Nós fomos os primeiros e a única banda naquele tempo a fazer o que nós estávamos fazendo.”

Wolf Hoffmann: Você está aí?

Wikimetal (Daniel Dystyler): Sim, nós estamos aqui.

W (WH): Excelente. Me desculpe por isso, eu precisava de um café, sabe.

W (DD): Ah, tudo bem. Isso é ótimo, cara.

W (Nando Machado): Oi, Wolf, aqui é o Nando, eu sou o outro apresentador do programa. Nós vamos falar sobre todas as coisas legais que você tem feito todos esses anos, mas para começar, eu gostaria de parabenizar vocês pelo último álbum, “Stalingrad”, que é absolutamente fantástico, um dos melhores álbuns do último ano. Você poderia falar um pouco sobre o “Stalingrad” e como tem sido a recepção dos fãs?

WH: Sim, cara, a recepção tem sido incrível, fenomenal. Quer dizer, nós estamos muito felizes de ter dois álbuns tão bem recebidos pelos fãs, tem sido incrível esses últimos dois, três anos. Eu sei que nós voltamos depois de uma pausa muito grande, com o “Blood of the Nations”, e nós estamos muito empolgados de ver o que os fãs vão achar, então nós estamos muito felizes de ter dois desses álbuns tão bem recebidos.

W (DD): Isso é ótimo, cara, isso é ótimo. Nós estamos todos muito, muito empolgados em relação ao show do Accept aqui em São Paulo, no dia 6 de abril. O que os fãs podem esperar desse show, e como será a setlist?

WH: Cara, eles podem esperar cinco caras dando tudo o que eles têm. Nós vamos ficar lá em cima suando com os fãs, e nós vamos tocar muito material antigo, e muita coisa nova, também. Quer dizer, nós definitivamente vamos representar os últimos dois álbuns, e tocar muitas músicas, não só porque os nossos fãs querem ouvi-las, nós queremos tocá-las. E, é claro, nenhum show do Accept jamais estaria completo sem tocar alguns dos clássicos, como “Restless and Wild”, e “Fast as a Shark”, e “Balls to the Wall.” Essas são músicas que nós sempre vamos tocar, e os fãs definitivamente… Sabe, eles insistem nessas também, então vai ser uma mistura entre os clássicos e o material mais novo.

W (NM): Ótimo. Bom, todas as gravações ao vivo do Accept são muito, muito boas. Há algum plano de lançar alguma coisa dos dois últimos álbuns, “Stalingrad” e “Blood of Nations” ao vivo ou em DVD?

WH: Bom, há todos os tipos de planos, mas até agora nós ainda não finalizamos nada. Nós estamos gravando alguns shows, e nós definitivamente queremos lançar alguma coisa com esse material, mas, honestamente, nós estamos mais focados em outras coisas, e isso é, em primeiro lugar, lançar bons álbuns de estúdio. Porque nós realmente queremos ter uma boa base antes de sequer pensar em fazer DVDs ao vivo. Porque, sabe, nós realmente queremos ter algum material novo se nós formos fazer um DVD ao vivo. E agora que nós temos, está na hora de começar a pensar sobre isso, sim.

W (DD): Muito bom. E nós reparamos que muitas bandas boas alemãs lançaram álbuns incríveis nos últimos dois anos, como o Kreator, Sodom, Tankard, Destruction, Helloween e obvimante, Accept. Você concorda que o heavy metal está se tornando mais forte, especialmente na Alemanhã, mas também no mundo todo?

WH: Eu espero que sim. Quer dizer, houve um tempo em que eu achei que o Heavy Metal estava totalmente acabado, para ser sincero. Então eu estive muito preocupado por um tempo, e eu achei que os dias do Accept estavam contados, então sim… Eu fico duplamente feliz agora, que nós ainda temos fortes seguidores pelo mundo todo, e que nós temos essa ressurgência. E eu acho que o mesmo é verdade para a antiga cena de metal, pelo menos eu espero que seja.

É um grande orgulho ter essas bandas nos nomeando como influências”

W (NM): Ótimo, Wolf. Nós temos uma pergunta clássica no nosso programa, que nós fazemos a todas as pessoas que entrevistamos, que é: imagine que você está ouvindo o seu iPod no shuffle, ou ouvindo uma estação de rock na rádio enquanto dirige o seu carro, e de repente uma música começa a tocas que faz você perder a cabeça completamente, e você sente a necessidade de headbangear imediatamente. Qual música é essa, para que nós possamos ouvi-la no programa agora?

WH: Ah, agora eu entendi. Agora eu entendi o que você quis dizer. Sim, eu diria que provavelmente seria alguns dos antigos clássicos do ADCD, como “Highway to Hell”, ou “Back in Black”, esses tipos de músicas realmente me deixam agitado.

W (DD): São músicas ótimas, qual nós vamos ouvir agora?

WH: Vou escolher uma diferente, vamos de Judas Priest, “Breaking the Law”. Essa é a que me deixa ligado, eu não consigo me conter.

W (NM): Muito bem, um grande clássico do Judas Priest, do “British Still”, “Breaking the Law” no Wikimetal!

