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Entrevista com a Roadie Crew

Nesse momento, nada mais justo que comemorar os 15 anos de Roadie Crew saudando as nossas bandas”

Wikimetal: A última edição da Roadie Crew, um especial sobre o Metal Nacional, comemora os 15 anos da revista. Fale um pouco desta história de tantos anos da revista. Como ela surgiu?

Claudio Vicentin: A Roadie Crew surgiu quando eu era “roadie” do Angra em 1992. Óbvio que o nome da revista vem desse trabalho com a banda. Sempre curti demais escrever sobre música e estar envolvido no mundo do Heavy Metal. Dessa maneira me juntei com o Airton Diniz e criamos os primeiros fanzines, ainda com a presença de Anselmo Teles e do Rodney Christófaro, que hoje faz o programa Maloik. Acabei indo morar um tempo nos Estados Unidos em 1995 e em 1997, após meu retorno, criamos a Editora Roadie Crew, já com a presença do Ricardo Batalha.

Wikimetal: E o que você pode dizer do Metal Nacional durante estes 15 anos? Como era o cenário naquela época e como ele se compara aos dias de hoje?

Ricardo Batalha: Era uma grande família, hoje é outro mundo. Como você comentou apenas os quinze anos da revista nas bancas, pudemos ver de perto o desenvolvimento de bandas que se tornaram reconhecidas internacionalmente, como Krisiun e Angra, por exemplo. Só acho lamentável que somente quatro ou cinco representem internacionalmente a imensidão de coisas boas que temos aqui. Nesse tempo, vimos de perto o surgimento de gravadoras, sites, casas de shows, além do ‘boom’ de várias tendências e o inchaço de bandas na cena. Mesmo assim, não devemos esquecer que os pioneiros abriram o caminho de tudo que estamos vendo hoje em dia. É uma pena que somente uma parcela de fãs e músicos pense nisso e reconheça o esforço deles. Não importa o nível de excelência em técnica e profissionalismo, os que mais me dão prazer em ver e ouvir são aqueles que ainda têm em mente que estão lá para diversão e entretenimento do público. Vi de perto todas as fases do Metal brasileiro e sei analisar bem quem toca com o sorriso no rosto porque realmente está curtindo o que faz, não se importando se é para dez ou mil pessoas. Quanto aos problemas, são quase os mesmos conhecidos por todos: falta de espaços para tocar, falta de apoio, falta de público nos shows…

Wikimetal: Como você vê o momento do Metal Nacional e como a revista pode ajudar ou influenciar nesse aspecto?

Claudio Vicentin: O momento do Metal nacional é o mesmo que foi há 30 anos, há 20 anos e há 10 anos. Muitas bandas boas! Mas não é fácil se ajeitar e conseguir manter uma carreira. Mesmo em países com ótima estrutura, países de primeiro mundo onde existe um governo que te apoia a fazer algo que goste, seja tocar Heavy Metal ou ser um policial, todos lutam por um espaço. Imagina quantos músicos ótimos e quantos, por exemplo, jogadores de futebol já ficaram pelo caminho por um motivo ou outro? A Roadie Crew sempre apoiou o Metal nacional fazendo o que é possível. Sempre lutamos para mostrar as bandas lá fora, sempre levamos material de bandas para a Europa quando vamos cobrir algum festival e encontramos os amigos das gravadoras de fora, custeamos a ida de algumas bandas para tocar no Wacken através do Metal Battle também. Nesse momento, nada mais justo que comemorar os 15 anos de Roadie Crew saudando as nossas bandas, nosso mercado onde a revista atua.

Wikimetal: Dos 15 anos, quais outras edições você citaria como históricas para a Roadie Crew?

Claudio Vicentin:Cito algumas edições que nem são tão históricas, mas para nós foi um momento único quando colocamos nossa primeira edição em banca, a de número 9 com o Iron Maiden na capa. Colocamos bandas como o Krisiun, Korzus, Torture Squad na capa de uma revista pela primeira vez, a edição número 100 com os 100 Grandes álbuns do Heavy Metal e a 112 com os 50 melhores guitarristas de todos os tempos. Teve também a edição 135 com uma bela matéria do Black Sabbath e a edição 136 com o Thrash Metal da Bay Area. Outra a destacar é a edição 150 com os 150 motivos para ver e ouvir Heavy Metal e Classic Rock e agora a edição de 15 anos com os 60 grandes álbuns do Metal nacional.

