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Dynazty

Dynazty. Crédito: Reprodução/Facebook

Dynazty: audição obrigatória para fãs de boa música

Nossas WikiSisters Kelly Silva e Renata Carvalho conversaram com o Dynazty e rendeu um papo bem legal!

Entrevista e tradução por Kelly Silva e Renata Carvalho

Ainda pouco conhecido no Brasil, mas extremamente elogiado por aqueles que já tiveram a chance de ouvir qualquer um de seus álbuns, o quinteto formado em 2007 por músicos já muito talentosos e ainda bastante jovens na época, carrega nas costas uma carreira construída sobre excelentes trabalhos de estúdio – sete no total. A atual formação, composta por Nils Molin (vocal), Georg Härnsten Egg (bateria), Jonathan Olsson (baixo), Love Magnusson e Mikael Lavér (guitarras), conta ainda com ligações com outros expoentes e lendas do rock e do heavy metal, através do trabalho paralelo de seus músicos com artistas como Dee Snider, Till Lindemann e Amaranthe.

Do hard rock dos três primeiros álbuns ao heavy metal melódico dos quatro últimos, nada no som do Dynazty pode ser definido como exagerado e tampouco simplório. Com melodias cativantes, solos de guitarra muito bem executados, baixo e bateria competentes e criativos, além de um vocalista com uma das vozes mais marcantes de sua geração, a banda consegue ter uma sonoridade entre o tradicional e o moderno, sem parecer apenas uma cópia datada de artistas dos anos 80, tampouco escorregar para uma sonoridade plástica e descartável.

Em seu álbum mais recente, lançado em abril deste ano e intitulado The Dark Delight, produzido pela própria banda e mixado por Jacob Hansen (Avantasia, Katatonia, U.D.O.), a banda incorpora ao som elementos que vão do western ao celta, passando pelo vocal gutural de Henrik “GG6” Englund (Amaranthe), que atuou como músico convidado em duas músicas. Conversamos com a banda sobre este trabalho, bem como sobre a vida no meio musical e a possibilidade de, em algum momento futuro, realizar shows na América do Sul. Confira abaixo:

Primeiramente, conte um pouco sobre o último álbum, The Dark Delight. O que inspirou o álbum, como foi o processo de gravação, a recepção pela crítica e fãs…

Nils Molin: Começamos a escrever The Dark Delight no primeiro trimestre de 2019 e escrevemos entre turnês ao longo da primavera, verão e outono. Finalmente começamos a gravação em novembro e terminamos o álbum antes do Natal. A inspiração foi, como sempre, escrever o melhor álbum possível, com ênfase em uma produção grandiosa e na dinâmica das músicas. A recepção foi extremamente positiva. Não poderia imaginar nada melhor, de verdade. Tem algo para todo mundo neste álbum.

Love Magnusson: Bom, é sempre difícil dizer o que inspirou um álbum, uma música. Nós apenas escrevemos músicas, e aquelas que gostamos nós mantemos! 

Georg Härnsten Egg: Eu acho que assumimos alguns riscos indo um pouco mais para o pop em algumas músicas, como “Waterfall”. Não sabíamos como seria a recepção, mas até agora tem sido ótima. Estou especialmente impressionado com a recepção de “Presence of Mind”. Realmente decolou de uma maneira que eu não esperava. O processo de gravação foi assim: gravei a bateria no estúdio do Jacob Hansen na Dinamarca e os outros caras gravaram em seus estúdios domésticos. Para a bateria você precisa de uma sala grande e de alguém com grandes habilidades de engenharia para colocar todos os microfones, etc. É por isso que preferimos contratar um estúdio grande para as gravações de bateria e fazer o resto sozinhos. A mixagem foi feita pelo Jacob Hansen. Eu acho que é um som fenomenal, muito grande e ainda assim compacto.

Notamos que o álbum tem algumas influências eletrônicas, lembrando a sonoridade do próprio Amaranthe, banda da qual você, Nils, também faz parte. Algumas partes mais progressivas, algo como Fates Warning, outras mais agressivas, lembrando Pantera, também algo mais western, e até celta. Quais foram as influências de vocês neste álbum, e quais bandas ou estilos vocês gostam em geral?

Nils: Como sempre, temos uma grande variedade de influências. Ouço desde os velhos tempos do hard rock e do heavy metal, até muitas bandas e artistas atuais. Neste ponto, temos um som e um estilo muito desenvolvidos, de modo que a escrita ocorre naturalmente sem a necessidade de muitas influências externas.

