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Daniel Fonseca. Créditos: Divulgação

Daniel Fonseca. Créditos: Divulgação

Entrevista Daniel Fonseca: Conheça o guitarrista de 16 anos descoberto por Kiko Loureiro

Em seu primeiro EP, Daniel trabalhou com Kiko Loreiro, Felipe Andreoli, Leandro Caçoilo e mais

Aos 16 anos, Daniel Fonseca é um prodígio. O jovem guitarrista lançou recentemente seu primeiro EP, Alienize, que conta com a participação ilustre de gigantes do metal nacional como Kiko Loureiro, Felipe Andreoli, Leandro Caçoilo e Alexandre Aposan, além da participação internacional do tecladista Derek Sherinian.

Formado por cinco faixas completamente autorais, Alienize brinca com conceitos que envolvem o interesse de Daniel no Egito Antigo e em figuras alienígenas enquanto mostra o inegável talento do jovem guitarrista, tanto para tocar guitarra quanto para compor. Sua pouca idade, somada à participação de tantos nomes importantes logo em seu primeiro projeto, geram curiosidade. Quem é, então, Daniel Fonseca, e como seus caminhos cruzaram os de grandes ícones do metal nacional e internacional?

Em entrevista ao Wikimetal, Daniel revela que começou a tocar usando um violão que sua irmã tinha ganhado de presente do avô. Ele contratou um professor profissional para ensiná-lo e começou a aprender alguns riffs de rock clássico. “Naquela época eu não era viciado em música, não era uma coisa muito forte na minha vida, mas quando comecei a tocar virou uma paixão,” conta.

O professor de Daniel logo percebeu que o garoto poderia se dar bem na guitarra e a família do jovem prontamente lhe deu o instrumento de presente. A partir daí, foi paixão imediata. Daniel tocava todos os dias, até as cordas se desgastarem e seus dedos ficarem sujos de ferrugem. Com o recém-descoberto amor pela guitarra, surgiu um novo interesse: o amor pelo metal.

“Minha família nunca escutou [metal]. Eles ouviam muita música pop, o que eu não gostava tanto, então eu não conhecia [música pesada]. Deve ser por isso que eu não gostava muito de música: porque eu não conhecia o metal,” reflete Daniel. Ele conta que era muito “mente fechada” em relação à música pesada, mas depois que iniciou os estudos com o riff clássico de “Smoke On The Water”, do Deep Purple, o gênero musical passou a chamar sua atenção.

O grande responsável por “abrir sua cabeça” para outros tipos de música foi seu professor de guitarra. Hoje, Daniel é fã não só de metal, mas também de bossa nova e música clássica, e cita como suas principais influências Yngwie Malmsteen, Rainbow, Bach, Zakk Wylde, Megadeth, Marty Friedman, Dio e muito mais.

Além de todos esses nomes, uma figura importante para Daniel Fonseca é Kiko Loureiro. Mais do que uma referência na guitarra, Kiko é peça central da carreira musical de Daniel, que começou a fazer mentoria com o guitarrista por volta de seus 13 anos e segue até os dias de hoje.

“A gente percebe que o Kiko realmente gosta [de ensinar],” conta Daniel sobre sua experiência como aluno. “Dá pra notar que ele não faz por dinheiro. Ele tem uma paixão em ajudar as pessoas. Ele faz questão de explicar tudo com muitos detalhes, fala coisas muito importantes. Ele quer sempre dividir as experiências dele com quem faz mentoria e isso é muito legal. Ele ajuda bastante.”

Como todo bom mentor, Loureiro notou a dedicação de Daniel Fonseca e sugeriu que ele comprasse uma interface de áudio, começasse a compor e lhe mandasse o resultado. Na época, Daniel gostava de postar covers em seu perfil no Instagram, e, com a pandemia, teve ainda mais tempo de se dedicar aos estudos da guitarra. Loureiro pediu que o jovem o enviasse cerca de vinte e cinco ideias e disse que conseguiria montar um EP com aquele material. O guitarrista uniu então um time de peso com Felipe Andreoli, Leandro Caçoilo e Alexandre Aposan, mas apesar do auxílio e da participação de todos esses grandes nomes, a intenção era que o projeto fosse “100% da cabeça” de Daniel, que é creditado como compositor único das cinco faixas autorais do Alienize.

Demonstrando excelente conhecimento de teoria musical, ele explica como improvisou grande parte dos solos que podem ser ouvidos no EP tendo uma boa noção de progressão, escalas e estrutura musical. Daniel justifica a escolha de tocar de forma mais instintiva como um modo de deixar as emoções fluírem e ser capaz de despejar seus sentimentos na música:

“Essa é a beleza da música: ser algo mais orgânico,” declara. “Claro, é muito legal tocar virtuosamente, gravar todas as notas perfeitas. Mas o que eu gostei no álbum foi de ter gravado os solos em basicamente um take. Tive que mudar poucas partes e é claro que não ficou uma limpeza absurda, mas não é isso que eu quero. Esse é meu estilo. Não é pior e nem melhor que ninguém, mas é algo que eu queria atingir.”

Daniel conta que aprendeu muito com todos os artistas envolvidos no Alienize, mas destaca em particular a conexão com Felipe Andreoli, que foi quem produziu o EP e deu algumas dicas de ajustes durante o processo, especialmente na estruturação das letras que Daniel Fonseca compôs em inglês e que ganharam vida na voz de Leandro Caçoilo.

“Eles têm uma experiência absurda,” declara. “Acho que aprendi bastante com o Felipe, especialmente, porque trabalhei nas demos com ele e ele me ensinou várias técnicas de composição. Ele é uma pessoa extremamente genial nesse quesito. Ele sabe basicamente tudo – letra, melodia, harmonia. Ele é um músico extremamente completo e um produtor sensacional, além de ser um dos melhores baixistas do mundo.”

Além das participações nacionais, o EP Alienize também conta com a colaboração do tecladista Derek Sherinian, que já tocou em bandas como Alice Cooper, Kiss e Dream Theater. Daniel lamenta ainda não ter tido a chance de conhecer Sherinian pessoalmente, mas os dois conversaram por mensagem e a colaboração se deu à distância. “Ele gravou o solo muito rápido, não teve nenhum problema. Ele disse que foi um take dele fritando e ficou animal,” conta.

Atualmente, Daniel Fonseca concilia os estudos da guitarra com a escola, onde estuda em período integral. Ele diz usar os fins de semana para praticar e revela que pode ficar até 8 horas treinando guitarra se estiver inspirado. Depois da escola, pretende fazer faculdade de música no exterior e admite não enxergar mais um futuro que seja separado da música. “Se eu trabalhar com música, eu vou estar feliz. Gostaria de compor trilhas para filmes um dia. Mas estou gostando dessa vida de álbuns, de compor minhas próprias músicas. É o que eu quero,” afirma.

Na próxima quarta-feira, 05, Daniel Fonseca faz seu show de estreia em São Paulo, no Café Piu Piu, a partir das 20h. Estarão presentes na apresentação Leandro Caçoilo, Felipe Andreoli, Alexandre Aposan e o guitarrista Maurício Filho. Ingressos podem ser adquiridos através do Sympla.

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