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Entrevista com Kurdt Vanderhoof (Metal Church)

Todos estamos ansiosos para fazer músicas novas. Tem uma boa chance de ficarmos na cena por bastante tempo.”

Kurdt Vanderhoof: Olá?

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi, posso falar com o Sr. Kurdt Vanderhoof, por favor?

KV: É ele mesmo!

W (DD): Oi, Hurdt, aqui é o Daniel, do Wikimetal, no Brasil. Como você está?

KV: Bem, cara, como você está?

W (DD): Muito bem. Vocês estavam tocando guitarra, ensaiando ou algo assim?

KV: Ah, sim, nós estávamos escrevendo o novo álbum do Metal Church.

W (DD): Ah, então vamos começar por isso! Vocês estão escrevendo o novo álbum, isso é absolutamente fantástico!

KV: Legal! Sim, esperamos que sim, estamos trabalhando nisso.

W (DD): Então, até agora vocês já tem algo escrito, uma ou duas músicas?

KV: Temos umas cinco músicas. Cinco canções estão escritas agora.

W (DD): Excelente, excelente. Já estou ansioso.

KV: Legal, vai ser divertido.

W (DD): Kurdt, nós vamos falar de todas as coisas fantásticas que vocês têm feito durante todos estes anos, mas para começar gostaria de perguntar sobre a reunião no 70.000 Tons of Metal. Podemos dizer que o Metal Church está de volta regularmente a partir de agora?

KV: Sim, em grande parte sim. Quero dizer, essa é a ideia, todo o término… Você sabe, a maioria dos rompimentos são a razão para a banda voltar. Mesmo quando eu acabei com ela, há 5 anos, eu sabia que era algo para o qual voltaríamos e faríamos de novo. Mas agora estamos abordando as coisas de uma maneira diferente, vamos começar a fazer as coisas de um jeito novo, não vamos tentar fazer tudo como nos velhos tempos, que é uma das razões pelas quais nos desgastamos há alguns anos. Então o jeito que estamos abordando as coisas é: estamos fazendo tudo nós mesmos e estamos fazendo tudo o que faz sentido, não só… você sabe, é difícil explicar, mas basicamente nós vamos começar colocando nosso álbum na minha gravadora, estaremos no controle de tudo. Então isso vai nos dar alguma longevidade, nós vamos nos aproveita do jeito que a nova indústria musical é. Então, sim, isso faz as coisas ficarem excitantes e todos estamos animados, ansiosos para fazer músicas novas. Tem uma boa chance de ficarmos na cena por bastante tempo. Algumas pessoas não vão ficar muito felizes com isso, mas… é o que é.

W (DD): Bom, nós estamos, estamos muito felizes. E já que você mencionou o cruzeiro, como foi tocar em um navio com tantos fãs de Metal no cruzeiro?

KV: Foi uma experiência demais. É algo que nunca pensei que fosse fazer. É uma coisa que eu guardo comigo… foi muito bom, pois também tocamos bem. E, você sabe, todas aquelas pessoas, fomos muito bem recebidos, então foi muito divertido. E é isso que nos solidificou para voltarmos – sim, vamos fazer um novo álbum – e tudo o mais. Então, sim, foi uma experiência muito boa. Mas foi um pouco estranho, porque você está tocando o palco e é grande… tem muitas pessoas lá e de repente tudo começa a se mexer, pois é em um navio, e você esquece que está no meio do oceano em um navio enorme. Você está tocando e de repente tudo começa a balançar de um lado para o outro, você começa a pensar que vai desmaiar. E aí você pensa “espera um minuto… isso é um barco!”. Então essa experiência foi muito estranha. Mas, cara, eu vou te dizer.. foi uma experiência interessante.

W (DD): Isso parece demais, estou ansioso pra isso. Talvez ano que vem eu vá, deve ser muito, muito legal.

KV: Sim, isso é muito legal.

W (DD): Vamos voltar para o começo da sua carreira. Você se lembra de como a música entrou na sua vida, especialmente o Heavy Metal?

