Muitos músicos jovens estão sendo influenciados pelo que eu fiz. Agora se você toca Thrash metal, supõe-se que você é um bom guitarrista “

Alex Skolnick: Oi.

Wikimetal (Nando Machado): Oi Alex.

AS: Oi, como você está?

W (NM): Oi Alex, aqui é o Nando Machado e o Daniel Dystyler do Wikimetal. Como você está?

AS: Bem, bem. E vocês?

W (NM): Estamos bem. Só pra você saber, você está no Wikimetal, o podcast número 1 de Heavy Metal do Brasil. Eu estou aqui com o Daniel.

AS: Oh! Bacana.

W (NM): Nós somos os apresentadores do programa. Primeiramente, é uma grande honra ter você, o lendário guitarrista do Testament no nosso show. Muito obrigada pelo seu tempo!

AS: Obrigado, obrigado!

W (NM): Falando do início dos anos 80. Você imaginava naquela época que aqueles garotos da Califórnia teriam um impacto tão grande no Heavy Metal? Na cena de Metal ao redor do mundo por tanto tempo?

AS: Não, realmente não! Nunca pensei. Eu pensei, pensei por um tempo que, tudo bem, Metallica seria essa banda desconhecida que entrou para o mainstream, mas o resto das bandas seriam quase todas underground. Mas você pode ver que nos últimos anos, está havendo um ressurgimento, e fica muito claro que tem muitas e muitas bandas que tiveram esse impacto, incluindo a nossa. E somos gratos por isso.

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi Alex, aqui é o Daniel. Falando sobre aquela época, é muito interessante perceber que, de duas cidades da Califórnia surgiram tantas bandas ótimas. Então, como é a sua relação hoje em dia com bandas como Exodus, Forbidden e Slayer por exemplo, já que vocês todos compartilharam músicos entre as bandas?

AS: Sim,é interessante. Nosso baterista Paul Bostaph tocou com o Slayer durante muitos anos. O guitarrista do Exodus, Gary Holt, está subsituindo nesse momento o guitarrisa do Slayer.

W (NM): E também, Steve Souza foi o primeiro cantor do Testament. Correto?

AS: Isso, exatamente. Isso é verdade. Então, é interessante acho, que ninguém previa isso.

W (NM): E a relação entre vocês e essas bandas? Você ainda tem contato com o pessoal dessas bandas?

AS: Sim, sim. Isso é na verdade muito bom. Eu acho que agora que todos estão um pouco mais velhos, tem muito mais apreço. Antigamente, toda banda era como um time de esportes. Tinha muito, um grande senso de competição. E acho que agora, todo mundo percebe que não tem problema gostar de pessoas das outras bandas também. E sim sempre tem alguém das outras bandas que vai nos assistir e nós vamos assisti-los. É uma boa camaradagem.

W (NM): Falando da história do nome Testament. Eu conheço a história, mas você pode falar um pouquinho pra gente sobre quem deu o nome para a banda?

AS: Ah, originalmente a banda era chamada Legacy, e quando já estávamos para lançar nosso primeiro álbum, descobrimos que havia outra banda chamada Legacy, então não podíamos usar o nome. Colocamos uma mensagem para todas as pessoas que conhecíamos e como estávamos na gravadora Megaforce Records, eles também pediram para todos os artistas deles. Então, grupos como Anthrax, Overkill, S.O.D, estavam todos nos ajudando a pensar em nomes. Na verdade, foi o Billy Milano, cantor do S.O.D, que chegou ao nome Testament.

W (DD): Ótima história.

W (NM): Essa é uma ótima história, Alex.

W (DD): Excelente! Agora vou trazer a entrevista para o presente, para os dias atuais. Eu também sou descendente de Poloneses e eu sei que você também é. Ouvimos que você foi, pela primeira vez capa de uma revista polonesa de guitarra. Então, a minha pergunta é, o que isso representa pra você, tanto ser capa de uma revista especializada sobre guitarra como sendo da Polônia?

W (NM): E, com licença Alex, o que a Guitar Player estava fazendo durante 25 anos? Eles estavam dormindo ou algo parecido? Por onde andavam esses caras?

