Os fãs do That Metal Show permanecem fieis a nós porque eles sabem que nós amamos a música.”

Don Jamieson: Oi, é o Don!

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi, Don, como vai? Aqui é o Daniel, do Wikimetal no Brasil, tudo bem?

DJ: Oi. Tudo bem, como vai você, cara?

W (DD): Estou ótimo, ótimo. Estou muito feliz de ter a oportunidade de falar com você. Então primeiramente, deixe-me agradecê-lo imensamente por tomar o tempo para falar com a gente. Eu sei como você é ocupado, e também, eu gostaria de agradecê-lo por tudo o que você tem feito pelo heavy metal, carregando a bandeira por tanto tempo. Então, em nome de todos os headbangers brasileiros, eu gostaria de agradecê-lo, e bem vindo ao Wikimetal.

DJ: Ah, cara… É ótimo estar aqui, e obrigado do fundo do meu coração. E eu falo pelo Jim e pelo Eddie… Nós gostaríamos de ir para a América do Sul e ver todos os nossos fãs aí, porque nós sabemos o quanto eles gostam de metal, mas, sabe, nós estamos no VH1 Classic aqui nos Estados Unidos, e isso… Eles não tem dinehiro, então nós temos que fazer a nossa coisa aqui. Mas nós estamos felizes que vocês nos encontraram, e nós apreciamos todo o apoio.

W (DD): Don, eu vou começar perguntando, antigamente, no começo da sua carreira, quem eram suas principais influências como comediante, e quem são os seus, não sei, top dois ou três comediantes?

DJ: Bom, as minhas principais influências como comediantes, na verdade eram músicos. Eu sempre achei, sabe, toda vez que o Ozzy faz uma entrevista, ele sempre tem um milhão de frases de efeito. Sabe, toda frase que sai da boca dele é uma piada, sabe, ele sempre faz graça com uma resposta rápida. Então eu sempre adorei assistir o Ozzy nas entrevistas, porque ele é sempre tão engraçado. Sabe, o Ted Nugent – um dos caras mais engraçados de todos os tempos, sabe, tudo o que ele faz no palco falando, sabe, ele é sempre engraçado. O Alice Cooper, sabe, sempre conta histórias muito, muito boas com finais engraçados, então… Para mim, eu sempre… O David Lee Roth, sabe, o David Lee Roth era sempre engraçado, mesmo que você não entendesse metade das coisas que ele dizia, ele ainda era engraçado. Então foi daí que eu comecei a tirar o meu senso de humor, dos músicos.

W (DD): Você se lembra de como você se envolveu primeiramente com heavy metal?

DJ: Sim. Eu tinha nove anos de idade, e a minha mãe me comprou o meu primeiro álbum do Kiss. E foi assim, acabou para mim. Eu sabia que eu iria gostar desse tipo de música pelo resto da minha vida. Quer dizer, para mim, o Kiss era… A melhor banda de todos os tempos, quer dizer, eles têm a música, eles têm o visual, eles têm o show, sabe, era o pacote completo, sabe. E de lá em diante eu coloquei pôsteres do Kiss nas minhas paredes – cada cantinho da minha parede. E a minha mãe sempre dizia, sabe “Onde é que vai tudo isso?” E levou um tempo, mas eu finalmente consegui o meu próprio talk show de heavy metal, então foi um bom começo.

W (DD): E você se lembra de qual álbum era?

DJ: Era “Destroyer”.

W (DD): Ah, esse é ótimo. E ainda falando sobre o seu lado cômico e de heavy metal, às vezes, eu acho, você fez o seu show de comédia como abertura para algumas bandas de hard rock e heavy metal, incluindo Twisted Sisters, se eu não me engano… Então, eu me pergunto, como é essa experiência? Quer dizer, fãs de metal esperando a banda tocar… É uma plateia difícil, ou eles são bacanas e curtem?

DJ: Bom, eu sempre falo para as pessoas… Sabe, a plateia, por causa do show de TV, quando eu apareço, pelo menos as pessoas me reconhecem, e eles sabem quem eu sou. Então eu tenho aproximadamente dois minutos para provar que eu sou engraçado, antes que as garrafas comecem a voar. Então assim que eu saio, eu lanço o meu melhor material, sabe, ganho a plateia, e geralmente é muito divertido depois disso.

