Electric Mob é uma banda brasileira de hard rock e lançou seu mais recente e segundo álbum de estúdio, 2 Make U Cry & Dance em janeiro de 2023. O grupo não tem receio de abordar questões políticas em suas músicas, inclusive criticando políticos.
O vocalista Renan Zonta afirma que a banda não tem medo de perder fãs devido a suas posições políticas. O álbum foi lançado pela gravadora italiana Frontiers Music e conta com a participação de Zonta, Ben Hur Auwarter, Yuri Elero e André Leister. Mas recentemente o baterista André Leister foi substituído por Mateus Cestaro, atual baterista da banda.
O Electric Mob estará na segunda edição do Summer Breeze Brasil, que acontece nos dias 26, 27 e 28 de abril, no Memorial da América Latina, em São Paulo. E em preparação, o Wikimetal conversou com o vocalista Renan Zonta e com Ben Hur Auwarter sobre como estão os preparativos para o festival. Confira a entrevista na íntegra logo abaixo.
Wikimetal: Como está sendo a espera e também a sensação de dividir o palco com tantas bandas famosas nesta segunda edição do Summer Breeze Brasil?
Ben Hur Auwarter: Quando paro pra pensar, a ansiedade bate. Ver o nome do Electric Mob no flyer do festival junto com bandas que crescemos ouvindo é surreal. Realmente uma grande conquista e mais um passo pra frente em nossas carreiras.
WM: Como está a adaptação com o Mateus Cestaro, o novo baterista?
BHA: Foi praticamente instantânea! Ele já chegou na fogueira, com duas turnês seguidas e uma correria danada. Se a adaptação tivesse sido lenta, ou com algum percalço, a gente estava perdido [risos]. Mas ainda bem que o entrosamento parece que veio de fábrica.
WM: Quais são os planos futuros da banda após o Summer Breeze Brazil?
Renan Zonta: Estamos focados em produzir o próximo álbum, e, com o Summer Breeze, dar o start nessa nova fase com mais shows em festivais, além dos planos internacionais para o próximo ano.
WM: Qual foi a inspiração por trás do título 2 Make U Cry & Dance?
BHA: É um verso da música “Saddest Funk Ever” que encaixava perfeitamente no que estávamos sentindo na época. Durante a pandemia, o mundo todo tinha motivos de sobra para chorar, e com a gente não foi diferente. Mas sempre tem aquela luz, aquela alegria, que mesmo guardadinha no fundo da alma, sempre dá as caras. E essa foi a vibe que estávamos na composição do álbum. Por isso a dualidade entre choro e dança.
WM: Vocês podem falar um pouco sobre algumas das mensagens ou temas específicos abordados nas letras de 2 Make U Cry & Dance?
RZ: Foi um álbum concebido num período muito obscuro da humanidade, então as letras são bem mais profundas e pesadas no 2MUC&D, se a gente for comparar com o Discharge. Como letrista, eu precisei colocar para fora o que sentíamos naquele momento; toda a angústia, a incerteza, o medo, a raiva, mas também o amor e a esperança de um futuro melhor. Em resumo a gente fala um pouco de tudo que estava ao nosso redor: amor, ódio, felicidade, tristeza, política, filosofia…
WM: Como tem sido a recepção do álbum até agora, tanto por parte dos fãs quanto da crítica?
BHA: Ambas vão além do que esperávamos. O primeiro álbum teve “Devil You Know” que sozinha alcançou números bem expressivos. Já o 2 Make U Cry & Dance é um pacote completo e tanto crítica quanto muitos fãs consideram ele um álbum mais conciso, direto e por consequência, melhor que o primeiro. Agora para nós, é como pedir pra um pai escolher seu filho preferido [risos].
WM: Gostaria que vocês comentassem um pouco do significado da música e do videoclipe de “Love Cage”.
RZ: A música é sobre uma relação onde uma das partes foi egoísta e babaca, mas se arrepende e quer voltar atrás. Com certeza todo mundo já viveu isso em algum momento, em algum lado. Já o clipe simboliza um pouco da abordagem do Electric Mob sobre o audiovisual.
A gente não se preocupa se o clipe vai ser exatamente sobre a letra da música, mas sim se vai ficar bonito e interessante [risos]. Nesse caso, a nossa vontade era criar sensações em quem assiste, de acordo com o som que se ouve, com cenas criativas e diferentes do tradicional da banda tocando com cara de mau.