AS: Sabe, na realidade isso tem muito mais a ver com popularidade e vendas de álbuns do que com qualquer outra coisa. Apesar de eu ter muito apoio como guitarrista e eu sei que muitas das pessoas que trabalham nessas revistas Americanas apreciam o que eu faço, eles também olham para as vendas dos álbuns. Estou feliz que a revista Polonesa fez. Eles falaram, essa é a situação que faz sentido… E é merecido. Então foi muito significativo que veio do país de onde meu avô veio quando garoto, e isso significa um imenso reconhecimento. Eu quero acreditar que estava fazendo a coisa certa, mas às vezes é difícil , tem pressão, pressão pra ser, não o tipo de músico que você quer ser, pressão pra ser mais como outras pessoas dizem pra você ser. É realmente um grande reconhecimento do que eu fiz, o caminho em que estive está correto e eu vou me manter nele.

W (NM): Me fale um pouco sobre Joe Satriani. Ele é realmente um professor excepcional? Quero dizer, você, Steve Vai, Kirk Hammet…

AS: Sim, quero dizer, eu acho interessante porque eu passei um tempo no mundo do Jazz. Eu tive álbuns de Jazz assim como álbuns de Metal. Eu estudei com pianistas de jazz e outros músicos que tinham um conhecimento de teoria musical avançado e não é tão incomum assim, mas no mundo do rock é difícil esse alto nível de entendimento musical. É raro. E era especialmente raro nessa área. E Joe é na verdade de Nova Iorque, ele veio de Long Island, Nova Iorque e quando ele era mais novo, ele estudou com o pianista de Jazz chamdo Lennie Tristano. Ele é muito famoso nesse mundo do Jazz. É interessante porque ele foi o primeiro professor que meio que adicionou esse entendimento musical que é necessário no Jazz, mas ele trouxe pro Rock. E ele estava dando aulas na Berklee, e isso foi uma grande oportunidade para aqueles de nós que foram afortunados o suficiente para estudar com ele.

A música que me fez virar fã de Thrash Metal foi ‘Fast as a Shark’ do Accept. “

W (DD): Falando sobre grandes músicos, é verdade que logo depois que você deixou o Testament, você tocou com o Stuart Hamm? Como foi isso?

AS: Isso foi ótimo! Mas na verdade foi enquanto eu ainda estava no Testament, mas foi o primeiro show que fiz fora do heavy metal. Foi incrível pois a música do Stu na época explorava muito estilos diferentes. Ele me fez tocar de uma maneira que eu nunca tinha tocado antes. E também, a ideia de que alguém de uma banda Thrash realmente tocando naquele nível e sendo capaz de acompanhar um músico daquele nível era novidade naquele tempo. Agora, já não é mais tão incomum, agora, tem muitos músicos bons que tocam Thrash, mas eu estava no tempo onde era esperado que se tocasse como um músico de punk, entende o que quero dizer?

W (NM): Sim.

W (DD): Sim.

AS: Naquela época, Venom, Motorhead e até Slayer no início, não era realmente voltado para a musicalidade. A composição musical sim, mas os solos de guitarra não eram prioridade e eu vinha do mundo do Ozzy, Van Halen, e eu decidi, quer saber, eu quero tocar Thrash, mas eu quero tocar no nível dos guitarritas do Ozzy, Van Halen e Dio e isso era muito incomum. Eu recebi muitas críticas por isso, por não ser um músico de Thrash de verdade. Acontece que foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido porque hoje em dia, muitos músicos jovens estão sendo influenciados pelo que eu fiz e agora se você toca Thrash metal, supõe-se que você é um bom guitarrista, o que eu acho muito melhor.

W (DD): Claro.

AS: Daniel, depois que eu toquei, lancei alguns álbums, Marty Friedman que não tocava Thrash antes, entrou no Megadeth.

W (DD): Sim.

AS: E eu penso que ele, Marty, estando no Megadeth e eu, nos ajudamos a estabelecer isso, sabe, o guitarrista principal de Thrash tocando, pode tocar bem.

W (NM): Uma música que deixa você louco, completamente alucinado e nós vamos ouvi-la?

W (DD): Que você não consegue se controlar.

AS: Certo, vamos ver! Eu vou dizer a primeira música, a música que me fez virar fã de Thrash Metal, que é ‘Fast as a Shark’ do Accept.

W (NM): Essa é uma ótima escolha.

W (DD): Ótima. Incrível.

W (NM): Então, nós vamos ouvir ‘Fast as a Shark’ do Accept. Nesse instante no Wikimetal!

AS: Sim.

