Os ideais revolucionários dos anos 1960 incomodaram profundamente a sociedade conservadora do Reino Unido, especialmente de gerações anteriores e mais tradicionalistas.
Como uma instituição que deveria representar a vontade daqueles que pagavam por sua existência, a BBC cumpriu um papel muito importante na censura de inúmeras músicas da época que fossem consideradas imorais ou insensíveis. Uma delas, surpreendentemente, foi a surrealista “I Am The Walrus”, dos Beatles.
Apesar de sua letra de caráter surreal e fantasioso, sem muito significado literal a ser atribuído, a canção foi considerada de “teor pornográfico” pelos censores da BBC por conta do trecho “pornographic priestess/ Boy, you’ve been a naughty girl, you let your knickers down”, traduzido livremente para o português como algo semelhanta a: “sacerdotisa pornográfica / Cara, você tem sido uma garota levada, você despiu sua calcinha”.
A censura britânica tomou o trecho como um indicativo sexual e baniu a música das rádios do Reino Unido. Anos depois, em uma entrevista, John Lennon demonstrou sua indignação com a decisão da emissora.
“As palavras não significam grande coisa,” disse. “As pessoas tiram muitas conclusões e isso é ridículo. É tudo ironia, todas as músicas contém ironia. Só porque outras pessoas ficam caçando significados em seja lá o que for que esteja escrito… O que significa ‘Eu sou o homem-ovo?’. Poderia ser ‘A vasilha de pudim’ até onde eu sei. Não é tão sério assim.”
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