Estou feliz que eu esperei, porque eu precisei ter minhas vitórias para poder me unir ao Motörhead”

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi, é realmente uma honra estar aqui com você por que, você sabe… Estamos seguindo sua carreira por mais de 20 anos, então é ótimo. Nós temos o maior podcast de Heavy Metal do Brasil, então é um prazer ter você aqui no nosso show. Eu sei que não temos muito tempo então serei muito breve. Você pode falar um pouco daqueles maravilhosos álbuns que você gravou com King Diamond como “Conspiracy”, “Before Your Betrayed”? Eu realmente adorei aqueles álbuns.

Mikkey Dee: Abigail.

W (DD): Abigail!

MD: Como eu já disse a outra garota que veio aqui, nós éramos um grupo de jovens amigos da Suécia e da Dinamarca que gravaram uma coisa única. Nós sabíamos que nós éramos únicos de algum modo, mas nós não sabíamos que impacto iríamos causar, na verdade. Porque não antes de 10, 15 anos depois que nós percebemos que criamos um estilo… Bem, você sabe, havia muitas bandas nos seguindo.

W (DD): Realmente, seguidores em todo o mundo. Eu era um menino no Brasil ouvindo tudo o que você estava fazendo lá na Dinamarca e na Suécia.

MD: É, exatamente! Então era ótimo, sabe? Mas para resumir… Nós sabíamos o que estávamos fazendo, mas ao mesmo tempo, nós não tínhamos ideia do que estávamos fazendo.

W (DD): Na época, pelo menos.

MD: Na época. Então, nós éramos bons músicos, todos nós, bons amigos, e quando você tem uma boa banda onde você realmente se sente bem é fácil produzir bom material. Nós tocamos bem ao vivo. Aquela época foi ótima, especialmente para mim.

W (DD): Se eu não estou enganado, você tocou com o ótimo baixista do Accept, Peter Baltes. O que você se lembra disso? Ele é uma ótima pessoa, não?

MD: Sim!

W (DD): Você teve a chance de ouvir o último álbum do Accept? É ótimo, não é?

MD: Sim, o novo cantor é ótimo.

W (DD): É incrível que em 2010, o Accept estava lançando, provavelmente, um dos melhores álbuns de todas as épocas, e o Motörhead também, porque “The Word is Yours” está entre os três melhores para mim.

MD: Foi o que Ozzy disse, no Japão. Ouviu o nosso álbum e disse: “Eu não acredito que quanto mais velhos ficamos, melhores músicas escrevemos.” Porque eu ouvi dizer que o nosso álbum estaria entre os top 3 dele, o que é ótimo vindo do Ozzy. E o Peter Baltes, Billy White, eu e Don tivemos tempos muito bons.

W (DD): Como o “Time Nacional”.

MD: Isso! Quase como o time dos sonhos.

W (DD): All Star.

MD: É, mas nos não sentíamos que era uma “banda estrela”. Nós éramos uma ótima banda. Nós ficamos em turnê por 12 meses consecutivos e fizemos ótimos shows, nós éramos fantásticos.

W (DD): E houve uma grande divulgação dos videoclipes, como “Mirror Mirror”.

MD: É, e “A Thousend Miles Away” um bom material… Nós tivemos bons momentos, mas meu coração está em uma seção de música mais pesada, sabe?

W (DD): Então isso foi um movimento natural para você se juntar com Lemmy.

MD: Foi perfeito. O Lemmy, o Phil e o Würzel me convidaram duas ou três vezes, e eu recusei. Porque eu nunca mudei de bandas por causa fama ou dinheiro, sabe? Onde eu fico feliz eu fico. Mesmo se uma grande banda vier me pedir, eu irei dizer “não”, eu sou feliz aqui. Então o clima era naturalmente muito bom quando eu finalmente disse sim, e eu estou feliz que eu esperei, porque eu precisei ter minhas vitórias para poder me unir no Motörhead, sabe? Esta não é uma banda que você diz “Ok, vamos nessa”. Então pelo menos ali eu pude fazer parte da elaboração das letras, eu escrevi musicas que foram ótimas… E, você sabe… Eu nunca poderia contribuir do jeito que eu fiz e estou fazendo se eu tivesse entrado na banda antes.

Nós tivemos chances de nos dar muito melhor se tivéssemos nos vendido, mas nós não fizemos isso”

W (DD): Sem a experiência adquirida.

