Dani Filth, vocalista do Cradle of Filth, expôs o cenário desanimador para músicos profissionais na era digital e chamou o Spotify de “criminoso”.

Em entrevista ao site grego Rock Hard (transcrita pelo Blabbermouth), o artista conversou sobre como o consumo dos fãs mudou drasticamente com a transição das mídias físicas para a digital. Atualmente, são as plataformas de streaming que concentram os catálogos das bandas, mas não faltam relatos de como o retorno financeiro aos artistas é quase irrisório nesse modelo.

“Acredito que 2006 foi o ano em que tudo mudou, deixando de ser confortável para os músicos – bem, não necessariamente confortável; nunca foi confortável. Mas passou a ser muito mais difícil com o advento da era digital, o surgimento das plataformas de streaming de música que não pagam ninguém. O Spotify é o maior criminoso do mundo”, disse. 

Para demonstrar o tamanho do problema, o vocalista usou o próprio Cradle of Filth como exemplo: em 2022, a banda acumulou mais de 25 milhões de reproduções, mas Dani Filth afirmou que recebeu apenas 20 libras ao todo, o equivalente a R$ 122 no câmbio atual. “É menos do que uma taxa horária de trabalho”. 

Na conversa, Dani Filth também abordou a ilusão do público sobre os ganhos de artistas, como se todos os músicos profissionais fossem milionários. “Acho que as pessoas têm essa incrível capacidade de acreditar que você está ganhando uma fortuna quando você tem produtos físicos à venda”, continuou. “Elas não percebem que existem muitas pessoas pegando fatias do bolo – gravadora, empresário, contadores, e por aí vai… E hoje em dia, o motivo pelo qual as pessoas lançam vinis de edição limitada e coisas do tipo é para colecionadores – eles são os únicos que compram; as outras pessoas apenas o reproduzem gratuitamente”. 

O cenário também não é dos mais promissores para turnês, analisa Filth. “O preço da gasolina aumentou. O aluguel dos ônibus de turnê aumentou. O custo de vida aumentou. Sim, está muito difícil para as bandas no momento”, disse. 

Por fim, o vocalista explicou que a mentalidade do público precisa mudar, uma vez que música também é um produto e o sustento dos artistas envolvidos, por isso não pode ser compartilhada de forma gratuita. “Não ajuda quando as pessoas têm essa ideia arraigada de que não é um privilégio ter música, que a música é algo que deveria ser dado de graça. Quer dizer, eu não entro em uma loja e simplesmente pego, sei lá, um cacho de bananas e digo: ‘Bem, elas crescem em árvores. Deveriam ser de graça. Vou sair com elas.’ Eu seria preso por furto. Mas está tudo bem para as pessoas fazerem download… Mesmo antes dos álbuns serem lançados. (…) A indústria da música está em dificuldades no momento. Ainda gosto de fazer música – não me entenda mal; eu amo isso – mas, sim, os músicos hoje em dia estão enfrentando um milhão de obstáculos”. 

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