Georg: Eu realmente não sei o que inspirou a composição (risos) Pessoalmente, ouço muito pop/rock mais antigo no momento – Level 42, Phil Collins e Sting, por exemplo.

Love: Nós nos inspiramos em todos os lugares. Nenhum gênero ou estilo específico, etc. Gosto de todo tipo de música que me impressione!

Parece uma dinâmica comum nas letras da banda o fato de que certos temas reaparecem sob uma certa ótica diferente daquela observada na primeira vez em que foram abordados. Isso é perceptível, por exemplo, em “The Black”, que parece ser uma continuação do tema desenvolvido inicialmente em “The Grey”.  Neste álbum, o tema “escolhas” aparece em dois momentos e formas diferentes: em “Presence of Mind” a letra diz que “nós temos a escolha de nos levantarmos e aprendermos (N.T.: no original, “we have the choice to rise and to learn”)”, enquanto em “Paradise of the Architect” a letra pondera sobre “como enxergamos a ilusão da escolha” (N.T.: “how do we view the illusion of choice” no original)”. Isso é algo intencional, de forma que o álbum seria quase temático, ou é algo que ocorre inconscientemente durante o processo criativo?

Nils: Sim, “The Black” é uma continuação de “The Grey” do álbum Firesign. Em geral, eu gosto de manter essas conexões invisíveis percorrendo um álbum. Eu acho que é o meu estilo de escrever letras. O tema geral do álbum The Dark Delight é basicamente várias formas de tentação, que é um tema que também se estende ao longo do álbum.

Como autor das letras, em algum momento você aproveita letras concebidas para álbuns anteriores quando está escrevendo um álbum novo? Se sim, você as mantém exatamente como são, ou acaba alterando alguma coisa?

Nils: Às vezes, volto a rever temas líricos de músicas antigas ou inacabadas. Se houver algo que eu gosto, posso continuar desenvolvendo. O mesmo vale para as composições em geral.

Qual foi, até hoje, o momento de maior desafio de vocês como instrumentistas, cantor ou letrista ao longo da discografia da banda? Aquele momento que vocês pensaram “certo, isso deu trabalho, mas ter desenvolvido essa habilidade faz eu me sentir mais competente hoje do que era antes”, ou coisa do tipo.

Love: Bom, sempre é assim. Você evolui toda vez que escreve, prática, etc. Portanto, é impossível mencionar um certo ponto.

Georg: Definitivamente Renatus. Eu desenvolvi uma técnica totalmente nova na bateria para esse álbum, onde toco o bumbo com um pedal enquanto um surdo é tocado com a mão esquerda. Foram necessárias centenas de horas de prática. Músicas como “Incarnation” e “Starlight” foram realmente difíceis de aprender.

Nils: Eu tento abordar cada álbum novo com a mentalidade de torná-los mais desafiadores, tanto no departamento vocal quanto nas composições. Definir um novo desafio e me tornar a melhor versão de mim mesmo. Portanto, todo novo álbum é o mais difícil nesse ponto. The Dark Delight não é exceção.

Vocês trabalham, ou já trabalharam, em bandas paralelas ou com outros artistas tais como Pain, Joe Lynn Turner, Tiil Lindemann, De Van, Paralydium, Amaranthe… De que forma o trabalho em cada um delas contribuiu para a formação dos músicos que são hoje? Houve algo que a experiência com eles tenha ensinado a vocês sobre o mercado musical ou sobre a atividade em si?

Georg: Sim, eu trabalho com Joe Lynn Turner e com o Paralydium, e trabalhei com muitos outros durante os anos.  Dynazty é o meu foco principal. Você sempre aprende com a experiência. Com Dee Snider tive que aprender bumbo duplo, por exemplo. Tocar em musicais na Suécia me ensinou a ser realmente preciso com o tempo, para dar outro exemplo.

Love: Atualmente também toco com Joe Lynn Turner e já saí em turnê com Dee Snider e, a certa altura, substituí o Olof (N.E.: Mörck, guitarrista) no Amaranthe. Uma nova experiência é sempre enriquecedora, você aprende à medida que avança!

Nils: Trabalhar com outras bandas ou artistas, ou apenas interagir com o próprio negócio da música sempre vai garantir experiências de uma forma ou de outra. E tocar ao vivo não tem como ser uma coisa ruim, jamais. Nossas atividades fora do Dynazty sempre nos fortaleceram individualmente, o que torna ainda mais forte o coletivo que é o Dynazty.

Com mais de dez anos de carreira, vocês certamente já passaram por altos e baixos. Qual foi a melhor e a pior fase da banda?

