Violência, teatralidade e letras intensas são alguns dos elementos que tornam Avatar uma banda misteriosa e apaixonante, como os fãs brasileiros de Iron Maiden puderam constatar na passagem da banda pelo país para acompanhar os shows solo da Donzela por aqui. Em entrevista ao Wikimetal, o frontman Johannes Eckerström falou sobre o momento atual do metal, o gênero da banda e o que esperar do novo álbum. 

A banda formada em Gotemburgo há duas décadas tem uma sonoridade que ultrapassa as caixinhas tradicionais de gênero musical, mesmo em tempos com tantos subgêneros ao ponto do termo “circus metal” já ter sido usado para descrever a banda, ainda que erroneamente. “Eu não sei o que isso significaria. Eu sou um palhaço, mas não porque tocamos ‘metal circense’, mas porque somos um circo do metal”, explica. 

A definição mais comum é de death metal melódico e Johannes não nega a influência da cena do país natal, mas existe um tempero sem nome na fórmula da banda. “Definitivamente, usamos muitas coisas extremas em nossa música e tem muito death metal rolando, mas junto com várias outras coisas porque estamos tentando fazer algo novo, construído sobre ideias bem clássicas do que é metal”, continuou. “Nossa inspiração tem de tudo um pouco”. 

O apelo visual da banda é inegável. Com um palhaço de sorriso maníaco como frontman, um show com bater de cabeça coreografado e uniformes diferentes para cada era, o Avatar fascina não apenas pelo som, mas pela incrível união entre música e um universo próprio. “Estamos sempre tentando responder a pergunta: ‘Qual a aparência da nossa música?’. E todo esforço artístico é sobre querer se expressar ao máximo. No que nos diz respeito, eu acho que estar em uma banda é uma forma de arte conceitual”, disse o cantor sobre a importância dessa simbiose.

LEIA TAMBÉM: Entrevista: Get the Shot fala sobre fazer música extrema nos dias de hoje e o que esperar do novo álbum

Com Beatles, Black Sabbath, Judas Priest, The Haunted e Iron Maiden na “lista mais curta possível” de influências chave para a banda, Johannes não espera que as novas bandas de metal ocupem o lugar desses ícones quando a hora chegar, mas está satisfeito com as recentes mudanças na cena.

“Estamos bem. E gosto que [a cena] é mais espalhada geograficamente. As pessoas costumavam ouvir apenas bandas europeias ou americanas. Mas agora, as melhores bandas podem vir da Suécia, mas também [de outros lugares]. Todos nós nos apaixonamos por Crypta, Jinjer e Alien Weaponry. Você olha o mapa e se tornou algo global”, observou. “Isso mostra a força do que metal e como o metal é uma subcultura com guitarras, força e é alto, mas você pode moldá-lo com sua cultura local. Você pode trazer seu samba, a música folk, blues, tanto faz, e isso funciona. Nesse sentido, o metal está melhor do que nunca e estou feliz por fazer parte desta faceta do estilo”. 

No álbum mais recente da banda, o sombrio e crítico Hunter Gatherer (2020), os suecos expõem a corrida imparável da humanidade a um futuro não muito promissor no qual “o genocídio começa com as árvores”, como diz a letra de “Age of Apes”. 

Apesar de Johannes ser o principal compositor atualmente, os amigos compartilham dos mesmos pontos de vista sobre questões políticas e sociais importantes. “Somos todos veganos, por exemplo. E não somos fãs de fábricas de trolls [de internet] e movimentos políticos populistas, esse tipo de coisa. Concordamos em muitas partes fundamentais, do que valorizamos, respeitamos e como enxergamos a humanidade e o mundo”, disse. 

Já chega a hora do Avatar iniciar uma nova e promissora era, com o primeiro single chegando nesta sexta-feira, 23, prometendo música que será capaz de te fazer “ver o diabo e dançar” em um “álbum de rock n’ roll repleto de elementos de death metal, mas que ainda é rock”, com violência e sinceridade. 

É com confiança inabalável que Johannes promete “o melhor álbum da carreira” no nono disco da banda, que será lançado no começo de 2023. Essa certeza, segundo o cantor, está no fato de conseguir se relacionar com a descrição de Rob Halford sobre as gravações do clássico British Steel, do Judas Priest: “eles cortaram os excessos. Ficaram mais afiadas no que estavam fazendo. Você remove os exageros, encontra seu foco naquilo que está fazendo”. 

LEIA TAMBÉM: Entrevista: Nita Strauss fala sobre Demi Lovato, Rock In Rio e decisão de deixar Alice Cooper

Tags: