A banda sueca de power metal HammerFall vem ao Brasil abrindo os dois shows do Helloween em São Paulo, que acontecem nos dias 08 e 09 de outubro, no Espaço Unimed. Com 29 anos de carreira e 12 álbuns de estúdio lançados, a banda se tornou um grande ícone do heavy metal sueco e foi uma das grandes responsáveis pelo ressurgimento do heavy metal tradicional no final dos anos 90.
A última vez que o HammerFall esteve em terras brasileiras foi em 2017, divulgando o álbum Built To Last (2017). Em entrevista ao Wikimetal, o vocalista Joacin Cans falou sobre o que os fãs podem esperar dos novos shows no Brasil e adiantou que a performance não deve conter grandes novidades, mas que a boa qualidade é uma prioridade.
“Quando estamos em turnê tentamos fazer nossa melhor performance sempre. Tem pessoas que pagaram para te ver e talvez essa seja uma chance única, então você sempre precisa entregar sua melhor performance,” afirma. “Acho que os shows com o Helloween são o pacote definitivo de heavy metal para os verdadeiros fãs de metal. É como ver os mestres e os pupilos em turnê juntos porque o Helloween significou muito para o HammerFall no começo de carreira. Agora somos todos bons amigos. Somos um grupo de amigos trabalhando com o mesmo objetivo.”
Para os fãs que esperam músicas mais antigas na setlist ou múltiplas faixas de um único álbum, Joacin adianta que não haverá muito espaço para saudosismo. Sendo uma banda de abertura, o HammerFall terá um set um pouco mais curto, finalizando em uma hora, e o grupo precisou fazer uma escolha inteligente que incluísse favoritas do público, favoritas da própria banda e também faixas do álbum mais recente, Hammer of Dawn (2022).
“Sempre vai ter alguém reclamando, dizendo coisas do tipo ‘Quero ouvir músicas do primeiro álbum’, ‘Quero ouvir músicas do Crimson Thunder’, mas em 60 minutos nós conseguimos tocar, com sorte, 13 músicas e nossa discografia tem 12 álbuns, então é difícil agradar a todos. Mas acredito que temos o mix perfeito de músicas novas e antigas,” comenta.
Apesar do HammerFall estar prestes a completar 30 anos, Joacin afirma que a banda não está pensando em comemorações para 2023 para não interromper o ciclo de divulgação do álbum Hammer of Dawn. Por ser uma banda de power metal e fazer alusões a uma espécie de martelo mitológico, tanto no nome do álbum, quanto no nome da própria banda, algumas pessoas associam o universo criado pelo HammerFall à mitologia nórdica, o que levou Joacin a incluir uma canção que desmente essa noção.
“Na verdade, não temos nada de mitologia nórdica neste álbum. A canção ‘No Son of Odin’ meio que se afasta disso porque muitas pessoas pensam ou pensavam que Hector – o guerreiro que temos em todas as capas – é nórdico ou uma figura parecida com Thor, ou que o martelo é o martelo de Thor. E não é, de maneira alguma. Então eu precisava escrever uma canção que dissesse: ‘Não sou filho de Odin. Meu nome é Hector e o nome do martelo é Martelo da Alvorada’.”
Lançado em fevereiro, Hammer Of Dawn aborda muitas questões reflexivas sobre tomar consciência da própria mortalidade – uma realização que Joacin Cans acredita tê-lo atingido com a chegada repentina da pandemia de COVID-19. Refletindo sobre a mortalidade – ou imortalidade – do próprio heavy metal, ele diz acreditar que o gênero nunca irá morrer porque os fãs fiéis seguirão ouvindo as bandas do passado, mesmo já em idade avançada. Por outro lado, ele reconhece que o futuro do metal não pode ser colocado inteiramente nas mãos dos mais velhos:
“Depende da nova geração porque atualmente é muito difícil para os jovens encontrar música como o heavy metal porque não está na rádio, não está nos jornais. Eles têm que ser mais aventureiros e sair procurando. Então é nossa responsabilidade para essa nova geração que existe um gênero chamado heavy metal. Esse é um gênero musical disponível para todo mundo. Não importa qual seja a sua aparência, se você tem cabelo curto ou comprido, se é branco ou preto, heavy metal é para todos.”
Com a recente popularidade da banda de hard rock Måneskin e o sucesso do Metallica com o público da série Stranger Things, fica evidente que a geração mais nova ainda tem interesse em gêneros mais pesados de música. Em nossa coluna no Omelete, falamos sobre como o metal se tornou um gênero crescente dentro da plataforma digital TikTok, o que pode apresentar outros nomes a novos públicos.
Joacin concorda, “Acho ótimo que uma banda como o Metallica faça parte de algo como Stranger Things porque isso abre uma porta para as pessoas que não fazem ideia do que seja hard rock ou heavy metal. É uma maneira delas saberem que existe todo um mundo novo a ser explorado.”
Com seus 30 anos de história e um foco maior no metal tradicional, o HammerFall ainda não viu seu nome viralizar nas redes sociais ou entre os mais jovens, mas sua importância no metal é inegável e, para Joacin Cans, saber que a história da banda é reconhecida como significativa na cena é o que mais importa.
“O Hammerfall teve um papel muito importante em trazer de volta o heavy metal tradicional no final dos anos 90 e acho que isso é parte do legado que deixamos,” reflete. “Isso é o que me deixa mais orgulhoso e acho que quando as pessoas pensarem no retorno do heavy metal melódico tradicional, o Hammerfall sempre vai estar lá. Não nos tornamos a maior banda do mundo, mas nos tornamos uma parte muito importante e enquanto formos pelo menos uma parte pequena dessa história, isso é o suficiente para mim. Não faço música para me tornar famoso. Faço música porque é isso que eu amo.”
Ingressos para o show do Helloween com abertura do HammerFall estão disponíveis via Ticket360.