Bruce Dickinson é dono de uma das maiores vozes do heavy metal. Mesmo antes de entrar no Iron Maiden, o vocalista foi elogiado por um dos seus ídolos de infância, Ian Gillan, do Deep Purple, durante um ensaio do Samson. Talento não faltava, mas a experiência de gravar The Number of The Beast foi definitiva para alcançar um novo patamar vocal.
O terceiro álbum do Maiden – e primeiro de Dickinson na banda, substituindo Paul Di’Anno – tinha o lendário produtor Martin Birch no estúdio com a banda. “Ele era um ídolo de infância para mim e tive a chance de trabalhar com ele. Ele transformou minha mentalidade em termos de canto”, contou o vocalista ao podcast Next Level Soul. “Eu achava que era um cantor muito bom, até que conheci Martin. Então descobri um novo nível de significado”.
Quando foi gravar os dois primeiros versos de “The Number of The Beast”, Bruce tinha certeza que era capaz de realizar os vocais sussurrados com facilidade, mas nada agradava ao produtor. “Não, eu não estou escutando”, era a resposta de Birch, que começava a gravação do zero, sem responder se o problema estava na afinação ou tempo.
LEIA TAMBÉM: Iron Maiden: Bruce Dickinson reclama de quem não entendeu trocadilho em ‘Piece of Mind’
Depois de repetir as mesmas frases por algumas horas, Dickinson estava enfurecido. “Será que podemos ir para o resto da música? Estou farto de cantar dois versos”, questionou o cantor. Irritado com a situação, ele chegou a jogar uma cadeira do outro lado do estúdio.
Diante da cena, Birch disse que eles terminariam a música no dia seguinte. Questionado mais uma vez, o produtor explicou o que buscava naqueles primeiros versos. “Deixe eu te contar uma história, eu tive o mesmo problema com Ronnie James Dio. Nos primeiros versos de ‘Heaven and Hell’, a música título do álbum, quando ele cantou, eu disse ‘Não, não estou escutando’”, relembrou Bruce. “O que eu não estou escutando é que você é um cantor, não é, Ronnie? Então é sua vida inteira nesses dois versos”.
Ainda que abstrato, o conselho mudou completamente a mentalidade de Bruce Dickinson e transformou “The Number of The Beast” no clássico que atravessa décadas. “Você precisa se render e nem pensar sobre isso”, continuou o vocalista. “Ele estava certo. Esse é o momento de epifania quando você pensa, ‘Meu Deus, acho que estou começando a entender’”.
LEIA TAMBÉM: Bruce Dickinson canta “Heaven and Hell”, do Black Sabbath, e elogia Dio: “Um dos melhores de todos os tempos”