W (DD): E você traz algum material específico para uma plateia de metal?

DJ: Sim, eu tenho. Eu faço um ato completamente diferente na frente de fãs de metal. Eu escrevi um ato inteiro de material de hard rock e heavy metal, que eu não posso fazer em um clube de comédia, porque…

W (DD): Ninguém vai entender…

DJ: Ninguém iria entender. Mas eu posso fazer isso na frente dos metal heads, e, sabe, eu e o Jim Florentine até fizemos… Sabe, nós abrimos no Metallica’s Orion Festival em Atlantic City nesse último verão. E essa foi a primeira vez que nós fizemos isso… E, cara, foi muito, muito bom. O Lars veio e me apresentou para a plateia, e foi um dia muito divertido, sabe, com todos os meus amigos metal heads.

W (DD): Sim, eu ouvi você falar que antigamente você achava que os Twisted Sisters eram garotas, as garotas mais feias de Nova York, e as garotas mais gostosas de Nova Jersey…

DJ: Sim, ou as garotas mais bonitos de Nova Jersey, isso mesmo!

W (DD): Isso é ótimo. Então isso me traz ao seu álbum ao vivo, “Live & Hilarious”. Você poderia falar um pouquinho sobre a experiência de lançar um álbum, especialmente por meio de uma companhia de metal tão grande quanto a Metal Blade Records, e ainda contando com a presença do Bumblefoot?

DJ: Sim. Bom, o Bumblefoot é meu amigo há muito tempo. Ele também mora em Nova Jersey com todas as garotas feias. Então eu perguntei para ele se ele, sabe, gostaria de vir e fazer alguma coisa no álbum, talvez tocar uma introdução ou algo assim, e sabe, ele é um cara tão legal, ele veio com toda a sua aparelhagem de astro de rock, ele trouxe uma guitarra double-neck, e ele fez uma coisa muito legal para mim. Ele está sempre ocupado com o Guns N’ Roses, então eu fiquei muito felizes que ele tomou o tempo para vir e fazer parte do meu primeiro álbum ao vivo de comédia. Mas basicamente, sim… E fazer com a Metal Blade… E disse a todos, eu disse “Eu nem me importo, sabe, se ninguém comprar isso ou qualquer coisa, o fato de que eu vou ter um álbum que tem ‘Metal Blade’ escrito é simplesmente a melhor coisa do mundo, eu posso… Sabe, isso é mais incrível do que qualquer outra coisa, porque essa é uma das minhas gravadoras preferidas de todos os tempos.” E eu disse “Eu não ligo se eles quiserem que o álbum se chame ‘Don Jamieson é um babaca’, desde que seja pela Metal Blade, tudo bem.

W (DD): Isso é ótimo. E você acha que o álbum agradaria o público brasileiro, assumindo que eles falem inglês, que eles entendam inglês?

DJ: Sim, bom, a maior parte do mundo fala inglês melhor do que nós aqui, então eu espero que as pessoas curtam. E, sabe, eu basicamente fiz… Eu fiz tudo de errado nesse álbum, porque a maioria dos comediantes gravam, tipo, seis shows, e eles se certificam que o local esteja lotado com pessoas e amigos e família, e então eles editam os shows, eles pegam as melhores partes de casa noite e fazem o álbum perfeito. Mas eu não fiz isso, eu fiz um show em um clube de rock, não foi nem em um clube de comédia, e eu lancei como foi gravado, ao vivo, com apenas algumas edições, então o álbum é tão ao vivo quanto poderia ser. Eu só queria capturar a energia crua do que eu faço, sabe, eu não sou muito refinado, então fazer isso em um teatro, ou algo assim, não seria a coisa certa para mim, então eu fiz em um clube de rock, e eu estou muito feliz com o que isso se tornou, então, sabe, eu já estou pensando em maneiras de estragar o meu segundo álbum.

