Texto e fotos por Maíra Watanabe
British Lion finalizou na última sexta feira, 20, sua turnê de lançamento do segundo álbum The Burning, em Londres. O show teve a abertura das bandas Voodoo Six e Nine Miles Down que animaram a plateia com suas sonoridades agressivas e eletrizantes.
Muitos fãs do Iron Maiden estiveram por lá. Steve Lewingten, 53, é fã desde a década de 80 e escutou pela primeira vez trechos das músicas do álbum The Number Of The Beast numa propaganda de televisão e nunca mais parou de ouvir. Para ele o som de British Lion é mais leve que o som do Iron Maiden. “Escutei o primeiro álbum e gostei, agora estou ansioso para o segundo. Steve Harris não pára e é cheio de energia. Melhor ainda é poder assistir seu show em um lugar menor, dá para sentir de perto essa vibração”.
Já Matt Hillsdon, 50, trouxe seu filho para ver Steve Harris no palco. Segundo ele, seu filho segue seus passos porque ouve Iron Maiden todos dias em casa. “Não posso esperar para ouvir o segundo álbum do British Lion, mas poder estar aqui nesta atmosfera é experiência incrível. Steve Harris ama seus fãs e principalmente sua música. Ele toca com emoção, dá pra sentir quando assisto ao seu show”.
O jornalista e escritor Malcolm Dome, uma enciclopédia viva do heavy metal, também esteve por lá. Teve a sorte de ouvir o álbum The Burning em primeira mão: “Eu gostei do primeiro álbum, mas esse é especial. A banda deu um grande passo, mesmo com Steve Harris tendo milhões de compromissos e parado com este projeto há sete anos. A banda voltou com muita energia e trouxe ótimas letras em suas canções.”
“E está mais claro: é uma banda! Os integrantes curtem uns aos outros, eles realmente se importam com o que fazem, e dão o melhor que poderiam, são alguns dos fatores que eu mais amo sobre essa banda”.
O guru do metal descreve como os integrantes estão mais integrados e como isso transmite uma força maior neste trabalho. “As letras estão melhores e os músicos se compreendem melhor do que no álbum anterior. Antes havia o fato de não saberem o que eram e nem o que tocavam e Steve Harris interagia com essa dinâmica.”
“Depois que passaram por essa fase, os músicos interagiram mais e trouxeram elementos muito melhores para a criação deste novo álbum. Agora eles perceberam que pertencem a um grupo e isto não é um projeto de Steve Harris que vai desaparecer, é uma verdadeira banda”.
Steve Harris, em algumas entrevistas, comenta que British Lion tem um som mais britânico e Malcolm Dome explica que este estilo é baseado na vida dos ingleses e como eles se expressam através da música. “Se compararmos, o som americano tende a ser mais glamuroso, sofisticado e, de certa forma, mais trabalhado. Já o som britânico, é mais verdadeiro, não tem nada disfarçado ou alterado em um estúdio e as letras falam mais sobre o sentimento que é real para eles. A qualidade que você ouve num disco, você vai ouvir a mesma qualidade num show ao vivo. Por isso, British Lion segue esse caminho.”
“Pode até ser considerado simples mas é verdadeiro e muito influente com suas ótimas músicas e performances reais. O que você escuta é o que realmente é. Além disso, eles expressam o jeito britânico de ser, escrevem em suas letras suas histórias de vida e sobre suas visões sobre o mundo”.
Para Malcolm, essa visão de música britânica também pode ser reconhecida internacionalmente, inclusive por fãs brasileiros. “Através dessas canções, os brasileiros podem entender como vivemos aqui”.
O jornalista descreve o show do British Lion como uma experiência única: é um momento que os músicos se conectam com o público e mostram seu estilo. Malcolm descreve o estilo como uma banda de hard rock. “Steve Harris seguiu por esse caminho, pegou todas as suas ideias e influencias e criou algo completamente novo e divertido. Ele também gosta de estar perto dos seus fãs, o que com o Iron Maiden não consegue, pois, a banda se apresenta em lugares maiores e com milhares de pessoas.”
“Com o British Lion, permite a opção de estar e lugares mais intimistas e ter a possibilidade de estar perto dos seus fãs e se reconectar com eles. E essa é sua maior prioridade”.
“Eu adoro o fato de ser uma banda de verdade, eles são um grupo de músicos genuínos que fazem o que mais amam, e o que eu mais admiro é que é um grupo de pessoas que querem trabalhar juntas, não estamos falando de Steve Harris como líder, porque no palco eles são todos iguais. E é isso que vemos nesse show”, afirma o jornalista.
Malcolm se diverte quando fala sobre a ideia que o heavy metal está morrendo. “Eu amo música e isto é a minha vida, o que me traz neste lugar é essa paixão. É inspirador ver uma plateia cantando e curtindo o show. Existem sim, novas bandas trazendo novos sons e quando a gente escuta suas músicas, a gente se surpreende porque elas causam um grande impacto na gente”.
O jornalista comenta ainda que se sente feliz em saber que existe um site especializado em rock e em heavy metal no Brasil como o Wikimetal. “ O fato que existe um site no Brasil que se importa com o heavy metal e o rock é admirável. A música é uma linguagem global que conecta pessoas do mundo inteiro, nada conecta mais as pessoas do que a música. Desejo vida longa ao Wikimetal!”
Ele ainda deixa um recado aos metaleiros do Brasil: “Ao meus amigos brasileiros, é incrível saber sobre sua paixão pela música, sempre ouço dizer que os fãs brasileiros são os mais loucos do mundo e é a plateia que todas as bandas admiram. A ironia é que os fãs brasileiros são os que mais nos inspiram aqui, com toda essa paixão que eles têm pela música”, finaliza o guru do metal.