Love: É difícil dizer.  A coisa tem seus altos e baixos de vez em quando. Manter o espírito vivo é a chave! Sem ele, você também pode terminar fazendo outra coisa.  Negócios no meio musical não são uma jornada fácil… 

Nils: A pior fase da banda certamente foram os primeiros anos, nos quais não tivemos controle sobre a banda, tanto artística quanto musicalmente. As escolhas foram feitas para a banda por forças externas. Algo que simplesmente não funcionou para nós e rapidamente percebemos que precisávamos sair disso. Nossa melhor fase, e a mais produtiva, é aqui e agora. Com controle total e compondo nossas melhores músicas.

Georg: Eu acho que os melhores tempos têm sido os recentes. Os shows estão esgotados, continuamos crescendo. É uma sensação incrível. Tivemos tempos difíceis, sim. Mas nós sempre nos divertimos. Nós transformamos situações difíceis em diversão, essa é a nossa grande força como grupo.

Vocês mostram um entrosamento muito bom dentro e fora dos palcos e nem todas as bandas conseguem essa proeza de manter o alto astral mesmo após semanas de turnê. Como vocês lidam com a rotina nessa época?

Nils: Ter uma paixão geral por tocar música, a música que fazemos, e tocar na frente dos fãs é suficiente para nos manter assim. Eu nunca vi um problema motivacional no Dynazty.

Georg: Somos realmente bons amigos e nos divertimos juntos. Nós cuidamos um do outro se alguém está se sentindo para baixo. Eu também acho que somos inteligentes o suficiente para perceber como somos privilegiados. Ser capaz de viajar pelo mundo e tocar sua própria música na frente de fãs incríveis é realmente uma bênção, não se deve dar por garantido.

Love: Adoramos fazer turnês, portanto, manter o bom espírito não é um problema. Isso é o que somos feitos para fazer!

Que tipo de preparação a banda costuma ter antes dos shows? Vocês seguem algum tipo de ritual específico, ou procuram apenas relaxar e se manter no clima para a hora de subir no palco?

Nils: Basicamente, apenas tento relaxar e, rapidamente, entrar no clima certo cerca de 30 minutos antes do show.

Georg: Eu gosto de ter paz e sossego e me concentrar no meu desempenho. Alguns dos outros ficam muito mais animados antes dos shows, todos têm suas próprias preferências.  Mas nenhum ritual específico que eu conheça.

Love: Cerveja! Simples assim!

Já vimos alguns shows nos quais vocês tocam com outras bandas e fazem covers de outros artistas. Já pensaram em gravar algum cover?

Love: Sim. Mas não há planos até o momento.

Georg: Em Knock You Down [N.T.: segundo álbum do grupo], gravamos dois covers! Nós não temos nenhum plano no momento, mas penso nisso algumas vezes, tipo, “eu me pergunto como essa música soaria em um arranjo do Dynazty”. Talvez no futuro!

Nils: Já pensamos muitas vezes. Algum dia, haverá um álbum de cover da Dynazty. Quando? Vamos ver…   

Nils, você esteve no Brasil com o Amaranthe na turnê do álbum Maximalism, em 2017. Qual foi a coisa que você mais gostou no Brasil?

Nils: Bom, eu só fiquei em São Paulo por 2 dias, e infelizmente fiquei muito doente. Mas a melhor experiência foi com certeza tocar na frente de uma multidão extremamente entusiasmada!

Vocês têm já alguns fãs na América Latina apesar de nunca terem vindo pra cá, e também receberam boas críticas a álbuns anteriormente lançados aqui. Existe a possibilidade de uma turnê por aqui no futuro?

Todos: Sim!

Love: Espero que possamos fazê-la o mais rápido possível.

Nils: Existe definitivamente uma chance para isso. Quando a oferta e a hora certa chegarem, iremos para o Brasil!

Georg: Já está na hora… Sempre quisemos ir, mas isso nunca aconteceu por uma razão ou outra. Iremos tão rápido quanto nos for possível!

Por fim, existe algum recado que gostariam de deixar para os brasileiros?

Georg: Obrigado pelo apoio, isso importa muito! Mal posso esperar para ver todos vocês na platéia quando chegarmos!

Love: Muito obrigado pelo seu apoio! Sem vocês não poderíamos fazer isso. Um dos meus sonhos ir para o Brasil um dia, quem sabe! Mais uma vez, obrigado!

Nils: Obrigado por todo o apoio, continuem ouvindo nossas músicas e, especialmente, nosso novo álbum The Dark Delight! E até breve!

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