Wikimetal: A edição de aniversário de 15 anos da Roadie Crew traz uma lista dos 60 grandes álbuns do Metal Nacional. Desta lista, qual é o álbum preferido de cada um de vocês da Roadie Crew?

Claudio Vicentin: Sepultura – “Chaos A.D.”
Ricardo Batalha: Esta pergunta é impossível de ser respondida (risos). Ok, fico com ‘Última Noite’ do Centúrias. Se me perguntasse um hino do Metal brasileiro seria ‘Salém (A Cidade das Bruxas) do Harppia.
Airton Diniz: Tuatha de Danann – “Trova Di Danú”
Tony Monteiro: Harppia – “A Ferro e Fogo”

Wikimetal: Qual foi o processo de seleção dos 60 álbuns?

Claudio Vicentin: Nós na redação e conversando com muitas pessoas do meio criamos uma lista com mais ou menos 120 álbuns. A partir desse ponto íamos analisando a importância de cada álbum quando do seu lançamento e para a história do Heavy Metal em nosso país e no exterior. Desde o início de tudo até álbuns mais atuais. Foi muito difícil e doloroso tirar alguns álbuns, mas chega um momento que você tem que finalizar a revista e tomar a decisão.

Wikimetal: Tem algum álbum que, por questão de espaço, ficou de fora mas você acha que vale a pena destacar?

Ricardo Batalha: É sempre muito complicado e, por vezes, injusto fazer listas porque muita coisa fica de fora. No meu caso, incluiria o ‘Rebirth’ do Angra ou o ‘Motion’ do Almah para mostrar o talento do vocalista Edu Falaschi. Do Sepultura ainda teriam ‘Schizoprenia’ e ‘Roots’ e também gostaria que o trabalho de bandas como Karisma, Amen Corner, Sextrash, A Chave do Sol, Platina, Firebox, Skyscraper, Wizards e Exhort tivessem entrado, mas eu sei que não dá para colocar tudo. A minha lista teria mais de cem, porque eu realmente curto o nosso Metal. Bem, pelo menos agora posso dizer que não vou morrer sem ver uma edição inteira com Metal brasileiro, algo que sempre sonhei em ver. Daria para ter o dobro de páginas essa edição!

Wikimetal: Foi muito bacana a ideia de pedir para os artistas comentarem os álbuns. Tem algum comentário que foi feito que você gostaria de destacar?

Ricardo Batalha: Todos ficaram legais, mas como sou muito fã do EP ‘Última Noite’ do Centúrias foi interessante ver Jack Santiago do Harppia e Andre Matos falando que Edu Camargo era o melhor vocalista da época. O Viper tocava cover de ‘Portas Negras’ no início de carreira e dois músicos do Harrpia acabaram indo para o Centúrias depois. E mais, eu também colocaria o álbum ‘Ninja’ do Centúrias na lista, voltando à sua pergunta anterior. (risos)
Claudio Vicentin: Gostei do comentário do Andre Matos sobre o álbum “Evolution” do Viper na qual ele diz que esse era um álbum que ele gostaria de ter gravado. E é isso, é um ótimo trabalho do Viper sem Andre Matos.

Wikimetal: Dos 60 álbuns, a Roadie Crew selecionou apenas os mais antigos ou estão listadas bandas mais atuais? Quais exemplos você pode citar?

Claudio Vicentin: Procuramos abranger até os anos mais recentes afinal não estávamos falando de época e sim dos 60 grandes álbuns independente de quando foi lançado. Por isso você pode ver na lista grandes trabalhos recentes de bandas como Híbria ou Unearthly, por exemplo.

Wikimetal: A revista tem entrevistas com nomes lendários do Metal nacional, como Andreas Kisser, Andre Matos, Wagner e Dick Siebert. Tem alguma declaração importante que você gostaria de destacar?

Ricardo Batalha: É diferente você ter vivido tudo aquilo e falar com as pessoas que sempre curtiu vendo os shows. As declarações importantes as pessoas verão ao ler, com calma, todas as entrevistas. Tem muita coisa forte ali que, em um primeiro momento, pode passar batido. Tenha em mente que essa edição foi feita para ler e reler de forma prazerosa. Não pensamos em forçar polêmica para obter audiência.

Wikimetal: Dos álbuns listados, quais você citaria como os que mais influenciaram o Metal Nacional?

Ricardo Batalha: Muitas bandas que constam ali são referências para outras, especialmente Sepultura, Viper, Sarcófago, Dorsal Atlântica, Vulcano, Korzus, Ratos de Porão, Angra e Krisiun.

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