Entrevista exclusiva com Tom Araya do Slayer
Vocês vão ter Slayer! Vocês vão entrar e levar uma pancada na cabeça com música. Porque é isso que você ganha do Slayer, uma pancada na cabeça.”
Wikimetal (Nando Machado): Olá Tom!
Tom Araya: Como vai você?
W: Vou bem, como vai você?
TA: Estou bem, estou bem. Você está no viva voz?
W: Sim, você consegue me ouvir?
TA: Sim, consigo te ouvir. Tem um pouco de estática, mas consigo te ouvir.
W: Antes de tudo queria falar que é um prazer falar com você, nós acompanhamos sua carreira nos últimos 25 anos, muito obrigado pelo seu tempo.
TA: Obrigado você, obrigado por ser um fã, obrigado.
W: Eu sou um dos apresentadores do Wikimetal, que é o podcast número 1 de Metal no Brasil. Para começar, falando do começo da sua carreira, quem foram as principais influências que fizeram você querer ser um baixista?
TA: Uau… Bom, a primeira pessoa que me fez pensar em tocar baixo ou seguir essa direção… Eu teria que dar crédito ao meu irmão que começou a tocar guitarra; eu aprendi a tocar o baixo para acompanhá-lo.
W: Legal. E quais foram as principais influências do Slayer no começo que te inspiraram a criar esse som tão único?
TA: Acho que teria que ser… Crescendo eu sempre costumava ouvir Hard Rock, Acid Rock nos anos 60, então eu realmente gostava de Rock pesado, foi isso que me influenciou a ser um baixista, acho. De Heavy Metal teria que ser Black Sabbath, Led Zeppelin, essas eram as minhas preferidas que eu ouvia enquanto estava crescendo.
W: Como vocês são uma das poucas bandas que mantém os mesmos integrantes por tanto tempo, com exceção do período em que Lombardo saiu e depois voltou, qual é o segredo para conseguir passar tanto tempo com as mesmas pessoas e não enlouquecer, manter o mesmo nível de energia e qualidade na música?
TA: A música em si, que nós criamos, é o que mantém a energia que temos no palco. Em relação a conseguir aguentar os mesmos caras por 30 anos o negócio é aguentar as besteiras de cada um. É a maior parte de conseguir se dar bem, aguentar besteiras. Se você consegue aguentar, tudo está certo!
W: Que legal. Mais uma pergunta, quão difícil foi fazer turnês com outros guitarristas que não o Jeff Hanneman? Falando nisso, como vai a saúde dele? Ele vai tocar no Brasil?
TA: Qual foi a primeira parte da pergunta?
W: Quão difícil foi fazer turnês com outros guitarristas que não o Jeff Hanneman? Como Gary Holt? Você o conhece faz tempo, não?
TA: Sim, não é fácil. Foi uma decisão muito difícil a ser tomada. Mas Gary Holt é realmente um ótimo guitarrista e um ótimo amigo. Ele se dispôs e foi capaz de tocar e fazer o que o Jeff faz, o que eu acho realmente importante.
W: E como está a saúde do Jeff agora?
TA: Ele está indo muito bem. O Jeff tá em recuperação, tem muito para andar ainda para reabilitar o seu braço e curar. Mas está indo bem. Não será um processo rápido, vai tomar algum tempo.
W: Então você acha que o Gary Holt tocará nos shows do Brasil?
TA: Eu não tenho certeza ainda. Sei que fizemos um show na Califórnia que ele saiu e tocou duas músicas com a gente.
W: Ah, isso é ótimo.
TA: É, ele conseguiu tocar duas músicas, mas ainda não consegue fazer uma hora e meia. O braço começa a doer após um tempo, então ele ainda está praticando, tocando sua guitarra, mas não consegue tocar a quantidade de tempo que a gente vai tocar. Então não sei se ele vai tocar.
O Jeff tá em recuperação, falta muito ainda para reabilitar o seu braço e curar. Mas está indo bem. Não será um processo rápido, vai tomar algum tempo.”
W: Bom, nós esperamos pelo melhor. E, falando nisso, como vai a sua saúde agora?
TA: Eu vou indo muito bem, minha cirurgia no pescoço foi muito bem, eu sarei bem e estou cuidando de mim. Espero cuidar bem de mim e passar por isso sem complicações. Mas vou bem sim, obrigado.
W: O seu medico falou para você não headbangear mais?