W (DD): E esse tipo de atitude define porque você é um comediante de metal, e os outros são, eu não sei, pop, hip hop, ou o que seja… Então, deixe-me perguntar isso: nós temos uma pergunta clássica no nosso programa que nós fazemos a todos os convidados, que é, imagine que você está ouvindo o seu ipod no shuffle, ou você está ouvindo uma estação de rock enquanto você dirige o seu carro, e de repente uma música começa a tocar que faz com que você perca a sua cabeça e sinta que você precisa headbangear imediatamente, independente de onde você estiver, você não consegue parar, você não consegue se conter. Que música seria essa, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?

DJ: Ah, cara, nossa, boa pergunta! Eu teria que dizer… Primeira coisa que vem e minha cabeça, eu teria que dizer que é Accept: “Fast as a Shark”.

W (DD): Essa é ótima, da lenda alemã Accept.

DJ: Sim, aquele grito no começo, e aí vai para aquele riff pesado, e… Sabe, eu costumava dirigir um Mustang, e eu recebi um monte de multas de velocidade de ficar ouvindo metal e ficar tão empolgado, que eu ia a 90 milhas por horas antes de perceber, e eu recebia um monte de multas de velocidade, então eu tive que vender o carro.

W (DD): Essa história é ótima.

DJ: Muito bem. A seguir, vamos ouvir um pouco de música, vamos sacudir um pouco a cabeça, esse é um ótimo metal alemão, esse é o Udo e os rapazes, é o Accept: “Fast as a Shark”!

W (DD): Don, como foi o começo do That Metal Show? Você se lembra da primeira vez que você falou sobre isso com o Eddie e o Jim?

DJ: Sim, nós estávamos em uma sauna gay juntos, e nós estávamos nos lavando na Jacuzzi, e começamos a… Não, estou brincando! Sabe de onde veio, isso veio de quando eu e o Jim íamos ao programa de rádio do Eddie em Nova York, e nós basicamente fazíamos o que nós fazemos no That Metal Show agora, nós começávamos a conversar sobre heavy metal, e, sabe, entrar nesses debates e falar sobre o melhor álbum de alguma banda, e… Era basicamente… Nós fazíamos a mesma coisa no rádio. E depois, conforme ele ficou mais confortável com a gente, ele nos deixava falar com os convidados, e então nós dois começamos a entrevistar os convidados, e foi basicamente assim que aconteceu, nós só… Depois de um tempo, nós dissemos “Ei, eu me pergunto se a gente conseguiria achar alguém maluco o suficiente para nos pagar para fazer isso na TV” e com sorte nós conseguimos.

Eu quero o Manson astro de rock. Eu quero que o Phillip Anselmo seja todo machão. Eu quero ver o grunhido do Dave Mustaine quando ele vier. É isso que esses caras são, as pessoas ligam a TV para assisti-los”

W (DD): That Metal Show é um grande sucesso, então agora você provavelmente recebe um monte de elogios e comentários das pessoas em geral, eu acho que muitos artistas também são fãs do programa. Então qual foi o melhor elogio que você já recebeu de fazer parte do That Metal Show, aquele que você nunca vai se esquecer?

DJ: Bom, todo elogio de um fã é o máximo. Quando nós vamos a um show de rock aqui nos Estados Unidos, e eu tenho certeza de que vai ser a mesma coisa aí no Brasil, quando nós vamos a um show de rock, as pessoas, centenas de pessoas vêm até a gente e querem fotos e autógrafos… E daí as pessoas me perguntam “Você não se cansa disso?” e eu digo “Não, quer dizer, por que eu me cansaria disso? As pessoas amam o programa, sabe, por que eu me importaria se todo mundo viesse falar comigo?” Eu acho ótimo. Quando eu era comediante, me apresentando em clubes para, sabe, dez pessoas, ninguém ligava para quem eu era. Agora eu tenho um programa que toca as pessoas, porque elas sentem amor pelo mesmo tipo de música que eu, e eu não subestimo isso. Todo fã é importante. Então, sabe, eu acho que os elogios dos fãs são os mais importantes. Mas quanto aos artistas, eu tive, sabe… De novo, é incrível pensar que o Rob Halford assiste o nosso programa o tempo todo. Sabe, o Slash assiste o nosso programa o tempo todo…. Sabe, o Bill Ward, do Black Sabbath é um super fã do programa. Então só de saber que esses artistas assistem o programa, vêm ao programa, eles gostam muito do programa e entendem… Sabe, o Sammy Hagar ama o programa, ele encheu o nosso saco para vir de novo, sabe, pela segunda vez, então isso é incrível. Então eu sou muito grato que… De novo, que nós estamos fazendo isso para os fãs, mas que os músicos também nos respeitam.

