Texto por: Marcelo Gomes

Finalmente, o retorno do Clutch ao Brasil aconteceu no último dia 18. Com um show único em São Paulo, os americanos se apresentaram no Fabrique Club para promover seu álbum mais recente, Sunrise On Slaughter Beach (2022). O evento contou ainda com a participação da banda Fuzz Sagrado, e nem mesmo a noite fria na capital paulista espantou os fãs que lotaram a casa.

Com os fãs ainda chegando, o Fuzz Sagrado subiu ao palco do Fabrique Club, em São Paulo, para uma apresentação marcada pelo rock psicodélico e stoner rock. A banda, liderada pelo alemão Chris Peters, ex-membro do icônico Samsara Blues Experiment, trouxe um repertório que mesclou novos sons e homenagens ao legado de Peters.

A formação atual do Fuzz Sagrado conta com os brasileiros Guilherme Bordin no baixo e Lucas Fursy na bateria, uma combinação que trouxe uma base sólida e vibrante para a guitarra e vocais de Peters. A banda abriu o show com “Center Of The Sun”, uma verdadeira ode ao stoner rock do álbum Long Distance Trip (2010) do Samsara Blues Experiment. Para quem não conhecia, ficou nítido que solos de guitarra remetiam a influências de Jimi Hendrix e Robin Trower, enquanto a seção rítmica canalizava o peso e a densidade sonora de bandas como Black Sabbath

As novas composições dos seus álbuns recentes, A New Dimension (2022) e Luz e Sombra (2023), mostraram a habilidade de Peters em criar paisagens sonoras hipnóticas e envolventes, característica que o tornou um nome de destaque no gênero. O som dos caras proporciona uma verdadeira viagem, mas que aparentemente o público não embarcou. A reação contida, que se restringia aos aplausos ao final de cada música, parecia não abalar o trio, que entregou o que se propunham ao longo de 40 minutos. 

Logo após, a espera para o Clutch parecia não ter fim. Foram 50 minutos que pareceram uma eternidade, ainda mais numa noite fria e com um ar condicionado desnecessariamente congelante. Próximo das 21h30, a casa estava bem cheia, o que amenizou o frio, mas a demora para o início foi no mínimo questionável, ainda mais para um dia de semana.  No entanto, tudo mudou quando Neil Fallon (vocal), JP Gaster (bateria), Dan Maines (baixo) e Tim Sult (guitarra) subiram ao palco do Fabrique Club. A vibe do lugar se transformou da água para o vinho.

O show começou com “The Mob Goes Wild”, uma escolha perfeita para aquecer o público, que respondeu com uma explosão de energia. Em seguida, “Earth Rocker” manteve a empolgação lá no alto, com riffs poderosos e uma performance intensa do vocalista Neil Fallon. “A Shogun Named Marcus” e “Sucker For The Witch” foram outros destaques do início, demonstrando a habilidade da banda ao mesclar sons mais antigos com composições recentes.

Os fãs reagiram de forma calorosa, gritando o nome da banda e os caras não deixavam por menos, Neil demonstrava versatilidade em “Cypress Groove”, na qual mantinha o ritmo tocando seu cowbell, e em “D.C. Sound Attack”, quando assumiu a gaita em meio aos vocais. Sem contar que algumas canções também tocavam guitarra. O público estava maravilhado em poder vivenciar tudo isso depois de tanto tempo. 

Passeando pelo seu catálogo, em “Slaughter Beach”, “Binge And Purge”, o quarteto trouxe uma atmosfera mais sombria e introspectiva, mas não menos energética. A banda mostrou sua habilidade em criar diferentes climas ao longo do show, mantendo a plateia sempre engajada.

Durante “Escape From The Prison Planet” e “Spacegrass”, os fãs mais antigos tiveram a oportunidade de reviver clássicos que consolidaram a carreira da banda nos anos 90. A pouca interação de Neil Fallon com o público foi compensada pelo carisma e presença de palco inigualáveis.

A primeira parte do show teve como despedida, “The Regulator”, uma das músicas mais queridas pelos fãs, que entoaram cada palavra com fervor. Após uma pausa, a banda retornou para o esperado bis com “Electric Worry”, fazendo a casa tremer com a energia dos presentes.

O show foi encerrado com “Fortunate Son”, cover do Creedence Clearwater Revival, deixando um gostinho de quero mais e a certeza de que Clutch continua sendo uma das bandas mais autênticas e vigorosas do rock atual. A apresentação em São Paulo comprovou a devoção dos fãs brasileiros e a capacidade da banda de lavar a alma dos fãs entregando uma performance memorável.

Confira as fotos tiradas pelo nosso colaborador John Alves:

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Categorias: Notícias

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