Queremos atingir os fãs de Lamb of God e dar algum tipo de alívio de suas situações através da nossa música”

W (Nando Machado): Olá, John.

John Campbell: Estou bem, e você, cara?

W (NM): Bem, cara, é um prazer falar com você. Como você está?

JC: Estou bem, cara. Estou em casa, nós temos um intervalo antes de ir para a Ásia.

W (NM): Então, só para começar, conte como vocês escolheram o nome da banda. Foi por causa dos problemas que tiveram no começo da carreira com “Burn the Priest”?

JC: O problema que tivemos é que as pessoas pensavam que éramos uma banda satânica, elas nos descartavam sem nem prestar atenção. E eu fiquei frustrado, considerando todo o esforço que tivemos. Então começamos a pensar em mudar o nome e fomos para o lado oposto. Muita gente acha que somos uma banda cristã, mas na real acho que talvez seja mais ofensivo se chamar de salvador de uma determinada religião. Mas agora são águas passadas.

W (NM): Então, quando vocês começaram, quais eram suas principais influências?

JC: Nossas principais influências eram o Heavy Metal clássico; O começo de Metallica, Slayer, Megadeth. Bastante Punk Rock também e a cidade de onde somos, Richmond, Virginia, tem uma cena musical bastante forte que definitivamente nos influenciou.

W (NM): O que você acha sobre o termo New Wave of American Heavy Metal?

JC: Eu não penso muito sobre isso. Alguém decidiu colocar um nome para amontoar um grupo de bandas em um só movimento, mas não é como se fizéssemos reuniões, nem nada assim. Alguém só criou um rótulo para descrever todas as bandas com as quais nós tocávamos em porões por muitos anos. Então eles criaram o “New Wave of American Heavy Metal”. Bom, sendo um músico auto centrado, gosto de pensar que somos uma grande banda deste movimento. Mas também há outras como Shadows Fall, Killswitch Engage, All That Remains, e outras bandas com quem também fizemos turnês. Nessa época de turnês em porões acho que o Doc ainda estava no colegial, tínhamos acabado de nos formar. Doc do God Forbid tinha cabelos ruivos quando tocamos com eles.

W (NM): Mudando de assunto, nós temos uma pergunta clássica no programa, uma que perguntamos a todos os entrevistados. Se imagine no seu carro, com seu iPod no shuffle, e uma música começa a tocar, e você não pode se conter em balançar a cabeça; que música seria essa, para ouvirmos no programa agora?

JC: Uma banda chamada Black Mountain e esta música se chama Bright Lights, eu ouço no carro com meu filho toda hora. Ela é bastante calma no começo, mas quando dá no tranco, eu e meu filho ficamos loucos no carro.

Entrevista John Campbell - Lamb of God

Não sei qual é o segredo para manter sempre os mesmos membros, mas se tiver que adivinhar diria que é a paixão pelo que fazemos.”

W (NM): Então, voltando da música, como você descreveria o estilo musical do Lamb of God?

JC: Me fazem muito esta pergunta e eu só digo que somos Heavy Metal. Existem muitos subgêneros do Metal e acho que muita gente não entende muito dos gêneros. Por isso eu gosto mesmo é de tocar com a minha banda e fazer uma música que, pra mim, é Heavy Metal.

W (NM): Conte-nos um pouco sobre o álbum recém-lançado, Resolution; há algo em particular que queira compartilhar com os ouvintes sobre este álbum?

JC: Ah, é um álbum de Metal. Estou só brincando. É nosso mais novo álbum e estamos incrivelmente orgulhosos dele. É cliché falar isso porque toda vez que uma banda lança um novo álbum, eles falam que é a melhor coisa que já fizeram, que soa melhor que tudo antes. Mas, honestamente, eu senti isso com todos os álbuns e esse álbum supera tudo o que já fizemos. Nós continuamos crescendo como músicos e compositores e o Randy está escrevendo e dá muito certo. Acho que ele realmente brilha neste álbum, acho que este é o melhor álbum que o Randy Blythe já fez em toda a sua vida. E ele está focado neste álbum, supera tudo o que ele já fez.

W (NM): Você concorda que o som do Resolution soa um pouco como os primeiros álbuns do Lamb of God?

JC: Talvez as letras das músicas são parecidas, mas eu realmente sinto que o som, a produção do som está muito longe das nossas primeiras músicas. Parece que as pessoas realmente se apegaram a um som de nossos velhos álbuns. Eu tenho estado muito envolvido na produção, e eu nunca ficava completamente satisfeito com a produção de um álbum. Mas esse álbum supera na sua produção. Do jeito que soa, acho que está a quilômetros de distância de tudo o que já fizemos. Mas definitivamente há músicas mais antigas, mais Punk Rock, coisas que lembram nossos trabalhos antigos, mas ainda somos os mesmos caras na banda. Nós somos bastante focados no que fazemos e há diferentes aspectos da nossa personalidade na música. Mas como ainda são os mesmos caras na banda, é normal fazermos músicas que lembrem algo que era antigo.

W (NM): Falando sobre os membros da banda, qual é o segredo para manter os mesmos membros da banda por tanto tempo?

JC: Não tenho ideia, cara. Acho que quando estamos no palco tocando juntos, vivemos para isso. Não conseguiria me imaginar tocando sem eles. Apesar de sermos conhecidos por ter brigas, e coisas idiotas acontecerem regularmente. Não sei qual é o segredo, mas se tiver que adivinhar diria que é a paixão pelo que fazemos.

W (NM): Uma vez fiz a mesma pergunta ao Tom Araya e ele disse que o segredo era ter que lidar com os problemas dos outros.

