Bandeira própria, visuais impressionantes e um exército crescente de seguidores ao redor do mundo fazem da proposta de Blitz Union muito mais do que outra banda de rock, se trata também de um propósito para convocar a sociedade para uma mudança – e melhor ainda se o público dançar e bater cabeça no processo.
Formado por um grupo de amigos da República Tcheca, o grupo reúne inspirações diversas, de Korn a Five Finger Death Punch e Sabaton, em uma sonoridade surpreendente que mistura rock industrial e EDM com ousadia e irreverência. A princípio, fãs mais conservadores de música pesada podem estranhar os elementos eletrônicos no som da banda, mas a veia do metal logo flui com abundância e qualidade nas composições do Blitz Union.
Singles como “Candidate” e “My Own Way”, do álbum de estreia da banda, evocam outra influência do quarteto, que soa como um Rammstein da geração Z, destrinchando questões atuais em performances teatrais e impactantes que se conectam com um público cada vez maior – nas redes sociais e também nos shows.
A paixão pelo rock e metal surgiu cedo para os integrantes da banda, como contam em entrevista ao Wikimetal sobre o disco Absolution, lançado em 26 de novembro. Os irmãos Mark Blitz (vocalista) e Shodushi (guitarrista) herdaram o gosto musical dos pais e Governor (baterista) começou a tocar o instrumento aos nove anos, enquanto Schtorm (baixista) se aprofundou no estilo musical na adolescência.
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Agora, o objetivo do grupo é levar entretenimento e consciência política para a Union, como chamam os apoiadores do grupo. Se conseguirem a oportunidade de colaborar com alguém do Korn ou Miley Cyrus em algum momento do caminho, ainda melhor! Veja a entrevista completa abaixo.
Wikimetal: Blitz Union é surpreendente em muitos aspectos. Como vocês decidiram que esse gênero musical único seria o melhor para propagar a mensagem da banda?
Mark Blitz: Não decidimos, nós crescemos até chegar nesse lugar, eu acho. Sentimos que este som é o que mais nos agrada, mas ninguém sabe como as coisas vão evoluir no futuro. Estou aberto a qualquer gênero musical, mas preciso sentir, sabe. Se forçar a fazer algo em que não está totalmente confiante não é a direção certa, ao meu ver.
WM: Falando um pouco sobre o tom revolucionário das músicas da banda, quais são as principais causas pelas quais Blitz Union está lutando?
MB: Tentamos destacar questões e tópicos alarmantes que nossa geração tem que enfrentar no mundo de hoje. Eu prefiro usar a palavra “destacar/dar voz” em vez de “lutar”, já que “luta” geralmente está relacionado à violência, algo que não apoiamos de forma alguma. Tentamos fornecer aos nossos ouvintes um ângulo diferente de como ver as coisas, para pensar mais sobre esses temas e, eventualmente, motivar o público para uma ação-mudança positiva. Mas, no final, você nunca pode prever como alguém irá interpretar a mensagem da música.
WM: Quão importante é para uma banda de rock ser teatral?
MB: Acho que realmente depende de como a banda se sente sobre isso e qual é o conceito geral do grupo. Por exemplo, nós do Blitz Union tentamos transformar cada apresentação ao vivo em um evento real e uma experiência única. Sempre arrumamos o local com objetos e elementos da nossa União, como nossa própria parede de fotos, bandeiras, banners de luz, lojinha, etc. Além disso, trazemos um representante da Blitz Union para cada show, que distribui nossas máscaras durante a apresentação para fortalecer a atmosfera geral. Não importa se é um clube ou um festival ao ar livre, sempre mantemos esse padrão. É muito impressionante quando centenas ou até milhares de fãs usam essas máscaras, o sentimento de pertencimento é enorme.
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WM: Todos os videoclipes da banda são bem produzidos! Os integrantes participam do planejamento para eles?
MB: Obrigado, fico feliz em ouvir isso! A visão original da música geralmente é projetada para mim em imagens e vozes, então já temos uma breve ideia do vídeo antes da música em si ser escrita. Essa é a razão pela qual os videoclipes são tão importantes para o Blitz Union. Tentamos expressar e entregar visões do Sr. Blitz, trazê-las à realidade da forma mais precisa que podemos. Portanto, a participação de toda a banda no processo dos vídeos é necessária.
WM: O que é mais provável: um fã de heavy metal se apaixonar por EDM ou um viciado em EDM começar a ouvir heavy metal? Esses gêneros são tão diferentes quanto parte do público pensa?
