Texto escrito pelo WikiBrother Lucas David

35 minutos é tudo o que precisou para o Black Sabbath se firmar como os novos senhores do rock. É claro que bandas como Led Zeppelin e Pink Floyd estavam fortes nesse ponto de suas carreiras, na verdade eles estavam no seu auge, mas o Sabbath trouxe com eles algo que não podemos negar – mudança. Uma evolução de estilo e ritmo que mostrava Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward estavam traçando uma linha para o rock com seu Master of Reality.

Os anos 60 foram sobre liberdade da juventude e da criatividade. Ele defendeu um senso incandescente de identidade e um sentimento desenfreado de potencial prestes a explodir e salvar o mundo e nós, em 2021, sabemos como é ter esse desejo. Mas 50 anos atrás o Black Sabbath sabia melhor. A virada de uma nova década tingiu os sonhos em tecnicolor com um tom profundo de preto do qual ninguém poderia escapar. O inferno libertino dos anos 70 estava acenando e o Sabbath produziu um álbum carregado de desgraça para precedê-lo.

O disco não foi apenas uma evolução natural da década passada, mas mostrou também uma banda se transformando nos heróis do heavy metal que logo ficariam conhecidos. O primeiro álbum, seguido de “Paranoid”, não são álbuns “leves”, mas ainda estavam definindo o som e estilo do grupo. Já esse chuta a porta e leva a banda a horizontes mais perigosos.

Há uma crueza nesse esforço que qualquer fã da banda que tenha ouvido o som nas rádios tenha ficado à deriva. O grupo afinou seus instrumentos um tom e meio abaixo e deixou a explosão de sua música soar como sinos tortos de uma igreja. Este foi certamente o momento em que o Black Sabbath se tornou a banda que sempre deveria ser; desde os primeiros momentos de “Sweet Leaf” o grupo mostrou que não era uma banda para todos, e não queria ser.

Além da criação artística, musicalmente eles também se forçaram a produzir um som diferente, fazendo coisas que não haviam tentado anteriormente. Em “Children of The Grave”, “Lord os This World” e “Into The Void” nós abaixamos três semitons. Foi parte de um experimento: afinar juntos para obter um som maior e mais pesado”, afirma Tony Iommi em sua autobiografia “Iron Man”.

São essas três músicas que tornam esse álbum perfeito. O peso presente nelas, com riffs marcantes e solos incríveis, aliados a voz de Ozzy que se tornou icônica mostram um grupo certo de si. Não há um pingo de melancolia sem uso no disco, e com as águas turvas das canções citadas, a banda foi capaz de dar vida a um disco que emergiu da escuridão, feito com uma autoconsciência que poucas bandas de rock conseguiram alcançar. O Black Sabbath não precisava de fantasias sobre Lúcifer ou de ocultismo para passar sua visão de mundo; eles apontaram para a crescente natureza depressiva da própria sociedade.

Mesmo com as mudanças que sempre estiveram presentes nos álbuns da banda é difícil classificar Master of Reality em um só estilo, já que muitos dizem que dele surgiram o sludge, stoner e doom metal, mas pode-se afirmar que foi com esse terceiro disco que o Sabbath realmente encontrou seu som. O crescente heavy metal nunca mais seria o mesmo.

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Categorias: Notícias Opinião

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