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Angra

Angra. Crédito: Marcos Hermes

Em meio a imprevistos, Angra entrega performance impecável em Porto Alegre

Atraso de quase quatro horas não desanimou os fãs gaúchos nem a banda

Texto por Patrícia C. Figueiredo

Considerada uma das maiores bandas do metal nacional, o Angra voltou à Porto Alegre pela segunda vez este ano no último domingo, 19, com a turnê de divulgação do seu novo disco Cycles of Pain, lançado no início deste mês. A banda já havia tocado na capital gaúcha em março deste ano no Angra Fest, festival que contou também com as bandas Viper e Matanza Ritual

Já no início da tarde de domingo, a casa de shows Opinião comunicou em seu Instagram a alteração do horário do show. Devido a imprevistos durante a viagem de Joinville (SC) para Porto Alegre, o show que começaria às 20h passou para as 22h40. Alguns fãs chegaram a manifestar insatisfação com o horário tardio para uma noite de domingo, considerando que chegariam muito tarde em casa e teriam que trabalhar cedo no dia seguinte. Além do adiamento do show, o público ainda lidou com mais atrasos no cronograma ao longo da noite. 

A abertura do evento ficou por conta de Luiz Toffoli, uma surpresa muito positiva da noite com um metal progressivo de alta qualidade que exala virtuosismo. O vocalista Leo Leal comandou com precisão o show com sua voz potente e melódica e, completando o line up com Pedro Tinello na bateria e Douglas Máximo no baixo, a banda entusiasmou o público com músicas autorais e um excelente cover de “As I Am”, do Dream Theater. Destaque também para as músicas “I’m Alive”, “Frenetic Freak” e a balada “The Place I Want to Be (With You)”. Luiz Toffoli ainda presenteou alguns fãs com CDs de brinde que jogou de cima do palco. 

O Angra finalmente subiu ao palco às 23h40, exatamente uma hora após o horário já remarcado e, mesmo com a espera prolongada, o público reagiu em êxtase quando cada um dos integrantes apareceu. Era de se esperar que o show começasse com “Ride Into the Storm”, faixa que abre o novo disco e chega a ser tocada apenas depois da metade do show, mas a banda optou por manter “Nothing To Say” como carro-chefe do setlist, garantindo um nível de participação altíssimo da parte dos fãs. 

É com “Tide of Changes” parte I e II que o público tem o gostinho das novas composições do álbum Cycles of Pain. As belíssimas faixas contaram com o apoio vocal dos fãs do início ao fim e foram muito bem recebidas no repertório. Seguidas por “Angels Cry”, um grande clássico do primeiro disco do Angra, o ânimo do público estava garantido e a energia da banda era contagiante e se manteve, mesmo com Rafael Bittencourt tendo comentado que os integrantes haviam começado a jornada até Porto Alegre às 8h da manhã. Não se via sinal de cansaço da parte dos músicos. 

Outra faixa do novo disco, “Vida Seca” também foi muito aplaudida e apreciada pelo público. A música conta com a participação de Lenine cantando um trecho em português, que no show é feito tanto por Rafael Bittencourt quanto pelo vocalista Fabio Lione. Ainda mostrando as novas músicas ao vivo, pudemos conferir “Dead Man On Display”, “Here In The Now” e a faixa título “Cycles of Pain”. 

Como de costume, o Angra estava muito à vontade no palco. O vocalista Fabio Lione se dirigiu ao público diversas vezes, interagindo entre vocalizes e até surpreendendo uma fã com uma conversa direta quando Fabio pediu que ela cantasse no microfone qualquer música, e chegou a puxar o início de “Carrie”, do Europe. Talvez por estar em choque, ela não chegou a cantar. Sem perder a oportunidade, enquanto Fabio ainda conversava e cantava apenas com o público, chegou a procurar novamente a fã, perguntando “Giovana, tu cantou?”, garantindo alguns momentos cômicos. 

O vocalista italiano ainda proporcionou um momento um tanto aleatório, com um trecho à capela cantado em sua língua materna da música “Miss Sarajevo”, da banda U2. Logo, a banda retoma o show com a emocionante “Lullaby For Lucifer”, com apenas Rafael Bittencourt na voz e violão. A dedicatória a Andre Matos não passou em branco. O músico é sempre lembrado durante os shows desde seu falecimento em 2019. Fabio então voltou ao palco para “Gentle Change”, também acústica.

Finalizando a noite, não poderia faltar o hino “Carry On” emendado com “Nova Era”. Já eram quase 2h da manhã e os fãs não deixaram de pular, cantar e exaltar a banda, mesmo o cansaço de alguns sendo notável. Entre sorrisos e agradecimentos, os integrantes distribuíram palhetas, setlists e baquetas e fizeram a noite de alguns fãs um pouco mais especial. 

Apesar dos longos atrasos que testaram a paciência de alguns, o Angra fez um show empolgante e provou sua habilidade de cativar o público, passando por todas as eras da sua carreira e adicionando um número considerável de músicas novas muito bem escolhidas para serem executadas ao vivo. A banda tem a receita certa para agradar os fãs independente de contratempos e mais uma vez proporcionou uma experiência única para o público gaúcho.

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