Helloween retorna ao Brasil no começo de outubro com a turnê United Forces Tour 2022, para dois shows em São Paulo. A atual (e robusta) formação da banda alemã de power metal se apresentará pela terceira vez aos palcos brasileiros: a primeira foi em 2017, ano da reunião, e a segunda em 2019, com direito a passagem pelo Rock In Rio, ambas parte da Pumpkins United Tour.
Reunindo passado e presente do Helloween, com Andi Deris (vocal), Michael Kiske (vocal) e Kai Hansen (vocal e guitarra), assim como Michael Weikath (guitarra), Markus Grosskopf (baixo), Sascha Gerstner (guitarra) e Dani Löble (bateria), desta vez existe mais do que a alegria de reviver os hits da extensa discografia, mas também é um show para se falar de futuro.
A banda lançou o grandioso álbum Helloween no último ano, mostrando que a dinâmica magnética e profissionalismo exibidos em turnê ao redor do mundo nos últimos cinco anos também funcionam em estúdio, capaz de fazer justiça ao próprio legado e traçar novos horizontes. Não por acaso, o autointitulado foi eleito um dos melhores de 2021 pelo nosso site e diversos veículos da mídia especializada.
A banda iniciou a turnê pela América Latina no último sábado, 24, e o baterista Dani Löble conversou com Wikimetal alguns meses antes de embarcar para os aguardados shows no Brasil ao lado do HammerFall, que também conversou com a gente (leia aqui).
Bem humorado e muito receptivo, o baterista pausou ensaios no estúdio pessoal para atender a imprensa. “Estava tocando e tinha a entrevista, pensei ‘Ah, droga, tenho que colocar uma camiseta seca!’”, brincou logo de cara.
E agora com 16 álbuns na discografia, a criação do setlist é um desafio ainda mais delicado, mas Dani sabe que é “simplesmente impossível” agradar todo mundo. “Teve um show que tocamos quase todos os sucessos da carreira do Helloween. Quase todos. Foi um show de três horas e mesmo assim, a gente ouviu alguns fãs reclamando e pensei, ‘Bem, poderíamos tocar por mais cinco horas e ainda reclamariam’, então…”, disse com simplicidade, sem descartar a possibilidade de surpresas na seleção dos shows por aqui.
O Helloween estava afastado dos palcos desde 2019, só tendo retornado aos shows neste ano, e ficar em forma para a maratona dos músicos profissionais, também chamada de turnê, não foi simples. Sendo o responsável pelo instrumento de maior demanda física na banda, o baterista segue uma rotina de exercícios físicos e ensaios de “três ou quatro horas” na bateria todos os dias.
“[Tocar bateria] é minha vida, além da minha esposa. Essa é minha voz, não gosto tanto de falar, então deixo a bateria se comunicar por mim. Fazer música e tocar bateria é tão importante que merece ser feito da melhor maneira que eu puder, todas as noites, e você precisa estar em forma”, explicou.
Sobre o público do Brasil, tão intenso no amor por Helloween, o músico busca ser justo com fãs ao redor do mundo: não existe uma plateia melhor do que a outra. “Fãs japoneses, por exemplo, são mais contidos. Então nós chegamos no Brasil e vocês são mais diretos. Não são mais apaixonados, mas mostram mais essa paixão, dedicação e loucura”, observou. “Realmente gosto de ter pessoas na minha frente que me permitem ser parte da emoção, então estou muito animado para voltar”.
Quando a conversa inevitavelmente passa pela incerteza de como será o futuro do metal, uma vez que o futuro do Helloween em si só parece guardar felizes surpresas, Dani Loeble reflete os questionamentos que o Wikimetal sempre busca responder.
“Eu gosto de muitas bandas novas, existem muitas realmente muito boas. Por outro lado, chegará o dia em que Iron Maiden, Judas Priest e esse tipo de banda deixarão o palco do metal e me pergunto: ‘Qual dessas bandas novas será headliner do Rock In Rio, por exemplo?’”, disse. “Nas novas bandas, sinto falta de hits como Maiden, Priest e até o Helloween possui. Tenho muitos álbuns de novatos, eles são incríveis, estão detonando na bateria, dançando, são monstros tecnicamente, muito rápidos e com melodias interessantes, mas não tem uma música como ‘Living on a Prayer’ (Bon Jovi), que 100 mil pessoas cantariam. Essa é uma grande questão e não tenho resposta para isso”.
O baterista do Helloween também teve dificuldade em responder a pergunta clássica do Wikimetal, mas quem poderia julgá-lo? A questão é a seguinte: imagine que você está ouvindo uma estação de rock no rádio, dirigindo o seu carro, algo assim, e de repente começa a tocar uma música que faz com que você pare tudo para bater cabeça. Qual música é essa?
“Nossa, difícil, muito difícil! Não é justo, seria uma lista de 10 metros! Para ser sincero, neste momento estou com Arise, do Sepultura, no meu carro. Então assim que eu for dirigir, vai começar a tocar e vou fazer headbanging por quase uma hora”, contou. “Mas amanhã pode ser Flotsam and Jetsam, estava ouvindo No Place for Disgrace e é um álbum muito bom. Meu gosto musical é muito diverso”.
Helloween se apresenta no Espaço Unimed, em São Paulo, nos dias 08 e 09 de outubro. A primeira data está com ingressos esgotados, mas domingo ainda tem entradas disponíveis no site da Ticket360 para os setores de pista comum e premium.
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