Foi uma noite inesquecível para os fãs de Bring Me The Horizon. Na última sexta-feira, 16, a banda de post-hardcore lotou o Vibra São Paulo, que precisou abrir uma nova sessão de ingressos para suprir a demanda. O grupo se apresenta na primeira edição do Knotfest Brasil, que acontece neste domingo, 18 de dezembro, e seus shows à parte fazem parte da chamada Metal Week, que organizou uma série de shows extra de atrações do Knotfest.

A última passagem do BMTH pelo Brasil foi em 2019 para o Lollapalooza. No ano seguinte, a chegada da pandemia de COVID-19 serviu parcialmente de pano de fundo para o excelente álbum POST HUMAN: SURVIVOR HORROR (2020). O disco de nove faixas é o primeiro de uma série de EPs conceituais e fala sobre a chegada de um vírus que consome a humanidade. Conceitualmente, esse seria um tipo de vírus vampiresco que acabou se tornando estranhamente profético e ganhou novo significado em meio à pandemia.

Na noite de sexta-feira não restaram dúvidas: o público estava lá em peso para ver o Bring Me The Horizon. Originalmente, a banda dividiria o set com o Motionless In White, mas estes cancelaram sua apresentação de última hora devido a “uma séria doença” que teria acometido os integrantes e a equipe. Eles também cancelaram sua participação no Knotfest Brasil e foram substituídos na line-up pelo Black Pantera.

O número de camisetas do Bring Me The Horizon no Vibra São Paulo já deixava claro quem seria a atração da noite. O público recebeu bem os garotos do Vended, que substituíram o Motionless In White, mas não parecia muito disposto a interagir com a música fisicamente. Quando os britânicos entraram no palco, porém, a casa de shows explodiu.

Bring Me The Horizon no Vibra São Paulo. Créditos: Leca Suzuki
Bring Me The Horizon no Vibra São Paulo. Créditos: Leca Suzuki

Para além da experiência sonora, o Bring Me The Horizon leva seu show também para uma imersão visual e conceitual. A performance se inicia com um vídeo que transmite a mensagem de uma Inteligência Artificial chamada Eve, fazendo referência à canção “Parasite Eve”, do Survival Horror. No telão, imagens explodem em cores com as letras das canções durante todo o show e também simulam comandos de computador. Ao final de “MANTRA”, todas as luzes são desligadas como se um vírus tivesse invadido o sistema da banda e o show é momentaneamente interrompido até Eve aparecer no telão novamente.

Se o público não se mostrou muito disposto a interagir com o Vended, a relação com o Bring Me The Horizon não poderia ter sido mais diferente. Todo o Vibra São Paulo se encheu de vozes cantando as faixas de abertura “Can You Feel My Heart” e “Happy Song” e a plateia foi contagiada pelo carisma do vocalista Oli Sykes. Casado com a modelo e cantora brasileira Alissa Salls, Oli fixou residência no Brasil em 2021 e tem até CPF. Durante o show de sexta-feira ele se comunicou a noite inteira em português, mesclando agradecimentos completos com múltiplos pedidos de aberturas de mosh pit, dizendo coisas como “precisa mais grande”, “zoado” e “odiei vocês”.

A grande surpresa da noite ficou por conta da participação especial de Pabllo Vittar, que subiu ao palco para cantar “Antivist”, do álbum Sempiternal (2013). Apesar de parecer inusitada em um primeiro momento, a escolha não surpreende tanto; Oli e Pabllo se comunicam frequentemente nas redes sociais e comentam fotos de Instagram um do outro. Durante sua participação, a cantora demonstrou entusiasmo e atingiu impressionantes notas agudas, adaptando as regiões de screamo para o seu alcance vocal.

Se por um lado a participação de Pabllo Vittar divertiu o público e proporcionou uma grande surpresa, por outro os fãs perderam uma de suas canções favoritas. Apesar dos múltiplos pedidos da plateia por “Sleepwalking”, o Bring Me The Horizon deixou a canção de fora de sua setlist na noite de sexta. Outras cidades da América Latina ouviram a faixa ao vivo, o que aumentou a expectativa para o show de São Paulo. Tocando com o set reduzido de apenas 1h, porém, a banda não encaixou a música aguardada.

“Follow You” proporcionou um momento bonito com as luzes de celular acesas e as pessoas subindo nos ombros das outras a pedido do vocalista. A noite se encerrou em uma explosão com “Throne”, onde Oli pediu para que todos abaixassem e se levantassem de uma vez ao seu sinal. “Por favor, vai. Muito divertido,” pediu em português. 

Apesar da falta gritante que “Sleepwalking” fez na setlist, o Bring Me The Horizon encerrou a noite com uma sensação de dever cumprido. Sua seleção de músicas mesclou grandes sucessos dos álbuns Sempiternal (2013), That’s The Spirit (2015) e Survival Horror (2020), deixando sabiamente de lado o amo (2019), que já tinha sido promovido no Lollapalooza em 2019. Apesar da curta duração do set ter deixado um gostinho de “quero mais”, a banda administrou seu tempo com excelência e saiu no melhor da festa, entregando um dos shows mais potentes de 2022.

Confira a nossa galeria de fotos tirada pela nossa colaboradora Leca Suzuki. Arraste para o lado para ver todas as imagens – se não conseguir acessar, clique aqui.

Bring Me The Horizon no Vibra São Paulo. Créditos: Leca Suzuki
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