W (NM): Há alguns dias eu falei com o Zakk Wylde e eu sei que ele tem um projeto de fazer um G3 com guitarristas de Thrash metal. Era o Zakk, o Kerry King e o Dimebag, mas depois que o Dimebag faleceu acredito que o projeto está em espera, mas você consideraria participar? Você gostaria de fazer um projeto como esse com outros guitarristas de Thrash metal?

AS: Com certeza, com certeza. Sim. Acho que o Zakk precisa começar a pensar nisso novamente.

W (NM): Adoramos fazer parte disso, de ter contribuido para essa ideia de alguma forma.

AS: A próxima vez que eu encontrar com ele, vou falar pra ele organizar isso.

W (NM): Imagina como seria o som disso.

W (DD): É, isso seria ótimo.

AS: Seria muito Bacana.

W (DD): Você pode dizer pra ele – ‘Eu tava falando com os caras do Wikimetal e eles falaram algo desse tipo’.

AS: Sim, com certeza, eu garanto que vocês levarão os créditos.

Quando eu ouvi o álbum do Van Halen pela primeira vez, só pensava na guitarra. Eu me imaginei tocando como ele fazia.”

W (DD): Alex, você mencionou que você vem de sons como Van Halen, Ozzy e todos esses tipos de músicas. Obviamente você fez referência a grandes guitarristas que foram dessas bandas como o Eddie Van Halen, Randy Rhoades, Jake E. Lee. Então, no começo, quem foram os guitarristas ou artistas que inspiraram você pra escolher essa profissão?

AS: Foi definitivamente o Eddie. Eddie Van Halen, sem dúvida, ele talvez seja um dos guitarristas de elite. Eu comecei como um grande fã do Kiss, e antes de eu tocar guitarra, eu não tinha certeza se… Eu também era grande fã dos Beatles, ainda sou. Você sabe, o que todo mundo curtia. Então, como eu tava dizendo, se eu queria ser um guitarrista e cantor. Eu ouvi alguns do clássicos como Eric Clapton e Jimi Hendrix, mas quando eu ouvi o álbum do Van Halen pela primeira vez, só pensava na guitarra. Tenho certeza que muitas pessoas tiveram esse experiência, mas isso tocou nos meus nervos. Eu me imaginei tocando como ele fazia.

W (DD): E hoje em dia, quem são os seus 3 guitarristas favoritos?

AS: Jeff Beck e eu o vi tocar, a pouco tempo atrás, mais ou menos 1 ano e meio atrás. E ele estava bom como sempre. Poderia ser 1976, mas era 2009. E foi absolutamente incrível. Eu também sou grande fã de Pat Metheny, ele não toca Rock, mas tem muitos lados diferentes também. Ele provavelmente é um dos melhores músicos do mundo. E tem também, um cara chamado Jimmy Herring, ele é um ótimo guitarrista.

W (NM): Você pode falar um pouco sobre seus outros projetos, como o seu trio? Ou você está fazendo algo mais for a isso no momento?

AS: Sim, principalmente o trio. O trio está com um novo álbum que foi lançado a uns dois meses atrás e temos feitos vários shows, alguns com Rodrigo e Gabriela, foi muito divertido. Eu também toquei no álbum deles, o mais recente deles chamado 11:11. E eu também estou produzindo bandas. Eu produzi uma banda do Iraque chamada Acrassicauda, uma banda de Heavy Metal.

W (NM): Sim. Eu vi o filme deles outro dia. É muito bom.

AS: Essa é a banda do filme. Produzimos um EP, eles estão em turnê agora, compondo mais músicas.

W (NM): Eles moram na América hoje em dia?

AS: Sim, eles moram na América agora

W (NM): No outro dia eu assiti o filme ‘Heavy Metal in Bagdad’ e eu achei muito bacana.

AS: Sim. Na verdade tem sido muito divertido ajudar bandas de outros países. Eu também estou envolvido com alguns músicos de Cuba, e Cuba tem uma grande penalidade. Existem centenas de bandas de Metal lá, mas ninguém sabe disso. Eles não podem sair do país porque o governo só quer promover as músicas com as quais eles se sentem confortáveis, músicas mais tradicionais, que é boa música mas sabe, é injusto com essas bandas de metal. Então, existe um movimento nos Estados Unidos que ajuda a trazer essas bandas pra cá. O movimento se chama Unblock The Rock. A banda número um de Cuba, é uma banda que se chama Escapes.

W (NM): Eu imagino o porque do nome, certo?

