Ghost anunciou recentemente o lançamento de seu novo álbum, Skeletá, para dia 25 de abril pela Loma Vista Recordings.

O disco é o primeiro material inédito desde Impera (2022), que alcançou o topo das paradas internacionais e trouxe o grupo de volta ao Brasil em 2023. A banda também já anunciou a primeira fase da turnê SKELETOUR World Tour com mais de 55 datas, e que deve passar pela América do Sul no próximo ano.

Em entrevista ao Wikimetal, o vocalista Tobias Forge adiantou que não deve passar pelo Brasil ainda em 2025, mas que está se organizando para uma turnê em 2026. O líder do Ghost falou sobre o novo álbum, inspiração, fãs brasileiros e quais discos de bandas brasileiras ele tem em sua coleção – revelando até uma tatuagem do Sepultura.

Confira a conversa na íntegra:

Wikimetal: Skeletá fala em temas mais introspectivos. O que te motivou a trazer um álbum que fala sobre sentimentos básicos como esperança, amor, ódio e aceitação? Algum experiência pessoal pela qual você passou?

Tobias Forge: Sim, eu acho que a maioria das pessoas já enfrentou sentimentos assim. Mas minha escolha de fazer um disco sobre isso foi porque Impera não era assim. E quando eu fiz Impera, eu senti que não queria fazer aquilo de novo, eu queria fazer outro álbum. Eu queria fazer um álbum que tivesse um conjunto diferente de emoções. Então, é por isso.

WM: O álbum Impera trazia um som mais hard rock, mais pop e comercial. Skeletá retorna ao heavy metal mais tradicional. Qual sua inspiração para esse disco e qual mensagem quer passar?

Tobias Forge: Eu acho que a mensagem geral do disco é esperança e cura. Eu acho que a maioria das pessoas tem passado por viagens emocionais semelhantes. E eu acredito que a maioria das pessoas está sentindo, especialmente hoje em dia, que o fim está próximo. Nós temos sido levados a acreditar que o fim, seria o fim da civilização, o fim dos países que nós conhecemos e amamos e onde vivemos. E, claro, durante a história do tempo as coisas aconteceram, mas eu não acho que este seja o fim. Eu não acho que o mundo esteja desmoronando.

Eu sei que neste momento as coisas estão difíceis, mas também sei que as pessoas que querem que nós acreditemos nisso são dois ditadores que estão morrendo e tentando nos fazer pensar que não podemos viver sem eles. E que se eles morrerem – e eles vão porque eles têm mais de 70 anos e estão doentes, obesos e são idiotas pra c*ralho – nós precisamos morrer também. E isso não é verdade. E eu acho que o mundo terá um choque. As pessoas ficarão tão surpresas em alguns anos quando esses caras estiverem mortos e a vida continuar. E precisamos nos preparar para continuar vivendo com a esperança de que o mundo continuará girando. Porque é isso que ele faz.

WM: Falando sobre arte da capa. As capas dos álbuns do Ghost sempre trazem referências e inspirações. Qual é a referência dessa vez para a capa de Skeletá?

Tobias Forge:  Eu queria que ela fosse um reflexo, como o reflexo de um espelho do disco. Como se alguém estivesse olhando para uma galeria como uma espécie de sumário da vida.

Você conhece um filme chamado Cidadão Kane? A última cena desse filme é o personagem caminhando em uma casa vazia, sem outras pessoas, mas cheia de coisas. E eu queria essa sensação. De estar olhando de um ponto de vista em que você vê um espelho e ao lado você vê essas pinturas que representam a vida e o lugar onde a vida está realmente acontecendo. E ele representa a aurora e o crepúsculo da circulação que acontece em todos os lugares. Porque o mundo e a vida, como conhecemos, é circular, não é linear. Mas nesta sala, tudo é linear. É feito assim.

