Texto originalmente publicado no site-irmão Mad Sound
O Bring Me The Horizon teve uma ascensão meteórica desde de seu surgimento, sendo uma banda que nunca ficou muito tempo em uma zona de conforto, frequentemente adicionando e evoluindo seu som a cada disco lançado.
Eles também se encaixam na categoria “ame ou odeie”, talvez por essa mesma questão de mudanças de som, muitos gostando apenas da fase antiga onde a banda era mais pesada, outros preferindo os discos mais recentes, mas é inegável o impacto que eles têm na música.
Essa força é tamanha que os fãs estavam sedentos pelo próximo lançamento do grupo, algo que demorou um tempo, com meses e meses de adiamentos, mas que finalmente chegou na forma de POST HUMAN: NeX GEn, via RCA Records.
Sendo um ataque a todos os sentidos, com a banda toda mostrando estar em ótima forma e apagando qualquer crítica aos adiamentos que aconteceram, o sucessor do EP Post Human: Survival Horror (2020) chegou de surpresa com o anúncio feito um dia antes do lançamento, que aconteceu à meia noite do dia 23 de maio.
O novo álbum chega após o lançamento de alguns singles e pode fazer com que muitos se perguntem se já não ouviram o bastante, já que cinco canções circularam entre os fãs nesses quatro anos entre o Survival Horror e o NeX GEn, porém o que temos aqui são mais oito novas faixas que foram apenas mencionadas pela banda durante os shows.
Após uma breve intro, “YOUtopia” começa com um ótimo riff de guitarra, mostrando que a banda ainda tem no fundo suas raízes no metal, mas com um apelo mais pop, principalmente no refrão que é pegajoso e você se pega cantarolando ele a todo momento. A bateria de Matt Nicholls está excelente, com batidas precisas e pesadas e os vocais de Oli Sykes tem melodias lindas.
“Kool-Aid” vem na sequência com mais peso, um ritmo perfeito para o headbanging, mais um refrão pegajoso e os vocais de Sykes alternando entre mais limpo e mais rasgado, o que encaixa muito bem na proposta da faixa, que foi feita para ser tocada ao vivo com interação do público.
“Top 10 staTues tHat CriEd bloOd” é um dos grandes destaques do disco, com Sykes entregando alguns dos melhores vocais que ele já fez, sendo melódicos e com intensidade, complementando perfeitamente os vocais ásperos. Mais uma vez, um refrão feito para ser cantando por todo um estádio, enquanto um sintetizador ajuda a impulsionar a faixa junto com a parede de som das guitarras de Lee Malia e da bateria de Nicholls.
Com um ritmo mais lento, “liMOusine” chega com a primeira participação no disco, com a cantora Aurora. A guitarra mais suja e áspera encaixa com a voz angelical da cantora norueguesa, que ajuda a faixa na construção lenta de um final com um riff de guitarra mais robusto.
“DArskSide” é um dos singles que já haviam sido lançados, e tem um ritmo mais eletrônico, com ótimas guitarras e os vocais de Sykes se assemelhando muito aos do lendário vocalista Chester Bennington, do Linkin Park.
A segunda participação no disco acontece em “a bulleT w/ my namE On”, com as também lendas do metalcore, Underoath. Essa é uma das músicas mais pesadas do álbum, que vai ganhando velocidade conforme o tempo vai passando, com ótimos breakdowns e que certamente será a catalisadora de vários moshs durante os shows.
“n/A” é um momento mais tocante e vulnerável no disco, onde o vocalista fala sobre a batalha contra vícios que ele mesmo já enfrentou, servindo como uma injeção de ânimo e força para aqueles que enfrentam o mesmo problema. Os vocais de Sykes passeiam por vários estilos aqui, indo do limpo ao gutural, passando pelo rasgado e mais melódico, mostrando a versatilidade do músico.
Na sequência temos um dos singles que antecederam NeX GEn, “LosT”. Ela é uma faixa catártica e eufórica, carregada de emoção, já sendo um dos destaques nos shows ao vivo, já que seu ritmo dançante e contagiante.
“sTraNgeRs” é mais cadenciada, com um bom riff de guitarra e mais um refrão que faz você querer cantar junto e alto, carregado de emoção e com uma bateria que deixa as batidas ainda mais fortes.
Enquanto “R.i.p.” é mais dançante e com energia para cima, “AmEN!” retoma o peso (e que peso) com o lado metalcore aparecendo mais, contando ainda com a participação de Lil Uzi Vert e Daryl Palumbo, do Glassjaw. Os vocais aqui são um destaque, com os guturais dominando a faixa e dando uma base forte para a guitarra despejar um riff sujo, acompanhado do baixo de Matt Kean, que criam uma onda que é impossível não sentir.
Após “DiE4u”, uma faixa mais emocional e com um ritmo que mistura as batidas fortes do metal com a eletrônica, o disco fecha com “DIg It”, uma música com sete minutos. É algo que pode assustar, se tratando de uma canção que finaliza o disco, mas ela funciona muito bem. Ela pega todos os estilos do álbum e os combina em uma longa faixa, trabalhando em uma linha semelhante a “Take Me Back To Eden”, do Sleep Token. Ela oferece um final muito sólido para um álbum muito sólido, com as influências pop e electro estando presente e complementando perfeitamente as influências do metal.
O Bring Me The Horizon entregou um álbum que valeu a pena esperar, sendo uma continuação perfeita de Survival Horror, com o dobro da duração do EP. Quando nos deparamos com 16 faixas pode parecer que o álbum será muito longo, mas ele tem uma atmosfera tão envolvente que você não percebe o tempo passando, e quando notar já estará colocando o disco para ouvir novamente. É um álbum que fala com aqueles que estão passando por dificuldades e lhes oferece uma chance de escapar do mundo real e mostra que não estão sozinhos.
Fica a expectativa para o que a banda apresentará a seguir, e esperamos que não demore muito.
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