W (DD): Sim, é incrível. Tem um episódio do That Metal Show que eu achei muito esquisito, mas muito incrível ao mesmo tempo, foi um que tinha o Marilyn Manson como convidado, eu acho que era na nona temporada, ou algo assim. Alguma lembrança daquele programa em particular?

DJ: Ah, eu tenho muitas lembranças, mas ele provavelmente não tem nenhuma. Ele estava muito bêbado, sabe, ele estava bebendo absinto no programa. Eu não sei se vocês têm absinto aí…

W (DD): Sim, nós temos.

DJ: Sabe, é o seguinte: esse é o Marilyn Manson. Então eu quero que ele venha desse jeito, sabe. Quer dizer, era quase como ficar de babá de uma criança de cinco anos, mas, sabe, eu não quero um Manson feliz e certinho. Eu quero o Manson astro de rock. Então, sabe, rendeu um ótimo programa, as pessoas adoram ver um desastre, e foi mais ou menos isso que foi. Então, sabe, tem muitos caras assim no metal, que, sabe, dividem a plateia às vezes, como o Phillip Anselmo, ou o Dave Mustaine, sabe, eles têm… Algumas pessoas os amam e algumas pessoas os odeiam, mas sabe do que mais? Você sempre assiste esses caras, porque você nunca sabe o que eles vão falar, e é isso que eu quero que eles venham fazer no programa, eu quero que eles sejam eles mesmos, eu não quero que eles sejam “Ah, todo mundo está bem, tudo está bem!”. Eu quero ver o grunhido do Dave Mustaine quando ele vier, sabe? Eu quero que o Phil se levante e flexione os seus músculos, e sabe, seja todo machão. Porque é isso que esses caras são, e é por isso que as pessoas ligam a TV para assisti-los, então… Sabe, é isso que eu penso.

W (DD): E você já mencionou o Ozzy, que eu acho, não dá pra ser mais engraçado do que isso, e você também mencionou o Alice Cooper e o Ted Nugent, quais outros artistas de metal você acha que são engraçados?

DJ: Bom, um dos caras mais engraçados, infelizmente nós o perdemos no ano passado, era o Pete Steele, do Type O Negative.

W (DD): Sim

DJ: Havia sempre humor na música deles, mas também, se você já viu o Type O Negative tocando ao vivo, sabe, ele sabia rir de si mesmo, sempre fazendo piadas sobre ele e a banda. E ele falava coisas do tipo, sabe “Se vocês acharam que a gente tocou essa música mal, esperem até ouvir a gente destruir essa próxima.” Havia sempre um elemento de comédia nele, e ele era muito seco, sabe, o que eu adorava nele, um humor muito seco e direto. Então eu sempre adorei o Pete, eu sou super fã do Type O Negative, eu tento falar o máximo que eu posso sobre eles no programa.

W (DD): Eu tenho certeza que essa é a primeira vez na minha vida que eu falo com um ganhador do Emmy. Então parabéns pelo prêmio. E se você olhar para trás, você poderia escolher um momento da sua carreira que você tem muito orgulho, que você pensa “Cara, eu consegui!”?