WH: É!

W (DD): Como era a cena de metal de rock na Alemanha no começo da sua carreira com o Accept?

WH: Praticamente inexistente. Nós fomos os primeiros e a única banda naquele tempo a fazer o que nós estávamos fazendo. E algumas pessoas falam que nós começamos o gênero do Speed Metal ou Heavy Metal… Com certeza da Alemanha. Sabe, nós começamos tão cedo, que antes de nós… Na verdade, mesmo quando nós começamos, os nossos primeiros álbuns… Ninguém nos chamava de Heavy Metal, era chamado de Hard Rock, curiosamente. E aí, no começo dos anos 80, acho que com o Breaker… As pessoas começaram a usar o termo Heavy Metal, e nós gostamos do termos e pensamos “Sim, nós somos Heavy Metal.” Mas antes disso, não havia Heavy Metal na Alemanha.

W (NM): Legal. Além disso, quando nós falamos com o Sr. Alex Skolnick, guitarrista do Testament, ele disse que o Accept foi uma das principais influências para todas essas bandas da bay area, na época em que eles criaram esse estilo de música chamado Thrash Metal. Como é ser um modelo para todas essas bandas que se tornaram tão famosas?

WH: É ótimo. Eu não sei se nós somos um modelo, mas nós certamente ajudamos a começar esse gênero de certa forma, e isso me deixa muito, muito orgulhoso. É uma grande honra ter essas bandas nos nomeando como influências, sabe, é incrível. E eu já ouvi muitas vezes “Cara, quando nós ouvimos ‘Fast as a Shark’… E quando nós ouvimos ‘Restless and Wild’ isso fez com que nós começássemos a tocar música.” E para muitas bandas, esse foi o ponto de partida, então isso é maravilhoso. O que mais você pode querer da vida, ou da sua carreira musical? Isso é bem incrível.

É uma honra ter um modelo próprio de guitarra, em primeiro lugar. E ter uma feita especialmente por uma companhia alemã, isso é um sonho realizado”

W (DD): Muito bom. E como você entrou em contato com o Mark Tonillo, e como ele se juntou à banda?

WH: Tudo começou há uns três anos e meio, quatro anos, quando eu e o Peter estávamos improvisando um dia. A banda não existia mais, porque o Udo estava fazendo outras coisas, e ele não tinha interesse em trabalhar mais com a gente. Então nós pensamos que o Accept estava acabado, e aí nos estávamos fazendo uma jam session por diversão um dia, e nós não demos muita bola. E obviamente, uma jam session é mais divertida quando você tem um vocalista presente, então alguém sugeriu que nós convidássemos esse cara, Mark Tornillo, para a jam session. E nós não o conhecíamos, mas nós os convidamos. E quando ele começou a cantar, tudo mudou. Nós nunca tínhamos ouvido nada parecido, sabe, ele era perfeito para a banda, e ele soava imediatamente como se ele pertencesse à banda, mas até o Mark não estava fazendo nenhuma música naquela época, nós estávamos praticamente aposentados, mas de cara decidimos relançar a carreira e recomeçar o Accept. Toda a maquinaria começou a funcionar, e sabe, o resto é história.

W (DD): E só de curiosidade, naquela época em que vocês só estavam improvisando, sem nenhuma atividade formal no Accept, você pensava que vocês nunca mais iriam se juntar?

WH: Sim, quer dizer, eu não sabia o que iria acontecer. Mas eu honestamente achava que não havia chance alguma do Accept voltar a se juntar, porque nós não tínhamos um vocalista, e o único vocalista que nós conhecíamos e considerávamos possível era o Udo, e ele não estava interessado. Então, quando o Mark entrou pela porta, nós pensamos “Ah… Aí está uma chance que nós nunca imaginamos.” E isso abriu… Isso mudou tudo de cara, e nós pensamos “O céu é o limite agora, nós podemos fazer tudo o que quisermos, nós podemos fazer turnê quando quisermos, podemos gravar álbuns…” E foi aí que tudo começou a acontecer.

W (NM): Ótimo, Wolf. Agora, você poderia escolher outra música? Eu vou pedir para você escolher uma música do Accept que você se orgulha muito de ter escrito ou gravado, para que nós possamos ouvi-la agora no nosso programa.

WH: Que tal uma música rítmica, que tal a “Teutonic Terror”?

W (DD): Wolf, você agora tem um modelo de guitarra próprio, que é como uma Flying V, mas com um som mais pesado. Como você teve essa ideia, e como a guitarra soa nos shows ao vivo?

WH: Tem um som incrível. Eu estava usando um protótipo dessa guitarra nessa última turnê pelos Estados Unidos e Europa, e honestamente, ela tem um som melhor do que o de qualquer outra guitarra que eu já tive. Então é uma honra ter um modelo próprio, em primeiro lugar. E ter uma feita especialmente por uma companhia alemã, isso é um sonho realizado. Eles fazem instrumentos incríveis. E esse é apenas o começo, nós estamos apenas começando com essa grande corporação, eu mal posso esperar para ver o que está para acontecer. Mas essa guitarra é incrível, provavelmente a melhor que eu já tive.

