O Manowar tomou para si uma tarefa envolta em glória e sangue: a missão de levar a bandeira do “verdadeiro heavy metal” como um norte e estilo de vida, um propósito a ser honrado na saúde e na doença, no ônus dos fardos, mas principalmente nos bônus dessa posição que, no final das contas, é de poder. Prestes a retornar ao Brasil, a banda conversou com o Wikimetal sobre os fãs fiéis, os inimigos do metal, novo álbum e a expectativa para os shows por aqui. 

Com clássicos como ‘Kings of Metal” e “Fighting The World” como prova dos bons combatentes que são, o Manowar está em um momento de celebrar o legado construído e olhar para o futuro. Desde 2022, a banda está trabalhando em um novo álbum de estúdio, o aguardado sucessor de The Lord Of Steel (2012). A promessa da banda é um disco capaz de tirar o fôlego, com elementos clássicos e novidades. 

Mas é com a nostalgia de tempos de maior glória para o metal que a banda estadunidense se prepara para desembarcar em terras brasileiras pela primeira vez desde 2015, quando se apresentaram no Monsters of Rock. O único show do Manowar no Brasil em 2023 acontece em São Paulo, no dia 23 de setembro, no Espaço Unimed. A apresentação é parte da Crushing The Enemies Of Metal Anniversary Tour 2023 pela América do Sul, que também tem datas no Chile, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia e celebra os 40 anos de carreira da banda.

Veja a conversa do Wikimetal com o Manowar na íntegra abaixo.

Wikimetal: Após 40 anos na estrada, o quão difícil foi escolher o setlist perfeito para homenagear a carreira da banda?

Manowar: Esse processo sempre é desafiador, sim, mas também profundamente gratificante. Ouvimos nossos fãs, refletindo sobre os hinos que mais ressoaram com eles ao longo dos anos. Nosso objetivo sempre é de acender o fogo nos corações de nossos Manowarriors, empoderar e unificá-los!

WM: Já faz um bom tempo desde o último show no Brasil, em 2015. Que lembranças vocês têm sobre a turnê por aqui?

MW: Temos tantas memórias incríveis que levaria horas para listar todas! Toda vez [que vamos para o Brasil], desde o momento em que chegamos, há uma empolgação eletrizante no ar. É como se a própria terra tremesse em antecipação à batalha épica pelo verdadeiro metal. Nossa visita em 2015 é apenas um exemplo. O fervor, os rugidos ensurdecedores da multidão, o mar de couro, aço e bandeiras brasileiras tremulando ao lado das bandeiras do Manowar… Essa é uma visão e sensação como nenhuma outra.

WM: Os fãs do Manowar são leais e apaixonados. Como a banda lida com as ambições próprias e as expectativas do público?

MW: Não há dúvida de que nossos fãs são os mais leais e apaixonados que você encontrará no mundo do metal. Sua energia tem alimentado nossas almas por mais de quatro décadas. É uma tribo de irmãos e irmãs que significam o mundo para nós! Nossos fãs têm uma conexão profunda com nossa música e entre si. Suas histórias, suas batalhas, seus triunfos – nossa música tem sido a trilha sonora de inúmeros momentos em suas vidas. Carregamos esse peso, essa responsabilidade, com orgulho e honra.

WM: Se você pudesse resumir os atributos de um verdadeiro guerreiro do metal, o que seria e por quê?

MW: Ser um Manowarrior não é definido apenas pelo gosto musical, mas por um código, um modo de vida. Um verdadeiro Manowarrior incorpora lealdade, paixão, força não apenas física, mas emocional, mantendo-se firme diante dos desafios da vida, enquanto permanece autêntico em um mundo de pretensão. E, claro, a coragem de representar com orgulho o verdadeiro heavy metal em um mundo que muitas vezes não o compreende, nem o aprecia.

WM: Como é o equilíbrio entre manter a identidade musical do Manowar ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, evoluir como artistas? Como vocês enxergam a evolução do som da banda?