MD: Exatamente, eu precisava e fazer mais turnês e mais álbuns. Eu não sabia disso naquela época. É agora, depois, que eu posso olha pra trás e ver que ainda bem que eu não me juntei naquela época.

W (DD): É, as coisas vem na hora certa.

MD: Isso, se você não tiver pressa, você amadurece, você amadurece, você toca melhor, você se torna uma pessoa melhor e fica pronto para uma grande banda como Motörhead.

W (DD): Eu estou muito interessado nesse novo álbum. O processo para escrever as letras foi o mesmo do que os outros antes? Porque eu sinto que as musicas desse álbum são tão boas que provavelmente 5 ou 6 canções estão entre as top 20 do Motörhead.

MD: Eu sempre digo isso: “Todo álbum é um reflexo do ano anterior”, como a turnê foi no ano anterior, como foi o nosso relacionamento, como foi a vida no geral e isso é normalmente um reflexo quando você entra no estúdio, você tenta achar riffs legais e ritmos, e é isso o que automaticamente vem do subconsciente, sabe? Você só vai lá e tira os riffs. Nós estamos batalhando com as turnês, e eu posso sentir isso no processo de compor as letras. Então eu acho que essa é uma explicação. E também, um outro aspecto importante é que o Cameron Webb está conosco há 4 álbuns, e ele é um cara muito bacana, ajuda muito. E varias coisas vem acontecendo agora, vários detalhes ao mesmo tempo. Vamos dizer que você tem 10 problemas diferentes, esses 10 problemas diferentes se juntam e isso torna difícil puxar essa grande maquina do rock para frente, sabe? Agora todos estão puxando em “1,2,3, puxe… 1,2,3, puxe”.

W (DD): Todos estão trabalhando ao mesmo tempo e na mesma direção.

MD: Eu posso sentir que vários detalhes se juntam no tempo certo e…

W (DD): E provavelmente você pode se focar mais no processo de criação de letras, e na banda, e na musica e nas coisas em geral. Ótimo… E o Brasil tem sido um alvo, eu acho, nesses últimos dois anos com todas as grandes bandas vindo para cá… Nós tivemos Iron Maiden e Ozzy e Camelot… E em duas semanas nós vamos receber aqui Helloween. E você tocou com Helloween em 2003, certo? Como foi isso?

MD: Ótima banda, eles me chamaram quando eles tiveram alguns problemas. O Mark Cross teve uma virose e estava realmente fraco e ele é um ótimo baterista e todos tiveram um problema com aquele disco por alguma razão e eu disse “se eu puder ajudar eu adoraria ir aí”.

W (DD): Eu realmente adorei aquele disco.

MD: É ótimo, não é?

W (DD): É um ótimo álbum.

MD: Então tudo de bom para os garotos, eles são fantásticos ao vivo também, e as letras que eles escrevem são fantásticas. E eu estou feliz que eu pude ser parte disso.

W (DD): O Rafael vai fazer uma pergunta, ele diz que desde que ele era uma criança ele adora Motörhead e “No Sleep ‘til Hammersmith” e todos esses grandes álbuns que a banda fez, e agora ele é um professor, ele tem vários alunos e ele disse “Eu vou no show do Motörhead, eu vou conhecer os caras.” E eles disseram “Incrível! Uau!” Então a pergunta dele é: o que você acha que o Motörhead tem que encanta todas as gerações?

