Eu nunca me senti como um deus do metal, mas, sabe, é legal que as pessoas se referem aos membros do Judas Priest como deuses do metal.”
Glenn Tipton: Oi Nando.
Wikimetal (Nando Machado): Oi, Glenn?
GT: É o Glenn.
W (NM): Olá, Sr. Glenn Tipton, é uma verdadeira honra recebê-lo no nosso programa, muito obrigado pelo seu tempo.
GT: É uma honra participar do seu programa.
W (NM): Ah, muito obrigado. Em primeiro lugar, deixe-me me apresentar. Eu sou um dos apresentadores do Wikimetal, o podcast número um de Heavy Metal no Brasil. Nós amamos a sua música há 30 anos, então eu gostaria de agradecê-lo por tudo o que você fez pelo Heavy Metal.
GT: Muito obrigado, isso significa muito para mim.
W (NM): Então começando, você poderia falar sobre as suas influências musicais?
GT: Bom, as minhas influências começaram muito tempo atrás, anos e anos atrás. Blues, muito blues… Eu acho que provavelmente o meu irmão foi o responsável por eu começar a tocar guitarra. E o primeiro guitarrista que me impressionou foi o Rory Gallagher. Eu costumava ir a um pequeno clube em Birmingham chamado “Lovers”, e ver esse cara tocar guitarra. E a energia que ele tinha realmente me inspirou a aprender guitarra para valer. E o único outro guitarrista que mudou meu mundo foi o Hendrix. Eu vi o cara pegar o blues e transformá-lo, e esse trabalho de progressão sempre me interessou e me intrigou, sabe? Levar a música a uma nova dimensão. E ele fez com que tantas músicas boas fossem criadas naquela era, então essas foram minhas principais inspirações.
W (NM): Você concorda que você e o K.K. criaram o estilo das guitarras gêmeas solo que influenciou tantas bandas?
GT: Sim, nós trabalhamos muito na aplicação das duas guitarras na banda. Você tem um ritmo estéreo muito, muito bom e poderoso, ou quando um está como principal, você ainda tem as cordas da guitarra de ritmo por trás, ou você pode alternar, fazer harmonias rápidas, ou harmonias lentas, ou melodias… Te dá muita mais versatilidade, e nós trabalhamos muito na aplicação desse estilo de guitarra através dos anos.
W (NM): Como é ser um Deus do Metal?
GT: Eu nunca me senti como um Deus do Metal, mas, sabe, é legal que as pessoas se referem aos membros do Judas Priest como Deuses do Metal. Eu tenho muito orgulho do que nós fizemos pelo Metal, e espero que, ao longo do caminho, nós tenhamos inspirado muitos jovens alunos a pegaram a guitarra e tocaram eles mesmos. Nós sempre lutamos pelo Heavy Metal, como você sabe.
W (NM): Já que você mencionou isso, você poderia deixar uma mensagem para todos os jovens que estão pegando a guitarra e começando bandas? O que você diria para eles?
GT: Eu diria trabalhe duro, pratique muito, mas acima de tudo seja você mesmo. É muito importante que você tenha um estilo reconhecível e uma característica muito forte no seu modo de tocar guitarra. E também é muito importante que a banda tenha essa mesma característica e peculiaridade, e quando você tem essa característica e força de caráter, sempre nutra isso e trabalhe para expandir isso. Seja você mesmo e trabalhe em ser você mesmo, porque essa é a coisa mais importante para o sucesso, eu acredito.
W (NM): Quão importantes são os videogames para vocês promoverem as suas músicas para as gerações mais novas?
GT: Eu acho que é uma coisa boa. Sabe, eu não gosto muito de videogames, eu sempre acreditei que você deveria encontrar mais coisas para fazer do que ficar sentado na frente da televisão o dia todo, mas é o que as crianças gostam, e eu acho que o principal é que é ótimo ter um videogame que é baseado na música. A maioria dos videogames é baseado em violência, sabe, então eu acho que é uma coisa boa. E é um modo muito bom para as crianças serem introduzidas ao Judas Priest.
W (NM): Tem uma pergunta clássica no nosso programa, uma que nós fazemos a todo mundo, todas as pessoas que nós entrevistamos: suponha que você está em casa ouvindo o seu iPod no shuffle, ou o rádio, e começa a tocar uma música que você não consegue parar de headbangear, onde quer que você esteja. Que música seria essa para que nós possamos ouvi-la agora?
GT: Ah, eu não consigo pensar em nenhuma música em particular… Você diz uma música de Heavy Metal?
W (NM): Sim.
