Ícone do site Wikimetal

Entrevista com Fabio Ribeiro

O individualismo dentro de uma banda me incomoda. Eu acho que uma banda é uma máquina, uma engrenagem que deve funcionar como um todo”

Wikimetal (Daniel Dystyler): Fala moçada! Começando mais um episódio do Wikimetal, Eu, Daniel Dystyler, hoje estamos desfalcados de Rafael Masini, mas eu juntamente com Nando Machado temos um terceiro componente da mesa hoje que vai nos ajudar a conduzir o programa com maestria. É muito bacana, a gente tá honrado de ter aqui junto com a gente no Wikimetal Fábio Ribeiro, grande tecladista, né Nando?

Wikimetal (Nando Machado): Isso mesmo, estamos com convidado Fábio Ribeiro, ilustre tecladista, um dos grandes nomes desse instrumento que é um instrumento tão particular na história do rock, do Heavy Metal, é um instrumento que algumas bandas não tem outras bandas não conseguem viver sem, mas vamos falar tudo sobre os teclados, quem são os grandes mestres, as grandes influências de Fábio Ribeiro, esse cara que passou por mil bandas no Brasil, né Fábio? E aí, tudo bem?

Fábio Ribeiro: Tudo bem galera? Beleza?

W (DD): Uma honra ter Fábio aqui com a gente, vai ser muito bacana, você vai nos ajudar a conduzir o programa, você vai ver que é um bate-papo bem descontraído mesmo, você vai nos ajudar a chamar quadros, escolher músicas, e principalmente falar desse tema que você entende tanto. A gente mais leigos, eu e o Nando sobre os teclados, a influência deles na história do Metal, na história da música, na história do rock. Acho que vai ser muito bacana.

FR: Valeu.

W (NM): É pra começar queria que você contasse mais ou menos como você entrou em contato com a música e em particular com o Heavy Metal.

FR: Bom, com a música foi bem cedinho, foi em 1975. Meu pai era professor de violão erudito na época, minha mãe também tocava piano, então foi meio que inevitável entrar assim. Meu pai quando eu nasci falou “Vai ter que tocar alguma coisa…quando ele tiver um pouco mais de idade ele escolhe e vê o que é mais legal” entendeu? “Mas que vai ter que tocar, vai ter que tocar!”

W (DD): Já era um pré-requisito em casa.

FR: Então já era um pré-requisito, não teve como fugir. E com banda eu comecei em 83, uma banda de rock progressivo instrumental se chamava Anubis, inclusive o Fábio Zaganin era o baixista, toca até hoje também.

W (DD): Mas você tinha o que 12, 13 anos?

FR: Eu tinha 14 anos.

W (NM): O Zaganin pra quem não sabe é um grande baixista, um grande luthier, um dos maiores luthiers de São Paulo, do Brasil…

FR: Então Metal mesmo, a primeira banda… porque o Anubis era rock progressivo instrumental, a seguir veio o Desequilíbrios, que era um negócio meio fusion, meio prog, meio Metal, meio qualquer coisa.

W (DD): Que foi com o batera que você tava me contando antes em off né?

FR: Exatamente, com o Chico Mocinho que depois foi baterista do Clavion, exatamente. Agora Heavy Metal mesmo, apesar de não ser tão Heavy Metal ainda foi A Chave de Sol em 1987 ainda com a formação que tava o Beto, o Tigueis, Ivan Busic na bateria, e o vocal era o Roberto Cruz.

W (NM): Que foi o disco The Key né?

FR: É foi The Key, disco do ovo. Foi ali que eu entrei, com a capa do ovo.

W (DD): Que é o disco que tem inglês um lado e português no outo né?

FR: Isso, exatamente esse disco aí.
W (DD): Esse disco é demais.

W (NM): Grande Beto que hoje mora na Califórnia, eu acho.

FR: A gente tem um contato via web, mas faz tempo que eu não vejo o Beto.

W (NM): Que é um cara muito legal. É um disco muito bom, tem Sun City, tem A Chave é o Show, tem várias músicas legais. Na verdade A Chave do Sol foi uma grande banda no Brasil que… eu acho que até um pouco injustiçada, porque eles começaram com um trio também instrumental meio jazz, meio jazz rock. O Rubens Gióia que era o guitarrista na época ele tinha uma grande influência do Jimi Hendrix, ele tocava com uma Strato. Ele tinha uma Fender, o Tigueis também tinha a Fender. Era o Zé Luís na bateria, o Tigueis no baixo e o Rubens. Eles tocavam na Fábrica do Som e eu gravava, na época a gente tinha acabado de comprar aquele primeiro vídeo cassete Sharp, controle remoto, com fio.

FR: Aquele de duas partes.

W (NM): É…Tinha duas partes, e a gente gravava os caras na Fábrica do Som e a gente não acreditava como eles tocavam.

W (DD): Pra mim, eu sempre relacionava A Chave com Rush, era o Rush brasileiro. Era um trio e o Tigueis me lembrava tanto o Geddy Lee assim…

W (NM): Eles tocavam muito, muito. E aí a banda foi mudando o som, depois o Rubens começou a cantar, aí depois eu não sei se ele parou de cantar.

FR: Foi o Fran.

W (NM): Aí colocaram o Fran, gravaram um disco da Baratos Afins né?

FR: O primeiro em LP, exatamente.

W (NM): E depois, sei lá, a banda mudou… e eu acho que o Zé Luís saiu depois o Beto entrou no vocal, que é um grande vocalista que tinha aquela influência do Coverdale, Robert Plant … Robert Plant e David Caverdale. E eles faziam excelentes shows A Chave do Sol, e aí foi essa coisa que você entrou, aquela época que A Chave tocava no Mambembe direto.

