mistura entre os clássicos, o disco mais recente e as origens da banda?
MW: Bom, não sabemos ainda, mas eu acho que vamos montar algo funcional, muitas músicas pesadas e as que todo mundo conhece. É como você disse, fazer uma boa mistura entre as fases da banda. E como não somos a atração principal desses shows, creio que teremos 60 minutos no máximo. Mas vamos tentar incluir o máximo de músicas possível nesses setlists.
WM: Você poderia mandar uma mensagem aos fãs da banda no Brasil e para aqueles que irão em algum dos shows?
MW: O Queensrÿche está muito animado para vir ao Brasil novamente. Lamentamos ter demorado tanto, mas estamos prontos e realmente queremos que vocês aproveitem a banda.
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