GT: Eu acho que uma das minhas preferidas de todos os tempos é a “Paranoid”, do Black Sabbath. Essa ainda me faz headbangear depois de todos esses anos.
W (NM): Muito bem. Alguma versão específica?
GT: Não. Toque a versão original, que eu acho incrível.
W (NM): Muito bem, nós vamos ouvir essa agora, OK? Obrigado.
Eu tenho muito orgulho do que nós fizemos pelo metal, e espero que, ao longo do caminho, nós tenhamos inspirado muitos jovens. Nós sempre lutamos pelo heavy metal.”
W (NM): Então, você já tem planos para sua carreira solo depois da turnê?
GT: No momento, como você deve imaginar, eu estou completamente focado no Priest. O Priest é a paixão da minha vida, musicalmente. Eu fiz dois solos, como você sabe, quando o Priest parou, e eu tive a turnê, então… Sabe, fazer turnês e nada mais. Escrever… Eu sou um cara um pouco politico quando escrevo… Foi uma coisa interessante para fazer na época, quando o Judas Priest não estava trabalhando. E trabalhar com esses grandes artistas, o John Entwistle e esses caras… Muitos dos jovens talentos de todas as partes dos Estados Unidos, foi uma grande experiência, e eu acho que nós fazemos álbuns solo para tirarmos algumas músicas do nosso peito, coisas que você não poderia fazer, por exemplo, no Judas Priest. Letras que provavelmente não seriam apropriadas, ou uma música específica que não seria apropriada para a banda. Então é uma coisa boa de se fazer, e eu gosto muito, eu fiquei muito orgulhoso de tocar com músicos tão bons. Mas o meu único interesse, no momento, é obviamente o Judas Priest, e é maravilhoso estar na estrada agora, tocando música do Priest, e todo mundo está se divertindo muito.
W (NM): Já que você mencionou isso, você é incrível, eu gosto muito dos seus álbuns solo. Você tocou com quatro dos maiores baixistas do mundo no mesmo álbum: Billy Sheehan, Robert Trujillo, Neil Murray e John Entwistle, sem falar do grande falecido Cozy Powell. Então como foi para você tocar com esses grandes músicos?
GT: Os dois maiores baixistas, para mim, são o John Entwistle e o Ian Hill. Foi maravilhoso tocar com o John, eu estava com o Cozy, e nós íamos fazer uma banda de três elementos, então nós estávamos procurando um baixista, e o nome do John foi sugerido, e nós tínhamos o mesmo agente, então eu enviei algumas faixas e o John as ouviu, voltou, e disse “Ei, eu adoraria fazer parte disso”. Mas ele era um músico incrível e uma pessoa muito, muito boa, foi maravilhoso trabalhar com ele.
W (NM): Você poderia escolher uma música do Judas Priest que você tem muito orgulho de ter escrito, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?
GT: Eu acho que uma música boa do Priest seria “The Hellion/Electric Eye”.
W (NM): Ah, eu concordo com você, Sr. Tipton. Vamos ouvir essa agora mesmo. Essa é mesmo a turnê de despedida, ou talvez vocês se reúnam dentro de alguns anos?
GT: É definitivamente nossa última turnê do mundo inteiro, sabe, se nós estivéssemos na idade certa, e se fosse por uma boa causa, nós consideraríamos fazer mais disso, mas nós não vamos fazer mais nenhuma grande turnê mundial. Uma turnê dessas dura de um ano a 18 meses, e nós fazemos isso há 40 anos já. Então nós vamos dar um tempo e pegar leve em relação às turnês, mas isso não é o final, de forma alguma.
W (NM): E os fãs podem esperar álbuns novos também?
GT: Nós começamos a escrever um pouco, e nosso problema no momento é arranjar o tempo para voltar para o estúdio e terminar de escrever e gravar. Então depende do cronograma da turnê, que está bastante pesado. Mas assim que nós tivermos a chance, vamos voltar para o estúdio.
W (NM): Relembrando, qual foi o ponto alto da sua carreira? Eu estava no Rock in Rio II. Foi o Rock in Rio II ou o US Festival, ou talvez algum outro? Qual foi o ponto alto da sua carreira?
GT: Eu acho que os três principais seriam o Rock in Rio, eu acho que o US Festival foi uma ocasião mágica, e eu também acho que o Live Aid foi, sabe, por uma razão muito especial, significou muito para nós, para todos que participaram do evento. Então esses três eventos, eu acho, foram muito importantes para o Judas Priest.
W (NM): Então eu acertei dois deles, certo?
GT: Sim. Muito bem!
