Gabriel Leone e Alice Braga dão vida aos personagens Eduardo e Mônica, da canção de sucesso do Legião Urbana, nas telas dos cinemas a partir do dia 20 de janeiro. O longa homônimo foi exibido antecipadamente em cabine exclusiva para a imprensa e o Wikimetal esteve presente durante a exibição e a coletiva que se seguiu para trazer todos os detalhes sobre a produção.
“Eduardo e Mônica” é a segunda música do Legião Urbana a ser adaptada para as telonas por René Sampaio, que também dirigiu Faroeste Caboclo (2013). Mantendo a mesma equipe do primeiro filme, Eduardo e Mônica conta uma história sensível e delicada sobre um casal apaixonado aprendendo a lidar com suas diferenças na Brasília dos anos 1980.
A trilha sonora do longa proporciona uma experiência totalmente imersiva na época em que se passa a história, trazendo muito rock nacional e internacional do final dos anos 80, contando com grandes clássicos de bandas como Titãs, The B-52s, A-ha, The Clash e até da própria Legião. Um grande sonho da produção era adicionar uma canção dos Ramones a ambos os filmes, mas isso ainda não foi possível. “A gente tentou no Faroeste Caboclo, tentou em Eduardo e Mônica, mas os Ramones não respondem os e-mails,” conta René.
“Pra gente era muito importante a textura musical do filme,” reflete o diretor. “Eu sou de Brasília, então o rock de Brasília significou muito pra mim. Eu acho que, pra quem era brasiliense nos anos 80, [o rock] dizia: ‘Você de Brasília pode ganhar o mundo’. Porque a gente é uma cidade muito pequena com pouca representatividade cultural e o rock Brasília veio dizer, com Legião, Paralamas [do Sucesso], Capital [Inicial], outras bandas que eram conhecidas na cidade, mas que não saíram no Brasil inteiro, disseram pra quem era de Brasília naquela época: ‘Você pode ganhar o mundo. Pode acreditar no seu sonho. Vai em frente, seja artista’.”
Muito desse sentimento “transformador” que moldou a geração dos anos 80 é representado na personagem Mônica, que ganha uma personalidade ativista, desafiadora e contestatória no longa. Mônica faz medicina, como dito na canção, mas é também artista plástica e engajada em causas políticas – tema que é abordado com sutileza durante o filme, mas que ajuda a reproduzir a atmosfera de um Brasil pós-regime ditatorial.
“A música que eu mais ouvi, que pra mim era a música da Mônica, foi ‘Perfeição’,” conta Alice. “Para mim, aquilo era um drive muito forte. Ela me tocou muito em um lugar e era a trilha que eu mais ouvia. Tristemente, é uma letra que fala muito com o Brasil dos dias de hoje, como tantas outras letras da Legião. Acho que o nosso rock tem uma força que ultrapassa, infelizmente, gerações falando com outras gerações, mas que pode inspirar de uma maneira muito profunda.”
Ao contrário da personagem Mônica, o jovem Eduardo não conhece muito do rock e se atenta mais às trilhas sonoras de novela, mas o ator Gabriel Leone não só considera a Legião Urbana sua banda favorita, como também já teve seu próprio grupo de rock nos tempos de escola. Ele lembra que gostava de começar suas redações escolares citando letras de Renato Russo e diz ter conhecido a Legião Urbana através dos pais, que eram grandes fãs.
“Pra mim, o primeiro disco da Legião é o melhor disco de estreia de uma banda nacional,” afirma Leone. “Tem vários outros incríveis, do Barão Vermelho, do Ultraje a Rigor, mas o primeiro disco da Legião, ele já tem uma complexidade, uma profundidade de letras do Renato, que, na minha opinião, nenhuma outra banda começou dessa maneira. O disco começa com ‘Será’ e termina com ‘Por Enquanto’. Só isso já é um absurdo, mas ainda tem ‘Soldados’, ‘Geração Coca-Cola’, então é um disco que já dá a cara da Legião de cara, diferente de outras bandas que, na minha opinião, foram amadurecendo, principalmente nas letras. Eu acho que o Renato já chega mostrando tudo.”
Eduardo e Mônica chega aos cinemas em 2022 trazendo questões que não só se mantêm atuais como também incentivam o diálogo e o esforço coletivo de enxergar as diferenças e nuances do outro a partir de uma ótica menos polarizada e mais dedicada a compreender a realidade alheia. Com sensibilidade, inteligência e muito rock ‘n roll, o longa traça o crescimento desses dois personagens junto às ruas de um terceiro, que recebeu Renato Russo e as pessoas reais que inspiraram essa história: a cidade de Brasília.
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