FR: Depois mudou pra A Chave, quando o Rubens saiu aí entrou Edu Ardanuy, o Zé Luiz Rapolli na batera também e a gente seguiu mais uns dois anos, até 1989/90.

W (DD): E a gente tava comentando com o Fábio que teve tanto show Viper e Chave também nessa época de Mambembe, Dama Xoc, tudo mais, que a gente deve ter se cruzado várias vezes.

FR: Era na época que tinha lugar de médio porte legal pra se tocar em São Paulo.

W (DD): É isso mesmo. E Fábio, voltando para você, aí beleza esse foi o seu começo, mas aí a decisão teclado? Seu pai deixou bem aberto…

FR: A decisão teclado foi bem engraçado cara…

W (DD): Porque você começou tocando guitarra né?

FR: Exatamente, por isso mesmo. No Anubis quando eu entrei, bom tava perto do Rock in Rio, tava rolando aquela febre de Metal no Brasil, e porra.. eu tocava piano já há uns bons oito, quase dez anos. E não teve jeito cara, eu peguei a febre da guitarra, não teve como.

W (DD): Rock in Rio martelando na cabeça.

FR: Meu pai tocava violão, meu pai gostava de Randy Rhoads, Yngwie Malmsteen e tal, e não teve jeito eu ganhei a guitarra e falei “Não, vou arriscar tocando guitarra” e aí eu fiquei realmente na banda por um ano e pouco mais ou menos tentando tocar guitarra, só que não rola.

W (DD): Não era a praia…

W (NM): Mas você toca, não toca?

FR: Eu arranho muito porcamente.

W (DD): É muito suor né?

W (NM): O cara que toca piano, ele basicamente toca qualquer coisa né?

FR: E os caras da banda mesmo chegaram e falaram “escuta, você toca piano já faz um puta tempo, por que você não toca alguma coisa que você saiba?”.

W (DD): Delicadamente…

FR: E aí não teve jeito, a gente foi, comprou o primeiro teclado, aquela coisa toda, e a febre ficou pior ainda e virou vício e não parou mais.

O Deep Purple e o Blackmore foram os percursores mesmo de misturar música clássica e Heavy Metal”

W (DD): Legal. E Fábio, falando em teclado, tecladistas… Quais você acha pra você, se você tivesse que numerar para o olimpo, os deuses do teclado na história?

FR: No Rock é engraçado né, eu procuro meio que admirar os caras que fizeram algum sentido e que mudaram alguma coisa. Número um Keith Emerson com certeza, que foi o cara que botou o teclado na frente ali, que foi o cara que arrastou o Hammond pelo palco, foi o cara que meteu facada nas teclas, foi o cara que falou “o tecladista não é só cara com cara de nerd, de óculos no escuro lá no fundo do palco” entendeu? Um cara de atitude. Sem contar que o cara toca… o inferno que o cara faz ali né? Eu tenho muita admiração pelo Rick Wakeman também pelo lado musical, tenho influências né mil.

W (DD): Pra você começando no prog principalmente, Journey To The Center Of The Earth…

FR: Eu fiz disco de progressivo e tal, então não teve como negar as influências mesmo. E Jon Lord, eu acho também.

W (DD): E foi muito triste agora esse ano né?

FR: É nossa… Foi uma perda enorme. E eu não cheguei a conhecê-lo, infelizmente. Do trio aí, o Lord eu não conheci.

W (DD): E os outros dois você conheceu?

FR: Os outros dois eu conheci.

W (DD): Que legal.

W (NM): E você acha que o Jon Lord, a gente até já falou isso antes, você acha que ele foi o grande responsável por misturar música clássica com rock, som pesado assim?

FR: Acho que o Purple no geral no começo né, ele e o Blackmore. Eu acredito que sim, foram os percursores mesmo do lance né? De misturar música clássica e Heavy Metal e tal.

W (NM): Foi aquele disco que eles gravaram com a filarmônica e tal.

FR: Logo de cara já lançaram um disco com orquestra.

W (NM): Foi o primeiro disco do Ian Gillan né?

FR: Exatamente, exatamente.

W (DD): E veio um monte de gente na cola depois na escola do Jon Lord, tipo sei lá… Don Airey.

FR: Exato. Outro cara que eu admiro muito Don Airey, David Rosenthl também que era do Rainbow.

W (DD): Os mais novos também o Jens.

FR: O Jens. Pô encontrei o Jens faz uns anos e ainda falei para ele “cara, puta eu assisti aquele DVD do Yngwie Malmsteen até a fita parar de rodar”.

W (NM): No Japão lá, Marching Out. A gente entrevistou ele.

W (DD): Foi uma das primeiras entrevistas que a gente fez no Wikimetal foi com Jens.

FR: Esse é um dos tecladistas modernos que eu admiro, Jens Johansson. Acho ele muito legal.

W (NM): E o Jordan também do Dream Theater?

FR: O Jordan eu tive o prazer de fazer um workshop com ele esse ano. O cara é super gente fina, super gente boa.

W (DD): Ele parece ser muito legal.

FR: Eu também não conhecia, conheci ele naquele momento tal. Foi super bacana trabalhar com o cara.

W (DD): Muito bacana. Muito legal.

W (NM): Agora por que você acha, não sei isso há já muito anos atrás, mas… Há um tempo atrás tinha bandas que tinham orgulho de não ter tecladista, até os caras colocavam assim “no keyboards” . Por que você acha que existiu esse preconceito?

