Em ativa desde 2014, o Ego Kill Talent nunca teve uma mulher como vocalista. Pelo menos até agora.
Depois de 8 anos com Jonathan Dörr nos vocais, a banda anunciou em 2022 que o cantor decidiu seguir caminhos separados e que a decisão era provavelmente o mais “saudável” para todos. Depois de alguns meses se apresentando ao vivo com a vocalista, a nova integrante foi oficialmente anunciada como parte da banda em janeiro: Emmily Barreto, do Far From Alaska, seria a primeira mulher a assumir os vocais do Ego Kill Talent.
Nas redes sociais, as opiniões se dividiram. Enquanto alguns ficaram empolgados por já conhecerem o trabalho de Emmily e se mostraram até felizes com a notícia, outros estranharam a ausência dos vocais masculinos e acharam que a nova vocal “não combinava com o estilo” da banda. Alguns desavisados perguntaram onde estava Jonathan.
Ao longo da última semana, o Ego Kill Talent teve uma chance de provar definitivamente o que pode fazer com Emmily Barreto nos vocais. Eles foram os escolhidos para abrir a turnê do Evanescence no Brasil e os shows de abertura marcaram a estreia oficial da nova vocalista como integrante fixa. Nas redes sociais, a resposta foi unânime. Em uma busca rápida no X (antigo Twitter) é possível achar vários comentários positivos e entusiasmados de pessoas que curtiram o show de abertura e saíram impressionadas com a performance de Emmily especificamente; tanto fãs que já gostavam da banda com Jonathan Dörr quanto outros que disseram ter gostado mais dos novos vocais.
No ao vivo, é evidente que o Ego Kill Talent está se transformando. Já conhecida por seu carisma e alto astral, Emmily se diverte no palco e envolve o público ao mesmo tempo em que entrega vocais fascinantes – roucos, potentes, com certo drive na voz. A banda adquiriu nova energia com a presença dela; mais leve, descontraída. Para aqueles que gostavam do som mais pesado do EKT, é perceptível que os ventos estão soprando para novos horizontes. O co-fundador Theo van der Loo inclusive trocou a camiseta do Metallica (usada também durante os shows de abertura de 2022) por uma do álbum Plastic Hearts (2020), de Miley Cyrus, durante o show de sábado à noite. Um exemplo perfeito de cantora que recebeu aclamação internacional ao mostrar suas inclinações para o rock, mesmo se mantendo uma diva pop. No Rio de Janeiro, Theo apareceu com uma camiseta da cantora australiana Lorde.
Para os curiosos, a banda já deu uma prévia da direção sonora que irá seguir. Na última sexta-feira, eles lançaram os dois primeiros singles com Emmily, “Finding Freedom” e “Call Us By Her Name”. Ambas as faixas têm uma pegada mais voltada para o hard rock e rock alternativo, mais melódicas e sem tanto peso. “Finding Freedom” tem uma letra mais reflexiva e introspectiva, enquanto “Call Us By Her Name” é uma mensagem direta sobre o lugar que Emmily ocupa na banda.
O Ego Kill Talent tem deixado muito claro que tem orgulho de apresentar Emmily Barreto como a nova cara da banda. É ela que aparece dançando na foto de capa dos dois novos singles, e em “Call Us By Her Name” a mensagem é bem clara: “I’m not leaving this place / You will hear my voice”, (“Não vou deixar este lugar / Você vai ouvir minha voz)”.
Entre críticas e aclamações, a verdade óbvia é que a presença de Emmily Barreto traz não só novos ares mas também novas possibilidades para o Ego Kill Talent. No ao vivo, ela já provou que consegue sustentar tranquilamente vocais em músicas mais pesadas, ao mesmo tempo que sua experiência com o indie rock e a música alternativa traz mais versatilidade para a banda, que agora pode se divertir mais e testar novos arranjos. A própria “Call Us By Her Name” já chega com novas referências e uma atmosfera mais descontraída na sonoridade, mesmo que a letra seja uma mensagem poderosa.
Goste ou não da presença de Emmily no Ego Kill Talent, é evidente que ela veio para ficar. E você pode chamá-los pelo nome dela.