W (NM): Isso é ótimo, eu mal posso esperar parar você tocando essa guitarra no dia 6 de abril. Nós estaremos lá com certeza. Então me fale sobre… Você mora nos Estados Unidos há muito tempo já, e em relação a sua composição de música, você se sente influenciado pela música que é tocada nos Estados Unidos quando você escreve as suas próprias músicas? Há alguma diferença entre a música que você costumava escrever na Alemanha, quando você morava lá?

WH: De jeito nenhum, não tem nenhuma diferença. Quer dizer, eu moro em Nashville, que é cheio de música Country, e eu nem gosto desse tipo de coisa. Quer dizer, eu respeito, mas eu não gosto nem um pouco, e isso com certeza não tem nenhuma influência sobre mim. É engraçado, cara, quando você, meio que cresce e tem um estilo, e do que você gosta, você não muda mais. Eu não uso músicas de outras pessoas como muita inspiração para minhas próprias músicas, isso me parece estranho. Eu acho que todos nós no Accept, nós sabemos o que queremos ouvir, e nós sabemos como o nosso som deve ser, especialmente depois de ter feito esses últimos dois álbuns, nós temos uma boa ideia do que o Accept é, e o que não é, então… Eu não acho que nós recebemos muita influência, especialmente não aqui dos Estados Unidos, desse Metal… Não… Respondendo a sua pergunta: não.

Todos nós do Accept sabemos o que queremos ouvir e sabemos como o nosso som deve ser”

W (DD): Nós estamos na parte final da nossa entrevista. Você lançou um álbum solo, chamado “Classic”, em 97, e ele é muito influenciado pela música clássica. Isso é algo que você gostaria de fazer novamente, e se sim, também teria muitos elementos da música clássica, ou não?

WH: Sim, definitivamente, cara. Aliás, agora mesmo eu estou trabalhando nisso, e nós estamos atualmente escrevendo mais material, para um próximo álbum. Engraçado você perguntar, porque nós tivemos algum tempo de folga, eu fiquei em casa algumas semanas, e eu estive compondo coisas para isso, para um próximo álbum clássico, definitivamente. É algo que eu gosto muito, que eu amo. Mal posso esperar para que seja lançado.

W (NM): Então é bom que você nos mande, quando for lançado. Nós gostaríamos muito de apoiar isso também.

WH: Ah, com certeza. Vai demorar um pouco, porque eu acabei de começar, vai demorar alguns meses até que fique pronto, porque eu também tenho sempre que coordenar isso com todas as atividades do Accept que estão acontecendo, mas está na minha agenda, e assim que eu sentir que está pronto, vocês serão os primeiros a ouvir.

W (NM): Ótimo, obrigado, muito obrigado. Eu não sei se é um hobby, mas você também é um fotógrafo profissional, certo? Qual é a relação entre a fotografia e a música, especialmente o heavy metal, que é um tipo de música bastante visual?

WH: Eu acho que há todos os tipos de conexões. Eu pessoalmente mantive os dois campos totalmente separados, sabe? A minha vida de fotógrafo não tem muito em comum com qualquer coisa que eu faça musicalmente, então a maioria das pessoas que me contratam nem sabem que eu também sou um guitarrista. Eu encaro como duas identidades separadas, curiosamente. Algumas vezes há pontes, mas raramente. Sabe, quando eu sou músico, quando eu faço turnê, eu não sou um fotógrafo, e vice versa. Então são coisas que eu mantenho quase totalmente separadas, mas, sabe, com um olho eu sempre… Sabe, eu sempre deixo um olho aberto. Ás vezes eu trago meu equipamento de fotografia na estrada, e tiro fotos pessoais, só por diversão, mas fora isso, não tem muita conexão.

W (DD): Muito bem, Sr. Wolf Hoffmann, muito obrigado pelo seu tempo, foi um prazer recebe-lo aqui no nosso programa. Antes de nos despedirmos, você poderia por favor deixar uma mensagem para todos os headbangers brasileiros, convidando todos para o show no dia 6 de abril, aqui em São Paulo?

WH: E aí pessoal, Wolf Hoffmann falando. Mal posso esperar para ver todos vocês aí de novo, em São Paulo no dia 6 de Abril. Ach que vai ser um show incrível, e sei que os fãs brasileiros são muito especiais. Estamos muito ansiosos para voltar para aí, vai ser um dia incrível, vejo vocês lá. Se cuidem!

W (NM): Muito obrigado, Wolf, vejo você no dia 6. Não sei nem como explicar como nós estamos agradecidos de termos você no programa. Nós lembramos claramente de ouvir “Restless and Wild” nos anos 80 e “Fast as a Shark” mudou nossas vidas. Nós nunca esperávamos algum dia falar com você, mas… É realmente um grande prazer para nós. Muito obrigado por estar no Wikimetal.

WH: Demais. O prazer é meu, cara. Espero ver vocês logo.

W (DD): Nós estaremos lá com certeza, muito obrigado Wolf. Tchau!

WH: Tchau.

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Categorias: Entrevistas

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