Um dos maiores cantores do metal nacional, Andre Matos quase foi escolhido como vocalista do Iron Maiden em 1994. Na época, a banda procurava um substituto para Bruce Dickinson, que saiu da Donzela de Ferro para seguir carreira solo, enquanto nosso Maestro do Rock estava no início da jornada com o Angra.
A saída de Bruce Dickinson do Iron Maiden aconteceu em 1993, logo após o lançamento do aclamado Fear of The Dark (relembre aqui). Com o posto de frontman vago e sem planos de encerrar as atividades, o Maiden iniciou uma busca pelo novo vocalista em uma seleção a nível global, da qual Andre Matos e outros brasileiros participaram, como no caso de Edu Falaschi.
No concurso mundial para a posição, os candidatos deveriam passar por diversas fases, das quais a primeira seria o envio de demos. Ainda na fase embrionária do Angra, o material escolhido para representar o talento de Andre Matos foram dois discos lançados com o VIPER e a primeira demo da nova banda, chamada Reaching Horizons (1993).
As etapas de Andre Matos para entrar no Iron Maiden
O material, é claro, agradou a equipe do Iron Maiden e Andre Matos avançou para a segunda fase. Como lembra a Roadie Metal, os classificados para a etapa seguinte deveriam enviar músicas cantando músicas da própria Donzela, mas Andre não enviou novos materiais para o concurso. “Eu, particularmente, nunca viajei na história de que eu fosse o escolhido, porque o Iron Maiden é uma banda demasiadamente britânica para que escolhessem um brasileiro para cantar, então, já não tinha grandes planos em relação, então, foi natural que escolhessem o Blaze”, explicou o cantor à Rock Bizz.
Mas o fato é que nenhum outro cantor brasileiro ficou tão perto de se tornar o vocalista do Iron Maiden quanto Andre Matos, dono de uma voz completamente adaptada ao heavy metal, presença de palco teatral e técnica clássica admirável. “Eu realmente era o primeiro nome para entrar no Iron Maiden, mas (…) houve uma rejeição em colocar um vocalista latino para integrar o grupo”, explicou o brasileiro em 2014 (via Rolling Stone Brasil).
Apesar de não ter sido escolhido, Andre Matos recebeu o reconhecimento de diversas pessoas ligadas ao Iron Maiden ao longo dos anos, como no caso de Rod Smallwood, empresário da banda. Em 1998, o Angra gravou o álbum Fireworks na Inglaterra e Andre recebeu um convite para assistir ao show do Maiden. “Você foi um dos três finalistas. E você ainda continua cantando muito bem”, contou Rod para o brasileiro. E ele não foi o único a elogiar o talento do Maestro…
Andre Matos “faria melhor” no Iron Maiden, segundo Blaze Bayley
Como sabemos, o Iron Maiden escolheu o britânico Blaze Bayley como substituto de Dickinson na época, uma tarefa árdua diante da missão de honrar um legado muito bem estabelecido e escrever a própria história na banda, ainda mais com um timbre diferente do vocalista anterior.
Anos mais tarde, ao encontrar Andre Matos pessoalmente, Blaze demonstrou toda a admiração que tinha pelo cantor e citou que Andre “deveria ter entrado no Iron Maiden” ao invés dele.
Em entrevista ao canal Heavy Talk, em 2011, Blaze falou sobre isso. “A voz dele é muito mais direcionada ao Iron Maiden do que a minha. Ele poderia cantar as músicas clássicas, como ‘The Trooper’. E talvez coisas do Somewhere In Time, ele provavelmente poderia fazer isso muito melhor do que eu, porque a voz dele é diferente, ele tem um alcance muito alto e minha voz não é tão alta assim”. Veja essa entrevista aqui.
O que o Angra pensava da chance de Andre Matos entrar no Maiden?
Na época do processo seletivo para o almejado cargo de frontman do Iron Maiden, Andre Matos era vocalista do Angra, que lançaria o álbum de estreia Angels Cry justamente naquele ano. Segundo contou Andre ao site Rock Bizz, em 2012, os colegas da então banda se preocuparam em perder o vocalista com a banda recém-formada. “Isso foi um baque para banda, porque havia, segundo eles, a grande chance de eu ser escolhido, o que interromperia completamente os planos da gravação do primeiro disco”, contou.
Para os colegas do Angra, uma eventual saída de Andre Matos da banda ainda iniciante poderia significar o fim do projeto, uma vez que o cantor já era referência no metal da América Latina e tinha uma base de fãs bem estabelecida no Japão.
“O Steve Harris decidiu pelo Blaze Bayley, graças a Deus, graças a Deus! Senão, não sei se existiria o Angra”, comentou Rafael Bittencourt sobre o tema em entrevista ao podcast Ciência Sem Fim. “O que sei é que eles realmente cotaram, consideraram a possibilidade de ser o Andre. [Falaram] ‘Olha, fica de sobreaviso aí, que você é um dos caras’. Mas daí os caras apareceram com o Blaze Bayley, o que eu achei ótimo… Quer dizer, achei uma merda, mas achei ótimo”.
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