Viver no mesmo período de tempo que Rita Lee, tendo presenciado ou participado de alguma forma da carreira dessa mulher fascinante e rebelde, é motivo de celebração – mesmo para as pessoas que, assim como eu, nunca puderam vê-la ao vivo antes da aposentadoria, em 2013. 

É justamente essa a proposta de Beto Lee, filho mais velho da artista, com o show CeLEEbration, que estreou no Teatro Liberdade na noite da última quarta-feira, 15, em São Paulo, para a primeira de três apresentações na cidade. “Estamos aqui comemorando a vida e obra de dona Rita Lee Jones”, resumiu o músico para o público presente, após comentar como a “dona Rita” já “aprontou muito, mas também fez história”. 

Na plateia, que contava com amigos como Luísa Mell e Guilherme Samora, não havia um padrão: desde roqueiros assumidos, com piercings e cabelos compridos, até casais de senhores da idade de Rita e famílias inteiras, com crianças e adolescentes, aguardavam o show. 

Foi essa renovação constante do público de Rita Lee e o poder vibrante dos hits da cantora ainda hoje que incentivou Beto a orquestrar esse espetáculo. Para a missão, foi convocado um time excepcional e muito familiarizado ao repertório, pensado para levar o público em uma festa pelos 50 anos de legado artístico da nossa Rainha do Rock: Lee Marcucci (baixo), Danilo Santana (teclado), Edu Salvitti (bateria), Débora Reis (vocal) e Rogerio Salmeron (guitarra), músicos habilitados na escola de Rita e Roberto de Carvalho ao longo dos anos. 

Sob a liderança firme de Beto Lee, atuando como um narrador-personagem bem humorado e carismático, certamente parte de seu DNA, com piadas sobre como “Mick Jagger pegou COVID, mas o COVID não teve coragem de pegar o Keith Richards”, a banda mostra o poder do repertório da artista, desde os tempos de Os Mutantes até a carreira solo de sucesso.

Com a energia de uma moleca inquieta e voz forte, mas também brincalhona e de swing, Débora Reis se move por todo palco ao cantar cada música com familiaridade e devoção. Backing vocal de Rita por mais de uma década, a cantora não tenta em momento algum terminar todas as frases com a mesma intenção empregada por Rita, e nisso reside a magia capaz de selar CeLEEbration como essa festa de apreciação. Essa não é uma banda cover e o show não se trata de um tributo. 

Mesmo diante da timidez do público em boa parte do espetáculo, com os braços e gritos de “Viva Rita Lee!” dos mais ousados se destacando no mar de cabeças dançantes no Teatro amplo, a banda foi criando intimidade com a plateia, fosse pelas falas de Beto, a teatralidade apaixonada de Débora ou a perícia dos demais músicos, e todos finalmente se levantaram para cantar “Lança Perfume” e “Orra Meu”, últimas faixas do show. 

Como deve ser em um show de rock, com músicos estelares emoldurados por luzes fortes, tudo soa fresco, vivo, colorido e irresistível, provando o quão atemporais são músicas como “Roque Enrow”, “Mania de Você” e “Coisas da Vida” são na mente e nos corações de quem já descobriu as maravilhas de Rita Lee.  

SERVIÇO – ceLEEbration: Beto toca Rita
Data: 15,22 e 29/06/22
Horário: 21h00
Duração: 80 min
Gênero: Show
Classificação: 12 anos
End: Rua São Joaquim nº129 – Liberdade – São Paulo
Local: Teatro Liberdade
Abertura da casa: 1h antes do início do evento

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