FR: O Queen tinha “no synthesiser” escrito nos álbuns até um certo ponto ali, até eles se renderem ali. Acho que foi no Hot Space se não estou enganado.

W (NM): Por que você acha que existia esse preconceito? Hoje em dia não né? Hoje em dia você ouve até banda de Black Metal com teclado.

W (DD): Hoje em dia é muito curioso, é mais comum uma banda se orgulhar que não tem o segundo guitarrista do que não tem o tecladista, tipo quase.

FR: Verdade. Eu tava até tirando um barato com meu sócio outro dia, o Alê que é o baixista do Remove Silence, falando “Pô será que foi o Ozzy, cara?” no comecinho na turnê Diary Of A Madman, o cara botou o tecladista lá em cima escondidinho no castelo dentro da torre. Lógico que não, mas a gente fica tirando um barato falando “será que foi o cara que pegou mania de botar o cara atrás no escuro, de não botar na foto, e de não pintar o cara de ouro…”.

W (NM): É do cara não aparecer na foto da banda…

FR: “… embora ele seja responsável por metade do som do disco?”.

W (DD): Pode ser hein?

FR: Sei lá, eu não sei da onde veio exatamente essa mania, mas eu acho que o negócio está flexibilizando um pouco mais, agora de novo né? Mas realmente teve uma fase estranha mesmo. Anos 90, o começo dos anos 2000, realmente o negócio estava estranho pra tecladista no Heavy Metal em si.

W (NM): É nos anos 80 também, eu acho que o som do teclado que os caras gravavam eu acho que o próprio new wave ou as bandas que foram mudando, ficaram mais comerciais, colocava aquele teclado com um som artificial demais. Nos anos 70 a tecladera que rolava com o Hammond, com piano elétrico Fender Rhodes era um somzaço.

FR: Mais agressivo né? Exato.

W (DD): Mesmo nos anos 80 você pensar em Perfect Strangers, por exemplo, o começo assim é um negócio fantástico. Então não sei, acho que foi mal usado em alguns casos e por isso talvez tenha criado esse preconceito e vem muito daquela linha Manowar de falar assim sabe “Meu, Metal é bateria, baixo e guitarra e cabou”, não sei, pode ser um pouco por aí. Bom, vamos fazer o seguinte, vamos ouvir uma música aqui, vou até pular uma pergunta aqui Nando, você me permite? Pra gente ouvir um som. A gente vai pedir pra você ajudar a orquestrar essa seleção musical do episódio de hoje. Então vou começar com a nossa pergunta tradicional, a pergunta que a gente faz pra todos os convidados de honra que a gente recebe no Wikimetal, uma pergunta que eles falam geralmente que é sacanagem essa pergunta, mas vamos ver o que você vai achar, que é assim: você tá no chuveiro, no carro, no trânsito, no seu iPod tá tocando milhões de músicas e de repente toca uma música que te tira do controle, você tem que balançar a cabeça, você tem que agitar, você não consegue ficar parado, que música é essa pra gente ouvir agora no Wikimetal?

FR: Orra, Waidmanns Heil do Rammstein.

W (DD): Rammstein no Wikimetal, disco novo do Rammstein.

W (NM): Acabamos de ouvir Rammstein com a grande música Waidmanns Heil, escolha de Fábio Ribeiro aqui no Wikimetal, que é uma banda também que tem um trabalho bem interessante no teclado né?

FR: Então cara, tá aí uma banda de… olha isso aí é Heavy Metal, isso é Heavy Metal no século 21, na minha opinião entendeu? Eu acho que é por aí o caminho.

W (DD): Muito bacana. E eu falei que é o disco novo do Rammstein me referindo que é o último disco do Rammstein, que eu acho que é de 2009,2010.

FR: É, mais ou menos. Não é tão recente, mas eu acho que continua sendo o último.

W (NM): Fábio você passou por muitas bandas, qual a grande lição que você carrega no seu case de todas essas bandas que você passou?

FR: Olha, o caminho foi tortuoso né? Todos nós aqui sabemos que o negócio é uma montanha russa né? O negócio sobe, o negócio desce, o negócio sobe, o negócio desce, e assim vai o tempo todo. Eu tenho um carinho muito grande pelo Shaman, embora eu não tenho sido integrante oficial pelos meus motivos que a gente estava discutindo agora pouco muito provavelmente. Eu tenho um carinho muito grande e senti o tempo todo, não por eu ter me sentido assim por eu mesmo, eu acabei sendo assim levado a sentir isso por influências externas. Eu me senti um cara meio que da banda mesmo, pelo carinho dos fãs, pela liberdade que eu tinha dentro da banda de compor, de mudar os arranjos quando alguma outra pessoa compunha e gravava, por exemplo, que nem o André fazia os teclados e tal e eu tinha liberdade de ir lá e dar uma mexida caso fosse necessário, participava das coisas todas, das atividades e o caramba e tal. Então eu acho que essa daí foi a que mais me pegou assim emocionalmente falando.

Dos caras novos eu exalto o Jordan Rudess, que é um cara crânio. É um dos pouquíssimos tecladistas modernos que investe em tecnologia”

W (NM): E dessa banda a gente lembra de três que eu suponho que sejam grandes amigos seus até hoje, André, o Luis e o Hugo, sendo que o Luis você acabou de produzir o disco da banda nova dele, e o Hugo que você tem uma banda com ele. Então fala um pouco dessa relação André, Luis e Hugo que são praticamente uma família.