MB: Do meu ponto de vista, é mais provável que um fã de heavy metal se apaixone por EDM, como no meu caso (risos). Se alguém não escuta rock ou metal na infância ou adolescência, acho que provavelmente não poderá se tornar um grande fã desse gênero no futuro. Acho que o cenário e processo de ouvir música mais pesada e agressiva na juventude e depois escutar músicas mais leves é mais comum, mas essa é apenas minha ideia. A realidade pode ser diferente.
WM: Falando sobre “Candidate”, política é um assunto delicado em muitos países atualmente, mas Blitz Union incorpora isso em muitas músicas. O que você acha dos metalheads que acreditam que a música não deve falar sobre política?
MB: Já que cantamos sobre as questões atuais que podemos ver, ouvir e sentir em nossa vida cotidiana, não podemos evitar envolver tópicos políticos. Mas temos que permanecer fiéis às nossas visões e mensagens que precisam ser mostradas. Entendemos totalmente se alguém não quiser ouvir sobre política na música, já que você pode ouvir sobre política em qualquer outro lugar (risos). Felizmente, existem muitas bandas boas por aí que não cantam sobre política. Mas a missão da Blitz Union está fixada neste caso.
WM: Que eventos recentes inspiraram “Candidate”?
MB: Acho que o impulso de escrever “Candidate” surgiu devido a todas as campanhas eleitorais que ocorreram este ano aqui na República Tcheca. Esse Candidato que descrevemos na música é, obviamente, um pouco extremo: se os políticos compartilhassem suas verdadeiras intenções e a verdadeira personalidade, acredito que muitas pessoas, inclusive eu, achariam melhor. Não sei você, mas eu preferiria que alguém fosse completamente honesto – mesmo com suas falhas e imperfeições – ao invés de alguém agindo como um salvador e fingindo ter um histórico perfeito. Obviamente, eu não votaria em ninguém que diga que desde o primeiro dia que entrou na política apenas para ganhar dinheiro, mas estou realmente sentindo falta do lado mais humano das pessoas em nossos governos.
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WM: Vocês visam mais os mais jovens com mensagem da banda ou o plano é dominação global?
MB: O principal objetivo do Blitz Union é simplesmente descrever a vida no mundo atual, por isso não importa se você é jovem ou velho. Estamos todos juntos nisso, essa é a mensagem principal.
WM: É possível fazer as pessoas dançarem, bater cabeça e começar uma revolução – tudo ao mesmo tempo?
MB: A música está alta, as pessoas estão dançando… Quando imagino, acho que essa é a melhor maneira de manifestar a liberdade, na verdade. Essa pode ser a forma ideal de protestar contra algo: com paixão e paz ao mesmo tempo. Sim, acho que é definitivamente possível. E talvez já esteja acontecendo em alguns festivais (risos).
WM: Quais são seus planos futuros?
MB: Acabamos de lançar nosso álbum de estreia, Absolution, então o plano para um futuro próximo é espalhar a palavra deste álbum. Online e também ao vivo! Outra coisa em que estamos trabalhando, é aprofundar e melhorar a comunicação com nossos principais apoiadores da Union. Em breve, teremos um novo site com um recurso para isso. Será basicamente o nosso “Fã Clube da Union” privado, onde as pessoas podem se inscrever e participar na direção futura do nosso projeto. Mas é claro, trabalhar em novas músicas e tocar ao vivo ainda é nosso plano e prioridade número um! Então, fiquem ligados e permaneçam leais.
WM: Vocês possuem alguma colaboração dos sonhos ou algum lugar no qual gostariam muito de hastear a bandeira da banda?
Schtorm: Miley Cyrus! (risos)… Mas na real, estou falando muito sério. O recente estilo de rock na voz dela é maravilhoso. Eu posso imaginá-la em alguma música do Blitz Union no futuro.
Mark Blitz: Verdade! (risos) Por que não? Estou aberto a qualquer colaboração que faça sentido. Mas como sempre fui fã de Korn, desde minha infância, uma colaboração com eles seria a maior das honras para mim.
Shodushi: Sou um homem simples, com sonhos e objetivos simples. Então, o lugar onde eu gostaria de hastear nossa bandeira é o mundo inteiro! (risos)
Governor: Gosto de manter os pés no chão e não sonhar tanto. Então apenas posso ficar surpreso se alguma colaboração incrível ou show aparecer. Como a ótima parceria com o DJ Zardonic. Nunca esperei que uma oportunidade tão boa apareceria.
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