KV: O Heavy Metal não, mas eu comecei a ouvir música muito, muito cedo. Meus pais tinham uma estação de rádio no começo dos anos 60, quando eu nasci. Então eu gostava muito de música. Bom, minha primeira memória é escutar os Beatles, é disso que me lembro. E foi quando tudo começou, pois meus pais trabalhavam em uma estação de rádio. Mas naquela época, no começo dos anos 60, não estavam tocando discos de Rock n’ Roll, tocavam música adulta contemporânea nesta época, como Percy Faith… Então eles estavam ganhando discos de Rock n’ Roll para promover e meu pai acabou trazendo um para casa, para mim, então eu comecei a gostar muito cedo. Então… o Heavy Metal, não sei, acho que foi uma evolução natural do punk de primeira geração que eu estava fazendo.

W (DD): Muito bom, muito bom. E agora, falando do início do Metal Church, os primeiros dois álbuns da banda foram ótimos e todos fizeram sucesso, especialmente “The Dark”, o segundo… O que você mais lembra desta época?

KV: Só muita animação. Digo, tinha muita animação porque estava dando certo e era uma época muito boa para a música, tinha um presságio para toda a coisa do Metal, tinha uma cena, sabe, as gravadoras estavam procurando por bandas assim, e as coisas estavam deslanchando e ficando nacionais, e parte disso era demais. Mas ao mesmo tempo, para mim, foi uma época muito interessante, porque eu tinha tudo isso acontecendo, com a banda fazendo sucesso e tudo, e eu estava sendo puxado mais para o lado das coisas de estúdio, que, todo mundo sabe, foi porque eu deixei a banda. Mas fiquei como compositor e trabalhei nos álbuns. Foi uma época muito boa, de muito aprendizado. E foi excitante e sabe, aquele momento na sua vida em que você percebe como seu caminho vai ser… então foi ótimo, ótimo mesmo.

Metal Church sempre se manteve muito musical. E acho que parte disso seja ter diversas mudanças, diferentes pessoas entrando e tocando”

W (DD): Muito bom. Kurdt, nós temos uma pergunta clássica no programa que fazemos a todos os convidados, que é: imagine que você está ouvindo seu iPod no shuffle, e há um monte de músicas de Heavy Metal, ou que você está dirigindo seu carro e ouvindo a uma estação de rádio. E então, de repente, começa a tocar uma música que o faz perder a cabeça e você sente que precisa balançar a cabeça imediatamente, independente de onde está, você não consegue se controlar. Que música seria essa para ouvirmos agora no programa?

KV: Ah, me dê um tempo para pensar, porque essa é uma ótima pergunta, porque isso acontece toda a hora comigo.

W (DD): OK, OK.

KV: Ah… cara… Não sei, tem que ser Heavy Metal, ou pode ser uma boa música de Hard Rock que eu lembro de quando criança?

W (DD): Sim, claro, Hard Rock também.

KV: Ah, cara… Toda vez que eu ouço… ah, cara, tem tantas!

W (DD): Todo mundo pra quem perguntamos isso tem a mesma reação.

KV: OK, legal. Vou dizer algumas delas agora, só para tirá-las da cabeça. Snorting Whiskey, do Pat Travers, quando começa a tocar é como… você está dirigindo na estrada, abaixa a janela e é… Snorting Whiskey! Ela tem muita atitude, não é uma música de Metal, mas é uma boa música de Rock. De Metal teria que ser… Ah, meu Deus.. Wheels of Steel, do Saxon. Essa é uma boa.

W (DD): Essa é uma ótima.

KV: Sim, Wheels of Steel. Quando essa banda toca… cara, Saxon é uma banda muito subestimada. Eu teria que dizer Wheels of Steel, do Saxon.

W (DD): Perfeito, perfeito. Apesar de todas as mudanças na formação da banda, todos os álbuns foram vistos positivamente pela crítica. Você acha que o fato de que diversos músicos contribuíram de diferentes formas foi importante para a banda atingir grande qualidade em todos os álbuns?