FR: O André eu conheço desde a época do Viper mesmo, a gente se conheceu por volta de 85, 86 mais ou menos por ali, a gente fez um monte de show juntos na época da Chave do Sol, então é um quarto de século, não tem como. A gente teve alguns momentos de afastamento quando ele estava, por exemplo, na primeira fase do Angra que eu não participei, eu só voltei pra turnê do Fireworks na época, apesar de ter feito o primeiro show e o caramba tal, mas teve esse buraco no meio. Eu fui trabalhar com a Korg na época, não tinha como seguir né? E a gente se fala até hoje embora agora ele seja um cara metade sueco, metade brasileiro. E eu cruzei com ele no show do Viper da ultima vez lá no Via Marquês, então tudo continua uma beleza.

W (NM): E o Luis e o Hugo?

FR: O Hugo eu conheci um pouco tardiamente, engraçado, eu já conhecia o Luis há um tempão desde a época do Firebox, Black Jack lá trás mesmo. E o Hugo por ser um pouco mais novo, não era sempre que ele tava ali na balada também, então eu fui conhecer ele em 99 quase. O tal do irmão do Luis Mariutti que tocava guitarra. É muito louco. A gente meio que compartilhou as ideias, os ideais, o jeito de pensar sobre música, muita coisa. O Hugo é um cara super versátil musicalmente, um puta cara aberto pra caramba a qualquer estilo musical, seja lá o que for. Então rolou uma afinidade muito grande, tanto que isso veio a resultar no Remove Silence depois de alguns anos.

W (DD): E você citou aí várias bandas que você passou, que você tocou, que você tem uma relação legal desde Angra, Remove Silence e todas essas, Shaman. Escolhe uma música que você tem orgulho de ter participado dela, de ter gravado ela pra gente poder ouvir aqui no Wikimetal.

FR: Pô, vou escolher Endeavour cara do disco solo do André Matos, essa aí foi a primeira música que eu contribui totalmente, de cabo a rabo, com algum trabalho deles entendeu? Porque até então como o André gravava as coisas no Angra e tal, no Shaman também eu fiz algumas coisas mas tinha a produção por trás e tal, então não tinha tanta abertura assim, agora no André a partir do time que quem decide é o André, foi onde eu enfiei a cara mesmo com tudo.

W (NM): Vamos ouvir agora Endeavour, do primeiro disco do André Matos solo com Fábio Ribeiro nos teclados no Wikimetal.

W (DD): Bom continuando aqui Fábio, conta pra gente como você vê a cena independente hoje em dia e quando você tava começando nos anos 80, o que você acha que mudou, tem obviamente mudanças tecnológicas que facilitaram ou que dificultaram. Fala um pouco sobre essa sua análise.

FR: A gente está hoje em dia numa situação de cada um por si deus está de férias né?

W (DD): Boa definição.

FR: Deus volta já já. É engraçado cara, por um lado você repara as facilidades que a gente tem hoje em dia são infinitamente maiores do que se tinha nos anos 80.

W (DD): Acesso a tudo né?

FR: Acesso a tudo, você tem como divulgar seu trabalho sem depender de ninguém, o que é excelente pra te falar a verdade. E por outro lado, eu acho que um pouco da tal daquela suposta magia que a gente tinha, aquele negócio quase que exotérico ao redor do lance, eu acho que isso se perdeu um pouco né? Acabou se tornando um negócio um pouco mais automático, um pouco mais… independente de “fórmulas” vai, não sei como eu vou explicar isso, mas eu acho que tem esses prós e contras o tempo todo. Bom, com esse lance da evolução, digamos assim.

W (NM): E no Fábio Ribeiro o que mudou nesse tempo de lá pra cá?

FR: Olha cara, eu acho que o desenvolvimento foi satisfatório, eu comecei numa época meio que não tinha nada, nada, nada. Eu aprendi a programar o meu primeiro sintetizador lendo um manual em espanhol de um teclado Cassio que por sorte tinha um cursinho de síntese dentro, não existia uma revista, internet claro que não, nada na TV, nada no rádio, era um negócio difícil de você buscar informação sobre o estilo músical que você estava fazendo, e sobre o instrumento que você tava tocando também. A revista Som Três, vai digamos assim, de vez em quando aparecia um artigo sobre síntese, como programar, quais são os teclados importados que são legais e tal. E aí tinha esse outro problema também “vamos vender a casa pra comprar um teclado legal”, que na época era impossível você comprar um equipamento…

W (NM): Fora que você tinha que ter quantos teclados? Você já chegou a fazer num show com o que… cinco teclados?

FR: Sete teclados, por aí, seis… sete.

W (NM): Hoje em dia você tem um teclado que tem tudo.

FR: É, eu tô usando dois sendo que um é um controller pra esse segundo que gera os sons hoje em dia. É um negócio que facilitou muito esse negócio da tecnologia mesmo né?

W (NM): E na área de produção, o que você tem feito?

FR: Então essa área eu fui entrando aos pouquinhos e quase que sem querer né ? Eu não sei, o tecladista tem um pouco de vantagem nesse lado porque quando você mete a cara com o seu próprio instrumento você já é obrigado a saber alguns conceitos que são compartilhados na área de gravação, de produção, e o caramba entendeu? Os conceitos tecnológicos ali são os mesmos em muitos aspectos… processamento de efeito, o próprio sampling que envolve gravação e o caramba né? Então meio que sem querer eu vim aprendendo isso com o passar dos anos, então foi uma coisa meio que natural montar um estúdio, eu tenho o The Brainless Brothers lá eu casa que eu já tenho há onze anos, então você acaba se metendo mesmo com o negócio meio que naturalmente. Isso foi excelente porque eu acabei me tornando completamente autossuficiente nessa área de fazer as coisas… vai gravar um disco, vai fazer uma música nova, já tá, é só apertar Rec Play e sair gravando, e sair produzindo.