DJ: Eu tenho orgulho de todos eles, sabe… Mas eu tenho mais orgulho do That Metal Show, porque é uma coisa que eu criei com os meus dois melhores amigos, e agora eu faço com os meus dois melhores amigos na TV, e sabe, eu nunca… É assim, em toda a minha carreira, eu fiz coisas muito legais, mas eu nunca fui chamado para falar com alguém do Brasil sobre isso. Então eu teria que dizer que o That Metal Show é provavelmente a maior coisa que eu já fiz, e a coisa da qual eu tenho mais orgulho. O Emmy é legal, sabe, ganhar um Emmy como comediante na televisão é incrível, sabe, e você ganha uma estatueta legal. Mas no fim do dia, não significa nada para ninguém na plateia, tipo em um clube de comédia, sabe, você falar “Ah, ele ganhou um Emmy”, e se você não tiver indo bem, eles provavelmente vão pensar “Ei, o que aconteceu com o ganhador do Emmy? Esse cara é péssimo!” Então sabe, é uma coisa legal de se ter, e eu fico feliz de ter ganho. Sabe, quando eu era solteiro, eu deixava ele do lado da minha cama, aí quando eu trazia garotas para a minha casa, talvez elas dessem mole para mim.

W (DD): É uma boa estratégia.

DJ: Sim, ou, sabe, se elas fossem me deixar fazer alguma coisa, talvez o Emmy me ajudasse a fazer mais ainda.

W (DD): Ótimo, então vamos ouvir mais uma música. Se você pudesse escolher uma música de metal que representa quem você é, e no que você acredita, que música seria essa?

DJ: Motorhëad, “Don’t Let ‘Em Grind Ya Down”.

Isso é uma das melhores coisas do Rock e do Metal, sabe, é que tem senso de humor. Mesmo algumas das coisas mais escuras realmente têm humor.”

W (DD): Você pode falar aos nossos ouvintes um pouco sobre a Gunfire-N-Sodomy?

DJ: OK. A Gunfire–N-Sodomy é minha banda de death metal acústico. É supostamente engraçada, mas na maioria, quando eu estou cantando na frente do público, é muito assustador. Então nós quisemos explorar a parte de humor, eu acho, mas é death metal acústico que ninguém nunca fez antes, e agora eu sei por quê. Mas sou eu e mais dois amigos meus, e nós colocamos máscaras de esqui, e nos cobrimos de sangue, e cantamos músicas sobre, sabe, assassinato e coisas assim. Então foi divertido de fazer como projeto paralelo, mas nós pudemos abrir para o Six Feet Under e o Gwar, e nós fazemos nossos próprios shows na cidade o tempo todo, em Nova York, então… E eu coloquei algumas músicas no final do meu álbum de comédia também.

W (DD): Ainda falando sobre isso, o que você acha dessa intersecção entre o metal e o humor, em coisas como o Tenacious D, Beatallica ou o Spinal Tap? Nós até temos uma versão brasileira, que é uma banda chamada Massacration.

DJ: Qual é o nome deles?

W (DD): Massacration.

DJ: Massacration?

W (DD): Isso mesmo.

DJ: Legal, eu quero conferir! Sim, eu acho que algumas coisas são melhores que outras, sabe, o Spinal Tap, definitivamente… Sabe, o Spinal Tap originalmente era uma sátira do Saxon… A banda Saxon?

W (DD): Sim, definitivamente.

DJ: É daí que veio a ideia, quando eles viram uma filmagem do Saxon, é daí que veio a ideia do Spinal Tap. Então, sabe, eu acho que esses caras mandam bem. Há uma banda nos Estados Unidos chamada Steel Panther, você conhece eles?

W (DD): Sim, eu conheço eles, e tem também o The Darkness, certo? Da Inglaterra…

DJ: Sim, The Darkness, da Inglaterra, sim, sim. Então tem muita gente, sabe, eu não gosto muito de paródias e coisas assim, como eu disse, eu gosto mais de uma humor mais seco, então eu não gosto de coisas muito extravagantes. Mas algumas coisas são muito legais e engraçadas, se feitas do jeito certo. Sabe, isso é uma das melhores coisas do rock e do metal, sabe, é que tem senso de humor. Mesmo algumas das coisas mais escuras realmente têm humor.

W (DD): Don, nós já estamos atingindo 20 minutos… Eu tenho mais três ou quatro perguntas, você quer que eu pare, ou posso continuar?

DJ: Não, vamos lá! Eu estou falando com o Brasil, cara, vamos continuar!

W (DD): Excelente, muito obrigado. Nós provavelmente vamos começar, em breve, nosso primeiro esforço, como empresa, de fazer caridade, e eu sei que você é envolvido com algumas organizações. Você poderia falar um pouco sobre o seu envolvimento com isso?