KV: Sim, gosto de pensar que sim. Quero dizer… na verdade, eu estava ouvindo agora há pouco – e eu não devo ter feito isso nem antes do álbum estar pronto – mas eu estava ouvindo as músicas do “Hanging in the Balance”. Eu tive que evitar completamente este álbum, só por causa de muitas coisas que estavam acontecendo naquela época, sabe, problemas de gerenciamento, trapaças, e todo esse tipo de coisa. Era o fim da banda, então esre álbum tinha essa sensação estranha, para mim. E o som estava mixado errado. Mas eu estava escutando a algumas músicas do álbum e fiquei impressionado com o quão musical era, e eu imaginei se isso era uma das coisas que estava machucando a banda, ou não. Nas críticas algumas pessoas realmente gostaram daquilo. Então eu acho que o fato de o Metal Church sempre… nós começamos como uma coisa Thrash e tínhamos este elemento. Acho que o Metal Church sempre se manteve muito musical, pelo menos tentamos. E acho que talvez parte disso seja ter diversas mudanças na composição da banda e diferentes pessoas entrando e tocando, acho que isso contribui também, mas acho que também foi o de que o Metal Church sempre teve uma abordagem muito musical. Apesar de termos nos virado para o Thrash e esse tipo de coisa, acho que progredimos para uma coisa mais pesada, mais melódica e mais musical. Até um pouco progressivo em alguns pontos. Mas não sei, acho que a música sempre foi a primeira coisa, a coisa mais importante para nós. Então, você sabe, melhor ou pior, é o que eu penso.

W (DD): Sim, muito bom, muito bom. Eu sei que você esteve ocupado com a sua banda atual Presto Ballet, que já está ativa há algum tempo agora. Você considera manter as duas bandas ativas e trabalhando simultaneamente?

KV: Ah, com certeza. Definitivamente, as duas bandas vão ser muito ativas. Eu tenho que manter a Presto, porque ela é uma grande paixão para mim e eu realmente quero levar isso adiante e sair e começar a tocar. O problema é que é um mercado de nicho, não há muito pra onde voarmos – pelo menos na América. E para irmos para a Europa, onde talvez tenhamos público, é muito caro, não conseguimos bancar isso agora. Porque teríamos que sair algumas vezes e vai custar muito dinheiro para começarmos; por outro lado, com o Metal Church, nós já temos uma base de fãs e as pessoas aparecem, então nós não temos que… nós conseguimos pagar tudo isso, mas com Presto não podemos, não conseguimos até agora. Então esse é definitivamente um objetivo sério, ir atrás das coisas com a Presto e torná-la mais visível. Então, assim que o álbum do Metal Church estiver pronto eu vou trabalhar em um novo álbum do Presto também.

W (DD): Excelente. Vocês têm planos de tocar o “The Dark” ao vivo na íntegra?

KV: Já pensei nisso. Nós estávamos pensando nisso, porque íamos fazer mais uma turnê do primeiro álbum na Alemanha, mas acho que não vamos, não faremos isso nunca mais, tocar o primeiro álbum. Nós temos o setlist das melhores músicas que tocamos no navio em dois setlists – um era dos maiores sucessos e o outro era o primeiro álbum que vocês conhecem. E os maiores sucessos eram tão bons, que vamos adicionar mais coisas a ele. Então, fazer o primeiro álbum, acho que vai ser a última vezes pra nós, a não ser que seja uma ocasião muito especial.

Nós todos sabíamos que íamos voltar em algum momento”

W (DD): Muito bom. E já que você mencionou os set lists, nós estamos muito animados para o show de vocês aqui em São Paulo, no dia 14 de abril no Festival Live and Louder. O que os fãs podem esperar do Metal Church nessa noite e você pode dar alguma dica sobre o set list?

KV: Ah, vão ser as óbvias, cara, o set list das melhores. Obviamente, nós não tivemos nenhum grande sucesso, mas vão ser as coisas mais populares, são 4 músicas do primeiro álbum, 3 do segundo, duas do “Blessing” e umas duas do “The Human Factor”, então acho que cobre tudo. Então vai ser uma noite incrível, simplesmente incrível.

W (DD): Muito bom, nós estamos muito ansiosos esperando por esse dia.

KV: Eu mal posso esperar pra chegar aí também, nós esperamos por muito, muito tempo para chegarmos aí, então o fato de que finalmente poderemos ir e fazer um show grande. Nós estamos muito animados para isso, porque a partir do momento que fazemos isso uma vez, poderemos ir de novo e fazer uma turnê pequena.