W (DD): E abriu uma outra área de atuação sua né?

FR: Exatamente. Desde uns cinco anos pra cá eu tenho feito produção séria mesmo, eu fiz os dois do Remove Silence junto com a banda né? Esse agora do Motorguts também, que eu poderia citar como um dos mais interessantes dentro do estilo, já que a gente tá falando de rock, Heavy Metal.

W (DD): Muito bacana. E falando de coisas interessantes, eu queria que você escolhesse mais uma música pra gente ouvir, dessa vez eu queria que você pedisse um som que você ouve na música um trabalho de teclado fantástico, não do Metal, rock e tal, alguma coisa que você fala “vale a pena a gente ouvir porque o que o cara fez com o teclado nessa música é de dar orgulho”.

FR: Você diz dentro do rock né? Se não eu ia partir para uma música clássica executada com sintetizadores, pode?

W (NM): Aqui tudo pode, você é o convidado…

W (DD): Você que manda aqui.

FR: Vocês já ouviram falar lógico em Walter Carlos ou Wendy Carlos, que depois de um tempo mudou de sexo, digamos assim.

W (NM): Do Jethro Tull?

FR: É esse também, aliás.

W (NM): Isso é um mal acontece com todos os tecladistas?

FR: Eu espero que não. Hoje eu já tô numa certa idade que o que era pra acontecer de errado já era pra ter acontecido antes.

W (NM): Mas o cara do Jethro Tull ele já tinha acho que uns 60 anos.

FR: É verdade, ele assumiu depois né?

W (NM): Ainda é tempo Fábio.

W (DD): Mas fala aí, escolhe aí.

FR: O Wendy Carlos como ele é chamado hoje em dia, ele foi um dos maiores responsáveis pela apresentação, se não o primeiro responsável pela apresentação do sintetizador, termo sintetizador, a palavra mesmo, pro mundo, com um disco que se chamava Switched-On Bach em 1968 mais ou menos, 69. Eram só obras de Bach, interpretadas num sintetizador Moog, que é um instrumento monofônico que você tem que programar patch a patch para cada som que você vai fazer. Aquilo já foi uma obra-prima naquela época. Todavia é o disco que eu mais gosto dele é o disco da trilha sonora da Laranja Mecânica, do filme. E tem o segundo movimento da 5ª Sinfonia de Beethoven interpretada por ele que é fenômeno. O jeito que o cara conseguiu captar as nuanças dos instrumentos, você sente toda a dinâmica, a atmosfera de uma orquestra, saca? E na verdade aquilo tá sendo executado com um sintetizador dos anos 60, 70, sem nenhum recurso, gravado na cara e na coragem, sem sequencia, tudo na unha mesmo, todas as vozes, é um negócio impressionante. Então pra quem gosta de Metal, que por algum motivo tem algum um gosto também com a música clássica, que eu acho que é um negócio meio que até que natural, eu acho que as pessoas vão curtir.

W (DD): Então anuncia aí e vamos rolar.

FR: Wendy Carlos, essa é a versão dele do segundo movimento da 9ª Sinfonia de Beethoven. Isso aí consta no CD que é trilha sonora do filme Laranja Mecânica do Stanley Kubrick. Uma versão que é só com teclado mesmo, só sintetizador.

W (NM): Então deve ter dado um trampo.

FR: É legal pra caralho. Você imagina, eram oito tracks na época, e era só ping pong.

W (DD): Joga pra uma trilha, joga pra outra e joga..

FR: E é uma orquestra inteira, então você vai fazer uma linha de violino, é uma linha de violino monofônica.. você faz uma linha, a dobrinha já vai num outro canal, com outro patch, por fora. Se é um sei lá, uma trilha de um acorde, são quatro canais gravados um por um e sem sequencia né? No dedo.

W (DD): Então esse foi o som histórico escolhido por Fábio Ribeiro pra gente curtir, muito bacana.

W (NM): Eu tenho certeza que os Wikibrothers vão gostar.

W (DD): E a pergunta depois para ele escolher um trabalho de teclado de rock, de Heavy Metal pra gente ouvir vai ficar pra daqui a pouco, você escolhe uma música dessas, daqui a pouquinho a gente chega lá. Muito bacana. Fábio, de todas as bandas que você já passou, qual você sente mais saudade? Qual você queria estar tocando agora?

FR: Das que eu já passei?

W (DD): Você fala assim “Seria muito legal fazer um show agora da Chave, do Angra, do Shaman…”, que banda você gostaria?

FR: Cara se não fosse pelas circunstancias pelas quais as coisas aconteceram, é o Shaman. Eu sei que isso nunca vai acontecer, justamente por conta dessas circunstancias, mas seria o Shaman.

W (DD): Mas teve um momento muito bacana o Shaman né?

FR: É a banda que eu tenho mais saudades.

W (DD): Você tava naquele show do Credicard que gravou o vídeo e tal?

FR: Tava, tava. Aquele foi um dos shows mais emocionantes que eu já fiz.

W (DD): Aquilo é uma coisa das mais impressionantes que eu já vi em vídeo de acreditar que aquilo lá foi uma coisa de uma banda brasileira feita no Brasil, com uma produção brasileira…

W (NM): Credicard lotado, 8 mil pessoas.