W (NM): Obrigado. Temos uma pergunta que eu tenho certeza que você já respondeu muitas vezes, mas que todos os fãs gostariam de saber. Já que essa é a turnê de despedida, porque o K.K. não vai tocar até o fim da turnê?
GT: Foi uma decisão do K.K. de sair da banda, e ele nos informou em dezembro. Então, sabe, nós não fizemos nada por dois ou três meses, caso ele mudasse de ideia, mas ele estava decidido. E a escolha foi difícil para nós, nós tínhamos que terminar ou encontrar um guitarrista substituto para tocar na turnê do Judas Priest uma última vez, tocar música do Judas Priest para todo mundo aí. E pareceu que era isso que todo mundo queria, então nós começamos a procurar. Mas eu acho que se nós não tivéssemos encontrado o Richie, não estaríamos em turnê nesse momento, nós tivemos muita sorte de cruzar com o Richie, ele é um guitarrista excelente. Ele se adaptou a banda muito bem, então nós tivemos muita, muita sorte.
No momento, como você deve imaginar, eu estou completamente focado no Priest. O Priest é a paixão da minha vida.”
W (NM): OK. Nós o vimos tocando aqui no Brasil há alguns anos, com a banda da filha do Steve Harris, a Lauren Harris, então nós o conhecemos, ele é um cara muito legal. Para o Heavy Metal, é muito difícil ser mainstream, sempre foi. Mas com o Judas Priest foi sempre diferente, o Judas Priest sempre foi mainstream, sempre foi grande no mercado dos Estados Unidos, o que é sempre um desafio para as bandas. Qual você acha que é a razão do Judas Priest ser aceito na mídia mainstream? Especialmente, sabe, se você pensar na performance do American Idol, que foi ótima. Qual você acha que é o motivo para o Judas Priest ser aceito na mídia mainstream?
GT: Eu acho que… Quer dizer, eu não diria que o Judas Priest é exatamente mainstream. Sabe, nós nunca tivemos tudo isso comparado a todas essas bandas de Rock. Mas isso nunca nos incomodou, porque nós acreditamos no que nós fazemos, e nós sempre tivemos orgulho de ser Heavy Metal. Mas eu acho que tem a ver com as músicas, eu acho, sabe, algumas das nossas músicas são mais aceitáveis do que as das outras bandas, então nós tivemos mais sucesso em certas partes do mundo. E isso é uma coisa na qual nós sempre acreditamos, que você deve fazer o que você tem vontade, e é exatamente isso que nós somos, nós somos uma banda que faz o que quer, e nós quebramos as regras as vezes, e isso nunca nos incomodou. E eu acho que isso é o que nos faz ser um pouco mais aceitáveis em certas partes do mundo. E sim, o American Idol foi grandioso, e levou o Metal ao mainstream, e isso sempre foi… Sabe, nossa ambição é promover o Metal e levantar a bandeira do Metal, e quando nós tivemos a chance de tocar na frente de 30 milhões de pessoas, nós obviamente falamos “Isso é ótimo, vamos nessa. Vamos mostrar às pessoas o que o Metal é.”
W (NM): Em primeiro lugar, muito obrigado pelo seu tempo, eu sei que você é um homem muito ocupado. Nós estamos ansiosos para os shows no Brasil, estamos aqui para apoiá-los em tudo o que vocês precisarem, se vocês tiverem qualquer projeto depois dessa turnê de despedida, nós estaremos sempre aqui para promovê-los. Nós faremos um episódio especial do Judas Priest, onde vamos passar a entrevista. Então eu gostaria que você… Se você pudesse deixar uma mensagem convidando todos os seus fãs, todos os metalheads, todos os headbangers, todos os Wikimates para os seus shows no Brasil.
GT: Ah, é fantástico voltar para o Brasil, sabe, eu não estou falando isso da boca para fora, o Brasil é um dos nossos países preferidos para tocar, todo mundo é fã verdadeiro de Metal lá, eles apoiaram o Judas Priest através dos anos, eles amaram todas as vezes que nós tocamos lá. E nós mal podemos esperar para voltar e tocar Judas Priest e Heavy Metal, e curtir com todo mundo, então nós estamos ansiosos para alguns shows tremendos aí.
W (NM): OK, nós vamos ajudar a promover esses shows, nós realmente acreditamos que esse é o evento número um de Heavy Metal desse ano, então o Wikimetal estará lá, nós estamos ansiosos para os seus shows no Brasil. Muito obrigado, Sr. Tipton.
GT: Muito obrigado, cara. Foi um prazer.
W (NM): Cheers!
GT: Sim, cheers!
Ouça o episódio completo aqui.