DD: OK. Bom, eu trabalho… Eu já fiz algumas coisas com uma organização daqui chamada “Fallen Blue”, que ajuda as famílias de viúvas de policias que são mortos em serviço. Porque a minha irmã é casada com um policial, então… Ele ainda está vivo, por sorte, mas eles têm três filhos, e Deus proíba, sabe, que o meu cunhado leve um tiro, aí minha irmã viraria uma mãe solteira com três filhos, como ela iria pagar as contas dela e essas coisas, então… Sabe, eu penso sobre isso o tempo todo, então quando essa organização “Fallen Blue” me abordou, e me pediu para trabalhar com eles, eu disse “Claro, eu adoraria”. Sabe, eu faço doações para muitas coisas, mas eu não gosto de falar sobre isso, porque fazer isso com privacidade, eu não gosto de ter nenhum tipo de publicidade.

Eu tento me manter atualizado com as coisas novas também. Não posso continuar ouvindo os mesmos 15 álbuns para o resto da minha vida.”

W (DD): Eu tenho certeza de que você se lembra do primeiro filme do Sam Dunn, “Metal: A Headbanger’s Journey”. É um filme incrível… Há uma parte muito engraçada, em que o Sam Dunn tenta entrevistar esses caras do Mayhem e eles fazem pouco caso dele. Você fez um monte de entrevistas com vários artistas. Você já teve algum momento desse tipo?

DJ: Sabe, ninguém… Todo mundo foi incrível, mas algumas pessoas… O meu herói é o Lemmy. O Lemmy, ele… É por isso que eu escolhi aquela música “Don’t Let ‘Em Grind Ya Down”, é a minha preferida, porque esse é o melhor conselho que você poderia dar a qualquer pessoa. Sabe, não deixe que ninguém te diminua, não deize que ninguém te diga como viver a sua vida, não deixe que ninguém te diga o que fazer, sabe, faça o que você quiser e não se preocupe com a opinião de ninguém. E o Lemmy é cheio desse tipo de sabedoria, sabe, o tempo todo. Eles perguntam para ele “Como que o Motorhëad durou tanto tempo?” e ele diz “Porque nós nunca desistimos. Se você não desiste, eles não conseguem se livrar de você”. Sabe, e eu amo esse tipo de coisa. Mas em relação à entrevistar ele, ele é difícil, porque ele dá muitas respostas curtas, e ele tem um sotaque muito pesado, então às vezes, quando ele fala alguma coisa, você não entende. Então, sabe, eu amo o cara, ele é meu herói, mas às vezes – e ele já veio no nosso programa umas quatro vezes – às vezes ele é muito difícil de entrevistar.

W (DD): Sim. Toda vez que eu vou entrevistar alguém – nós já estamos chegando ao episódio 100, então nós entrevistamos um monte de pessoas – todas as vezes que eu vou começar uma entrevista, eu penso “Bom, talvez hoje seja o meu momento Mayhem.”

DJ: Certo, exatamente. Sabe, algumas pessoas são melhores em entrevistas do que outras, até o Slash disse, no nosso programa, ele disse “Eu estou sóbrio agora, há três ou quatro anos, eu estou começando a me acostumar a fazer entrevistas sóbrio, sabe, porque se eu fosse… Se eu fosse a um programa assim na época em que eu estava com o Guns’ N Roses, eu teria que beber pelo menos uma garrafa de Jack Daniels para conseguir passar por isso.” Sabe, porque por dentro ele é até um cara tímido, e ele não gosta de fazer publicidade, então, sabe, ele ficava muito bêbado para fazer cada entrevista. Mas alguns caras adoram fazer isso, sabe, como você disse. Quer dizer, eu tenho certeza de que o Eddie falou o suficiente para quatro, cinco, talvez seis episódios.

W (DD): Eu sei que você é um grande fã do Thin Lizzy. Quais são as suas outras bandas ou artistas preferidos de todos os tempos, além do Kiss, que você já mencionou?