W (DD): Parece Iron Maiden, é produção tipo Iron Maiden.

FR: Aquilo foi o terceiro recorde de público do Credicard Hall, só Djavan e a Sandy & Junior até então tinham colocado mais gente lá dentro.

W (DD): Então foi um dia magico né?

FR: Por uma coisa de Metal no Brasil, isso é um feito histórico.

W (DD): E com que produção! Tinha tudo no show.

FR: Foi uma hora de profissionalismo gigantesco, de um trabalho de um ano pra produzir o negócio antes e tal, até chegar naquela qualidade, naquele lance… com certeza, por isso que eu posso falar que a saudade vem daí mesmo.

Eu não gosto de teclado “fritação”, eu não gosto de exibicionismo, eu gosto de mostrar arte, som, timbragem, pressão sonora, emoção”

W (NM): Muito legal. E das bandas que tem teclado hoje, qual você acha que serve de exemplo pra você “esses caras sabem usar bem um teclado” das bandas que rolam hoje?

FR: Olha no Metal é difícil achar, é difícil achar.

W (DD): Mesmo essas de speed Metal tipo DragonForce, essas daí…

FR: É difícil achar. Eu não gosto de teclado “fritação”, eu não gosto de exibicionismo, eu gosto de mostrar arte, som, timbragem, pressão sonora, emoção, entendeu? Chegar causar no cara um sentimento que ele não sabe exatamente da onde é que tá vindo entendeu? E não esse lance de.., o individualismo me incomoda. O individualismo dentro de uma banda me incomoda um pouco, eu acho que uma banda é uma máquina, uma engrenagem que deve funcionar como um todo entendeu? Então é por isso que eu não consigo extrair da grande maioria dessas bandas novas, dos tecladistas modernos de Heavy Metal, falando especificamente de Heavy Metal, esse lance entendeu? Por exemplo, eu tô pensando aqui e eu não consigo encontrar uma banda que eu possa indicar das mais recentes, eu vou buscar no Purple então, lá trás.

W (DD): Talvez que nem você falou de Jens, talvez um pouquinho.

FR: É eu vou buscar no Jens, e vou buscar Deep Purple, por aí.

W (DD): Legal. É bom a gente ouvir também de quem manja do assunto uma opinião abalizada, eu acho bem legal. Você já falou do show do Credicard então esse show não conta porque ele é all concur pra mim, mas fala algum outro show que foi marcante na sua vida, um show que você falou assim “puta que legal que eu tava nesse dia”.

FR: Quando eu voltei pro Angra em 99 o negócio foi meio na correria, porque eu o Leck Filho tinha me substituído isso na época do Angels Cry ainda e ele ficou seis anos na banda e problemas empresariais, problemas de tratamento, bá bá bá… e ele resolveu sair da banda da noite pro dia, no comecinho da turnê do Fireworks, e aí a galera me ligou. Eles me ligaram de volta, falou “meu o Leck tá saindo, você não quer voltar pra banda, não quer fazer essa turnê com a gente?”, eu falei “pô…vamo aí”, “quando é que tem show?” “Ah daqui duas semanas”. E até então eles já tinha o Angels Cry, o Holy Land e o Fireworks que é o mais bico digamos assim de tocar. O Holy Land é um pesadelo, depois não põe o tecladista na banda, é isso que eu acho engraçado, metade do disco é teclado e não tem o tecladista na banda, mas isso é outro caso. Bom aí normal, e o que eu tive? Duas semanas e tinha uma turnê enorme na Europa de uns 30 dias mais ou menos, que ia começar dentro dessa uma semana e meia. Eu desenterrei as partituras que eu tinha, que o André tinha escrito, eu tenho até hoje isso em casa, as partituras escritas pelo André… manuscritos da época da demo do Reaching Horizon, tá tudo lá, qualquer dia boto em um quadro. E desenterrando as coisas eu falei “não vai dar”, impossível fazer um trabalho profissionalmente, com qualidade em uma semana e meia. Pro tecladista é aquela história não é você sentar lá e tirar as coisas, tirar é o de menos, o lance é você programar os timbres, fazer o set ups pra tocar ao vivo, fazer o sampling da coisa toda. É o mesmo trabalho… é o mesmo trabalho que você tem pra tirar a música pra tocar, você vai ter pra programar, ou mais até, pra soar com bom som.

W (NM): Porque na verdade o teclado não é só um teclado né? O teclado é uma orquestra inteira.

FR: É uma coisa que pouca gente se preocupa, eu acho que isso uma pena assim, porque o cara pega o teclado, mete a mão nos presets alí, somo dois, três timbres e tá tudo certo. Soou parecido? Então tá ótimo. Isso é um lance de personalidade no tecladista também, você ter os seus próprios sons, os seus próprios timbres, alguma coisa que alguém ouça o seu som e fale “Ah, é tal cara” mesmo que você teja tocando uma outra coisa, que não seja o seu estilo, mas pela timbragem, pelo lance das texturas que você usa e tal, a pessoa consiga te reconhecer. Isso acontece com Rick Wakeman, por exemplo.

W (DD): Eu ia falar que das bandas modernas o que não só do tecladista, mas que de todos os instrumentistas, eu acho que o Dream Theater é a banda que eu mais ouço umas viradas do Portnoy.

