Avenged Sevenfold está de volta após um hiato forçado e promete o início de uma nova era com o novo álbum Life Is But a Dream…, que será lançado nesta sexta-feira, 02 de junho. Em entrevista ao Wikimetal, o baixista Johnny Christ falou sobre o processo criativo desse disco e os planos de retornar ao Brasil em breve.

A banda estava afastada dos palcos desde 2018, período suficiente para Johnny ver o filho nascer e crescer o suficiente para assistir ao primeiro show do Avenged Sevenfold na vida. Depois de um show surpresa para cerca de três mil shows em Las Vegas, o grupo se apresentou no festival Welcome To Rockville. “Trouxe minha família para a Flórida. Fizemos uma pequena viagem a Orlando, fomos para a Disney World e então meu filho, que agora tem seis anos, viu seu pai fazer seu primeiro show em muitos anos. Então foi uma experiência muito legal em um nível pessoal, e também foi ótimo estar de volta na frente dos fãs”, contou com um sorriso.

Sem novos lançamentos desde The Stage (2016), foi a primeira vez que Avenged Sevenfold teve tanto tempo disponível para trabalhar em um novo álbum em toda a carreira. O processo criativo do disco sucessor começou logo após o fim da turnê de 2018, mas a pandemia coincidiu com o período no qual a banda entraria em estúdio. 

Ao invés de retomar os trabalhos com pressa, o A7x buscou o lado positivo dos atrasos causados por circunstâncias de força maior e caminhou justamente na direção contrária:  “Nós queríamos ter certeza de que tudo o que fizemos saiu com perfeição, ou pelo menos da maneira que queríamos que soasse neste álbum”, explicou Johnny. “[Esse período] nos deu tempo para realmente colocar em perspectiva o que queríamos realizar com este álbum. Isso aconteceu de maneira forçada, mas acabou sendo uma coisa boa. Fomos mais meticulosos sobre a mensagem, a música e tudo mais”. 

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Mas enquanto Johnny acompanhava o crescimento do filho e o Avenged Sevenfold lapidava o resultado de This Is But a Dream… nos bastidores, em um processo cuidadoso de moldar sons e letras, para os fãs existia apenas um vácuo e a vontade de receber novidades sobre a banda favorita – algo compreensível, mas também uma pressão constante. “Vamos lançar o novo álbum quando a gente quiser. Essa é a verdade. As pessoas parecem pensar que nós trabalhamos para elas”, desabafou o vocalista M. Shadows em novembro de 2021.

Com a proximidade do lançamento do disco, Johnny Christ se mostra mais compreensível do que o frontman com os questionamentos constantes por parte do público. Na conversa, o baixista se lembra da própria inquietação enquanto aguardava o sucessor do The Black Album, do Metallica. Foram cinco longos anos até a chegada de Load, de 1996. “Me lembro de pensar ‘Uau, será que eles vão voltar? Isso é loucura’. E agora fizemos isso no Avenged Sevenfold sem nem piscar. E nem parece tanto tempo. É estranho como a percepção e a perspectiva mudam conforme você envelhece, não acha?”, refletiu. 

As primeiras amostras do oitavo disco de estúdio do Avenged Sevenfold parecem ter conquistado o público, mas também souberam surpreender. Enquanto “Nobody” primeiro é um conto sobre a vida após a morte, com a voz rouca de M. Shadows narrando as aventuras para além da cova em uma melodia familiar, existe muito pouco desse sentimento na montanha-russa explosiva de “We Love You”, capaz de misturar canções de ninar e metal frenético em uma única música 

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A definição de “montanha-russa” é capaz de descrever não apenas o single, mas também o Avenged Sevenfold como um todo, e a banda tem confiança de que a base de fãs está disposta a embarcar nesse vagão desenfreado para novas aventuras. “Sabíamos que os fãs eventualmente entenderiam e amariam essa música também porque é uma montanha-russa. Mas isso é o que somos. Quero dizer, é assim que sempre fomos, certo? Então, acho que é mais uma grande representação da gente, mais uma vez, levando essa liberdade criativa que nossos fãs nos deram para o próximo nível em cada lançamento”, resumiu. “E eles nos seguem e isso nos dá confiança de que estamos indo na direção certa. Amamos isso e tentamos seguir em frente”. 

Em Life Is But a Dream…, cada música promete ser um universo próprio e particular, mas sem perder de vista o DNA do Avenged Sevenfold. Seria esse o maior desafio de uma banda com tantos anos de estrada e o desejo constante de expandir os horizontes? “Trabalhamos com muito afinco em cada detalhe do que fazemos enquanto uma banda, até que isso se torne uma parte de nós . Esse é o desafio que assumimos, mas se torna mais fácil porque sempre buscamos novas ferramentas para alcançar isso”. 

O segredo para seguir buscando inovação e explorar novos caminhos sonoros a cada disco também está no convívio. Para além de colegas de trabalho, os integrantes do  A7x se orgulham de manter uma amizade verdadeira, que se reflete dentro e fora dos palcos, desde visitas surpresa para fãs no tempo livre até pegadinhas hilárias nos shows. “Somos uma família, mesmo quando não estamos trabalhando em novas músicas. Eu ainda seria amigo desses caras sem a banda, moramos perto um do outro, coisa de 10 minutos de caminhada de distância. Então se a gente não se divertir no processo, para quê faríamos isso?”, pontua Johnny. 

Vinil de 'Life is But a Dream...', do Avenged Sevendold
Vinil de ‘Life is But a Dream…’, do Avenged Sevendold. Crédito: Divulgação

A mensagem do novo disco pode ser resumida pelo título, segundo o baixista: a vida não passa de um sonho. “É sobre crise existencial, moral, o sentido da vida, nossas filosofias, aquilo que aprendemos com pessoas mais espertas que nós, o que enfrentamos a n[ivel pessoal e enquanto uma família, percebendo que estamos aqui, agora, e não há outra opção. Não importa o motivo de tudo isso, quando vamos deixar o mundo ou o que acontece depois. Você está aqui agora. Alguns dias são uma bosta, outros são legais, você precisa seguir em frente”, resumiu. 

Sobre os planos de uma turnê do Avenged Sevenfold no Brasil, a banda está ciente dos pedidos constantes de shows por aqui nas redes sociais, “mesmo quando a postagem não tem nada a ver com turnê”. O último show deles no país aconteceu em 2014 e a ideia de um retorno depois de uma década parece tornar tudo mais especial para Johnny. 

“Não esquecemos de vocês, nós os amamos. Queremos voltar, adoramos os fãs brasileiros e a cultura do país, tem grandes fãs de música aí. Então, naturalmente, queremos voltar e esperamos que [aconteça] ano que vem”, disse. A turnê norte-americana da banda termina apenas em outubro e o Avenged Sevenfold pretende descansar até 2024, quando voltarão à estrada “com tudo”.

Life Is But a Dream…, oitavo álbum de estúdio do Avenged Sevenfold, será lançado nesta sexta-feira, 02 de junho, via Warner Music. 

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