Inicialmente, para os headbangers que torcem o nariz para a época de carnaval, Curitiba tem a solução. Na capital acontece o carnaval mais metal e punk do Brasil, com eventos por toda a cidade, inclusive o famoso evento Curitiba Metal Carnival, do BloodRock, do qual um dos organizadores é o empresário e músico Sérgio Mazul.

O evento, que almeja agradar aos fãs de bandas autorais brasileiras do metal extremo, aconteceu no domingo, dia 02 de março, e teve a participação de nada menos que: Royal Rage, Humanal, Atrocitus, Ethel Hunter, Criminal Action e Siriusfall.

O evento é uma espécie de ‘Metal Reunion’, um tradicional evento do BloodRock para ajudar a alavancar as bandas locais, mas especial de carnaval. Ocorre excepcionalmente aos domingos, com início as 16 horas. Afinal, a segunda-feira já bate a porta, e com a organização sempre bem pontual, os shows ocorrem sem problemas.

Além dos fãs das bandas, também participou o público da famosa ‘Zombie Walk’, patrocinada pela Prefeitura de Curitiba, que em 2025 contou com um palco no centro da cidade. Não faltaram mortos vivos, muito sangue falso, freiras assassinas e toda uma carnificina teatral.

Siriusfall e Ethel Hunter

A banda Siriusfall deu o ponta pé inicial do festival. Muito famosa em Curitiba, a banda é capaz de agradar a todos com seus clássicos de hard rock até suas músicas autorais de respeito. Contam com a simpatia do frontman Matheus Ribeiro nos vocais, Edd Frank na guitarra, Euri Sincler nos teclados, Neto Falcão na bateria e Victor Muller no baixo, substituindo muito bem o grande Gabriel Ingles, que não pode comparecer por motivos pessoais.

Após uma pequena pausa, sobe ao palco a banda Ethel Hunter. Impossível não se impressionar com a qualidade e profissionalismo do grupo, que está na estrada desde 2012 e conta com uma vasta experiência em grandes eventos, conseguindo adaptar-se a todos os públicos. Eles sempre superam as expectativas, e para quem estava alheio ao show, somente conversando, assim que a banda começou a tocar, todos se voltaram ao palco.

Destaque para o vocal extremo e gutural de Larissa Pires e para os excelentes músicos Hernan Rodrigo Borges, no baixo, Gerson Watanabe nas guitarras e Weliton Lisboa nas baquetas, acompanhando o ritmo acelerado das músicas. Na maioria das vezes, o setlist, composto por músicas próprias, é executado com poucas pausas, não deixando tempo para o público respirar. E viva ao death metal curitibano!

Royal Rage: A volta do thrash metal curitibano

Royal Rage, presença ilustre da noite, retorna ao palco do BloodRock após uma extensa turnê europeia. A banda possui uma ótima produção de palco e organização, mas como era carnaval, decidiram tocar de acordo com o tema. E que show para os olhos e ouvidos!

A banda, formada por Pedro Ferreira na guitarra e vocal, Sol Perez na guitarra, Airton Senna no baixo e Tiago Rodrigues na bateria, mostrou o porque de seu sucesso pelo mundo. Técnica perfeita, carisma, som acessível a todos os ouvintes do metal extremo e também “mais leve”. Pena que como haviam muitas bandas para tocar nesta noite curta de domingo, o show foi um pouco mais curto do que o habitual.

Após o Royal Rage tocar, nós do Wikimetal conseguimos bater um papo com alguns integrantes da banda sobre a turnê europeia. O ponto alto foi a emoção deles falando sobre uma apresentação que fizeram, em um local que localizava-se suspenso dentro do Rio Sena, na cidade de Paris. E agora a emoção de estar de volta a Curitiba, ovacionados pelo público local. A última vez que o Wikimetal cobriu uma apresentação do Royal Rage, foi há quase um ano na abertura para o grande Torture Squad, no mesmo local.

Criminal Action

Banda surpreendente, que subiu ao palco para colocar todo mundo para se mexer, com seu hard rock perfeito. Afinal, não era a noite ideal para ficar parado “pensando na vida”. Criminal Action é composta por Jean Pietro nos vocais, Roger Vikz na guitarra, Harley Andrich no baixo e Esmael Marques na bateria. A banda, com muita simpatia conseguiu agradar a todos os presentes e animar a noite.

Atrocitus e Humanal: As bandas mais extremas de Curitiba

Por fim, as duas últimas bandas da noite foram Humanal e Atrocitus, bandas de respeito na cena metal curitibana.

A primeira a subir ao palco foi Humanal, que tem se projetado muito bem no cenário nacional com seus recentes singles. A banda foi formada em 2020 em Curitiba e une influências que vão do jazz ao death metal em um som obscuro e agressivo. Todos estes temas refletem em suas letras, assuntos sobre a condição humana e relações sociais.

A vocalista Tati Klingel é um espetáculo à parte. Além de ter uma presença forte, suas performances beiram o sobrenatural e ao mesmo tempo incorporam a agressividade do ser humano em suas músicas. A banda também conta com os músicos de talento e respeito André Florão, Maurício Echer, André Lazzaretti e Rafael Barcellos.

Após lançar o EP Humanal em 2022 e o single “A Resistência” no mesmo ano, o grupo apresentou “Echoes of Ether” no fim de 2024, dando início a uma nova fase que culminará no álbum Delirium. Em março de 2025, saiu o segundo single, “Vanity”.

Finalmente o Atrocitus entra em cena, para fechar sempre com chave de ouro. Costumo chamar a banda de “petardo curitibano”, daquelas que “bugam a sua mente”, que hipnotiza, arrasa no instrumental e faz o público questionar sua própria condição e existência, utilizando a inteligência das letras e a ferocidade ao vivo.

Atualmente, o Atrocitus conta com Huan Cruz nos vocais e no baixo, arrasando em todos os quesitos, Geert Giullian Strijker, na guitarra e vocal e o fora de série Pettrus arrebentando na bateria. Quem tem a oportunidade de ver a banda pela primeira vez simplesmente fica viciado. Além disso, os moshs que costumam fazer nos shows são absurdos. No set list, “Cicatriz”, “Repulsa”, “Existência”, um dos pontos altos com “Peste” e “Alienado”.

Atrocitus e Humanal fechando a noite juntos

Ao final, a tradicional e tão esperada ‘jam session’ entre Atrocitus e Humanal, para crítico nenhum colocar defeito. É possível inclusive imaginá-los facilmente em um festival de grande porte. O final de noite de domingo de carnaval, mais heavy metal já visto!

Confira a galeria de fotos do colaborador Vladimir Silverio:

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Categorias: Notícias

Curitibana, frequentadora de shows de rock desde 1996, nacionais, internacionais e de bandas locais. Alguns registrados em minhas redes sociais, outros em ingressos físicos de uma época onde não existia QR Code. Apaixonada por rock e metal, livros, cinema, bons vinhos e amigos. Atualmente, engajada em conhecer e divulgar as bandas do metal brasileiro. Graduada em Design e Direito, pós graduada em Marketing e Sommelier.