FR: Desses caras novos, por exemplo, eu ia exaltar o Jordan Rudess, por exemplo. Que é um cara crânio. É um dos pouquíssimos tecladistas modernos que investe em uma das coisas mais importantes da profissão que é a tecnologia, que são os avanços tecnológicos, as inovações, você tentar extrair o máximo do seu instrumento e o caramba.

W (DD): E ainda com a fama do Dream Theater permite ele fazer coisas do tipo ele solar com ele mesmo desenho animado no telão, outras coisas.

FR: O cara tira proveito disso duma maneira muito legal. Esse cara eu admiro dos tecladistas modernos. E eu tava falando do lance da doidera lá né? Aí eu liguei de volta pro Rafael né, e eu falei “Rafael, não vai rolar cara. Se você quiser que eu faça o negócio profissionalmente, que soe do jeito que tem que soar, não é daqui uma semana e meia que eu vou fazer uma turnê com vocês na Europa, não vai ter jeito”. Nessa turnê eles fizeram com o Fabricio que foi tecladista do Shaman por um tempinho depois de mim, depois da baderna. Aí eu falei “vocês vão, fazem e tal”, eu não sei como eles resolveram isso no final das contas, mas eles foram com esse outro tecladista. Aí na volta, aí sim eu já tava com a coisa toda preparada, porém nem tanto. Eu tava com tudo partiturado, porque é impossível você decorar tudo aquilo em poucas semanas, não tem como. Nos primeiros shows eu toquei lendo mesmo, eu assumo, não teve jeito. E a gente foi direto pro Belfort na França, que é um dos maiores festivais que tinha, eu acho que tem ainda hoje. Tinha umas boas 40 mil pessoas, eu tinha acabado de fazer os sons, os timbres. Ainda não tinha uma administração muito precisa das trocas de timbre, das coisas todas e ainda tinha que ter a ação de ler a partitura ao mesmo tempo, de sacar e ainda de agitar no show.

W (DD): Não ficar parado.

W (NM): E fingir que tava fácil ali.

FR: E então quando eu vi 40 mil nego gritando “Angrrrá, Angrrrá, Angrrrá” ali fora, caramba deu um calafrio friorento na hora de subir naquele palco. Esse foi o show mais thrilling mesmo, mais arrepiante mesmo.

W (NM): E como rolou?

FR: Rolou bem. O André escreveu a partitura de algumas partes das versões novas da Carry On porque tinham mudado do que eu tinha das partituras originais dele na época do Reaching Horizon. Ele escreveu no camarim pra mim antes de subir no palco. Falou “esse detalhe aqui… tem umas coisas que podiam dar um tapa”.

W (DD): Bom ter um vocal que é musico também. Muito legal.

FR: Eu subi lendo a Carry On pela primeira vez, foi complicado.

W (DD): Muito bom. Bom vamos ouvir então uma música, uma música que você acha que tem um trabalho, agora de rock, Metal, que tem um trabalho que vale a pena exaltar.

FR: Então deixa eu pensar.

W (NM): Eu lembro que teve um ano que o Eddie Van Halen ganhou, não sei em que revista o premio de melhor tecladista.

FR: O Geedy Lee também.

W (NM): Era o Jump né meu? Porque Jump, puta…

FR: Jump é aquilo né meu? Inclusive tem um técnico de som amigo meu o cara tava naquelas discussão com um dos carinhas da banda falando “pô bicho, a gente toca pra caralho, a gente é uns puta musico, mas toda vez que a gente vai o negócio não funciona, e a gente apresenta outro trabalho que parece que vai, mas não vai”, o cara virou “bicho, me mostra um Jump de vocês então”, querendo dizer “faça um hit”, “faça uma coisa que contagie as pessoas”. O papo ali era habilidades musicais, entendeu? Esse era o papo. O cara falou “faça alguma coisa que toque o coração das pessoas e não o cérebro, aí você vai se dar bem”.

W (NM): E é tão simples né meu?

FR: Vou citar isso aí então, vou citar Jump do Van Halen, por ter sido feito por um guitarrista, você ouve aquilo você saca, lógico que o cara não é um tecladista, o jeito que o cara foi montado, só que pela sutileza, pela inteligência, pela visão do cara de apresentar um negócio que virou um hit mundial dos maiores que a gente já teve.

W (NM): Quase 30 anos.

W (DD): Toca em formatura, qualquer coisa.

FR: Exatamente. Jump do Van Halen com solo e tudo.

W (NM): Inclusive os caras tavam falando o melhor solo não sei o que. Cara, um dos melhores solos da história da música pra mim é uma música do Michael Jackson, Beat It.

W (DD): Que é Van Halen.

FR: Puta solo de guitarra maravilhoso.

W (NM): Puta solo de guitarra, ele é perfeito! Ele começa, ele tem rapidez, ele termina, ele tem melodia.

W (DD): Eu acho que é um dos melhores solos do Van Halen. Eu acho.

W (NM): Ele chegou e falou “puta, vou gravar com Michael Jackson” e ele caprichou, ele fez especial, porque ele sabia que aquilo lá ia ficar, né Thriller.

W (DD): O solo é demais.

W (NM): Meu o solo tem partes devagar, parte rápida, tem tudo. É o solo completo. E a música inteira, o arranjo da guitarra da música…

W (DD): Bom esse foi Eddie Van Halen nos teclados, nas guitarras, na escolha de Fábio Ribeiro, muito bacana. O Wikimetal sempre surpreendendo né? Nesse episódio especial com Fábio Ribeiro já rolou aqui música clássica, já rolou um guitarrista no teclado, muito bacana. Que mais Nando? Estamos chegando perto do final da entrevista.