MD: Honestidade. Honestidade, na verdade, é muito, muito simples. Nós nunca nos vendemos, o Lemmy nunca se vendeu, nem eu nem o Phil. E acredite em mim, nós tivemos chances de salvar a banda ou de nos dar muito melhor se nos tivéssemos nos vendido, mas nós não fizemos isso, nós ficamos com o que nós escrevemos, com o que gostamos. Tantas pessoas tentaram vir e “temperar” o que nos temos, e dizer “Eu sei como vocês vão fazer sucesso, eu sei que musicas vocês precisam, sabe? Nós precisamos disso para o rádio, nós precisamos disso para aquele fã…” Caia fora, se você não consegue encontrar isso nessas 12 músicas isso não existe, me desculpe. Nós poderíamos ter vendido centenas de milhares de álbuns a mais se nos tivéssemos feio aquelas duas músicas para o rádio, ou se tivéssemos feito aquela música para a MTV. E as crianças de hoje, como as que ele ensina, não são estúpidas. Elas estão super conscientes do que esta acontecendo no mundo. Não estou dizendo que as crianças dos anos 70, 80 ou do começo dos 90 eram estúpidas, mas elas não tinham as ferramentas que nós temos hoje, como a internet e o YouTube… A informação é gigantesca! Você não pode enganas esses jovens de 14 anos. Eu tenho um filho de 14 anos, e ele sabe um milhão de coisas mais do que eu sei, então… Quando se trata do mundo cibernético ou sobre bandas ou sobre artistas, eu pergunto “Nossa, é mesmo?”. Eu não tenho nem ideia, ele descobre tudo. Então eu acho que muitos jovens são curiosos e vão pesquisar sobre o Motörhead, sobre a banda favorita do pai, ou da mãe… Sabe, você não deve gostar da música que os seus pais ouvem, mas eles vem ao show e falam “Meu Deus!”

W (DD): “Na verdade meus pais são legais!”

MD: “É, isso é ótimo! Eles realmente sabem se apresentar!”

O hockey é o número um pra mim, a música é o número dois.”

W (DD): Você ainda é um metal head? Você escuta Heavy Metal?

MD: Claro.

W (DD): Qual é a musica que quando começa a tocar, você não consegue se controlar?

MD: Ah, são tantas… Muitas músicas do Deep Purple e do Rush… Quando “Limelight” começa a tocar, eu fico louco.

W (DD): Essa é uma boa pergunta: Ian Paice ou Neil Peart?

MD: Os dois.

W (DD): Os dois?

MD: Sim, com certeza. E o Brian Downey do Thin Lizzy… Eu não gosto de Neil Peart, eu o adoro, é claro, mas eu não me impressiono tanto com a bateria dele, como com o caras como o Brian Downey e Ian Paice, Steve Smith, do Journey. Mas o jeito que ele tocas as músicas para o Rush, mais ninguém consegue. E da minha geração, bateristas como Scott Rockenfield, eu adoro ele. E o Dave Lombardo, Charlie Benante… Nós todos somos da mesma geração, muitos bons bateristas.

W (DD): Ótimo! Última pergunta! Você é um fã de hockey?

MD: Sim, eu jogo hockey o tempo todo, desde que eu tinha dois anos de idade.

W (DD): Lá na Suécia?

MD: É… Eu jogo duas, três vezes por semana quando eu estou em casa. Eu tento manter isso. Eu estava falando sobre isso ontem, quando fomos a um bar irlandês aqui e estava passando um jogo de hockey da NHL. E eu não pude acreditar que eu estava assistindo hockey no Brasil!

W (DD): Quem é o seu jogador favorito?

MD: São tantos!

W (DD): Quem seria o Pelé do hockey?

MD: Na verdade são muitos: Wayne Gretzky, é claro. Caras como Peter Forsberg…

W (DD): Teve um cara que jogou no Maple Leafs, um cara sueco, no Toronto Maple Leafs… Mats Sundin!

MD: É um grande amigo meu.

W (DD): É mesmo?

MD: É, e o Peter. E o Sundin é fantástico, o número 13. Então existem vários Pelés e Maradonas lá. E até falei para o segurança que se eu fosse um pouco mais novo eu desistiria da música e jogaria hockey. O hockey é o número um pra mim, a música é o número dois. Não! A família é o numero um, depois hockey, depois música.

W (DD): Temos um grande fã no nosso programa, e o Motörhead é como um Deus para ele, e ontem foi o aniversário dele, você poderia dizer “oi” para ele?”

MD: Olá, Elder Fernandes. Eu ouvi que você fez aniversário, não sei quantos anos você fez, mas devem ser muitos. Mas tenha um feliz aniversário, eu sei que ele já passou, mas tem outro vindo ai, ano que vem, ou esse ano. Não, ano que vem, obviamente! Então, tenha um feliz aniversário e continue ouvindo a nossa droga de musica.

W (DD): Muito obrigado, Mikkey!

MD: De nada!

Confira tudo sobre o Motörhead no Everything Motörhead

Categorias: Entrevistas

Com um time formado por mais de 20 repórteres e fotógrafos, a redação do Wikimetal traz todos os dias notícias, coberturas, entrevistas e outros conteúdos relevantes no mundo do rock e do metal.