MW: Equilibrar nossa assinatura musical com nosso crescimento artístico é algo que acredito que dominamos ao longo das décadas. Não se trata de fazer compromissos, trata-se de respeitar nossas origens enquanto abraçamos novos horizontes. Ao longo dos anos, nunca tivemos medo de explorar novos territórios, buscando inspiração em mitologias, sons globais e até elementos orquestrais. Cada álbum, embora distinto, carrega a essência do Manowar, seja a intensidade crua de “Battle Hymns” ou a natureza épica de “Gods of War”.

https://www.youtube.com/watch?v=mxhWOtXOhD0

WM: Esta nova turnê se chama Crushing The Enemies Of Metal (“Massacrando os inimigos do metal”, em português). Hoje, quem ou o que são os inimigos do metal para vocês?

MW: Os “inimigos” nem sempre são pessoas ou entidades, mas muitas vezes atitudes e tendências. Tendências que comercializam ou não entendem a essência do metal. Na era atual, vemos um mundo cada vez mais impulsionado por interesses comerciais, onde a música muitas vezes é fabricada para consumo rápido. Algoritmos e conglomerados ignoram o gênero e promovem músicas genéricas que atendem a todos – esses são os inimigos do metal nos dias de hoje.

WM: Falando sobre planos futuros, o que você pode nos dizer sobre o novo álbum em que estão trabalhando?

MW: Estamos mergulhando fundo em nossas raízes, mesclando o som clássico do Manowar com elementos novos, inspirados em nossas experiências na estrada e interações com nossos fãs. A nova música vai rasgar, queimar e deixar você sem fôlego… e querendo mais!

WM: O Manowar é frequentemente referido como uma das bandas “mais altas” do mundo. Como vocês desenvolveram esse som poderoso e quais desafios técnicos enfrentaram para alcançar esse nível de intensidade sonora?

MW: Isso está correto – nós quebramos o recorde mundial várias vezes. Desde o início, o Manowar nunca foi sobre fazer parte, se misturar. Nos propusemos a ser uma força da natureza no mundo do metal, erguendo-nos altos e orgulhosos – e sim, alto! Alcançar esse poder sonoro não foi apenas uma questão de aumentar o volume. Foi um processo de compreender o potencial de cada instrumento, dominar nuances da engenharia de som e garantir que nosso desejo por pura força não sacrificasse a clareza. Nos primeiros dias, encontrar engenheiros que pudessem entender nossa visão era um desafio. O equipamento tradicional muitas vezes não estava à altura de nossa produção, o que resultava em distorção. Sempre aceitamos os desafios, criamos nosso próprio equipamento personalizado, desenvolvemos nosso som… E como você pode ver, nossos fãs adoram.

WM: O álbum Sign of the Hammer é um dos marcos mais importantes da banda e apresenta hinos atemporais. Como foi o processo de escrita e gravação deste álbum icônico?

MW: O processo de escrita foi intenso e orgânico ao mesmo tempo. Estávamos aproveitando o ímpeto de nossos álbuns anteriores e tínhamos esse desejo ardente de entregar algo ainda mais poderoso. As faixas deste álbum eram reflexões de nossas experiências, nossas crenças, nosso amor pela mitologia e pelo espírito imortal do heavy metal. Músicas como “All Men Play on 10” personificavam nossa abordagem à nossa música – acelerada, sem compromissos.

WM: Ao longo da carreira do Manowar, vocês tiveram a oportunidade de tocar em muitos países e culturas diferentes. Existe uma turnê ou experiência de concerto em particular que foi especialmente memorável para você?

MW: Houveram tantos marcos significativos que seria injusto destacar apenas um. Quer seja tocando em festivais enormes ou em um clube pequeno, como fizemos em Svalbard, perto do Círculo Ártico – cada show é inesquecível para nós, porque cada show tem uma energia especial, baseada na multidão que veio nos ver e celebrar conosco.

WM: Que mensagem você gostaria de transmitir aos fãs do Manowar ao redor do mundo, tanto aqueles que os acompanham desde o início quanto os novos fãs que estão descobrindo a banda?

MW: A todos os Manowarriors: Lembrem-se – onde quer que estejam, seja qual for o desafio que enfrentem – vocês têm um coração de aço pulsando dentro de vocês e têm irmãos e irmãs ao redor do mundo que estão unidos com vocês. Juntos, somos imparáveis! Hail and Kill e nos vemos na estrada!

Pauta: Larissa Catharine Oliveira e Daniel Dystyler
Texto: Larissa Catharine Oliveira

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