W (DD): Com certeza. E vai ser um festival incrível com Twisted Sister e Sodom e vai ser demais. Agora, você pode escolher uma música que você tenha muito orgulho de ter feito parte, que você gravou ou escreveu, para a gente ouvir agora?

KV: Do Metal Church?

W (DD): Sim, isso seria ótimo.

KV: Uau, cara… deixe-me pensar, deixe-me pensar. Não sei… Beyond the Black eu acho, realmente gosto dessa música.

W (DD): Estamos quase chegando no final da nossa entrevista, Kurdt, mas antes disso, deixe-me perguntar uma coisa, é só uma curiosidade. Em 2009 vocês encabeçaram o Killfest Tour com o Overkill na Europa, e de repente a banda se separou e naquela época pareceu que era o fim da linha. Logo depois da separação, você considerou a volta ou a ideia de reunir todo mundo só veio alguns anos depois?

KV: Bom, quando a banda acabou sabíamos que eventualmente iríamos voltar, todos sabíamos disso, nós realmente precisávamos de uma pausa. Então talvez ter acabado com ela na época – todo mundo já estava desgastado, muitas merdas não funcionavam, estava uma bagunça – foi “OK, cansamos”. Acho que no fundo sabíamos que íamos voltar, porque não teve nada a ver com problemas internos, não tinha nada a ver com a gente, com a nossa convivência ou como trabalhávamos juntos, teve a ver com influências de fora, como o jeito que estávamos marcando as turnês, coisas assim. E nossa gravadora na época estava falindo, por causa das mudanças na indústria, então as coisas estavam mudando, as coisas não estavam funcionando. Então, sim… chegou em um ponto em que pensamos: “antes que a gente mate essa coisa e acabe com ela para sempre, vamos romper agora”. Nós todos sabíamos que íamos voltar em algum momento. E acho que todo mundo faz isso agora, mas certamente não foi uma jogada de marketing ou algo assim, porque estava acabado de verdade por um tempo, mas acho que todos nós sabíamos.

W (DD): Excelente. E esperamos que vocês realmente estejam de volta na ativa.

KV: Acho que do jeito que conseguimos fazer as coisas agora, com a indústria, nos permite fazer as coisas nós mesmos. Como eu disse, nós estamos colocando os álbuns na minha gravadora, vamos fazer tudo no nosso ritmo, vamos fazer tudo do nosso jeito, e não vamos deixar ninguém dizer o que temos que fazer e como devemos fazer. Então isso por si só já vai fazer diferença, é muito mais apelativo, e é muito mais excitante quando você pensa nesses termos. Essa é uma das coisas que eu amo, finalmente chegar em acordo com a nova indústria. Foi difícil por um tempo, mas o jeito que as coisas estão agora… é muito legal.

W (DD): Muito bom, Sr. Kurdt Vanderhoof, do Metal Church, foi muito bom falar com você, um prazer tê-lo no nosso programa, foi demais, nós estamos ansiosos para o show no 14 de abril, no Festival Live and Louder com Metal Church, vai ser incrível. Por favor, você pode deixar uma mensagem final para todos os fãs de Metal do Brasil que estão escutando?

KV: Obrigada por terem sido tão pacientes, mal podemos esperar para chegar aí, e fazer as coisas acontecerem, para podermos voltar! Estamos muito, muito animados. Nós esperamos para ir para o Brasil – eu, pelo menos – por anos e anos, então vai ser um evento enorme para o Metal Church, estamos muito ansiosos.

W (DD): Muito obrigado, Kurdt, e conte com o Wikimetal quando precisar promover algo aqui no Brasil, tanto para o Metal Church como para os seus projetos solo, pode contar com a gente, vamos manter contato.

KV: Eu queria realmente fazer algo do Presto aí, seria incrível.

W (DD): Sim, com certeza, vamos trocar e-mails e podemos promover o Presto aqui no Brasil.

KV: Excelente, cara. Demais.

W (DD): Muito bom. Muito obrigado, Kurdt.

KV: Com certeza, obrigado, cara.

W (DD): Tchau.

KV: Tchau.

Ouça o episódio completo:

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