TA: É, ele falou que isso eu não posso mais. Eu tenho uma placa de titânio com seis parafusos, então não vai mais ter headbang para mim.
W: Tenho certeza que seus talentos no baixo e na voz continuam iguais, certo?
TA: É, estou tentando tocar e cantar um pouco melhor.
W: Você acha que há uma nova onda de Metal agora? Melhores jeitos de promover, expor as bandas? Você acha que o evento do Big Four ajudou nisso?
TA: Sim, eu acho que ajudou. Mostra que as quatro bandas tem estado aqui por um longo tempo, sabe. Três das bandas estão aqui faz 30 anos, então acho que a melhor coisa que pode acontecer com Metal é juntar essas bandas e fazer o que estamos fazendo, porque faz as pessoas conscientes de que o que estamos fazendo é música viável. 30 anos depois e continuamos uma banda viável, sabe o que eu quero dizer?
W: Qual é a sua opinião sobre esses documentários e reality shows que têm sido produzidos sobre Heavy Metal como do Anvil e do Lemmy e também The Osbournes, e o outro reality show da VH1, Super Group, qual é sua opinião? Você acha que ajuda o Metal ou cria uma caricatura do Metal?
TA: Sabe, acho que o que faz é abrir os olhos das pessoas ao mundo da música, não necessariamente do Metal, mas o mundo da música no sentido do que as pessoas fazem e pelo que passam. Abriu os olhos dos outro à realidade do mundo musical. Não é fácil, é algo que toma conta da sua vida, e isso mostra emoções entre quatro pessoas que se juntam para fazer música e dedicar toda a sua vida a fazer um grupo de música. Abriu os olhos das pessoas ao fato de que não é fácil. É uma coisa muito difícil a se fazer, dedicar sua vida a fazer algo com outras pessoas, tentar fazer funcionar e acontecer. É uma vida difícil. Acho que permitiu às pessoas verem que não é tudo glamoroso. Então acho que foi bom. As pessoas olham músicos e bandas e pensam “Nossa, deve ser bom” e esses programas e documentários mostram que na realidade não é realmente bom, é bem difícil.
É, o médico falou que isso eu não posso mais. Eu tenho uma placa de titânio com seis parafusos, então não vai mais ter head bang para mim.”
J: Oi gente, desculpa interromper, mas nós temos que ir fechando aqui.
W: Ok, posso fazer mais duas perguntas?
TA: Claro.
W: Ok. Se você pudesse escolher uma música que realmente te tira do sério, quando você está dirigindo no seu carro e essa música começa a tocar no seu iPod no shuffle, que música seria essa? Que você tem vontade de headbangear não importa onde esteja?
TA: Oh, caramba. Sabe? Com toda honestidade… Ah, essa é uma pergunta difícil, cara. Uma música de Metal muito boa quando toca no radio?
W: É, no radio ou no seu iPod quando está no shuffle, algo que te faz enlouquecer e você tem vontade de headbangear onde quer que esteja, no carro, casa, banho, onde quer que seja.
TA: Puts, cara… Essa é uma pergunta difícil, cara. E eu vou ser parcial e responder qualquer música do Slayer.
W: Qualquer música do Slayer, essa é fácil. Então eu que vou escolher a música, ok? Que nós ouviremos agora no Wikimetal. Vou escolher uma das minhas favoritas “Hell Awaits”.
TA: Eu quero bater o pé no chão e quebrar a lei!
W: Perfeito, cara. Só para finalizar, você deixaria uma mensagem para os fãs brasileiros e falar um pouco da sua experiência com o Brasil, sua relação com os fãs, se você conhece alguma banda brasileira? Qual é a sua relação com o Brasil?
TA: Minha relação com o Brasil é muito boa. Nossa única relação com bandas brasileiras é com o Sepultura, que são nossos grandes amigos, caras muito legais, uma grande banda. E uma banda que está aqui faz muito tempo, o que é muito legal. Essa é nossa relação com fãs e músicos brasileiros. É Sepultura.
W: E você gostaria de deixar uma mensagem para os fãs brasileiros, ansiosos para os shows?
TA: Vocês vão ter Slayer! Vocês vão entrar e levar uma pancada na cabeça com música. Porque é isso que você ganha do Slayer, uma pancada na cabeça.
W: Muito obrigado Sr. Araya, foi um grande prazer falar com você, estarei no show e quem sabe nós não tomamos umas juntos depois?
TA: Parece bom, nós veremos vocês. Se cuida.
W: Muito obrigado.
TA: Tchau tchau.