Eu me fascino com a criação de música e com o que pode ser feito com uma única corda, e é aí que está a minha paixão.”
Michael Schenker: Olá?
Wikimetal (Nando Machado): Olá, o Sr. Michael Schenker, por favor?
MS: Sim, é ele falando!
W (NM): Ótimo, Michael. Aqui é o Nando, estou com o Daniel, somos os apresentadores de um programa chamado Wikimetal, como você está?
MS: Estou bem, obrigado. Como vocês estão?
W (NM): Estamos muito felizes de tê-lo no programa, muito obrigado pelo seu tempo, é uma honra para nós falar com um guitarrista lendário como você.
MS: Ah, obrigado.
W (Daniel Dystyler): É muito bom mesmo, Michael, aqui é o Daniel.
W (NM): Para começar a entrevista, o que você pode falar sobre os shows do Lovedrive Reunion Tour no Brasil e como foi a experiência de tocar com grandes nomes como Uli Jon Roth, Francis Bucholz, Herman Rarebell e Doogie White?
MS: Primeiro de tudo, eu vou para o Brasil com o meu próprio grupo, “Temple of Rock”, que é com Francis Bucholz, Herman Rarebell, Doogie White e Wayne Findley e eu mesmo. Nós vamos tocar as músicas mais populares de Michael Schenker, que vai desde o álbum do UFO, “Strangers in the Night”, ao “Budokan”, ao “Lovedrive”, e coisas novas. Nós acabamos de gravar um álbum demais que vai sair em novembro, o “Bridge the Gap”, e já estamos tocando uma nova música dele ao vivo, chamada “Horizons”. E Uli também vai fazer o seu próprio show com sua banda, e então vai se juntar a nós no palco, porque ele também tocou com Herman e Francis, então vamos tocar algumas músicas junto com Uli, então o show vai ter uma grande variedade de coisas acontecendo.
W (DD): Vai ser fantástico, Michael. Vamos voltar ao começo da sua carreira, é verdade que você tocou seu primeiro show com o Scorpions quando você tinha apenas 11 anos?
MS: Sim, meu irmão tinha 17 anos na época, ele tinha 6 anos e meio a mais que eu e eu já tocava há 2 anos, e meus pais me levaram para um dos seus primeiros shows, eu acho. Então eu já sabia algumas músicas e fiz uma jam com eles de algumas músicas.
W (NM): Bom, nós entrevistamos seu irmão há alguns meses e foi uma das melhores entrevistas de todos os tempos. Ele é uma pessoa muito legal e ficamos muito felizes de você estar no programa também. Você só tinha 15 anos quando o primeiro álbum do Scorpions foi lançado, certo? O que você se lembra dessa época?
MS: Bom, eu tinha 15 anos quando nós gravamos e foi lançado provavelmente um ou dois anos depois. Eu me lembro de quase tudo, me lembro que foi em Hamburgo, foi gravado com o Corny Plank, o produtor; ele também produziu grupos como Can e Kraftwerk. E levamos sete dias, estávamos no estúdio em Hamburgo e estávamos todos preparados. Fizemos o álbum e não muito tempo depois ouvimos no rádio, foi uma experiência incrível.
W (DD): Inacreditável, incrível. Michael, nós temos uma pergunta clássica no nosso programa que perguntamos a todos os convidados, que é: imagine que você está ouvindo seu iPod com um monte de músicas de Heavy Metal ou ao rádio e de repente uma música começa a tocar, e te faz perder a cabeça, você sente que precisa balançar a cabeça imediatamente. Que música seria essa para tocarmos agora no programa?
MS: O problema é que eu não ouço música, eu foco toda a minha energia em criar música. Mas obviamente, quando eu era mais novo, havia um monte de músicas que eu gostava muito, e era todos os melhores guitarristas dos anos 60. Mas alguns que se destacavam, como o Jimmy Page, Jeff Beck, Eric Clapton, Rory Gallagher, Johnny Winter… para citar alguns, mas havia um monte de bons guitarristas que me inspiraram a seguir com esse Metal distorcido, esse som mais Heavy Rock. Então eu diria Scenes from an Imaginary Western, do Mountain, é uma música lenta, mas tem uma guitarra linda. E, é claro, The Immigrant Song, do Led Zeppelin, eu diria uma das duas.
Eu não ouço música, eu foco toda a minha energia em criar música”
W (NM): Michael, você se lembra da primeira vez que você viu ou tocou com Phil Mogg, Pete Way e Andy Parker e como foi o convite para tocar no UFO?
MS: Nós estávamos fazendo uma turnê, o Scorpions e o UFO, e o UFO não tinha um guitarrista, não sei o que aconteceu, mas por alguns dias eles tocaram sem um guitarrista, e o único jeito de não cancelarem os shows e podermos continuar era eu tocar nas duas bandas – Scorpions e UFO. E quando a turnê acabou, o UFO me chamou para a banda.
W (DD): E Michael, você influenciou muitas bandas importantes e guitarristas no mundo todo, e ainda influencia. Como você se sente sendo um modelo para artistas tão importantes e talentosos?
MS: Eu me fascino com a criação de música e com o que pode ser feito com uma única corda, e é aí que está a minha paixão. É o que eu amo fazer, tocar e descobrir. Mas é claro, é a cereja do bolo quando você começa a ser reconhecido neste nível, o que eu nunca imaginei. Nunca pensei em nada, só estava sendo eu mesmo, criando música e amando. E, é claro, quando você ouve coisas assim é fantástico, é a cereja bolo, é algo extra.