É por isso que você vê o universo entre os frames. Você vê o quão enorme e infinito é o exterior. Mas ainda é feito para parecer uma sala. Como uma caixa. Então, de certa forma, essa é a referência do disco, que eu estou tentando, terapeuticamente, como terapia, eu estou tentando explicar isso: que você deve tentar viver a vida ao invés de pensar em morrer o tempo todo. Porque se você tem tempo para pensar em morrer, você está claramente vivo, certo?

WM: A última apresentação divulgada da SKELETOUR está marcada para o dia 25 de setembro no México. Os fãs brasileiros podem esperar uma visita do Ghost ainda este ano? 

Tobias Forge: Vocês não devem esperar uma visita este ano, mas provavelmente no próximo ano. Infelizmente, estamos trabalhando nisso agora, mas o Skeletour continua até 2026. E até então nós estamos trabalhando muito para fazer acontecer a América do Sul.

Arte de capa do novo álbum do Ghost, ‘Skeletá’.

Grande colecionador de discos de vinil de bandas brasileiras

WM: Qual é sua conexão com os fãs brasileiros?

Tobias Forge: É uma história longa. Nós visitamos o Brasil desde 2013, eu acho. A primeira vez que estivemos lá foi há 12 anos. Nós tentamos ir até lá a cada ciclo, mas fomos 4 ou 5 vezes. E todas as vezes foi muito acolhedor e muito incrível. Os fãs são incríveis, o país é incrível, as bandas são incríveis! Muitas das minhas bandas favoritas, especialmente de death metal, vêm do Brasil. Sarcófago, Sepultura, Mutilator, Vulcano

WM: Falando em bandas brasileiras, você é um grande colecionador de vinil e tem muitos discos de bandas brasileiras. Você já foi influenciado por algum artista brasileiro, seja no Ghost ou mesmo no Repugnant?

Tobias Forge: As bandas mais influentes do Brasil pra mim são: com certeza, Sepultura. Eu até tenho uma tatuagem no meu braço da capa do EP Bestial Devastation. Foi a primeira tatuagem que eu fiz quando eu tinha 18, 19 anos. Eu acho que os primeiros três ou quatro discos do Sepultura foram muito importantes para mim. I.N.R.I, do Sarcófago, significou muito para mim. Eu ainda acho que é absolutamente maravilhoso. Mutilator é legal.  Eu sei que o Holocausto envelheceu, mas Bloody Vengeance do Vulcano é ótimo disco. O que mais? Mystifier, ótima banda. Eu acho que a maioria das bandas que eu gosto do Brasil são muito underground e antigas. Mas hoje em dia, uma banda que eu realmente gosto é a Crypta. Eu acho que elas são incríveis.

WM: Qual álbum brasileiro está faltando na sua coleção?

Tobias Forge: Eu sei que há alguns discos de vinil da Cogumelo que eu ainda não tenho. O segundo álbum do Sextrash, que se chama Funeral Serenade ou algo assim. E alguns discos do MX. Alguns da Dorsal Atlântica que eu não tenho, mas eu tenho a maioria deles. Eu coleciono muitas demos também. Estou procurando a primeira demo original de Sarcófago, Satanic Lust. Então, Wagner Antichrist, se você está ai ouvindo, por favor, entre em contato! Ou D. D. Crazy. Qualquer um de vocês. Eu quero o original, é isso que eu estou procurando. Eu tenho todos os outros, mas Satanic Lust, esse é o que eu não tenho, o original. Com o selo do Wagner dentro da capa. Precisa ser o original.

LEIA TAMBÉM: Qual o significado de Perpetua, nome do novo líder do Ghost? 

Repórter em cobertura de shows, resenhas, matérias, hard news e entrevistas. Fotógrafa com experiência em shows, grandes festivais e eventos (mais de 500 artistas fotografados). Portfólio com matérias e entrevistas na Metal Hammer Portugal, Metal Hammer Espanha, The Metal Circus (Espanha) Metal Injection (EUA), Wikimetal e outros sites brasileiros de cultura e entretenimento. Também conhecida como A Menina que Colecionava Discos - jessica@wikimetal.com.br