JC: Sim, isso é verdade e o Tom Araya é uma pessoa incrível. Seria incrível imaginar como é a personalidade dele no palco.

Se alguém quer pensar que o Heavy Metal só era bom nos anos 80, eu não dou a mínima.”

W (NM): Você pode falar sobre o novo documentário que vocês vão filmar no final deste ano? É verdade que os fãs podem participar e, se sim, você pode nos falar como os fãs podem participar no DVD ou Blu-ray, etc?

JC: Claro, claro. Tem uma coisa, o filme não é tanto sobre nós, como é sobre os fãs e seu relacionamento com a música. Creio que em algum lugar do site fãs podem se cadastrar para fazer parte do filme, pois temos a visão de falar com fãs de todas as partes do mundo. Queremos conseguir atingir os fãs de Lamb of God e dar algum tipo de alívio ou escape de suas situações através da nossa música. O filme é realmente sobre os fãs, não sobre nós… E se alguém tem interesse tenho certeza que as informações sobre como enviar seu cadastro estão no site.

W (NM): Vou pedir para você escolher uma música de novo; desta vez você pode escolher uma música da sua banda que você tem muito orgulho de ter escrito?

JC: Bom, primeiro vou esclarecer algo, a banda escreve e compartilha os créditos das músicas, mas nossos principais compositores são o Mark e o Willie. Então, não poderia dizer que escrevi esta música, mas “The Number 6” é uma música muito legal e se você ouvir o baixo vai me ouvir.

W (NM): O que você diria aos fãs de Metal que acham que o Heavy Metal só era bom nos anos 80 e que não há bandas boas por aí?

JC: Bom, essas bandas são as que ouvimos, são de onde nós viemos, mas honestamente, se alguém quer pensar isso eu não dou a mínima, eles podem fazer o que quiserem. Eu tenho orgulho e fico maravilhado com o que nós fazemos e é ótimo, se as pessoas não gostam ou têm opiniões diferentes, isso é ótimo, cara, faça a sua coisa, fique à vontade.

W (NM): Sim, eu penso o mesmo. Outro dia perguntei a Sam Dunn a mesma coisa e ele disse Lamb of God é a prova viva de que o Heavy Metal nunca morreu e nunca vai morrer e nós concordamos totalmente. Então, na sua opinião, quais são as melhores bandas que apareceram no mundo nos últimos dez, quinze anos?

JC: Ah, cara… Essa é difícil.

W (NM): Você mencionou Black Mountain, é uma ótima banda, certo?

JC: Sim, eu comecei a gostar muito de Black Mountain por um tempo, eles têm dois álbuns, os dois bons. Uma banda que comecei a ouvir agora é Graveyard, eles são suecos. São da Nuclear Blast Records, e um dia eu estava trabalhando em casa, em Richmond, Virginia e um amigo me mostrou o álbum deles. Está se tornando minha banda preferida rapidamente.

Estamos animados para tocar no público do Brasil, que é maluco”

W (NM): Falando dos shows que vocês farão aqui no Brasil, o que os fãs podem esperar destes shows com Hatebreed e Lacuna Coil?

JC: Uma coisa é que estas três bandas são conhecidas por serem muito competitivas em shows com outras bandas e por tentarem se sair melhor do que as outras. Três bandas que pegam pesado fazendo shows em uma noite. Infelizmente para Lacuna Coil e Hatebreed, nós somos a atração principal e vamos ganhar. Mas vocês têm que vir nos ver, estamos muito animados para voltar para a América do Sul, estamos há muito tempo na estrada e fazendo uma turnê interminável nos EUA, não fizemos shows o bastante na América do Sul, nós estamos animados para ir e tocar nossas músicas para todos aí, o público da América do Sul, especialmente o Brasil, que é maluco.

W (NM): O que você se lembra do último show de vocês aqui?

JC: Muita gritaria, eu me lembro de jovens gritando muito… A energia aí é altíssima, é ótimo.

W (NM): Me lembro que vocês também fizeram uma sessão de autógrafos, certo?

JC: Se você diz que fizemos, eu acredito.

W (NM): Ok. Então, como esse é um dos shows mais esperados do ano, na minha opinião, você pode deixar uma última mensagem para todos os headbangers brasileiros?

JC: Claro. Venham todos, vamos nos divertir e venham se juntar aos seus irmãos do Metal e ter uma noite que espero que lembrem muito depois desse dia.

W (NM): Excelente, John. Estarei lá no show, então espero encontrá-lo no camarim, talvez trocar algumas palavras e beber umas cervejas. Eu realmente estou ansioso para o show. Gostaria de agradecê-lo antes de terminarmos, realmente queria agradecê-lo e todos os membros da banda por tudo o que vocês estão fazendo, pois como um fã de Metal nos últimos trinta anos, realmente acho que estas bandas como Lamb of God e outras realmente são responsáveis por manter o Metal vivo e manter o alto nível de qualidade na música. Quando ouvimos a Resolution, por exemplo, podemos ver que esta banda é tão boa quanto qualquer outra mais antiga ou ainda melhor; Lamb of God é prova viva de que o Heavy Metal nunca vai morrer e está mais forte do que nunca. Muito obrigado pelo seu tempo, cara.

JC: O prazer é meu, você está me fazendo corar. Mas obrigado, cara, eu agradeço.

W (NM): Ok, John, então nos veremos em São Paulo no dia 31 e todos os headbangers brasileiros vão estar lá com certeza.

JC: Estou ansioso.

W (NM): Ok, obrigado pelo seu tempo de novo, até logo, cara.

Categorias: Entrevistas

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