W (NM): E Michael, deixe-me perguntar uma coisa: quando o Joe Perry saiu do Aerosmith e Mick Taylor saiu do Rolling Stones e o Randy Roads morreu, você era a primeira escolha de todos estes artistas para entrar nas bandas. Como você se sentiu na época e como você se sente de ter sido a primeira escolha de todos esses grandes talentos?
MS: Bom, na verdade o Deep Purple também me chamou, antes deles chamarem o Joe Satriani. A verdade é que eu sempre me senti tentado a aceitar parte disso e ir, mas algo sempre me disse: “Não vá, não vá, você tem a sua própria coisa, você tem que preencher sua própria versão e seus sonhos, e você tem que experimentar com a sua música, você tem que desenvolver e experimentar” e tudo o mais, o que eu não poderia ter feito com eles. Mas fiquei muito lisonjeado que eu deixei essa impressão para esses caras. O que eu posso dizer? Fiquei lisonjeado.
W (DD): E no mesmo tema: o que significou receber o prêmio Marshall 11, um prêmio dado a artistas e músicos que representam o excesso do Rock n’ Roll e viver sempre no limite?
MS: De novo, é algo que você não espera. Acontece do nada, de repente, e é um extra, um adicional. Eu amo tocar música e isso já é minha recompensa. Mas ganhar algo assim é a cereja do bolo, é um extra, é incrível.
W (NM): Então, Michael, conte-nos um pouco dos seus projetos para o futuro. Você tem algo, algum álbum de estúdio a caminho?
MS: Bom, nós lançaremos um novo álbum em novembro, essa é a última novidade que temos. Nós também gravamos um DVD que foi lançado em março, mas antes disso teve o álbum “Temple of Rock”. Então, esse álbum que vai sair em novembro é o mais novo que temos e vai ser chamado “Bridge the Gap”.
W (NM): Então espero que possamos entrevistá-lo de novo em novembro, ok?
MS: Sim, nós estamos planejando uma turnê mundial depois disso.
W (DD): E agora, olhando para essa carreira incrível e bem sucedida que você teve, ainda existe algo a atingir?
MS: Bom, o que estou fazendo agora é comemorar a era do Rock feito a mão. É algo muito gostoso de fazer.
Quando eu me junto a novos músicos, e a grandes músicos, é sempre um prazer, é sempre incrível e excitante”
W (NM): Michael, você pode escolher outra música, agora uma música da sua carreira, para ouvirmos no programa?
MS: Ok, eu escolho Before the Devil Knows You’re Dead.
W (DD): Michael, existiram muitos músicos incríveis na formação do MSG até agora, como o Carmine Appice, Herman Rarebell, Francis Buchholz, Pete Way, Billy Sheehan, Don Airey, Graham Bonnet… para citar alguns. Você pode compartilhas algumas memórias de ter tido a oportunidade de tocar com esses caras e o que isso significou pra você?
MS: Bom, isso nunca foi planejado, só aconteceu aos poucos, uma coisa levou à outra. Você não percebe que essas coisas estão acontecendo até você olhar para trás e ver que essas coisas realmente aconteceram. Então quando eu me junto a novos músicos, e a grandes músicos, é sempre um prazer, é sempre incrível e excitante tocar com eles, mas não acontece tudo de uma vez, acontece por partes. Então olhando para trás é incrível, não sei como aconteceu, mas aconteceu e é demais. Quando aconteceu de fato, foi uma coisa de cada vez, então não é tão impressionante como quando olhamos para trás.
W (NM): Ah sim, podemos imaginar. Então, Michael, eu não sei se você sabe, mas antes de todos os shows do Iron Maiden, tocam Doctor Doctor nos auto-falantes, e as luzes se apagam e todo mundo começa a gritar, é uma música muito boa. Você já viu isso acontecer?
MS: Eu nunca vi, mas já ouvi dizer.
W (DD): É uma experiência incrível estar na platéia quando Doctor Doctor começa, antes de um show do Iron Maiden. Você devia testemunhar, é incrível.
MS: É, é incrível que as pessoas façam isso, é o máximo.
W (NM): Nós estamos quase no fim da nossa entrevista, mas estou curioso em relação a uma coisa: você lançou um dos álbuns ao vivo mais icônicos de todos os tempos, o “Strangers in the Night”, do UFO. O que você se lembra daquelas noites? Se não me engano, o álbum foi gravado em Chicago e Louisville, certo?
MS: Sim, foi algo assim. Chicago com certeza e algum outro lugar.
W (NM): E como foram aquelas noites? Eu ainda escuto este álbum e é incrível ver como a banda estava em forma.
MS: Bom, o que eu posso dizer? Eu sempre tentei manter a forma. É a química e especialmente o produtor, Ron Nevison, ele foi uma parte muito importante do UFO.
W (DD): Muito bom, Michael, muito obrigado pelo seu tempo. Podemos convidar todos os fãs brasileiros de Rock n’ Roll para esses shows incríveis que vocês farão aqui no próximo mês?
MS: Sim, todo mundo, venham ver esse show! Vai ser logo, então “Rock on”!
W (NM): OK, o Sr. Michael Schenker no Wikimetal, muito obrigado, você é um dos mais importantes guitarristas da História do Rock. Muito obrigado por falar com a gente.
MS: Muito obrigado.
W (DD): Tchau, tchau, Michael.
W (NM): Nos vemos no Brasil!
MS: Tchau, tchau!
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