W (NM): Estamos chegando perto do final, bom primeiro gostaria de agradecer muitíssimo o Fábio, eu conheço o Fábio há muitos anos, desde a época que ele tocava e eu lá na frente no Teatro Mambembe vendo os shows da Chave do Sol. Pô a gente podia ouvir uma música da Chave do Sol daquele grande disco The Key né? Você gravou esse disco?

FR: Não, eu entrei logo na sequencia. Não The Key eu gravei, A New Revolution o nome da banda como The Key, agora A Chave do Sol, o disco The Key não. Eu entrei para fazer essa turnê que foi logo na sequencia do lançamento do disco. Eu gravei aquele que é com o Eduzinho na guitarra, o Zé Luis na batera e o resto da formação era igual.

W (DD): Esse disco tem uma música que eu adoro que chama A Beiro do Pantanal que eu acho que é do Tim Maia.

FR: Esse é bonito mesmo. Em português, depois a gente começou a tocar em inglês

W (NM): Esse Zé Luis é o Zé Luis primeiro ou … qual o Zé Luis?

FR: Quando eu entrei ainda era o Zé Luis Dinóla, o dentista, que a gente chamava ele de dentista porque ele era dentista na época, ainda era ele. A gente fez até o Verão Vivo da Bandeirantes na praia com ele na batera ainda, o Zé Luis tava entrando na banda e aí entrou o Zé Luiz Rapolli que é o outro Zé Luiz, que ficou um tempão na banda até a gente sair todo mundo de uma vez que foi em 91.

W (NM): Então vamos falar agora, antes de terminar, vamos falar cronologicamente porque eu já me confundi todo aqui. Fábio Ribeiro…

FR: Eu não toquei na Santa Ceia, a galera fala que eu toquei, mas é mentira.

W (NM): Então vamos lá, a partir do que? A primeira banda mais de rock era o Clavion?

W (DD): Teve essa antes com o mesmo baterista.

FR: Se for pela ordem o Anubis já era Heavy Metal na época, era instrumental, mas tinha Metal pra caramba. O Desequilíbrios era fusion, meio bagunçado assim, mas tinha Metal. Eu acho que Heavy Metal mesmo Clavion, porque A Chave era meio hard rock né?

W (NM): Mas vamos na ordem, daí o Desequilíbrios, depois A Chave.

FR: A Chave e daí Clavion que foi no final de 88, aí Overdose.

W (NM): Overdose, grande banda mineira que inclusive convidamos aqui publicamente vou convidar o Cláudio David, o Bozó que era uma grande banda né?

FR: Eu gravei o You’re Really Big que é de 89 e fiz a turnê com eles e tal, muito legal essa turnê, muito divertida, a gente rodou o país inteiro.

W (DD): Aí depois do Overdose foi o que, Angra já?

FR: Foi Anjos da Noite com o filho do Sérgio Reis, o Edu Ardanuy e o irmão dele, o Átila também, foram uns dois anos e pouco. Hard rock também né? Hard rock bem Hard Rock.

W (DD): Anjos da Noite, eu lembro da capa do disco.

FR: Hard Rock colorido.

W (NM): Hair Metal, os caras chamam agora de Hair Metal. E depois do Anjos?

FR: Aí foi o Angra.

W (NM): Anjos, Angra. Angra, Shaman.

FR: Aí eu saí, teve esse break do Angra, aí teve o retorno ao Angra em 89…

W (DD): 99.

FR: Isso de 99. De 93 a 98 mais ou menos eu fiquei trabalhando com consultoria de tecnologia… Korg, Kawai e algumas outras empresas.

W (DD): Aí volta Angra, Shaman…

FR: Shaman, André Matos e Remove Silence. A sequência é essa. E agora o Motorguts.

W (NM): E fala pros nossos ouvintes quem quiser Fábio Ribeiro ter uma produção de Fábio Ribeiro ou gravar no estúdio de Fábio Ribeiro como é que funciona?

FR: Pô, é só entrar em contato cara, no Facebook mesmo Fábio Ribeiro KB é o meu perfil, você acha facinho, pode mandar mensagem direto que eu respondo na mesma hora, não tem erro. O nome do meu estúdio é The Brainless Brothers.

W (NM): The Brainless Brothers, mas não tão brainless assim né? Porque para fazer essas programações, essas gravações tem que ter a lot of brains.

FR: A gente dá um jeito no seu som, pode mandar ver.

W (DD): Vamos ouvir uma dessas bandas do Fábio pra gente fechar o episódio?

W (NM): Vamos nessa.

W (DD): Escolhe o som de uma dessas bandas aí.

FR: Já que a gente tá vendo Metal então, vamos ver o lado Metal do Remove Silence, que apesar de não
ser uma banda rotulada como Heavy Metal a gente tem umas músicas que são umas cacetadas. Wormstation.

W (NM): Fábio Ribeiro, Hugo Mariutti…

FR: Alê Souza e Edu Cominato.

W (DD): Esse foi o Remove Silence terminando nosso episódio, Fábio queria agradecer demais o seu tempo, eu sei que a agenda não é fácil da gente se encontrar aqui, foi muito legal, muito bacana ter batido esse papo e você ter contado tantas histórias e aqui o nosso espaço está sempre aberto pra você poder divulgar o seu trabalho.

FR: Muito obrigado vocês pela oportunidade, muito legal mesmo. Obrigado à galera que tá ouvindo. Valeu.

W (NM): Isso aí. Fábio Ribeiro no Wikimetal.

Ouça o episódio completo:

Sair da versão mobile