DJ: Sim, Thin Lizzy, Motorhëad, Black Sabbath, AC/DC… Sabe, muitas das bandas clássicas, porque nós todos estamos nos nossos quarenta e tantos anos, então essas são as nossas raízes: Judas Priest, Sabbath, AC/DC, Thin Lizzy, Motorhëad. Mas há muitas bandas novas que eu amo também, eu amo Amon Amarth, eu amo Catatonia… Então, sabe, eu tento me manter atualizado com as coisas novas também, porque eu não posso continuar ouvindo os mesmo 15 álbuns para o resto da minha vida, você tem que achar outras coisas.

W (DD): E alguma banda brasileira de heavy metal?

DJ: Ah, o Sepultura. Essa é do Brasil, não é?

W (DD): Sim.

DJ: OK, Sepultura. Eu tenho que pensar em quem mais é do Brasil… Eu não sei quem mais é do Brasil.

W (DD): Tem muitas bandas, se você quiser, talvez nós possamos preparar um pacote de CDs e mandar para você.

DJ: Sim, foi mal, eu não estou me lembrando de quem é de qual país, mas se você quiser me mandar algumas sugestões por e-mail, eu vou adorar conferi-las.

W (DD): Eu farei isso com certeza. Nós estamos quase chegando ao fim da nossa entrevista, mas antes de te liberarmos, nós geralmente perguntamos aos músicos qual seria o conselho deles para jovens que estão começando uma carreira musical, então o que você diria para um jovem comediante, ou até para nós, como um programa de metal que começou há dois anos, qual seria o seu conselho para alguém que está começando uma carreira?

DJ: Bom, eu diria o seguinte… Vou te fazer uma pergunta, Daniel: por que você quis começar a fazer o Wikimetal?

W (DD): Nós começamos a fazer isso, porque… Muito parecido com vocês, eu estou fazendo isso com dois dos meus melhores amigos na vida, e nós queríamos ajudar a cena de heavy metal aqui, e espalhar a palavra sobre essas banda muito, muito boas que existem aqui no Brasil, que não tem o reconhecimento e o espaço merecido…

DJ: Certo, e porque vocês amam a música.

W (DD): Sim.

DJ: Então essa é a sua resposta. Sabe, faça o que você quiser fazer na vida, seja ser um comediante, ou um músico, ou o que seja, mas faça isso por amor. Não faça isso porque você acha que vai ganhar 10 milhões de dólares e morar em uma mansão e ter um carrão e um monte de mulheres. Se você fizer o seu trabalho por amor, você vai conseguir todas essas coisas. Mas tem que vir do coração, sabe, como você disse, nós dois fazemos isso com pessoas que nós amamos e que se importam com a música da mesma forma. Então tem que vir desse lugar, senão é falso. E é por isso que os fãs do That Metal Show permanecem fieis a nós, eles sabem que nós amamos a música. Se nós gostamos de alguma coisa, nós falamos, se nós não gostamos de alguma coisa, nós também falamos, sabe. Nós quebramos as pernas uns dos outros todos os dias no programa, mas, sabe, nós ainda somos irmãos, e é isso mesmo, cara. Nós todos estamos fazendo a mesma coisa, nós estamos todos tentando manter a música que nós amamos viva. Todo mundo: vocês, eu, todas as revistas, sabe, todas as estações de rock que ainda tocam heavy metal, sabe, estamos tentando manter a música viva, porque vamos encarar: é a melhor música do planeta.

W (DD): É mesmo. Mais uma vez, Don, muito obrigado pelo seu tempo. Eu espero ter a chance de te encontrar, seja nos Estados Unidos, ou se você vier para o Brasil, você pode contar com o Wikimetal para promover o That Metal Show, ou qualquer coisa que vocês fizerem no futuro. Muito obrigado, Sr. Don Jamieson.

DJ: Ei, muito obrigado, e por favor me mande o link, eu quero mandar para todo mundo, e muito obrigado a todos os fãs aí fora. Eu espero poder ir aí algum dia, e nós apreciamos o apoio.

W (DD): Excelente, muito obrigado, Don. Tchau.

DJ: Tchau.

Ouça o episódio completo!

Categorias: Entrevistas

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