WM: Como a banda descreveria a evolução do som do álbum Discharge para 2 Make U Cry & Dance?
RZ: Acho que foi um amadurecimento natural. Anos se passaram entre os álbuns, vivemos e aprendemos muito, sofremos e choramos bastante, nos recuperamos, ouvimos outras coisas… Normal da vida [risos]. Acho que cada álbum é um retrato fiel de sua época. O Discharge nos abriu caminhos e o 2 Make U Cry & Dance sedimentou a loucura que é o Electric Mob.
WM: Como a banda espera que sua música impacte os ouvintes e qual mensagem vocês esperam transmitir com este novo trabalho?
RZ: Desde sempre o nosso lema é: “viemos para incomodar”. Não queremos passar despercebidos por ninguém, ame ou odeie. O rock é isso, na real. Estamos sempre procurando um jeito novo, uma conexão diferente, e, principalmente, uma mensagem relevante. Nunca foi só pelo som, ou só pela estética.
WM: Como a banda descreve suas influências desde sua formação em 2016?
BHA: Sempre tivemos como objetivo ser uma banda que gostaríamos de ver e ouvir. Nunca rotulamos o que seria o Electric Mob. Simplesmente deixamos que as influências distintas de cada um nos levasse para esse objetivo.
Então tem muita coisa do rock dos anos 70, do hard rock dos anos 80 e do groove e peso dos anos 90 e 2000. Nisso tudo, a gente ainda acha espaço para adicionar referências da música pop, funk e R&B.
WM: Falem um pouco da demo com quatro músicas gravadas em 2019, as quais foram enviadas para as gravadoras estrangeiras, e resultou no convite da Frontiers Music, para gravar mais algumas músicas e ainda assinam contrato para a gravação de um álbum completo?
BHA: A gente estava pronto para lançar essas quatro músicas como o segundo EP da banda. As quatro estão no nosso primeiro álbum Discharge: “Upside Down”, “brand new rope”, “Gypsy Touch” e “Devil You Know”, sendo que essa última já estava com o clipe pronto, gravado. É exatamente o mesmo que foi lançado pela Frontiers.
Logo depois do contato da gravadora, já fomos reclusos para compor o restante das músicas para fechar um álbum completo. O fato de ter tido a oportunidade de compor e lançar um álbum inteiro é que o retrato do que é a banda fica mais abrangente, diferente da maneira restrita que você consegue se mostrar com apenas 4 músicas em um EP.
WM: Uma curiosidade, existe algum significado por trás do nome ‘Electric Mob’?
BHA: Bem, inicialmente a banda teria outro nome, que na hora parecia uma boa ideia. Marcamos uma reunião com um dono de um bar para marcar a estreia da banda. Ao ouvir o nome da banda ele prontamente falou “Não, mas aí não. Com esse nome não. É horrível!”.
Óbvio que falamos que não era definitivo, que nem tínhamos certeza que seria o nome. Nisso eu e o Renan corremos para achar um nome menos pior o mais rápido possível [risos].
WM: Pergunta básica, mas necessária! Vocês têm alguma música favorita do novo álbum? Se sim, por que essa música se destaca para vocês?
BHA: Cada semana muda. Esses dias estava curtindo muito a última faixa do álbum, “WATCH ME (I’m today ‘s news). Mas se fosse pra escolher uma, fico com “By The Name (nanana)” por ter ficado mais tempo sendo minha “preferida da semana”.
RZ: Todas [risos]. Amo “Thy Kingdom Come”. Ela é aquele rockzão raiz e pesado pra você botar no talo! “Saddest Funk Ever” também está entre as favoritas por ser uma das composições mais ousadas da banda: uma letra pesada com um arranjo super festa e despretensioso. E “Sun Is Falling” por ser a marca de uma evolução da banda, tanto em composição como produção.
WM: Muito obrigada pela entrevista e em especial foi um prazer realizá-la, pois sou curitibana e gosto muito da banda!
BHA: Nós que agradecemos o espaço! Muito legal poder compartilhar um pouco da gente com os leitores. E te esperamos no próximo show então. Vamos cobrar [risos].
RZ: Valeu demais por receber a gente e pelo carinho! Vamo dale!
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