Angra retornou para São Paulo no último sábado, 02, com a turnê comemorativa de 20 anos do álbum Rebirth. Com um setlist extenso de mais de duas horas, a banda celebrou o próprio legado para além do álbum em um show para fãs de décadas e recém-chegados.
A banda está na estrada com essa turnê desde junho e ainda fará seis shows pelo país, com a possibilidade de uma nova rodada da turnê em dezembro, quando o baterista Bruno Valverde estará livre novamente após cumprir compromissos com Smith/Kotzen nos Estados Unidos.
Antes da aguardada chegada do Angra, o público reparou em outra bateria que estava montada no palco, indicando uma banda de abertura que foi mantida em segredo. Às 21h, o telão revelou o nome da banda mineira Medjay, que já tinha acompanhado o show desta turnê em Belo Horizonte, abrindo a noite com power metal inspirado pela mitologia egípcia.
Com roupas estilizadas, a banda mentorada por Rafael Bittencourt no álbum de estreia, Sandstorm (2021), o grupo formado por Samuka Vilaça (baixo), Freddy Daniels (guitarra), Riccardo Linassi (bateria) e Phil Lima (vocal e guitarra), acompanhados por Marco Herrera (percussão árabe) e Rafael Agostino (teclados), foi recebido com entusiasmo pelo público, com aplausos sinceros e olhos atentos à performance da banda.
Com um toque de teatralidade e uma sombra de Andre Matos na figura de Phil, pela aparência e postura carismática no palco, a banda fez uma execução competente do setlist de apenas cinco músicas, tempo bastante para plantar a semente do reconhecimento de um grupo promissor e capaz, mas talvez não suficiente para arrebatar completamente o público de coração aberto.
Quando o Medjay se despediu, os fãs de Angra já estavam prontos para receber a grande atração da noite. Na plateia, se viam casais e famílias inteiras, com crianças aprendendo a apreciar o gosto musical dos pais, além do mar de camisetas pretas com o logo da banda em diferentes eras.
Com gritos pela banda, o público ainda precisou assistir ao trailer da série Garimpeiro do Rock & El Baron, de Paulo Baron, que pretende sair “à caça de rockstars” pelo Brasil e levá-los ao mundo, antes da intro do show finalmente começar para atender aos pedidos do público fiel presente.
Diferente da primeira passagem pela cidade, quando Angra se apresentou no pequeno Espaço Leste, tendo enfrentado problemas técnicos e atrasos após uma longa viagem de ônibus de Fabio Lione e membros da equipe, o show no Tokio Marine Hall, antigo Tom Brasil, mostrou a banda em seu habitat preferencial, com um palco amplo e iluminação grandiosa para se apresentar para mais de quatro mil pessoas – e isso apenas no presencial, já que o show teve ingressos presenciais esgotados e também contou com transmissão ao vivo em pay-per-view.
Apesar de ser um show comemorativo do disco que marcou a chegada de Edu Falaschi na banda, no começo dos anos 2000, com a tracklist apresentada na íntegra, o setlist da turnê não se limita a este território de nostalgia e glória, passando pelo Ømni (2018) com “Black Widow’s Web” logo no começo do set. Ainda que essas faixas “intrusas” sejam bem recebidas, com uma plateia efervescente, nada se compara ao efeito do álbum aniversariante no público.
O show em São Paulo teve agradecimentos aos fãs por parte de Bittencourt e Lione “confundindo” os idiomas antes de finalmente falar em português e convocar a plateia para repetir exercícios vocais impossíveis para amadores. Mas é na execução das faixas que a banda se comunica verdadeiramente, com a bateria feroz de Valverde, o baixo de Felipe Andreoli e a guitarra de Marcelo Barbosa.
Com o final da tracklist de Rebirth, a banda ainda executou sete músicas e a energia do público não se manteve a mesma no segmento final, retornando em “Bleeding Heart” e “Carry On”.
Assistindo às reações da plateia ao vivo, do choro de fãs na grade ao bate-cabeça na multidão, não há como ter dúvidas do quão bem sucedida a banda continua, capaz de proporcionar uma experiência elétrica mesmo ao evocar a nostalgia de duas décadas atrás, mas sem a presunção de levar o público de volta aos tempos de auge da época do disco.
Confira fotos exclusivas tiradas pela nossa colaboradora Leca Suzuki.
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