Joey Jordison deixou um legado inegável no heavy metal com o trabalho no Slipknot, onde foi baterista desde a formação da banda e esteve presente nos álbuns mais aclamados da banda até o momento, de Iowa (2001) até All Hope Is Gone (2008).
Com a morte prematura e inesperada de Jordison, aos 46 anos, a saída misteriosa da banda que ajudou a criar após quase duas décadas de colaboração se torna assunto novamente. O que aconteceu na época?
O anúncio da separação entre Slipknot e o baterista aconteceu no final de 2013. Em comunicado sem maiores explicações sobre o motivo da decisão, a banda citava apenas “razões pessoais” envolvidas. A falta de informações inicial gerou uma série de rumores, inclusive a suspeita de que o baterista estaria passando por problemas com vício em álcool e drogas.
Quando Joey Jordison se pronunciou sobre a saída do grupo pela primeira vez, negou qualquer participação nessa decisão. “Eu quero deixar muito claro que EU NÃO ME DEMITI DO SLIPKNOT. Esta banda tem sido minha vida pelos últimos 18 anos, e eu nunca a abandonaria ou abandonaria meus fãs. Esta notícia me chocou e surpreendeu tanto quanto vocês”, escreveu em janeiro do ano seguinte.
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A princípio, Corey Taylor não se aprofundou sobre a saída do ex-colega na imprensa, se limitando a dizer que Jordison não tinha participado da criação do próximo álbum da banda por estar focado no trabalho com o projeto paralelo Scar The Martyr e explicar que não podia abordar o assunto.
Apesar de considerar o momento “doloroso”, Taylor confirmou que não falava com Jordison naqueles primeiros meses. “Foi uma das decisões mais difíceis que já tivemos que fazer”, disse o vocalista em setembro daquele ano. “Estamos muito felizes agora, e esperamos que ele também. Ele simplesmente está em um momento da vida dele em que nós não estamos”.
Depois de algum tempo sem informações oficiais, finalmente a razão para essa repentina mudança foi divulgada. Jordison sofria de mielite transversa, uma doença neurológica degenerativa que prejudicou fortemente seus movimentos das pernas e impediu que ele tocasse bateria. A gravidade das dores e falta de sensibilidade nos membros inferiores chegou a tal ponto que o artista precisou ser carregado ao palco em algumas ocasiões. “Eu não estava nem bebendo. Tudo estava como deveria estar. Mas eu tinha que ser carregado até o palco. A dor é algo que eu nunca senti na minha vida”, narrou à Metal Hammer.
“É uma forma de esclerose múltipla, que eu não desejo ao meu pior inimigo. E eu consegui me levantar, ir para a academia, me coloquei na terapia para superar essa merda”, contou ao receber o prêmio de Metal God no Golden Gods Awards de 2016. “Para as pessoas que têm esclerose múltipla, mielite transversa, ou algo assim, eu sou a prova viva que você consegue vencer isso. (…). Só o fato de que o Metal vive em você, você consegue superar tudo”.
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Em outras entrevistas, Jordison disse que apenas um integrante do Slipknot o visitou no hospital e, pouco tempo depois, a notícia da demissão chegou por e-mail, sem reunião com os demais integrantes ou empresários. “Foi exatamente assim que aconteceu e foi doído. Eles achavam que eu estava doido de drogas, mas eu não estava nem um pouco”, desabafou o baterista. “O que machucou foi o jeito que as coisas aconteceram, que não foi certo. É só isso que eu queria dizer. O jeito que eles fizeram foi covarde”.
Apesar desse momento conturbado na relação, Joey Jordison não cultivou mágoas do Slipknot, considerados “irmãos para sempre”, e expressou gratidão pelo tempo juntos em diversas entrevistas. Caso uma reunião estivesse nos planos da banda, o baterista participaria sem hesitar. “Eu gostaria de vê-los, abraçá-los e sentir aquela energia que tínhamos quando éramos jovens e tudo aquilo. O tempo dirá”.
Questionado pelo motivo para ter mantido a doença em segredo por tanto tempo, Jordison explicou que não tinha a intenção de atrair piedade por meio da mídia e estava focado na recuperação diante de uma doença tão trágica. “Tudo que eu fiz foi focar em mim mesmo e na minha vida, e o que eu queria da minha carreira. Sabe, é uma doença muito, muito ruim. Te deixa alejado, era o que eu estava. E às vezes você não volta disso. Eu voltei”, disse à Loudwire em 2017.
Após a notícia da morte do músico, a banda passou alguns dias em “apagão” nas redes sociais e publicou um vídeo em tributo aos anos vividos juntos. “O impacto dele no Slipknot, em nossas vidas, e na música que ele amava, é incalculável. Sem ele, nós não existiríamos”, escreveu o grupo.
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