AS: Exatamente. Escape de Cuba. E nós estamos trabalhando para trazê-los para os Estados Unidos. Eu sou grande fã dessa banda, eles combinam todos os gêneros do metal como o Black metal, Death metal, Thrash metal. Eles tem uma musicalidade que todos os músicos deveriam ter.

W (DD): E falando de músicos de outros países, eu vi que recentemente o Robert Trujillo do Metallica tocou ao vivo com Rodrigo e Gabriela. Você considera fazer algo desse tipo? Já que você gravou o álbum com eles.

AS: Sim. E na verdade, nós fizemos um show e ele foi convidado especial também, no Radio City em Nova Iorque. Se você for no YouTube e procurar por Alex Skolnick Trio e Robert Trujillo, você vai ver nossa improvisação nesse dia.

W (DD): Vamos colocar o link desse video no show.

AS: Está certo, está certo.

Ozzy me contratou, mas a Sharon decidiu por outro guitarrista que no final foi o Zakk, que terminou na banda de qualquer forma.”

W (NM): Falando sobre o Testament mais uma vez Alex, já que esse é um especial sobre o Testament. Estamos fazendo um especial de uma hora com o Testament. Você pode escolher uma música do Testamente da qual você se orgulha?

AS: Sim. Porque não falamos… Eu vou escolher ‘Souls of Black’

W (DD): Ótimo!

W (NM): Essa é uma ótima escolha.

AS: Sim. Essa é uma música que eu comecei na verdade em um baixo. Na verdade, eu estava brincando com o baixo e criei a introdução da música.

W (DD): E já que estamos ouvindo a voz do Chuck Billy, deixa eu perguntar uma coisa pra você. Como ele está de saúde?

AS: Oh, muito bem! Obrigada por perguntar. Ele está em ótima forma, ele faz check ups umas duas vezes no ano, está melhor do que sempre esteve e nao tivemos problemas mais. Isso é bom não somente por ele estar saudável, mas por ele ser um dos poucos músicos que faz esse tipo de música.

W (NM): Isso é muito, muito bom de se ouvir Alex. Obrigada por deixar nossos ouvintes saberem disso. Mudando de assunto mais uma vez, você pode mencionar um solo de guitarra que você gostaria de ter escrito?

AS: Eu acho que Randy Rhoads do Mr. Crowley.

W (NM): Ah, essa é um clássico.

AS: Clássico não, um épico.

W (NM): Isso, um épico.

AS: A melhor coisa no mundo.

W (DD): E como foi a sua experiência com o Ozzy?

AS: Foi muito interessante. Pra mim, foi ótimo, acho que talvez não tenha sido no período de tempo certo. Ele me contratou, mas a Sharon decidiu por outro guitarrista que no final foi o Zakk que terminou na banda de qualquer forma. Mas eu fiz um show com eles, participei de alguns ensaios. Foi super emocionante, foi como dar uma espiada em mundo totalmente diferente. Eu nunca estive ao redor de tanta gente famosa.

W (NM): Acredito que todos os fãs de Metal teriam adorado ver você tocando com o Ozzy, mesmo que uma única vez.

AS: Eu acho que teria sido bacana, mas você sabes, aconteceu apenas esse show. E eu vou dizer uma coisa, sou muito grato por ter feito esse único show.

W (DD): Muito obrigado pelo seu tempo e por dividir todas as suas histórias e experiências. Você poderia deixar uma mensagem para todos os fãs Brasileiros, convidando todos os Metalheads de São Paulo pra irem ver você no dia 20 de Agosto em São Paulo?

AS: Certo, fãs Brasileiros de Metal, aqui é o Alex Skolnick do Testament e eu estou falando pra vocês virem para São Paulo e ver o Testament no dia 20 de Agosto. Estamos em atraso, mas estamos a caminho e quero ver todos vocês. Estamos muito felizes por estar indo tocar no Brasil para os melhores fãs de Metal do mundo. Vejo vocês lá!

W (NM): Está ótimo, Alex. Muito obrigada, Alex pelo seu tempo, foi muito apreciado. Tenho certeza que o show no dia 20 vai ser fantástico, nós vamos estar lá e eu espero ter a chance de conhece-lo por lá, e quem sabe podemos tomar uma cerveja juntos.

AS: Parece bom. Eu adoraria. Ok, obrigada.

W (NM): Ok, muito obrigado mais uma vez.

W (DD): Obrigado Alex.

AS: Obrigado! Tchau, tchau.

W (DD): Tchau, tchau.

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Categorias: Entrevistas

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